O conto, reproduzido aqui na íntegra, incluindo a ilustração
também criada por Léo da Heresia, é o ínicio das conexões artísticas entre a
obra de Léo e o universo transmídia da "Aurora pós-humana" do
Ciberpajé. Confiram!
à cAmiNHo do :(){ cEmiTériO:|:de:|:elePUNKes };:
léo:|:pimentel,
[A]m[A]nte:|:d[A]:|:heresi[A]
abra mão da
espiritualidade, nós, seres:|:sem:|:espírito – mAs, pUNk, és cAPaz de aBRir a
mÃo?
02.
de
artificialidade:|:insurgente, desnatural a natureza, desmistificados os mitos,
ele poga elétrico como as poeiras de estrelas que nos compõem,
animal:|:vegetal:|:mineral:|:plasma.
03.
vindo de
cripto|gigs punk[A]hack3rz da vizinhança, & como um kraken:|:enfeitiçado
por mandingas:|:negríndias que passa, intempestivo, inutilizando navios
negreiros.
04.
pressente-se
que ele se aproxima pelos ruídos:|:em:|:ruínas de seus spikes
neutralizadores:|:de armas:|:de:|:eletrochoque espalhados em sua jaqueta, como
uma rápida embarcação sEA shEPpeRd prestes a interceptar um navio baleeiro.
05.
não é como
aqueles pirata$ do cinema cujas aventura$ provocam catar$e$ confortávei$; tu
não vês que ele se parece com pir[A]tas:|:som[A]lis? [A]queles que
aterroriz[A]m os navios europeu$ & a$iáticos de pe$ca ilegal & que
despejam na áfrica, lixo tóxico & nuclear?
06.
se assim não
fosse, a mercantilização do ser & do estar logo o derrubaria, quando seu
levante anarquista:|:de:|:todxs:|:xs:|:santxs se colocasse frente ao
coroneli$mo da qualidade de vida.
07.
mas, num
instante, se desarma & se prepara para a fest[A], quando se encontra pelo
c[A]minho com um compa, festejam, pogam & saltam em mosh.
08.
o compa
encontrado, ciBerPajé, ser vivo em máquina & em magia, que quando emerge
como um ifrit:|:ciborgue, a tecnomagia do agronegócio:|:bandeirante se sente
ameaçado.
09.
fantástico
compa de artifícios do c[A]os replicante & do ac[A]so do anarquismo
quântico, num final de semana TeCNoXaMâNiCo, arrastados pelo horizonte de
eventos de sobreviventes, indigenismos & agentes:|:cata$trofi$ta$.
10.
sábio
pós-hum[A]no, transmut[A]do & autointitul[A]nte, em 10 chaves, cujos
aforismos evitam a idolatria que parasita & seca a seiva da liberdade
material para matérias:|:livres.
11.
qual caminho
dentre os caminhos para o :(){
cemitério:|:de:|:elePUNKes };:, repletos de rizomas vivos de fibra ótica,
torrents de zines, com que a ancestro:|:rebeldia punk são generosas,
12.
cuja
s[A]bedoria libertári[A] faz muito ao sobreviver intensamente, iniciativa
open:|:source, política:|:livre, tribalismo:|:insurgente,
13.
será um
caminho mais HardCorE ou mais BreakCorE quando os ruídos:|:em:|:ruínas se
silenciarem?
14.
em cigania a
[A]n[A]rqui[A] afro:|:indígena:|:mente me guiou até aqui; ela também guiou
outrxs; não privilegiou ninguém.
15.
pela manhã,
aquele al-suluk, aquele punk, passou por uma taverna em um hACkeRSpACe, na
companhia da mais engajada, radical & anarc[A]queer cr[A]cker da região
pós:|:cis-têmica,
16.
& se
sentou entre caçadoras:|:dos:|:últimos:|:patriarcais, que sabem como ele, que
cortar picas só causam terror aos corpos:|:repre$$ivos:|:do:|:patriarcado.
17.
com bocas
umedecias de vinho barato riam e cantavam: “vOCê já maNDou à meRDa a mORal
& os bONs coSTumes hOJe?”.
18.
durante este
embri[A]gamento, a sobriedade somente surgia para se pedir mais vinho, embora
suas CONSciências já estavam ampliadas desde o primeiro gole.
19.
o
autômato:|:vitoriano dos vinhos baratos, de fornalha:|:como:|:peito,
fraque:|:metálico:|:fundido, deslizava de um lado para o outro, iNDo com
garrafas vazias & voLTaNDo com elas cheias.
20.
ouvia-se
velhos mashups industriais em miXes wi-fi, quando vibrava a voz gutural de uma
belíssima:|:cantora:|:anã cujas cordais vocais foram habilmente modificadas
geneticamente.
21.
quantxs
nativxs digitais transferem & compartilham suas LIMBONSciências para nuvens
utilizando softwares:|:livres! quantos seres nascidos por impressoras 3D
recebendo suas espiritualidades acessando essas nuvens!
22.
de tudo isso
faço meu caminho, gozando, rumo ao :(){ cemitério:|:de:|:elePUNKes };: pois vem
da experimentação da imensidão do abismo & os panfletos de [A]n[A]rquimo(s)
tr[Á]gico(s).
23.
quantas rUAs
& bARricADas, com um MoLoToV na mão, máscaras & bandeiras negr[A]s, em
cujo v[A]nd[A]lismo & b[A]dern[A], sobre carros de polícia virados de rodas
para cima, ecoa a cantiga da genialidade:|:dxs:|:oprimidxs:|:desta:|:terra,
24.
por onde
indígenas ousavam rESiSTir & negras & negros tornadxs escravxs ousavam
fUGir & se [A]quilomb[A]r,
25.
não transpus
com coturno já bem gasto, preparado tanto para a fESTa quanto para a gUERra,
para se juntar à c[A]melôs:|:hack3rs de chinelo?
26.
lembras do
ciBerPajé, que como um ifrit:|:ciborgue, insurgiu em auto:|:ciber:|:pajelança
em destruição ao coroneli$mo:|:e$piritual?
27.
assim falou:
“se vOCê deiXa uMa baNDeira pOr oUTra, nADa mUDou. vOCê coNTinUa doGMátiCo em
sUa esSÊncia. o doGMa é o vEnEno, se eLe peRDura nENhum avaNÇo rEAl acoNTece”.
28.
& enfim,
chegaste, em frente ao :(){ cemitério:|:de:|:elePUNKes };:, ele? não! eu,
tornado, pUnk Al-sUlUk.
Léo da Heresia
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