A Aurora Pós-humana é um universo transmídia de ficção científica criado
com o objetivo de servir como ambientação a trabalhos artísticos em múltiplas
mídias. A poética surgiu do desejo de vislumbrar um novo planeta Terra
inspirado em perspectivas pós-humanas. Um mundo futuro onde as proposições de
cientistas, ciberartistas e transumanistas tornaram-se realidade, no qual a
raça humana, como a conhecemos, está em processo de extinção. O corpo e a mente
estão reconfigurados e em constante mutação. Limites entre animal, vegetal e
mineral estão se dissipando, a morte não é mais algo inevitável e novas formas
de misticismo e transcendência tecnológica, a “tecnognose” (ERIK DAVIS, 1998), substituíram quase por completo as religiões
ancestrais. A Aurora Pós-humana é um universo em expansão, já
que constantemente estão sendo agregados a ela dados e novas características
que regem essa futura sociedade pós-humana. O desejo de Edgar Franco ao
criá-la, não foi apenas refletir sobre o que os avanços tecnológicos futuros
poderão significar para a espécie humana e para o planeta, mas também produzir
uma ambientação que gere o “deslocamento conceitual” descrito por Philip K.Dick (apud QUINTANA, 2004) e assim
criar obras que discutam a implicação dessas tecnologias no panorama
contemporâneo, ou seja, problematizar o presente por meio de narrativas e obras
deslocadas para um futuro ficcional hipotético.
A idéia
inicial foi imaginar um futuro, não muito distante, onde a maioria das
proposições da ciência & tecnologia de ponta fossem uma realidade trivial,
e a raça humana já tivesse passado por uma ruptura brusca de valores, de forma
física e conteúdo - ideológico/religioso/social/cultural. Um futuro em que a
transferência da consciência humana para chips de computador seja algo possível
e cotidiano, onde milhares de pessoas abandonarão seus corpos orgânicos por
novas interfaces robóticas. Também que neste futuro hipotético a bioengenharia
avançou tanto que permite a hibridização genética entre humanos, animais e vegetais,
gerando infinitas possibilidades de mixagem antropomórfica, seres que em suas
características físicas remetem-nos imediatamente às quimeras mitológicas.
Essas duas "espécies" pós-humanas tornaram-se culturas antagônicas e
hegemônicas disputando o poder em cidades estado ao redor do globo enquanto uma
pequena parcela da população, uma casta oprimida e em vias de extinção, insiste
em preservar as características humanas, resistindo às mudanças.
A
abrangência conceitual da “Aurora Pós-humana” tem permitido a Edgar Franco
criar, além de histórias em quadrinhos, obras em múltiplas mídias, muitas delas
tendo como suporte o computador, convergindo linguagens artísticas diversas.
Das HQtrônicas – como “Ariadne e o Labirinto Pós-humano” e “Neomaso Prometeu”,
passando pela música eletrônica de base digital, por um site de web arte
baseado em vida artificial e algoritmos evolucionários e chegando a
performances multimídia com o projeto musical performático Posthuman Tantra.
Bibliografia: FRANCO,
E. FORTUNA, D. Histórias em Quadrinhos, Performance e Vida: Da
"Aurora Pós-humana" à "Ciberpajelança". Anais do I
Entre Aspas - Encontro de Pesquisadores em Arte Sequencial.Histórias em
quadrinhos, performance e vida: da Aurora Pós-Humana à
Ciberpajelança . 2013.
Que universo fantástico Edgar nos permite imaginar, é muita inspiração minando e transbordando dessa mente fantástica, não tem como não se emocionar com tamanha criatividade
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