Hoje, dia 20 de setembro de 2014, Edgar Franco
completa 3 anos de renascimento como Ciberpajé.
Mas o que é ser Ciberpajé? Neste post falarei sobre
a Transmutação em Ciberpajé, sobre a APARÊNCIA de Franco estabelecendo conexões a
seus aforismos, suas obras, com algumas referências de vídeos e hiperlinks
aliada a minha visão poética sobre este Ser único que é Edgar Franco.
A Transmutação
O SERENO - Ser humilde & sempre sereno diante de reis e de
mendigos, de flores e de leões.
O MOMENTO - Viver o Agora, deixar florescer o momento: a flor
que desabrocha, a borboleta que rompe o casulo, ser como uma borboleta.
O EQUILIBRADO - Encarar a importância do mal tanto quanto a do
bem, são faces da mesma moeda, paradoxos que dão sentido à verdade! Ter serenidade
para lidar com a dor e com a alegria
O SINCERO - Dizer o que se pensa sempre para o outro, ser
aberto, demonstrar suas fragilidades, não acumular raiva, não gerar tristeza.
O DELICADO - Cultivar a delicadeza e a doçura com todos os
entes vivos e não vivos.
O AMOROSO - Amar o diferente, amar incondicionalmente!
O SELVAGEM - Reconectar-se ao animal interior, aos aspectos
naturais do ser. Abrir-se para os prazeres terrenos. Viver o prazer sem culpa,
experimentar os êxtases da vida!
O COMPLEMENTAR - Vivenciar masculinidade e feminilidade com
intensidade, perceber a importância da complementaridade masculino e feminino,
abrir-se a ela. Ir ao encontro do ser complementar sem apego, com amor,
sensualidade e liberdade.
A RENOVAÇÃO - Experimentar todo momento como único, cada
segundo é um novo nascimento, um maravilhar-se! O agora é pura eternidade!
O RENASCIDO - Aceitar-se completamente, ser como luz, perceber
a eternidade em si mesmo, sentir a profunda conexão com todas as coisas e seres.
Essas chaves compõem a Revista Artlectos e Pós-Humanos #6 a "HQ As Chaves da Transmutação"
Mas ser diferente em um mundo formatado não é
fácil. Edgar Franco é uma figura controversa, ele é o RUÍDO. É um artista
reconhecido, desde seu inicio na década de 80 com os fanzines, até suas
inúmeras facetas como artista-criador multimídia atualmente. Está à frente do
Posthuman Tantra (seu projeto musical performático cíbrido com CDs
lançados na Suíça, França e Japão e apresentações ao vivo em 5 estados brasileiros,que
tem como temas principais hipertecnologia e tecnognose); definiu o conceito de
HQtrônicas, sendo referência internacional no tema, tendo várias HQtrônicas
criadas e premiadas, se destaca em suas ilustrações; nos Aforismos e HQforismos
do Ciberpajé; nos quadrinhos; Palestras; em sua atuação acadêmica como
professor permanente nos cursos de graduação, mestrado e doutorado na Faculdade
de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás (FAV/UFG). Em síntese,
ele escreve, dança, compõe, canta, desenha, orienta alunos, viaja, participa de
bancas de pós-graduação, apresenta trabalhos acadêmicos, e muitos mais, tudo
isso com muita disciplina, alegria e leveza.
Em entrevista para o SBT a respeito da premiação Mérito Cultural 2010 no saguão da Biblioteca Municipal de Ituiutaba (foto de Anésio Neto).
Recebendo o Prêmio Mérito Cultural 2010 de seu pai sr. Dimas Franco
(foto de Anésio Neto).
Anda pelo campus da UFG de cartola, vai a
formaturas, sendo sempre convidado como professor
homenageado e paraninfo por diversas turmas de Formandos em
Artes Visuais e Design
Gráfico da Faculdade de Artes Visuais da UFG, e também foi professor
homenageado por 9 vezes na PUC-Minas, Poços de Caldas, universidade onde
lecionou por 7 anos, denotando o
quanto é querido pelos alunos.
Ciberpajé discursando para as turmas de formandos da Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás FAV/UFG como paraninfo da turma de Design Gráfico.
Já foi barrado em formaturas por estar de cartola, beca e
cabelo solto e ao mesmo tempo é abordado na rua por desconhecidos que se
encantam por seu modo de vestir, sendo sempre interpelado: "Você é um
mágico?" "Você é músico?" "Posso tirar uma foto?" -
Por onde anda não passa despercebido. Usa anéis, colares e camisa de Lobo, cada
elemento traz sua simbologia. As crianças adoram essa imagem e não se
envergonham de se aproximarem!
Fotos durante o Festival Internacional de Quadrinhos (FIQ 2013) Foto Danielle Barros
Ciberpajé e Maria Fernanda (Foto de Dimas Franco, Ituiutaba, MG)
O Ciberpajé alerta que "não é guru", e
embora traga em sua arte e aforismos reflexões sobre sua batalha de Ser, -a
qual declara guerra ao ego, ele,- ao contrário de outros pensadores de seu
tempo como Osho, Jodorowsky, Sri Prem Baba e outros que possuem uma
aparência mais "neutra",- opta por sustentar essa aparência
"chamativa".
A conferência de abertura da Semana de Arquitetura 2013 da PUC-Minas (Poços de Caldas) foi realizada pelo Ciberpajé para um auditório repleto - 300 pessoas - o tema foi "Hipertecnologia, vida e processos criativos".
O Ciberpajé palestrando sobre "Novas Mídias e Processos de Criação" para o público atento no auditório lotado da "FTM - Faculdade Triângulo Mineiro", em Ituiutaba, MG
Na mesa de debate sobre o futuro do livro na II Bienal da Floresta, em Rio Branco, no Acre.
Nesta foto, na mesa do cerimonial de
colação de formatura em Artes Visuais (FAV/UFG), usando beca e cartola, surpreendido pela a fotógrafa Tê Manzi.
A meu ver, ele se veste desta forma por 2 razões: primeiro porque ELE GOSTA, e enquanto artista explora o
potencial estético de suas roupas,
acessórios, sobretudo explorando as simbologias ocultistas; segundo porque a
aparência que ostenta causa estranhamento e ruído por onde chega - desde o
ambiente acadêmico às ruas- (nas performances do Posthuman Tantra, nos CLIPES, nas apresentações
acadêmicas, palestras, congressos), e esse poder de impacto nas pessoas lhe interessa, uma vez que este
estranhamento provoca curiosidade naqueles que o conhecem ou ficam diante desta figura. Essa irreverência é extremamente pertinente no contexto triste, sisudo e rebuscado da academia, que mais tem afastado do que cativado seus alunos.
A pose acadêmica! Foto da defesa de mestrado no Programa de Arte e Cultura Visual da UFG de Matheus Moura, participou da banca os incríveis professores doutores Elydio Santos Neto (UFPB) e Ademir Luiz(UEG).
Para
aqueles que mergulham e se interessam de fato, não ficando na primeira
impressão da aparência "louca" (que a alguns atrai, mas a muitos
assusta) tem a chance de conhecer a mensagem e
reflexões profundas que o Ciberpajé traz sobre a vida. Há os
equívocos de confundir a figura de um suposto "maluco" ou
"doidão" e se deparar com um professor rígido e disciplinado, porém
afetuoso e entusiasmado com seus alunos; alguém que não se embriaga, não come
carne e é extremamente sério em suas atribuições, mas sem ser
burocrático, algo que ele abomina.
Muitos
se surpreendem com a doçura e leveza das mensagens vindas de alguém com
aparência tão “grotesca” e inusitada e o que tais mensagens podem provocar. É a beleza de ser quem é, ter a coragem de
Ser.
Ele é
alguém que usa cartola e está todo "arrumado", - o que para muitos
pode soar futilidade e superficialidade diante da vida-, entretanto é alguém
profundamente sensível e capaz de vivenciar e escrever aforismos essenciais e
desprendidos como esses:
A grande batalha do Ciberpajé é tornar-se completamente o que ele é! A batalha de ser.
(Aforismos do Ciberpajé)
(Edgar Franco fotografado por Anésio Azevedo Costa Neto, entardecer em Ituiutaba, MG).
“Fita o Sol na manhã esplendorosa, pensa nas
inúmeras gerações humanas que ele viu tornarem-se pó, abra seus braços e
mergulhe completamente na vida, esse singelo e tênue presente cósmico!
(Ciberpajé)”
“Sonhei com o vento, e ele brincou com meus
cabelos.
Sonhei com o Sol, e sua luz me energizou na
manhã.
Sonhei com o sabor da jabuticaba, e provei seu
fruto ao acordar.
Meus sonhos mais genuínos. Do que mais eu
necessito?
(Ciberpajé)”
“Eu me divirto com tão
pouco: o vento nos cabelos, a lua iluminando a menina dos meus olhos; já você
necessita de tantas coisas, dinheiro e pessoas, mas mesmo assim entedia-se.
Eu estou sempre brincando, e você tão sério.
Queria só fazê-lo perceber, que bem no íntimo,
somos os mesmos, mas você se esqueceu e é tão difícil lembrá-lo disso.
(Ciberpajé)”
“Louvo o Sol pelo verde; louvo a Lua pelo uivo.
Louvo o vento pelo sopro de vida; louvo o nada
por aguardar-me serenamente, e o todo por permitir-me ser inteiro e intenso.
Essa é a minha oração ao agora. (Ciberpajé)”
“Um homem me disse que é dono de um sítio,
outro me disse que é dono de uma fazenda. Tive pena desses homens, que serão
levados pelo vento e aquilo que dizem ser seu permanecerá por milênios aqui,
até o fim desse planeta daqui a milhões de anos. Eu só tenho o meu agora, mais
nada, nada mais. (Ciberpajé)”
“Para o Sol e para a Lua não existem donos da
terra, e você vai tornar-se poeira cósmica e tudo que acreditou ser seu irá
também desaparecer: sua mulher, filhos, casa, carro, sítio, TV de Led, colar de
pérolas, anéis de prata. Tudo se espalhará como cinza ao vento, enquanto o Sol
e a Lua continuarão lá fitando com sua força astral a superfície de nossa
esfera azulada. (Ciberpajé)”
“Muitos se confundem com esse nome com o qual
me rebatizei, "Ciberpajé", talvez pelo termo pajé presente nele,
acham que sou um guru, ou um indivíduo pedante se apresentando como um guru.
Quero esclarecer mais uma vez, não sou guru, profeta, bispo, salvador, ou
qualquer outro título messiânico; não criarei uma seita, igreja ou culto. Não
conheço a verdade, não quero ser exemplo a ser seguido, nem nada disso. Sou como todo e qualquer ser, complexo e
paradoxal, alguém em um processo de desenvolvimento lento e gradativo em busca
de transcender o ego e tornar-me integral. Cometo grandes e pequenos erros como
todo e qualquer ser humano, uso a criação artística, musical, performática e
aforística como substrato para produzir em mim uma cura lenta e gradativa em
direção à minha integralidade como ser. Visto-me de forma espalhafatosa pois
isso é algo que me dá prazer e compõe o meu eu essencial, trazendo para a
materialidade do corpo inúmeros símbolos que me são caros. Não sou melhor, nem
pior que nenhum outro ser que vive agora no planeta Terra, e aí incluo os
outros animais e os vegetais. Somos todos partes de um grande e mágico sistema
cósmico e eu reverencio cada um de vocês, meus irmãos de jornada. (Ciberpajé)”
“Quantos espantalhos, presos às suas estacas
dogmáticas, nas igrejas, nas universidades, nos escritórios. Com suas sutras e
bíblias, seus tratados filosóficos, suas bolsas de valores. Todos cheirando a
cadáveres em estágio avançado de putrefação,
fingindo um falso encanto com seus úteros-brinquedos: incensos, livros, carros,
celulares. A vida esvaindo por entre seus dedos, por seus sorrisos ensaiados,
suas roupas de grife, seus filósofos de boutique, suas falas empoladas, suas
revoltas simuladas. A Lua no céu já vislumbrou inúmeras de suas gerações
perecerem, apodrecerem ainda em vida, quantas ainda mais ela terá que suportar?
Enquanto isso o LOBO uiva para a LUA no olho da tempestade. (Ciberpajé)”
“Você tem
um templo de bilhões, eu tenho o vento em meus cabelos. (Ciberpajé)”
“Ofereceram-me grades de ouro e gaiolas
cravejadas de diamantes, mas preferi a pueril e incerta leveza do vento nos
meus cabelos. (Ciberpajé)”
"Os Aforismos do Ciberpajé Edgar Franco" se tornaram coluna semanal no JORNAL DO PONTAL (impresso e on line) de Ituiutaba e Triângulo Mineiro
Foto
postada no facebook do Ciberpajé relatando o ato de censura durante o Congresso
Internacional de Pesquisa, Ensino e Extensão da UniEvangélica de Anápolis/GO,
2013. Foto de José Loures tirada ao final do quarto ato, intitulado
"Iniciação sexual com um robô multifuncional", pouco antes da
interrupção do show. Esta foto foi curtida e compartilhada mais de 300 vezes e
a repercussão do ocorrido culminou em uma moção de repúdio redigida pela FAV/UFG
à reitoria da UniEvangélica.
Sobre trajar sempre preto, ele certa vez publicou:
Mais uma vez me perguntaram porque quase sempre uso roupas
negras. Para explicar objetivamente usarei um aforismo do grande livro
"Tao Te King":
" O Vencedor da batalha sempre deverá
trajar luto". (Lao-Tse)
Em entrevista para TIEFEN DER SEELE – Magazine onde o Ciberpajé foi capa, indaguei-o:
"Em outras
entrevistas você já comentou sobre a reação das pessoas (sociedade/meios
acadêmicos) ao se declarar Ciberpajé e/ou em apresentações do Posthuman Tantra.
Há relatos de pessoas que se retiraram ofendidas e aquelas que se emocionaram
durante as apresentações performáticas da banda. Em evento acadêmico sobre
Histórias em Quadrinhos em 2012, ao se dizer Ciberpajé, houve uma pessoa da plateia
que ficou um pouco “indignada” por não entender como uma pessoa se “declara”
algo e “se torna”. Afinal, como é ser aplaudido e vaiado?
Eis trechos do ele
respondeu:
“As reações à minha figura são diversas e algumas
extremamente paradoxais. Já percebi que minha simples presença em certos
ambientes incomoda as pessoas. Vivemos em um mundo que julga pelas aparências e
eu resolvi adotar roupas que gosto com as quais me divirto para vivenciar meu
renascimento como Ciberpajé. É uma indumentária simples, mas que investe
totalmente em aspectos simbólicos, cada elemento tem um significado poderoso,
cada anel, os tênis de cores trocadas, os colares, pulseiras, a cartola, o
preto. Tudo se une para mim e traduz signos não verbais que eu considero
fundamentais para uma compreensão mais efetiva do que sinto em relação ao mundo
e à vida.
Sou um pós-doutor muito fora dos padrões, extremamente
crítico das estruturas universitárias e com a coragem para assumir-me como
criador e pensador em um meio onde quase todos são reprodutores de pensamentos
importados. Por isso muitos se indignam quando eu digo que me declarei
Ciberpajé, na academia você não pode se declarar nada, tem que esperar o aval
de seus pares e na maior parte do tempo bajulá-los, citar os autores que eles
citam, formatar-se à suas exigências para que eles lhe declarem mestre, doutor
e pós-doutor, ou que permitam que frequente seus nichos e tribos teóricas. Eu
passei por tudo isso, vivi na pele, sei como tudo funciona e estou no meio
acadêmico não para reproduzir suas bases arcaicas, mas para auxiliar na ruptura
de suas estruturas idiotizantes e alienantes. Nesse mundo cartesiano, de base
racionalista, todo estruturado no método científico, só irão lhe dar voz se
você conhecer suas estruturas, você só poderá modificar algo estando dentro,
nunca fora. Mesmo assim é uma batalha árdua e contínua, mas sou perseverante.
No entanto, o julgamento à minha imagem é quase imediato, sou muito sensível e
percebo nos olhares das pessoas sua opinião. Já fui interpelado verbalmente
muitas vezes, algumas delas por meus pares, fazendo ironias, dizendo que eu
deveria colocar “leds na cartola” para aparecer mais. Só o fato de não me
vestir como as pessoas esperam que eu me vista já incomoda um mundo totalmente
formatado, some-se a isso o que digo e vivencio e você tem uma bomba nas mãos,
uma bomba letal a certas estruturas desse sistema."
Ciberpajé como professor homenageado da turma de formandos em Artes Visuais da FAV/UFG 2014.
"(...) Sinceramente, aprendi a me
divertir com isso tudo, em ser o centro das atenções em alguns contextos, ser
visto como freak, louco, naif, estranho. Vivemos em um mundo extremamente formatado,
você "deve se individualizar" escolhendo qual das marcas vai
consumir, qual das tribos vai frequentar. Sou solitário, não tenho tribo, não
tenho dogma, não tenho religião, não tenho pátria, não tenho partido, bandeira
ou padrão. Se eu me enfastiar, amanhã posso precisar de novos símbolos,
abandonar tudo por uma túnica verde, sei lá, sou livre, não tenho um nome a
zelar, sirvo a mim e ao meu desenvolvimento pessoal rumo à transcendência, rumo
às estrelas. Sou grato aos meus amigos, aqueles que vibram na minha frequência
e que se emocionam com o que digo, com minhas experiências, são poucos, mas me
fazem seguir alegre e sereno sempre! Sou o Ciberpajé, tive a coragem de me
assumir como uma estrela, como um belo evento Cósmico, algo que a grande massa
se nega por uma ou muitas vidas.”
|
Posthuman Tantra!!! (I Sacerdotisa Rose Franco, Lucas Dal Berto, Amanda Caroline Darc'kness e Luiz Fers) |
(...)
"Desconfio do aplauso e respeito profundamente a vaia. O
aplauso pode vir por polidez, por educação, a vaia nunca, a vaia SEMPRE é
genuína. O Posthuman Tantra se apresenta quase sempre em espaços uterinos, onde
por mais que as pessoas se choquem, se comovam ou sintam ojeriza, vão fingir
que ao menos acharam palatável, vão aplaudir. Obviamente sei quando a
apresentação está sendo marcante por algumas manifestações do público, como
gritos, comentários, ou risadas histéricas, às vezes lágrimas nos olhos! E
quando nos apresentamos em ambientes hostis, o significado de nossa mensagem é
muito mais poderoso, nesses ambientes a vaia é inevitável e já aconteceu até a
nossa expulsão do palco, o ano passado (2013) num evento de pesquisa
internacional na Unievangélica, de Anápolis, Goiás. Fomos convidados pela
coordenação do evento, começamos com um auditório cheio - mais de 400 pessoas
-, público hostil, formado em grande parte por dogmáticos. Durante as três
primeiras músicas as pessoas foram se retirando, na quarta música, sobraram só
umas 50 pessoas na plateia, e essas aplaudiram, mas a coordenação do evento
censurou-nos e parou a performance, previamente combinada para ter oito atos! A
arte deve ser iconoclasta, repito que não crio arte para entreter ninguém, crio
arte para refletir e transformar a realidade, manipulo símbolos e reconstruo o
mundo. Então louvo as vaias, pois incomodar as pessoas nesse mundo apático e
alienado tem um importante significado. E também agradeço de coração os
aplausos sinceros das pessoas que tenho tocado com minha arte!"
Entre os aplausos sinceros estão os de sua família, como o de seus pais Sr. Dimas Franco e Sra. Alminda Salomão, suas irmãs Adi Franco, Aline Moura, seu cunhado Christian Rengstl, seu afilhado Lucas Dal Berto e sua esposa Rose Franco.
(Foto de Lucas Dal Berto)
(Adi Franco e Edgar Franco fotografados por Christian Rengstl durante as filmagens de videoclipe do Posthuman Tantra, Poços de Caldas, 2008)
Em minha resenha sobre o show do Posthman Tantra que
aconteceu no VII Seminário
Nacional de Pesquisa em Arte e Cultura Visual, na Faculdade de Artes Visuais da
Universidade Federal de Goiás (FAV/UFG), também destaquei aspectos da coragem
de Ser e da aparência.
Primeiro neste trechinho:
“(...) Na realidade, o que deu para perceber, é que o
Ciberpajé é uma “lenda viva” no campus, e ainda que seja tomado como uma figura
estranha, controversa e divertida; dentre os comentários que ouvi de passagem,
percebi que as pessoas tem curiosidade e admiração, um brilho nos olhos ao
falar sobre sua arte! E se há quem não curta o trabalho dele, pelo menos aos
meus ouvidos de etnógrafa-amadora não chegou...”
E depois quando escrevi sobre os atos V e VI:
Ato V - The Little
Bob`s New Toy: Sexual initiation with a Multifunctional Robot (O Novo
Brinquedinho de Bob: Iniciação sexual com um robô multifuncional).
“Quando faz a sua
ciberpajelança,
O Lobo sente o cheiro
da Lua,
E fricciona com
volúpia o clitóris do cosmos.”
(Ciberpajé)
Esta foi uma das
faixas que mais me surpreendeu, e não foi à toa, a censura ao Posthuman Tantra
aconteceu durante esse ato! Vou explicar melhor. Quem me conhece sabe que sou
uma pessoa tranquila, não tenho tantos tabus e não sou “pudica”, longe disso,
mas confesso que diante da apresentação deste ato fiquei chocada! É uma
performance muito sensual, excitante e vibrante. O Ciberpajé deixa sua
virilidade aflorar sem amarras, não é por acaso que o ato em que se transmuta
em Lobo pós-humano se dá antes desta faixa, aqui ele já é o LOBO SELVAGEM, e é
mesmo! Vale destacar que a selvageria que Franco traz não é a difundida pela
mídia, uma selvageria como “crueldade” e sim uma selvageria animal, que, como
ele diz, pode ser violenta, mas nunca cruel. Nesta faixa vemos uma amostra de
sua selvageria sexual, ele simula a penetração, ele grita, ele urra, ele
“penetra”, ele rompe, é uma catarse artística sexual!
Mas como eu disse, num
primeiro momento eu me impressionei, e esse estranhamento foi paradoxal. Por um
lado achei “incômodo” ver o Ciberpajé fazendo aquelas insinuações sexuais - que
de certa forma, a meu ver, abriram sua intimidade - como se estivesse
masturbando-se em público -, de modo que a música que nem era tão longa,
pareceu-me uma eternidade, e à medida que ele ia intensificando o ato sexual
com o microfone servindo de falo, eu pensava “Gente, quanto tempo ele ficará
fazendo isso?” Mas, por outro lado, meu espírito vislumbrava aquele contexto,
uma coisa LOUCA e insólita, e eu refletia: “Quando eu imaginaria, que em
uma Universidade Federal, local emblemático do ensino engessado em seus dogmas
erigidos com repetições de teorias inócuas estrangeiras, um lugar de egos
insuflados, quando eu sonharia em ver aquele ato de iconoclastia selvagem?
Realizado por alguém que, mais do que falar, VIVE aquilo que escreve em seus
aforismos e cria em sua arte, quando eu imaginaria presenciar uma apresentação
iconoclasta dessa em uma universidade?” Então, o que no começo foi um choque -
por mais que eu já conhecesse o ato por vídeos e fotos-, algo que me fez rir
por estar bastante surpreendida... Naquele instante se converteu em pura
admiração e uma das maiores lições que tive na vida, a lição de que devemos ter
CORAGEM DE SER QUEM SOMOS.
O Ciberpajé, que é um
professor doutor, alguém que como ele diz “pediu todas as bênçãos acadêmicas
que a universidade exige para ser alguém”, agora se dá a própria benção e o
direito de ser quem ele é. Sem se preocupar com um “nome a zelar” e nem com o
que pensarão dele e sim ser quem é sem estar prejudicando
ninguém, ser sua arte! E devo acrescentar minha admiração por sua esposa, Rose
Franco, ao estar ao lado dele no Posthuman Tantra há tantos anos e em tantas
situações, como no dia do ato de censura. Ela é também admirável pela coragem
de seguir e ser Posthuman Tantra.
Dei-me conta ali que é
muito mais fácil ser o que os outros querem, mas ser quem se é, é complexo,
dolorido e difícil, porém é o único caminho verdadeiro e de valor inestimável.
Durante performance de The Little Bob`s New Toy: Sexual initiation with a Multifunctional Robot
Ato VI - Tênue Esfera
Azul
“Fita o Sol na manhã
esplendorosa, pensa nas inúmeras gerações humanas que ele viu tornarem-se pó,
abra seus braços e mergulhe completamente na vida, esse singelo e tênue
presente cósmico!”
(Ciberpajé)
Nesse ato eu me
emocionei muito. Foi uma “hecatombe” interna devastadora, me senti no etéreo
espacial. O Ciberpajé, em contraste com o ato anterior, chega com a doçura
suave de uma rosa em mãos, anunciando a efemeridade da vida nessa tênue esfera
azul. Nessa hora eu percebi o quanto fui tacanha ao reprimir inicialmente meu
ímpeto animal, ao negar a primeira parte do ato performático anterior e pude
vislumbrar o quanto sou/somos muito mais do que este corpo terrestre, somos
irmãos dividindo essa mesma jornada: VIDA.
Pude compreender nossa
eternidade e finitude. Senti-me pequenina e grandiosa. Lembrei-me que foi este
ato que o Ciberpajé dedicou ao saudoso amigo Elydio dos Santos Neto, durante o
show do lançamento do álbum em quadrinhos Biocyberdrama Saga no Centro
Cultural UFG em 2013, performance e lançamento que eu ajudei a divulgar. E
lembrei-me o quanto devemos simplesmente VIVER e AMAR! E como o Ciberpajé fez
muito bem durante todos os atos, ele contrasta doçura e selvageria ao longo das
canções, com urros e entonações leves, como quem nos desperta do nosso estado
de inércia, mas ao mesmo tempo exalta a serenidade necessária para viver o
agora.
Como a letra desse ato
diz, estamos ligados pelo mesmo tempo, mesma época de vivência na Terra.
Lembro-me o quanto me sinto honrada de dividir essa época com pessoas tão
especiais e de estar ali naquela performance. Aquele toque da música, como se
fosse uma música que minha alma (re) conhecia, causou-me incômodo, parecia que
eu não tinha corpo, que existia um “vazio”. Não chegava a ser uma sensação de
“morte”, mas diria “um ser sem corpo”, como se eu me percebesse muito além
disso tudo. Viajei pelo espaço, na viagem das imagens das artes projetadas no
vídeo com o qual o Ciberpajé interagia... Parecia como se eu tivesse sentido,
através daquela música e imagens, uma ínfima consciência da minha grandeza
espiritual e de que tudo (material) se acabará, e isso me deu certo temor.
Posthuman Tantra em
Santa Maria/RS, 2013, foto de Kiko Barretto, durante a faixa Tênue
Esfera Azul
Posthuman Tantra e amigos especiais, logo depois da performance na FAV/UFG durante o VII Seminário Nacional De Pesquisa Em Arte E Cultura Visual. Da esquerda para a direita:I Sacerdotisa Rose Franco, José Loures, Ciberpajé, Luiz Fers, Amanda Caroline Darc'kness, Lucas Dal Berto, IV Sacerdotisa Danielle Barros Fortuna, Gian Danton e Ilda Santa Fé.
Para quem quiser ler a resenha sobre o show do Posthuman Tantra na integra, clique AQUI
As performances do Posthuman Tantra e a aparência do
Ciberpajé em muitos provoca um impacto de estranhamento que incomoda, como se
retirasse o sujeito de seu estado uterino, do hábito ordinário cotidiano fomentado
pela ideia de que todos devem seguir regras, muitas vezes acatadas
acriticamente pela maioria que seguem os ditames da “moral” dessa sociedade
hipócrita. Essa forma de impactar de forma iconoclasta me fez lembrar as palavras
do mestre Jodorowsky em seu livro A Dança da Realidade:
“Todo ato extraordinário é capaz de demolir os
muros da razão. Ele quebra nossa escala de valores e faz com que o expectador
tenha a experiência de julgar por si mesmo. Age assim como um espelho onde cada
um pode ver seus próprios limites. A manifestação desses limites pode provocar
o despertar da consciência.” (2009, 126-127 p.)
Essa coragem de Ser não é apenas ter coragem de colocar uma cartola e uma roupa diferente. É no agir, é se contrapor ao convencionado, é ser iconoclasta através da arte. Não podemos deixar de mencionar aqui sobre suas experimentações artísticas que envolvem "arte visionária", ou seja, processos transcendentes e criativos com uso de enteógenos e suas impactantes entrevistas concedidas a mim e publicadas no blog e que tiveram muita repercussão.
A arte do Ciberpajé também já foi considerada chocante e muitas vezes censurada (pessoalmente e no mundo virtual). No facebook já teve bloqueio por parte do site e por denúncias de pessoas que se incomodaram com sua arte, acusando-a de "pornografia". Como ele mesmo já disse em entrevistas, sua arte não tem enfoque pornográfico (embora não tenha nada contra este tipo de abordagem). Na perspectiva de Franco, o que ele trata é de transcendência. O sexo enquanto instância sagrada, o macho e a fêmea, que em conexão, se complementam gerando força, luz e vida. Como no HQforismo abaixo, e nas artes de capas, e outras ilustrações que trata de diversos temas, entre eles, a sexualidade, sem tabus.
"O amálgama cósmico da Puta Sagrada e do Lobo Astral concretiza-se com a sinfonia de gemidos, sussurros e gritos." (HQforismo do Ciberpajé)
CAPA do POSTHUMAN TANTRA - "Transhuman Reconnection
Ecstasy" Arte de Edgar Franco
"Você só provará da completude ao embriagar-se de seus abismos."(Ciberpajé)
(HQforismo do Ciberpajé para "Artlectos e Pós-humanos 7", editora Marca de Fantasia).
Essa questão aparência é algo tão caro à
nossa sociedade e cultura que o artista e fotógrafo Rafael Happke instigado
pelo tema, convidou o Ciberpajé para um experimento. Ele fez um ensaio
fotográfico com Franco e convidou as pessoas que não o conheciam para que
definisse quem ele era apenas a partir das fotos postadas em sua rede social.
Eis a chamada:
“Pessoal, gostaria de convidá-los para uma
experiência. Aqueles que conhecem essa pessoa, ignorem. Aos demais, a proposta
é definir QUEM É essa pessoa. Façam isso com uma palavra, uma sentença, um
adjetivo, uma colocação que venha a mente de vocês assim que verem essa imagem.
Tentem adivinhar de onde vem, de que época ele é, o que faz, o que gosta, o que
o seduz, vale qualquer referência que invadir seus
sentimentos ao olhar a imagem. Por favor, NÃO PESQUISEM, só escrevam seus
sentimentos sinceros ou seu palpite mais inesperado. Em alguns dias revelo a
identidade e a história. Ninguém é obrigado a acertar e quanto mais fundo vocês
forem, mais interessante essa experiência pode ficar. Conto com o consentimento
do retratado para essa "brincadeira". Agradeço a participação de
todos.”
Algumas imagens dos posts do Happke:
O resultado foi algo MUITO INTERESSANTE,
destacarei aqui algumas frases:
“um ser estranho, meio gnomo da floresta meio palhaço de circo,
1/3 astro do rock, outro terço cristão. amante da natureza com certeza,
deixando minha matematica ruim de lado, acho que deve ser uma pessoa bacana!”
“Uma mistura de
Sherlock holmes e Mágico de OZ.”
“destemido e
divertido....esperando por algo ou alguém!”
“misturinha de
matrix, com chapeleiro maluco e shaman... e acho que ele queria muito tocar
numa banda.”
“O Chapeleiro
Maluco!”
“uma espécie de zé do caixão moderno”
ele é um vilão de
historias em quadrinhos dos anos 70.”
“Depois do pós-tudo ele vende
deformidades em forma de espetáculos. Otimista, sabe que um dia tudo isso - literalmente
- vai acabar”
“Cidadão dos mundos,
aquém e além.”
“Um ilusionista que
veio do futuro através de um buraco de minhoca...Antes de chegar na estradinha
ele viajou por diversos lugares do mundo, os que mais o marcaram foram a Africa
e Polo Norte, dizem que ele tem o dom de se comunicar com lobos”
“Seria o Al Capone e
teria sob o longo casaco uma Tompson 45? Se fosse, seria mais uma
contradição... Mais um a portar um crucifixo e não temer a Deus. Primo rebelde
do Charles Chaplin...? Não. Barba, chapéu vermelho, casaco longo, anéis etc. Se
não houve preparação para tal foto, então me parece ser possível tecer algum
comentário acerca de sua personalidade. Mas quem seria ele?”
“É o Visconde de
Sabugosa versão pós limbo.”
“Ele é especialista
em "alquimias."
“excêntrico, mas de
uma maneira "não linear", não existe uma coerência, personalidade
fragmentada, talvez uma pessoa imersa em seu próprio universo, perdida aos
olhos dos outros.”
“Esse cara é um
paleontólogo! Através de suas excursões ao redor do mundo, descobriu uma tribo
descendente dos sumérios, por isso o colar e a camiseta. Aliás, em suas
escavações no sul da Africa do norte ele encontrou uma poderosa arma altamente
tecnológica, criada pelos antigos Himbas: um Desguaxinizador Molecular! e como
vocês podem observar ele está prestes a saca-lá!!!”
“Roqueiro de uma
banda inglesa! Quando o ônibus da turnê quebrou aproveitou e pediu pro amigo
fazer umas fotos do belo local enquanto uma metade da banda dormia dentro do
veículo e o resto do pessoal tentava sinal de internet no celular! Cara
esperto, mesmo com a roupa rock and roll não dispensa o tênis confortável nos
pés! Quando viu a foto falou pro amigo: ficou massa, qd o sinal voltar, publica
e me marca! Mal sabia ele q o mecânico chegaria só 2 horas depois!”
“Tenho mais medo que
estranhamento!!!”
“sua simples
presença estranha em meio a onírica floresta cheia de luz ( vira e mexe sonho
com lugares assim!)... Cartolas em entidades espirituais nunca me passam boa
coisa; ele usa uma cartola cor de sangue... sei que é muito antigo tudo isso,
de um tempo sem tempo, sem definição.... apesar que de querer me enganar
dizendo que é atual por seus tênis!... sei que olha pelos olhos em sua
camiseta, olhos de interrogação! me causa estranhamento sobre maneira o todo da
cena... para onde será que mandou as entidades de luz que flertam comigo neste
espaço mágico? preciso ter medo? .... estranhamento! estranhamedo!”
“Esse safado aí é um
gnomo satanista. Ele trabalhou para Diabolyn, em um passado longínquo e muito,
muito obscuro. Fazia os trabalhos sujos pra ela e de quebra cuidava dos
interesses pessoais. Foi assim que ele ficou do tamanho de um humano adulto.
Desafiou algumas crianças a adivinharem seu nome. Como ninguém acertou, ele
cresceu, e cresceu, e agora anda entre nós, humanos, roubando pequenas moedas e
canetas Bic para incrementar seu pote de ouro, que também tem muitas canetas
Bic e Clip's. Ele passou a perna na Diabolyn e nunca mais apareceu em Dar-Shan.
Aí descobriu que no nosso mundo haviam muitos bosques parecidos com os de lá,
onde ele poderia morar, e acabou ficando por aqui mesmo. Ele pode viajar pra
onde quiser, na hora que desejar.”
“O mago da floresta encantada”
“A primeira
impressão sugere que seja um sujeito que nem ao menos sabe quem é. Me parece
que ele não sabe quem quer ser e também não sabe quem não quer ser. Ele traz em
si mesmo todo tipo de elementos, e isso não me parece ser uma identidade
própria, e sim falta de identidade.”
“Um mágico circense,
que ouve música cigana e dança com os lobos.”
“O tempo dele não é o mesmo tempo em
que vivemos. Ela ainda acredita na força da Lua e da noite. E claro, ele é um
nômade.”
“Um mágico sim, do
submundo. Uma mistura de homem do bem com uma pitada satânica.”
“Um vilão cujo os
aneis dão força .. Ele é da terra, mas tem um pacto com um anjo caido.O chapeu
fica vermelho a cada vitima que mata..o nome dele é Lorenzo Kilmister”
“Aqui nosso
metaleiro se deu por conta que o socorro iria mesmo demorar! Ao em vez de se
estressar resolveu que faria mais fotos! Clique aqui clique lá pediu ao
parceiro da banda que registrasse os anéis que usaria no show de logo mais à
noite! Pronto mais uma foto pra colocar no site da banda! Enquanto se distraiam
com as clicadas ele pensava q talvez não teria sido conveniente beber tanto na
noite passada, afinal a sensação que compartilhava com seu estômago não era das
mais agradáveis! Estava decidido naquela noite seria só água! Parou um pouco
para admirar a copa das árvores q dançavam enquanto o Sol espiava entre as
folhas os turistas ansiosos! Teve o pensamento interrompido pelo moto que roncou
longe!? Era o guincho finalmente?!”
“ja me fez lembrar
mais um dono de algum circo bizarro”
“tipo assim... eu
não ia querer encontrar esse cara.”
“ele é muito
esquisito, parece que a qualquer momento vai brotar uma bola de fogo das mãos
dele. não gostei nada daquele colar dele. pra piorar só faltava ter unhas de zé
do caixão. ele deve ter vindo do centro da terra. ele lê os pensamentos das
pessoas e consegue movimentar objetos com a mente.”
Ao final o Rafael explica e agradece:
“Agradeço a todos
que toparam participar dessa brincadeira...com um certo atraso, cabe-me agora
revelar quem é o sujeito da foto. Seu nome é Edgar Franco, mas assume já há
certo tempo o codinome Ciberpajé. Artista, atua com desenhos, principalmente
relacionados com Histórias em Quadrinhos, HQ. O Ciberpajé realiza performances
com sua banda Posthuman Tantra. Seu propósito e seu trabalho como artista é
relacionado com a criação de universos ficcionais. Seu tempo é 300 anos no
futuro. Onde a humanidade evoluiu para uma civilização pós-humana, onde
coexistem seres humanos e híbridos humano-máquina e híbridos transgênicos
humano-animal-vegetal, onde o estado de consciência foi transplantado para
mecanismos tornando o corpo que é perecível algo desnecessário.
O Ciberpajé nos faz refletir sobre a nossa condição
de humanos, com uma vida temporalmente delimitada e de duração desconhecida,
nossas relações interpessoais e nossas relações com a tecnologia.
É importante lembrar também que aqui temos a figura
de um catedrático. Professor Adjunto na Universidade Federal de Goiás, dá aula
na Faculdade de Artes Visuais e na Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual nesta
instituição. Edgar Franco é graduado em Arquitetura e Urbanismo pela UNB, tem
Mestrado em Multimeios pela UNICAMP, Doutorado em Artes pela USP e
Pós-Doutorado pela UNB.”
O experimento do Hapkke pode ser visto em seu perfil do Facebook AQUI
Os comentários foram ricos e variados, mas sempre associados à loucura,
rock, ou associado a religiosidades, satanismo, alguém “fora deste tempo”, com
super poderes, místico, vilão, mágico, circense, livre, ligado a natureza,
magia. De maneira geral, o conceito "pre" concebido, ou seja, o preconceito por não conhecer, acabou gerando uma surpresa positiva, uma vez que ao revelar ao público quem ele era, se tratava, nas palavras de Hapkke, de um (quem diria!) "catedrático"- que não deixa de ser uma das facetas de Franco, mas que não foi citado por ninguém. Isso nos deixa a lição de livrar-nos dos estereótipos convencionados socialmente.
Em muitos de seus aforismos, Franco utilizam de elementos de sua aparência, como nos que explora os anéis e objetos como punhais:
"Na décima primeira casa do sol reside a tenacidade da serpente e a sagacidade do Lobo." (Ciberpajé)
(Ciberpajé fotografado por Anésio Azevedo Costa Neto)
"A confiança sobrepuja o amor". (Ciberpajé)
Edgar Franco - o Ciberpajé & Rose Franco - I Sacerdotisa da Aurora Pós-humana, fotografados por Guilherme Mendonça - durante preparação do Posthuman Tantra para o evento "Tubo de Ensaios" da UnB
Conforme ele mesmo
publicou em sua rede social, destacando sobre a questão dos estereótipos, em
uma participação durante a Bienal de São Paulo, o mediador da mesa
perguntou: - Quem é o pós-doutor? Confira o relato do próprio Ciberpajé:
"Durante a mesa em que participei como convidado na "Bienal Internacional do Livro de São Paulo", o mediador teve uma ideia para começar os trabalhos de forma descontraída. Dentre os 4 participantes eu era o único com doutorado e pós-doutorado, mas ao mesmo tempo o "exótico" do grupo (com cartola, sobretudo, anéis nos 10 dedos e etc.), então ele decidiu perguntar para o público qual dos quatro presentes à mesa seria o pós-doutor. Obviamente ninguém apontou pra mim! Tinha grandes amigos na platéia como Gazy Andraus, Fabio Fon, Soraya Braz, Clayton Policarpo, Juliana Junqueira, Dimitri Brandi de Abreu e Osny Lopes, mas eles ficaram quietos para não estragarem a brincadeira. Para os demais presentes alguém com o meu visual não poderia ser um pós-doutor! Vivemos em um mundo de estereótipos. Como Ciberpajé contribuo para destruí-los."
(Ciberpajé fotografado por Juliana Junqueira - mesa de debates na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, 2012).
Algo parecido aconteceu em um evento acadêmico de quadrinhos
em que ele relatou que se declarou Ciberpajé uma pessoa da plateia (docente de
universidade) se indignou "como uma pessoa se declara algo e se
torna?" - fato que pude presenciar, pois estava na plateia.
Mas o Ciberpajé já se habitou a este tipo de interpelação.
Por outro lado, como foi dito, ele tem muitos admiradores não
só da sua arte, mas de forma integral, enquanto ser humano. Inclusive sua
figura já foi representada por muitos artistas, contando com quase uma centena
de desenhos com versões do Ciberpajé!
E por falar em aparência, bem diferente nesta foto, estão Edgar Franco (ainda não era Ciberpajé) e Gazy Andraus, dois pioneiros dos Quadrinhos "Poético-filosófico", um gênero genuinamente brasileiro segundo os pesquisadores Elydio Santos Neto e Matheus Moura. Essa foto tem mais de 20 anos, foi tirada em 1993 durante exposição de trabalhos e o lançamento do zine conjunto dos dois amigos-irmãos "Irmãos Siameses", na Gibiteca de Santos, SP.
Nota: "O tempo fez bem a vocês, estão como o vinho!".
O renascimento como Ciberpajé denota ser mais do que uma ação performática transmídia perpetrada nos múltiplos meios artísticos criada pelo artista, uma vez que após a declaração Edgar Franco assumiu a nova identidade de Ciberpajé 24 horas, trazendo essa nova condição para o dia a dia, transformando o ato performático em vida. Isso envolve se apresentar como Ciberpajé nos múltiplos ambientes reais e virtuais pelos quais Franco trafega desde congressos e eventos acadêmicos, entrevistas para veículos de mídia diversos à sala de aula como professor, no Facebook, no currículo Lattes, etc.
Edgar Franco delega à arte o papel primordial de promover a autotransformação na busca da própria estruturação como ser, ser integral, e em segunda instância busca contaminar positivamente as pessoas no sentido de buscarem sua integralidade. A ideia de “arte como cura”.
Hoje, ao completar 3 anos de Ciberpajelança, lança em
parceria com o músico Genilson Alves (Lunare Music) o primeiro single
do projeto musical "Ciberpajé", dedicado a musicar a
poética de seus aforismos. O single, intitulado "Invocação da Serpente",
inclui 3 faixas: Invocação da Serpente e as bonus Aforismo I e Aforismo II. São
33 cópias numeradas, autografadas e com arte do Ciberpajé e ainda inclui faixa
bônus inédita, AFORISMO III. Foi lançado pelo importante selo brasileiro
Lunare Music, dedicado à música Dark ambient. Mais detalhes neste POST.
Para quem gostou do tema da transmutação do Ciberpajé e queira saber mais, sugiro assistirem este VÍDEO também onde ele mesmo fala sobre isso:
Edgar Franco, o Ciberpajé, transita em diversos mundos:
o da arte (quadrinhos, HQtrônicas, música, instalação, ilustração,
performance), o da academia (professor, conferencista, orientador de doutorado
e mestrado, autor de livros e artigos acadêmicos), o da vida cotidiana na
realidade validada, e o de seus mundos ficcionais, sobretudo a chamada “Aurora
Pós-humana”. O que há em comum em todos os mundos pelos quais o Ciberpajé
“navega” é essa busca em tornar-se um ser integral e contribuir para a
transformação de outras pessoas, que sentem-se tocadas pela sua arte e que
estão na mesma busca de “Ser”.
Neste aforismo com foto, o Ciberpajé ressalta fases
de suas mudanças ao longo da vida, alguém que não renega o que foi, mas que não
abre mão de estar focado no agora, o único tempo verdadeiro!
"Saúdo a mutação, a transformação, a mudança, a ancestralidade do Lobo que se fixa no agora. A beleza profunda da incerteza, a inexistência das verdades, a destruição do mito de portos seguros, a eterna jornada livre e impetuosa no olho da tempestade. Sou o Ciberpajé, sou uma licença poética cósmica, estou vivo, celebro a serenidade e a selvageria!"(Ciberpajé).
(Algumas fases de um eterno mutante: com 1, 5, 12, 15, 25, 28, 35 e 41 anos)
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Nota: Aderi à vestimenta de sacerdotisa e tenho sentido
na pele o que é ser vista como "estranha" e de certa forma chamar
atenção, mas é importante que fique claro que a intenção principal é sermos
quem somos e agir conforme queremos, sem prejudicar a ninguém. Aqui o Ciberpajé e eu IV Sacerdotisa em 2 momentos, à esquerda quando nos conhecemos no II Encontro Nacional de Estudos sobre Quadrinhos, UFPE,
Recife (agosto 2012) e à direita, 2 anos depois, na I Jornada Temática de Histórias em Quadrinhos –Adaptações Literárias, na UNIFESP
(agosto 2014).
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Embora tenha ficado extenso, este post não teve a pretensão de fazer um "inventário" da obra do Edgar Franco (seria impossível) e sim uma singela homenagem minha para o Ciberpajé e para que as pessoas conheçam um pouco
mais desse Ser incrível com quem tenho criado e aprendido tanto! Gratidão!
Assim ele é: autêntico, paradoxal, intrigante, iconoclasta. Um verdadeiro artista. O CIBERPAJÉ!
Forte abraço da IV Sacerdotisa da Aurora Pós-Humana, Danielle Barros
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