terça-feira, 28 de outubro de 2014

IV Sacerdotisa da Aurora Pós Humana participa do primeiro evento no Brasil sobre o tema mulheres e quadrinhos



SOBRE O EVENTO
Bem, para quem não sabe, o 1º Encontro Lady’s Comics: Transgredindo a representação feminina nos quadrinhos” é o primeiro evento do Brasil sobre o tema mulheres e quadrinhos e por isso, já é histórico.
A realização deste evento tão bem organizado, realizado no Centro Universitário UNA, em Belo Horizonte (MG), em 25 de Outubro de 2014. Fruto de muita dedicação da equipe da comissão organizadora do Lady´s Comics, viabilizado pelo financiamento coletivo do projeto no Catarse.

Centro Universitário UNA recebe o I Lady´s Comics

Auditório sempre cheio durante as apresentações do evento
O evento surgiu de uma antiga demanda e desejo de um espaço para que as questões referentes aos complexo (s) e múltiplo (s) universo (s) do feminino nos quadrinhos (isso inclui a subjetividade de suas quadrinistas, roteiristas, ilustradoras, etc.) pudesse ter um espaço privilegiado para discussões pertinentes sobre as temáticas que interessam às mulheres nesse louco e fascinante mundo das HQs!

A programação trouxe diversos temas à discussão nas mesas, como “Quadrinhos e erotismo – Desconstruindo signos masculinos”; Investigando personagens femininas; o painel "Troca de Saberes: experimentações do traço e roteiro”, que contou com minha participação; o debate: “Transgredindo a representação feminina nos quadrinhos” e a Mesa: “Mídias transgressoras contra mercados uniformes”.

Mesa “Mídias transgressoras contra mercados uniformes”. 

Além disso, aconteceu uma programação paralela permanente, com espaços para interação, como Intervenção: Você protagonista da sua história” onde os/as participantes poderiam gravar um relato em vídeo sobre uma situação ou experiência engraçada como leitor ou quadrinhista (os vídeos serão editados e postados posteriormente no youtube); a “Exposição” um varal em que as pessoas poderiam criar e pendurar suas obras, cartuns, tirinhas, ilustrações, frases, etc.; e “Roteirizando” onde cada pessoa poderia escrever percepções e impressões sobre o evento, sugestões, poemas, ou qualquer manifestação-registro para compor a memória deste dia.
Intervenção "Você Protagonista de sua História"

Exposição de desenhos de participantes

Espaço "Roteirizando"

Nas “Mesas e vendinhas andantes”, era possível adquirir produtos como HQs, zines, bottons, livros, imãs, etc... diretamente de seus autores (independentes) e de editoras.

Mesa de exposição de fanzines e quadrinhos durante o Lady´s Comics: Sibilante, Fêmea Cósmica, Uivo com Aforismos do Ciberpajé, Coletânea de Resenhas sobre Sibilante, QICO 1 e 2, entre outras

O evento contou com convidadas e convidados, grandes feras como: Afonso Andrade, Ana Luiza Khoeler, Anna Mancini, Beatriz Lopes, Bianca PinheiroChiquinhaCynthia Bonacossa, Gabriela Borges, Gabriela Masso, Lu Cafaggi, Lucas Ed., Natânia Nogueira, Ricardo Tokumoto (Ryot), Sirlanney e Thaïs Gualberto.

Minha “Ladys Comic Experience”!


Cheguei pouco depois da hora do almoço, infelizmente perdi as mesas e palestras na parte da manhã, estava vindo de uma sequência de viagens de congressos, Rio de Janeiro, João Pessoa, Vitória e então Belo Horizonte!

Mas estar neste primeiro encontro de mulheres quadrinistas, roteiristas, ilustradoras, enfim, mulheres no mundo dos quadrinhos foi um esforço recompensador!

Tive uma comunicação aceita para o painel de troca de experiências e saberes. Minha proposta foi apresentar sobre minha trajetória nos quadrinhos e fanzines, enfocando o processo criativo de Sibilante e outras obras.
Chegando ao evento fui acolhida pelas artistas Cátia Ana Baldoíno (Diário de Virgínia, QICO, When a man loves a woman) e Heluiza Bragança (Quadrinhos ao cubo, QICO) elas me ofereceram um espaço na mesa para expor e vender meus fanzines.  
Cátia Ana Baldoino, Danielle Barros e Heluiza Bragança na mesa para venda e exposição de publicações
SOBRE O PAINEL
Havia imaginado que a apresentação seria em tom informal, em uma sala de faculdade, tudo muito simples, mas qual não foi minha surpresa, quando vi que a apresentação seria em um auditório lotado!
Mas tudo flui quando se fala de algo que se ama, a apresentação foi tranquila, me diverti nela, e para mim teve um impacto profundo ver algumas páginas de meus desenhos de Sibilante projetadas em uma tela tão grande, para tantas pessoas! Foi uma honra estar falando da minha arte, inspirações, conceitos, ideias, expondo um pouco meu universo feminino e criativo para aqueles homens e mulheres!
Quando falei sobre ser Sacerdotisa durante a apresentação, pude perceber alguns olhares surpresos e sobrancelhas suspensas, risos e muita curiosidade ao final.

Depois de apresentar-me no painel, me surpreendi com a repercussão, tinha levado 25 zines para dar de cortesia a todos que estivessem na suposta “salinha de apresentação”, porém o público do auditório era grande, então pensei em trocar , dar, vender alguns zines e todos esgotaram. 
Foto Renegados Cast
Depois da apresentação fui procurada por várias mulheres interessadas pela mensagem, seja pela proposta do sagrado feminino, pela busca por transcendência enquanto ser cósmico, ou pelos desenhos, fiquei tão feliz em ver o real interesse das pessoas por Sibilante! Nas conversas, algumas me disseram terem se sentido motivadas a fazer zines e realizar oficinas criativas com seus alunos depois de ouvir minha apresentação. Foi muito gratificante, pois sempre quis poder falar sobre o conceito de Sibilante, os meandros do processo criativo, minhas inspirações criativas e neste evento as pessoas vinham me perguntar com interesse.

Uma surpresa curiosa foi conhecer uma baiana de Itabuna-BA, minha terra natal, Ticiane, ela mora em São Paulo e é parte de um movimento feminista. Ela gostou do fanzine, comprou 2 e veio conversar comigo! Dei até autógrafos! Rs

Ticiane e IV Sacerdotisa
Muitas pessoas ficaram curiosas e surpresas, como a Camila de São Paulo, sobre como consegui incluir os zines e HQs de forma tão forte em meus trabalhos e grupos de pesquisas, já que sou parte dos grupos "Novas Tecnologias, Cultura e Práticas Interativas e Inovação em Saúde", (Next-Fiocruz); "Criação e Ciberarte" (FAV/UFG) coordenado pelo prof. Dr. Edgar Franco; e no Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos/LITEB (IOC/Fiocruz). Minha dica é: primeiro crie, deixe aflorar sua arte, a verdade que emerge de você e sua essência, aquilo que você quer dizer ao mundo, permita-se externar. Depois que a obra estiver pronta, divulgue e tudo fluirá: pesquisas, carreira, realizações.
A sinceridade da arte genuína é contagiante.

Interagindo com as mulheres leitoras e criadoras de quadrinhos no Lady´s Comics (Camila ao centro)

TEMAS EM DEBATE
"Transgredindo a representação feminina nos quadrinhos” com Ana Luiza Khoeler, Chiquinha, Cynthia Bonacossa, mediação de Mariamma Fonseca.

Embora não seja estudiosa e militante ativa dos movimentos feministas, sei que não existe um único movimento e visão feminista, e sim que coexistem diversas abordagens, mas todas baseada na luta em diversas áreas: política, filosófica, social e cultural pelos direitos da mulher. Assim como é ingênuo dizer que existe um “universo feminino” unívoco e homogêneo sem considerar as complexidades e diversidade de cada ser, seria inocência afirmar que existe apenas um modo de posicionar-se em prol das mulheres. No Lady´s Comics, a discussão embora contextualizada no âmbito dos quadrinhos, extrapola esse limite, uma vez que a arte se mistura com o mundo e a vida.
Durante a Mesa Transgredindo a representação feminina nos quadrinhos
Foi enriquecedor ouvir opiniões das artistas, autoras e pesquisadoras sobre o tema, conhecer a diversidade de universos e de publicações. Algumas das reflexões que emergiram em mim durante esse debate e que foram destacadas por algumas convidadas foi em relação à liberdade de criação em relação às temáticas abordadas por mulheres, que não deve se limitar as questões de gênero: “Não é apenas por ser mulher que vou querer fazer obras feministas, posso criar arte independente de minha condição de gênero, ou dos estereótipos feministas, uma arte amalgamada a mim, visceral. A inspiração flui de minha essência cósmica e depois me debruço sobre sua criação” - pensei. Obviamente a arte está inserida em uma dada cultura e ela pode e DEVE ser politizada, mas que esse fator não seja limitante no ato criativo, que deve ser sempre livre.

Se por um lado, o feminino sempre esteve representado sob uma visão machista e naturalizada em que a mulher é concebida como um objeto, como uma mulher do lar, ou uma mera realizadora de desejos sexuais masculinos, por outro, esse movimento pela luta pelos direitos da mulher vai muito além de votar, trabalhar em boas condições e salários igualitários, de participar ativamente da vida pública, entre outras conquistas. Contempla também estar devidamente representada nas diversas formas de arte, seja na TV, filmes ou quadrinhos, livre dos estereótipos de “Amélia”. Porém, como procuro não ser presa a “dogmas”, fiquei viajando em meus devaneios e conclui que SAI DO DEBATE COM MAIS PERGUNTAS DO QUE RESPOSTAS! O que prova a qualidade da discussão, aquela que não traz respostas e sim nos instigar a pensar!

ESSE DEBATE PROVOCOU-ME MUITOS QUESTIONAMENTOS, COMPARTILHO COM VOCÊS:

ü  Se ao analisar obras constatamos que a representação feminina nas HQs tem viés machista dominante (inseridas em uma dada cultura e contexto histórico), será que a busca em “transgredir” essa representação como uma reação diametralmente oposta, não seria repetir a imposição de uma verdade dominante de uma cultura (só que desta vez) feminista, nesta época contemporânea?

ü  Se por um lado, ao analisar minha obra perceber preconceitos, machismos, e outras características e traços que possam estar arraigados em mim, impostos através da cultura ao longo da minha vida em virtude das ideologias dominantes de uma época (como a visão patriarcal); por outro lado, será que ao censurar-me e me rebelar-me criando algo “em resposta” ao machismo, baseada em uma nova ordem feminista, não estaria eu mais uma vez atuando “acorrentada” a estes movimentos culturais vigentes? É possível criar livre dessas influências?

ü  Será que não estaríamos pautando nossa criação a partir de uma “resposta” ao machismo? Será que a produção feminina deveria privilegiar necessariamente a abordagem sobre questões de gênero?

ü  Não estaríamos nos apropriando do que há de negativo na atuação da opressão do masculino sobre o feminino e agora atuando como tal? Em outras palavras, em uma realidade tão complexa onde coexistem feminismos e machismos e tantas outras coisas, querer sobrepor a visão feminista como mais “adequada”, não seria repetir a atitude autoritária do machismo? - pensando na perspectiva do educador Paulo Freire, - O oprimido atuando como opressor?

Essas são apenas indagações, longe de serem certezas, apresento-as aqui somente como problematizações de uma questionadora mulher nos quadrinhos, sempre aberta a ideias e discussões edificantes.
Foi uma honra participar deste, que acredito ser um encontro histórico, o primeiro de muitos, representando a Aurora Pós Humana como IV Sacerdotisa, expandindo nosso universo ficcional e ideário transcendente. Encontrei colegas, estabeleci laços, divulguei minha arte, conheci gente interessante, aprendi com as palestras, estou feliz!


Quem quiser conferir como foi minha apresentação no Painel Troca de Experiências e Saberes, clique neste LINK


Abaixo algumas fotos de momentos especiais durante o evento, confiram!

Natânia Nogueira, Valéria Bari, eu e Cátia Baldoino -  representando a ASPAS (Associação de Pesquisadores em Arte Sequencial)

Lu Cafaggi e IV Sacerdotisa

Sempre protagonista da minha história!

A jornalista Amanda Turano assiste à mesa e o fanzine Sibilante dela repousando na cadeira!

Início da apresentação durante o Painel [1] 
Apresentando minha trajetória no mundo dos zines e HQs e a inserção destes na pesquisa de doutorado em Ensino de Biociências e Saúde na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) [2]

Explanação sobre processo criativo de Sibilante durante o Painel [3]

Finalização da apresentação durante o Painel [4]
Trocando ideias e mostrando Sibilante a Chiquinha e Cyntia Bonacossa

Com as artistas Chiquinha e Cyntia Bonacossa

Interagindo com as meninas interessadas por Sibilante e outras obras
Valéria Bari, Natânia Nogueira e IV Sacerdotisa

Mesa com publicações nossas Sibilante, Fêmea Cósmica, Uivo com Aforismos do Ciberpajé, Coletânea de Resenhas sobre Sibilante, QICO 1 e 2, entre outras
Fanzine Saideira e Maiz Zuma,, da Ely Sena; ilustração da Maíra Damásio e fanzine Manzanna da Anna Mancini
Agradeço à comissão organizadora do Lady´s Comics, todas muito atenciosas, educadas e competentes, realizaram um belo evento, a estrutura do local excelente, a localização ótima, espero poder estar nos próximos, e estarei!

Texto de Danielle Barros - IV Sacerdotisa

sábado, 4 de outubro de 2014

Está no ar o Canal 666BR!

CANAL 666 BR – Entenda!

O canal é um trabalho de web art que entrou no ar no dia 1 de outubro de 2014, durante a abertura da Exposição EmMeio#6, que integra o #13 ART - Encontro Internacional de Arte e Tecnologia, em Brasília, no Museu da República.


O trabalho de web arte configura-se na forma de um canal/site de acesso irrestrito com transmissão infinita em loop eterno de uma versão acelerada dos 7 gols aplicados pela Seleção Alemã de Futebol na Seleção Brasileira de Futebol, durante a semifinal da Copa do Mundo 2014. 
Após a apresentação de cada gol aparecem em flash rápido as frases "Não Coma", "Não Beba", "Não Compre", fazendo uma alusão ao famoso experimento Vicarista que deu início ao estudo e aplicação das propagandas subliminares em Fort Lee, New Jersey ­ EUA no ano de 1956, quando Jim Vicary instalou em um cinema de Nova Jersey um segundo projetor especial, taquicógrafo, que projetava intermitentemente na tela as frases "Drink Coke", "Eat Popcorn". 
A repetição do sinal subliminar causava efeitos no subconsciente do público, aumentando as vendas da Coca ­Cola em 57,7%. O som presente no canal 666 BR é a voz invertida de locutores esportivos de grandes canais de TV financiados por multinacionais elogiando a seleção brasileira durante a copa. A obra reflete sobre a indução ao consumo e o papel da mídia e da publicidade nesse contexto hiperconsumista.



CANAL 666 BR Para (Des)Hipnotizar as Massas. Transmissão 24 por dia, ininterrupta da programação mais iconoclasta do BRASIL!
 www.canal666br.com Web Arte de Edgar Franco & José Loures.


O que você achou da proposta? COMENTE!
Veja este vídeo gravado antes do lançamento do canal 666BR, sondando sobre o que as pessoas pensam ou imaginavam que seria o canal (filmado durante o "II Congresso Internacional da Faculdade EST: Religião, Mídia e Cultura", realizado em São Leopoldo, RS, de 8 a 12 de Setembro.)