terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

[Lançamento] POSTHUMAN TANTRA participa da compilação internacional "Werewolves x Vampires & Demons" com faixa inédita

Arte de capa da compilação, por Sábila Orbe

O Posthuman Tantra é uma das vinte bandas a integrarem a compilação internacional "Werewolves x Vampires & Demons" - ouça-a aqui -, lançamento da gravadora chilena Witch Spectra. A compilação reuniu músicas dedicadas às temáticas do horror: lobisomens, vampiros e demônios. O Posthuman Tantra gravou a faixa inédita "Surgical Inoculation of the post-human lycanthropy virus", ela integra conceitos do universo ficcional transmídia da Aurora Pós-humana, que contextualiza as obras do Ciberpajé - mentor da banda. A faixa atmosférica e ritualística funde a verve experimental ao espírito darkwave.

A gravadora Witch Spectra é dedicada a promover a cena darkwave da América Latina e focada nos estilos musicais: witch house, crypthop, dark downtempo, experimental, industrial, chillwave, dark vaporwave, chillwave, dark hop, drag witchwave.

Ouça a compilação "Werewolves x Vampires & Demons" na íntegra nesse link.


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

[Lançamento] CIBERPAJÉ - A DESINTEGRAÇÃO: novo videoaforismo e single abre a última noite do Festival Internacional Carnival Dark Online, da Rede Vamp

CIBERPAJÉ - A DESINTEGRAÇÃO, novo videoaforismo e single que foi produzido a convite da Rede Vamp para a abertura da última noite do "Carnival Dark Online Festival".

O videoaforismo, com música do Posthuman Tantra, é uma elegia poética sobre o fim inevitável de nossa espécie decadente. A produção D.I.Y. teve como câmera e assistente de iluminação a I Sacerdotisa Rose Franco.

A abertura do Carnival Dark Online Festival aconteceu no dia 16 de fevereiro de 2021 às 19:00hs, no Canal da Rede Vamp, e contou com um público de dezenas de pessoas do Brasil e do exterior. O videoaforismo "A Desintegração" pode ser visto abaixo.




Confira alguns prints da apresentação do videoaforismo na abertura do Carnival Dark da Rede Vamp.










segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

[Lançamento de Compilação Internacional] Posthuman Tantra participa da compilação Putrefação, um lançamento da gravadora Necromancia

O Posthuman Tantra foi convidado pelo curador e mentor da gravadora e netlabel Necromancia, André Gorium, a integrar a compilação internacional Putrefação (ouça-a aqui), dedicada a revelar em musicalidades obscuras o cenário de terror vivido pela humanidade e especialmente pelo Brasil. O Posthuman Tantra participou da compilação com a faixa "O Despertar das Bestas Transgênicas", que homenageia o cineasta José Mojica Marins e também reconfigura seu horror para nossa contemporaneidade pandêmica apocalíptica. André Gorium, o editor da compilação, fala sobre a proposta:

A compilação PUTREFAÇÃO retrata tudo que vem ocorrendo nos últimos tempos. Estamos sendo dizimados dia após dia e quem sobrevive é fadado a viver entre cadáveres, entre memórias, entre ignorantes, entre idólatras e líderes inúteis. Aos poucos vamos apodrecendo em meio a tanta destruição. Este álbum reuniu 22 artistas/projetos, nacionais e internacionais, criando temas que moldam uma pútrida atmosfera sonora.

Ouça a compilação Putrefação na íntegra nesse link. Ouça a faixa do Posthuman Tantra "O Despertar das Bestas Transgênicas" clicando na imagem abaixo.



[Resenha] EP "Ciberpajé - Reino Devastado": reflexões e vivências necessárias, traduzindo gritos, revoltas, medos e até tristezas. Por Thaisa Maia

Arte do Ciberpajé (Edgar Franco)

Aristóteles, ao se referir ao termo Catarse, nos trouxe a ideia de purificação das almas através de descargas de sentimentos e emoções provocados por traumas. Nesse sentido, a arte pode assumir esse papel não só para o seu criador - ou criadores -, como para quem dela usufrui e, em sua subjetividade, vivencia e recria a arte apresentada. Assim, o EP "Reino Devastado", parceria do Ciberpajé (GO) com o projeto Horror (PR), surge cumprindo um papel catártico diante das mazelas vivenciadas pela humanidade, principalmente as que intimamente estão relacionadas com a sordidez de meios políticos, religiosos e ligados ao lucro à qualquer custo (inclusive de vidas).

As longas composições sonoras, somadas aos aforismos, trazem mais que músicas, trazem o que eu chamaria de "cinema sonoro", de forma que criam ambientes e cenas passíveis de serem construídas e vivenciados pelo espectador. A respeito disso, em "Pobre Reino Devastado" (primeira faixa), os ecos por onde ressoa a voz do Ciberpajé - no início da música - já anunciam uma ambiência desértica, reforçada por sonoridades que lembram fortes ventos uivantes (ou seriam gritos de uma natureza cansada da destruição dos homens?). Além disso, o enfoque à guitarra me faz rememorar uma cena de Fury Road (Mad Max), protagonizada por um Guitar Guy, pois apesar das composições diferentes - obviamente -, o instrumento parece ser utilizado para dar voz ao caos advindo de situações apocalípticas e tensas. Também, as vozes robotizadas e em coro aludem ao anestesiamento da humanidade presente em cada homem, bem como, à manipulação por mecanismos de poderosos que criam verdadeiros exércitos de robôs, ou como menciona o aforismo, "cegos fardados".

Em "Culto", resgato logo de início a obra fílmica "Matrix", mais particularmente os sons que envolvem as máquinas de simulação e que são semelhantes aos reproduzidos no início da faixa. Nesse sentido, assim como na obra mencionada, em que pessoas vivenciam as ilusões propagadas pelo sistema da Matrix e de seus controladores, em "Culto" há uma forte crítica ao adormecimento da consciência humana de forma que os poderosos são endeusados ( e há aqueles que, mesmo convidados ao despertar, agem como Cyphers e cultuam a "ignorância como uma benção). Além disso, os coros contrastam com a voz visceral e sombria do Ciberpajé, este que, para além de máscaras de devotamentos e simulações de angelitudes, escancara as podridões pelo qual, muitas vezes, preferimos cerrar os olhos.

Finalmente, em "Morte Rubra", a chaleira traz uma sensação de desconforto constante, como se emitisse gritos agudos e agônicos, como se refletisse o grito da própria humanidade que já não consegue suportar a si mesma! Somado a isso, tem-se o barulho dos tambores e que me lembram uma marcha de execução (seria a marcha de execução da própria humanidade?). Uma marcha permeada por ares ritualísticos, ancestrais. Ao mesmo tempo, essa mesma sonoridade me lembra uma marreta quebrando algo, destruindo compassadamente e impiedosamente esse algo, que já não mais se sustenta, que se ultrapassa ou mesmo já está em ruínas (a humanidade?). E o próprio aforismo já anuncia uma morte iminente de um povo que cultua alguém que o direciona a própria destruição (nesse sentido, em um cenário político pautado no fanatismo religioso, na ignorância e na avidez pelo lucro, é possível perceber que esse cultuar é real).

Agradeço por esse EP que me trouxe muitas reflexões e vivências necessárias, traduzindo gritos, revoltas, medos e até tristezas que também são meus, diante das constatações advindas de nossos cenários políticos, sociais, religiosos e, particularmente, ligados a pandemia que se sustenta pela ignorância e falta de empatia.

*Thaisa Maia é poetisa e educadora graduada em letras pela UFG.

Ouça o EP "Ciberpajé - Reino Devastado", parceria com o projeto Horror, clicando na arte de capa abaixo:




domingo, 14 de fevereiro de 2021

[Festival Internacional] Animação "(In)Finitum" é selecionada para seu quinto festival internacional, dessa vez para a mostra competitiva do "T-short Animated Films Festival", da Alemanha


O curta de animação experimental (In)Finitum, foi selecionado para seu quinto festival internacional, dessa vez para a mostra competitiva de melhor filme de animação experimental do "T-short Animated Films Festival", da Alemanha. O festival internacional acontecerá de 7 a 30 de abril de 2021 no site T-short Net

 (In)Finitum  já havia sido  selecionado para a mostra competitiva de melhor filme de animação do Festival del Cinema de Cefalù, na província de Palermo, Itália. Para a mostra competitiva de animação do Festival Internacional de Artes Azores Fringe, que apresentará uma sessão de curtas chamada  Shorts@Fringe no mês de junho de 2021 nas ilhas dos Açores, em Portugal. Saiba mais e veja a lista dos filmes selecionados pela curadoria do festival nesse link 

Também para a mostra competitiva do 17h Annual Gallup UFO Film Festival, realizado na cidade de Gallup, no estado do Novo México, Estados Unidos. O  festival internacional acontece há 17 anos e já apresentou filmes de 42 países em suas edições, o seu foco é trazer a consciência para o fenômeno OVNI, e outros mistérios inexplicáveis. Criando um espaço para cineastas do gênero ficção científica e também documentaristas. O festival aconteceu em 2020 nos dias 16 e 17 de outubro e (In)Finitum foi apresentado na sessão de curtas de sábado, dia 17 de outubro de 2020. Veja a programação do festival aqui. 

A primeira mostra competitiva para a qual a animação foi selecionada foi a do festival internacional Lift-Off Global Network Sessions 2020 - da Inglaterra. 

(In)Finitum é um curta em animação feito em rotoscopia digital e rede neural com música do Posthuman Tantra. A animação - de inspiração enteogênica e ocultista - trata da reconexão com a natureza e o cosmos. (In)Finitum tem direção geral do Ciberpajé, de Luiz Fers e Amante da Heresia, e direção de arte e animação de C.N.S.(Caos Necrophagos Soturnums) e do Ciberpajé. A obra é uma produção do Grupo de Pesquisa Cria_Ciber (FAV/UFG).




sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

[Festival Internacional Online] POSTHUMAN TANTRA é a banda de abertura do "Carnival Dark Online Festival", promovido pela Rede Vamp



O tradicional canal Rede Vamp, capitaneado pelos vampyros Andreas Axikerzus Sahjaza e Xendra Sahjaza, um dos espaços mais tradicionais e fundamentais da cena darkwave brasileira e de toda a América Latina, organizou o "Carnival Dark Online Festival", um evento internacional contando com um cast de bandas lendárias e emergentes das cenas internacional e nacional.

O Posthuman Tantra foi a banda de abertura do festival que aconteceu entre os dias 13 e 16 de fevereiro no canal da REDE VAMP. A banda apresentou um curto show intimista, sem cortes, e totalmente underground, em um minúsculo pub da cidade de Goiânia, Brasil. O festival teve sua abertura às 19:00hs do dia 13 de fevereiro, sábado, e pode ser conferido NESSE LINK. Abaixo a chamada em vídeo do Ciberpajé para a performance do Posthuman Tantra no festival e também a divulgação em flyers de todo o cast.






A participação do POSTHUMAN TANTRA no "Carnival Dark Online Festival", da Rede Vamp, foi prestigiada por dezenas de pessoas do Brasil e exterior. Nossa gratidão aos ativistas e mentores do canal Andreas Axikerzus Sahjaza e Xendra Sahjaza pela oportunidade e também aos amigos que prestigiaram a performance. Confiram alguns prints de tela tirados ao vivo durante a performance de abertura do festival realizada pelo Posthuman Tantra.












[Resenha] EP "Ciberpajé - Reino Devastado": um lamento que nos alerta sobre o buraco que entramos e que estamos longe de sair. Por Fredé CF

Arte do Ciberpajé (Edgar Franco)


Mais um excelente petardo do projeto de parcerias do Ciberpajé! Estranho, sombrio, caótico, dark e horrorizante. Um tapa na cara da sociedade. Uma densidade sonora pesada e hipnotizante que se contrasta com vocalizações suaves e tambores ritualísticos. Uma hibridização sonora e conceitual que me remeteu ora a algumas ambientações de bandas como Sisters of Mercy e Nick Cave & the Bad Seeds, ora a vinhetas de alguns álbuns do Sepultura ou da Nação Zumbi.

A arte de capa sensacional traduz bem o clima fúnebre que expressa o som sobre o cotidiano e o momento histórico pandêmico pelo recorte brasileiro. Uma indústria da morte financiada pela bandeira da necropolítica nefasta, liderada por um messias infame, psicótico, genocida, pró-apocalipse, perverso, negacionista e idiota.

Os aforismos anunciam o precipício que estamos sendo jogados. A cova cavada por seres perversos e ressentidos com as mãos cheias de sangue, lama e fogo que devasta o habitat vegetal e animal que ainda nos resta em troca de lucros nefastos. Uma força sombria de ataque à Gaia. Um câncer que se espalha e começa a tomar todo o organismo e esgotar as esperanças.

Achei o EP uma sensacional mescla de sons eletrônicos, eletroacústicos e primitivos, desembocando em um ritual transcendental pós-humano de almas, impulsos e fluxos que tentam não serem sugados pela força horrífica em espiral imposta sobre a Terra. Porém, há uma sensação de que essas almas até tentam se desvencilhar de toda essa lama tóxica e do esgoto fétido que suga toda esperança, porém cada vez mais se afundam e perdem o ímpeto da resistência.

Como muito bem colocado, “ainda piores que os parasitas no poder são os idiotas que os cultuam”, esses ignorantes kamikazes que além de destilar seu ódio putrefato e atrapalhar o escape do espiral de loucura, aniquilam o bom senso e se afundam levando todos juntos ao chorume que veneram. O sangue encarnado e jorrado para todos os lados toma conta do vislumbre projetado ao porvir. Um futuro aniquilado no presente com ecos podres do passado. Um lamento que nos alerta sobre o buraco que entramos e que estamos longe de sair.

Parabéns aos artistas pela obra incrível! E, mesmo envoltos por lama, sigamos resistindo, tentando desviar desses vermes para não cairmos junto com eles nessa espiral da morte que cresce a cada dia irresponsavelmente pela negação da ciência e da realidade. 

Reitero que é sempre um prazer desfrutar e mergulhar nessas criações fantásticas. Gosto muito e me ajuda a refletir também sobre questões minhas comigo mesmo, ressignificando e transmutando pontos adoecidos pela realidade ordinária em uma cura mágica e transcendental pela arte. Ajuda-me a ver e sentir de outras formas o mundo. Grande abraço e sigamos pela vida que renasce e flui pela arte!

*Fredé CF é artista multimídia, educador e doutorando no PPG Arte e Cultura Visual da UFG

Ouça o EP Ciberpajé - Reino Devastado, parceria com o projeto Horror (PR), clicando na arte de capa abaixo:






[Resenha] EP "Ciberpajé - Reino Devastado": a arte trazendo luz e nos salvando. Por Adaor Oliveira

Arte do Ciberpajé (Edgar Franco)

A arte da capa já é um choque, é a primeira coisa que chama a atenção. Toda recheada de signos, não tem como deixar de notar a foice da morte carregando a bandeira do país. Nem há muito mais o que dizer sobre essa questão, pois é sabido o quanto estamos desgovernados, jogados à sorte, em meio a uma crise sanitária que mata pessoas sem ar, sem conseguir respirar

Logo no início da primeira canção/aforismo, já começo uma viagem de sons, que vai de Hanói-Hanói à batida autóctone de Marlui Miranda, passando por Pink Floyd. Tudo combina para mostrar, de forma bela, a tristeza que se abate sob nós. Nosso mundo é devastado desde sempre, não no sentido religioso do pecado capital, mas quando o ser humano descobriu-se "superior" aos demais e se achou no direito de fazer o que bem entendesse com o planeta.

A batida de "Culto" vai numa crescente, às vezes chega a incomodar os ouvidos. Incomoda tanto quanto os cultos evangélicos que formam seres tão abissais, o culto ao dinheiro, o culto ao consumismo, o culto à avareza, ao culto do sadismo que se vê nos olhos do presidente da república, que nos joga para a morte todos os dias.

Morte Rubra mostra o quanto estamos sangrando nas mãos do "bobo da corte", que infelizmente ainda tem apoio popular para governar. É preciso estar atento e forte, como na música de Caetano Veloso, como a força dessa melodia, que nos empurra para a consciência e a ação.

Enfim, mais uma vez a arte trazendo luz e nos salvando.

*Adaor Oliveira é filósofo e educador

Ouça o EP "Ciberpajé - Reino Devastado", parceria com o projeto Horror (PR), clicando na arte de capa abaixo:



[Resenha] EP "Ciberpajé - Reino Devastado": catarses emocionais e psíquicas, gritadas com a voz que está presa há muito. Por IV Sacerdotisa

Arte do Ciberpajé (Edgar Franco)

Essa parceria com o projeto Horror é mais um EP que terei que dizer que é um dos melhores do Projeto Ciberpajé!

As letras (aforismos) são como catarses emocionais e psíquicas, gritadas com a voz que está presa há muito...E as melodias são perfeitas, e a meu ver, trouxeram um equilíbrio contrastante.

Quando vi o nome do EP pensei que seria algo denso, e apesar de ter densidade, a melodia nos coloca pra cima! Achei incrível, pois somos transportados mesmo para uma outra dimensão apocalíptica, e penso que talvez essa "Aurora Pós- humana" seja melhor do que o Brasil atualmente.

Os efeitos sonoros usados nas faixas foram muito bons mesmo. Me senti em um filme de horror. Parabéns aos criadores pela obra maravilhosa!

A arte da capa um deslumbre à parte, o simbolismo está evidente, a bandeira do Brasil no cabo da foice da Morte, e o reino em volta, árido. Espero e luto pelo renascimento dessa pátria.

Obs: Esse EP deveria ser usado como trilha sonora em um filme ou curta.

* A IV Sacerdotisa é Danielle Barros, arte cientista e professora doutora na UFSB

Ouça o EP Ciberajé - Reino Devastado, parceria com o projeto Horror (PR) 
clicando na arte de capa abaixo:




quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

[Lançamento - Ouça agora!] EP CIBERPAJÉ - REINO DEVASTADO metaforiza nossa era e sela parceria com o HORROR (PR)

 

Arte de capa do EP Ciberpajé - Reino Devastado

Já está online para streaming e download o EP Ciberpajé - Reino Devastado (ouça-o aqui). A obra, que inclui 3 faixas exclusivas, sela parceria inédita com o projeto musical Horror, capitaneado pelo musicista Guilherme Silveira, radicado em Londrina, no Paraná. Guilherme é artista multimídia e no momento cursa doutorado no Programa de Pós-graduação em Arte e Cultura Visual da UFG sob orientação do Ciberpajé (Edgar Franco), pesquisando abstração nas histórias em quadrinhos. Inclusive as faixas do EP ainda gerarão HQs inspiradas nelas que integrarão a prática artística da pesquisa de doutorado.

A proposta conceitual do EP envolveu a seleção de 3 aforismos do Ciberpajé - gravados com sua voz - que metaforizam visceralmente a situação sócio-política do Brasil no contexto da pandemia de COVID-19. Guilherme Silveira amalgamou influências de drone, industrial, post-rock, post-black metal e do avantgarde black metal grego, tudo isso com um tempero pesado e atmosférico que transformou as faixas em densas viagens sonoras. O musicista falou sobre a parceria e o processo criativo da obra:

"O Reino Devastado, trabalho gráfico-sonoro-aforístico em parceria com o Ciberpajé, foi uma realização extremamente prazerosa. Como ambos trabalhamos com quadrinhos e som, e sou admirador da obra de Edgar já há tempos, é instigante criar sonoramente em conjunto com seus aforismos. Ao combinarmos a parceria para o “Reino Devastado”, Edgar me entregou os aforismos que gerariam as faixas “Pobre Reino Devastado”, “Culto” e “Morte Rubra”. Logo de início eu já tive certeza que em oposição à velocidade do aforismo, queria construir músicas um pouco mais longas, buscando uma ambientação e uma possibilidade de repetição – do aforismo e das ideias que ele carrega – e para isso busquei diferentes referências: o drone, o metal extremo, o industrial e as paisagens sonoras. Em “Pobre reino devastado” a guitarra é o foco principal, com drones criando e segurando uma tensão que extravasa na metade final, mais enérgica. Em “Culto” a voz foi o foco, criei coros de base e trabalhei em recortes e remixagens da voz do Ciberpajé, criando os ruídos percussivos que dão base para a música. “Morte Rubra” é sustentada por gravações de uma chaleira em ebulição, uma tentativa de trabalho sonoro que está sempre prestes a explodir. Trabalhar com guitarra, voz, gravações concretas e samplers, foi um desafio incrível para chegar a uma complexa rede de sobreposições que conseguisse se mesclar e amplificar a força de aforismos tão críticos e certeiros sobre um mundo em colapso."

 O Ciberpajé foi o responsável pela arte de capa e projeto gráfico do EP e também buscou uma metáfora visual direta para expressar o conceito central, utilizando-se de texturas e cores que dialogam com a mensagem aforística e sonora. O EP é um lançamento da gravadora e netlabel Lunare Music, de São Paulo. Ouça-o em streaming e/ou baixe-o com o encarte completo em alta resolução nesse link. Veja as páginas do encarte, incluindo a que reproduz os aforismos, postadas abaixo: 







Ouça também os outros 31 EPs  e 1 CD realizados em parcerias com bandas das 5 regiões do Brasíl e 5 países do exterior, lançados pela LUNARE MUSIC, diretamente no Bandcamp do Projeto Ciberpajé, clique  na imagem abaixo:




quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

[Resenha] Álbum em quadrinhos ECOS HUMANOS: Se você é você mesmo, como poderá se trair? Se está livre de tudo, o que poderia perder? Por Larissa Dias


Primeiro queria dizer que achei ousada e extremamente interessante a proposta de um trabalho sem texto. As imagens que falam por si! E como falaram à mim. Não sei se pude compreender um milésimo dos inúmeros significados, mas fiquei muito feliz com as reflexões que fiz. Algo bem egoísta mesmo, mas que era a única forma como eu conseguia consumir essa dádiva nesse momento. 

A capa me lembrou o HQforismo e Chave da Transmutação, O Sereno, do Ciberpajé. Ela me traz o instinto animal, conformado diante da morte porque sabe que ela faz parte do ciclo da vida, um ciclo de transformação, o qual é tão bem representado pela borboleta! O lobo com o terceiro olho traz essa fera que enxerga além. A fera que vê além da presa, além da próxima refeição, além da simples procriação. Seria um estágio humano dos animais ou um estado divino deles? Mas não sei se é bom ou se é ruim. A criação do universo, o surgimento desses dois seres. O cajado traz uma sabedoria e ao mesmo tempo um apoio, que ali é representado também na dupla de personagens.

A refeição da fruta, essa manga que não é adequada ao alimento do lobo. Colher não é algo dele, não é natural dele. Ele precisa caçar. Engraçado que a manga é minha fruta preferida… O tucano é um animal extremamente interessante, principalmente depois que descobri que ele se alimenta de macacos e de pequenos cães, enquanto estava em Campos do Jordão e o senhor que era dono da pousada era fotógrafo e me mostrou registros dele com imagens dos tucanos devorando esses animais. 

No álbum, o lobo decide usar o que ele carregava para atingir algo além das suas possibilidades. E talvez façamos isso, não? Usamos aquilo que temos para chegar onde nem imaginamos. Devorar a carne e ser feito daquilo que se come. É um conceito incrível, “do que nos alimentamos”? E como nos transformamos a partir disso? Quando o alimento não é literal, físico, depende de tudo aquilo que estamos inserindo na nossa vida, desde alimento cultural até o que assumimos de responsabilidades. Eu tive que deixar essa bela “sobremesa” (o álbum Ecos Humanos), que hoje leio, de lado por um tempo porque queria assumir responsabilidades para que algo ganhasse “corpo”. 

Então, somos completamente responsáveis por aquilo que nos alimenta, inclusive os excessos ou as faltas. A mulher leopardo que surge é linda e exuberante, seria um mundo de possibilidades, mas o costume de exterminar aquilo que não conhecemos, pelo medo ou pelo modo repetitivo sob o qual nos encontramos, faz com que a possibilidade se perca. Mas a dor e a revolta daquele que está mais desperto não o impedem de se alimentar daquele mesmo erro. Além disso, essa cena me trouxe algo como construir tantas barreiras que ficamos intransponíveis, me lembrou o personagem Spike dos X-Men. A fonte do alimento sagrado que é destruída, gera a doença e a morte, e consequentemente, a libertação das representações simbólicas que as vezes nos formam, mas que as vezes nos acorrentam. Inclusive o crânio, que traz algo de um companheiro para sempre, mas que sempre te lembrará também que ele já não pode estar mais ali. A finitude da vida. E diante de tudo isso, o cogumelo, aquele que abre as fronteiras daquilo que se é. Te faz se encontrar com a serpente, que foge amedrontada diante da libertação simbólica. 

Se você é você mesmo, como poderá se trair? Se está livre de tudo, o que poderia perder? Vendo isso, surge a cena mágica: o alimento da mãe leopardo. Sugar o seio de algo magnânimo, o contato com essa fêmea oposta, como cães e gatos, mas quando ela está com um filho, ela nutre. Se alimentar daquilo que é diferente, é uma cena sensualmente sábia. E ela então, volta aos seus instintos mais primitivos, aqueles que nos salvam e nos condenam. Mas é no desespero, olhando de frente para a morte que tudo ressurge. Aquilo que se foi, se apresenta e bate as asas na frente do seu olhar, impossível de não querer ver. Daí a libertação não ocorre mais por uma condição externa, mas porque algo dentro de você te mostrou uma finitude que apressa os processos de evolução. Não se pode ficar parado enquanto a vida anda. Então, você corre! E diante do desespero, das lágrimas que lavam a alma, surge a nova visão, aquela que te mostra a transformação e a verdadeira liberdade. E o voo que você tanto temia, finalmente chega e você então decide simplesmente ver onde isso vai dar. E quem sabe… Salta para algo novo e desconhecido... 

A contra capa me trouxe o símbolo da morte que enfeita aquilo que nos apoia durante toda a vida, coroado pelos processos transformacionais com os quais vivemos. 

P.S. Acabei de ler agora e estou com uma sensação terrível de enjôo. Algo mexeu, hein! Talvez a arte aqui tenha cumprido seu papel. 

*Larissa Dias é Mitóloga, Psicoterapeuta e editora da revista Mitologia Aberta 
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Saiba mais e adquira o álbum em quadrinhos Ecos Humanos, com arte de Eder Santos e roteiro do Ciberpajé (Edgar Franco), clicando na arte de capa abaixo.