domingo, 30 de abril de 2023

[Intervenção Urbana] MekHanTropia em Madri, por Brunna Nastassia, Fredé CF e Ciberpajé




No dia 26 de abril de 2023, a ativista cultural e artista Brunna Nastassia realizou uma Intervenção Urbana/Performance na cidade de Madri, Espanha, colando o pôster de MekHanTropia - obra de Fredé CF (aka Frederico Carvalho Felipe) e Ciberpajé (aka Edgar Franco) - em locais estratégicos daquela cidade, incluindo a notória Plaza Mayor de Madrid.

A MekHanTropia é um universo ficcional transmídia de ficção científica criado por Fredé CF para refletir sobre o avanço hiperinformacional e suas consequências na cultura, sociedade e biosfera. O pôster utilizado na intervenção urbana traz uma arte síntese criada pelo Ciberpajé representando a alienação e opressão dos seres pelo domínio do binarismo anticósmico. Confira abaixo registros da intervenção urbana em fotos e um vídeo de Brunna Nastassia.
















Entenda o conceito de MekHanTropia, em texto de Fedé CF:

"Vemos agora quiçá o declínio de um sonho de liberdade e um blefe de que vivemos em tempos de maior livre-arbítrio. Há uma alteração induzida de modos como lidamos com o mundo. Uma inversão de valores acerca de quem somos/éramos em essência e de como vivíamos em sociedade, frente uma (sub)existência servil e controlada decorrente de nossa atual relação com o sistema institucionalizado e suas ferramentas tecnológicas de controle cada vez mais eficazes.


Tal pensamento induz à uma condição de renúncia a nós mesmos enquanto animais orgânicos, direcionando-nos a uma MekHanTropia adoecida, em uma cultura que centra sua intenção narrativa sobre o imaginário coletivo na ideia de superação de metas, produtividade e desenvolvimento econômico, esquecendo os limites naturais e as consequências que tudo isso causa. A atual pandemia evidencia tais aspectos e acentua as dispersões de humanismo que ainda nos restam. Devido às possibilidades de contágio, são aniquilados encontros e afetos presenciais; estipulados limites rígidos de contato; e determinadas relações mais intensas de dependência entre as pessoas e as máquinas. Tudo ainda incentivado visando a ideia quantitativa de produtividade.


O termo MekHanTropia ainda vem sendo desenvolvido e aprofundado enquanto conceito no intuito de transcender a representação do ciborgue, (tido pela simples mistura homem-máquina), para o processo de transformação do Homem (antropo) em Máquina (Mekhos). Esse conceito visa nossas relações sociais e também com o meio natural, aproximando-o ao conceito de “misantropia” – aversão ao ser humano e à natureza humana de forma geral ou a falta de sociabilidade – bem como as dispersões causadas pela tecnologia. Assim, um MekHanTropo seria um tipo de ciborgue destruidor da vida natural (orgânica) e a MekHanTropia uma indução (ou intenção) causada pelo status quo para o indivíduo se tornar, ludibriadamente ou não, um MekHanTropo. Esta situação traria recompensas ilusórias sobre um futuro de falsa utopia, pois, ao invés de harmonizar-nos com o meio e com o domínio das técnicas, se basearia no luxo, lucro e bens materiais, o que o torna, de fato, uma distopia causada pela própria vaidade do MekHanTropo, que abdica de sua vida e se metamorfoseia em engrenagem de aniquilação a serviço de um sistema seco, sem vida. A palavra "Han" surge no interior da expressão, como uma homenagem ao pensador “HAN, Byung-Chul”, crucial para essas reflexões.


Cada vez mais nos distanciamos uns dos outros e de nossa essência enquanto bicho. Mesmo conectados globalmente pela rede telemática, nos desconectamos qualitativamente de nós mesmos e do nosso habitat. Somos aprisionados ao sistema institucional por meio de falsas “bolhas” de aceitação e aprovação, que induzem ao consumo e à alienação, fazendo olvidar que vivemos em sociedade. Ignorantes frente as nossas sombras e com conexões vazias, nos perdemos em nossa vaidade e menosprezamos a importância de cizânias enquanto válvulas de reflexão em nossas vidas. Pior que nos desconectarmos é a consequência que isso gera. Nos aniquilamos diante de falsas promessas de felicidade fundamentadas no “ter” acima do “ser” pelo universo fantástico e padronizante da publicidade e das redes sociais. Somos cada vez mais aniquilados em nossa unicidade enquanto ser.


O cenário atual, com a emergência de totalitarismos, neofascismos e fundamentalismos, mostra-se crucial para o autoconhecimento. Não no sentido restrito do conhecimento da personalidade consciente do "eu", mas de forma a lançar - como aponta C. G. Jung - luz em nossos lados obscuros (conscientes, inconscientes, individuais, singulares) e entender que eles também fazem parte de quem somos, estamos e nos tornamos enquanto seres humanos, animais.
A arte, nesse sentido, manifesta muitos desses processos do inconsciente, tornando-se, a partir de seus processos criativos e rituais de (re)presentação, uma excelente via de resistência anti-MekHanTrópica pela vida orgânica que ainda nos resta mas nos escapa cada vez mais."

Ouça agora - neste link - o álbum musical MekHanTropia, de Fredé CF com participação do Ciberpajé. O pôster utilizado na performance/intervenção urbana é parte integrante da versão física em CD lançada pelo selo Two Beers or Not Two Beers. Conheça alguns detalhes sobre a gravação do álbum e seu processo criativo, em palavras de Fredé CF:

"MekHanTropia foi todo composto, gravado, mixado, finalizado e produzido pelo smartphone (inclusive os videoclipes) no bunker de Fredé CF, em Goiânia – Goiás - Brasil, durante a pandemia de COVID-19 (2020). Captado com o microfone do fone de ouvido tem as letras, música, voz, violões, baixo, percussão, samplers e vocais (tudo D.I.Y.) por Fredé CF.

A obra conta com a impactante arte da capa e do encarte feita pelo artista transmídia Edgar “Ciberpajé” Franco, que também teve participação mais que especial em quatro faixas com seus aforismos, vocais e tocando instrumentos musicais transcendentais mágicos.

O álbum integra conceitos que vem sendo trabalhados pelo autor no curso de Doutorado em Arte e Cultura Visual da UFG, sob a orientação da profa. Dra. Rosa Berardo, na busca por reflexões sobre o momento atual que vivemos."

O álbum MekHanTropia foi lançado também em formato físico pelo selo TBonTB, adquira sua cópia: www.twobeers.com.br/pd-7b9df7-frede-cf-mekhantropia-2020.html?ct=&p=1&s=7

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Intervenção Urbana - MekHanTropia em Madri (26/04/2023)

Performer/interventora - Brunna Nastassia

MekHanTropia - Universo Ficcional Transmídia de Fredé CF (aka Frederico Carvalho Felipe)

Arte do Pôster Síntese de MekHanTropia: Ciberpajé (aka Edgar Franco)

Grupo de Pesquisa CRIA_CIBER (FAV/UFG).




sexta-feira, 21 de abril de 2023

[Lançamento] Posthuman Tantra é entrevistado na segunda edição do zine "Grito Radioativo" que traz arte de capa do Ciberpajé


Foi lançada a segunda edição do zine mineiro Grito Radiotativo - baixe-a aqui -, a publicação tem como foco principal entrevistas com bandas e projetos musicais da cena noise, industrial, ambient e experimental, mas também traz em suas páginas poesias e divulgações do cenário underground brasileiro.

O Ciberpajé foi convidado a criar a arte exclusiva de capa para a segunda edição do zine e também concedeu uma entrevista para falar das comemorações dos 18 anos de sua banda POSTHUMAN TANTRA e do lançamento da "Box Set Pissing Nanorobots 18th Anniversary Special Edition" pelo lendário selo Kaos Records. Confira a entrevista completa do Posthuman Tantra e também entrevistas com os projetos musicais D.O.M. e Antoine Trauma baixando a segunda edição do Grito Radioativo nesse link.




sexta-feira, 14 de abril de 2023

[Lançamento] Ciberpajé: Lira do Meio Século, nova parceria musical com Alan Flexa traz opereta pós-humanista que reflete sobre o amor e a morte na maturidade

 

Capa do EP musical "Lira do Meio Século: uma opereta pós-humanista"

Está on-line o novo EP do Projeto Musical Ciberpajé, Lira do Meio Século: uma opereta pós-humanista, confira-o na íntegra nesse link.

A opereta sela nova parceria com o musicista Alan Flexa que já criou muitas obras sonoras com o Ciberpajé, sendo um de seus parceiros musicais mais frequentes e também um dos que ele mais admira como músico, produtor e ser humano. Flexa, além das músicas também realizou a mixagem e masterização do EP, enquanto o Ciberpajé foi o responsável pela concepção artística da obra, pelo texto aforístico completo da opereta - que faz referência direta à suas visões da existência na perspectiva de seus 50 anos de vida - pelas vozes e também pelo projeto gráfico e arte da opereta que apresenta uma única faixa de 18 minutos dividida em 6 atos. Nas palavras do Ciberpajé:
 
"Subvertendo o conceito tradicional de opereta, que envolve temas mais leves, mas mantendo a ideia de tratar-se de uma “pequena ópera” na qual a recitação predomina ao canto, concebemos a “Lira do Meio Século”. O título é uma referência poética ao longo e impactante poema“Lira dos 20 Anos”, de Álvares de Azevedo, mas não seguimos como ele o esquema rígido de uma “lira literária”.

Na “Lira do Meio Século” substituimos a temática melancólica do amor não realizado e da morte iminente  da “Lira dos 20 Anos” pela experiência de retratar a visão do amor e da morte na maturidade, apresentando os valores que seguem tendo um sentido diante da percepção das realidades da vida, dos seres e da biosfera, trazendo a concepção anti-egóica do pós-humanismo, superando assim o humanismo egoísta do antropoceno.

O poema aforístico, escrito e recitadopor mim, ganhou uma dimensão sonora singular com múltiplas atmosferas que sofrem influências das óperas tradicionais, das óperas rock e da música étnica, chegando à música eletrônica. Uma concepção musical peculiar criada pelo musicista Alan Flexa."

Os criadores da opereta sugerem uma audição acompanhada pela leitura simultânea dos atos presentes no encarte completo da opereta que pode ser ouvida e baixada gratuitamente nesse link. Abaixo reproduzimos o encarte completo da obra.












Ouça também os outros 40 EPs do Projeto Musical Ciberpajé em seu Bandcamp.

segunda-feira, 10 de abril de 2023

[QUADRINHOS NA PELE HUMANA] KZULOVO: conheça uma das primeiras histórias em quadrinhos do mundo a ser tatuada nas peles de 13 voluntários, obra de Ciberpajé & Rennan Queiroz

Capa do zine KZulovo

Kzulovo é uma HQ poético-filosófica desenvolvida no contexto do universo ficcional transmídia da Aurora Pós-Humana, do Ciberpajé (aka Edgar Franco). Ela surgiu conceitualmente como um desdobramento de outra HQ chamada Ovo e trata da temática mais emergente desse universo, a tecnognose e as buscas transcendentes em contraste com o binárismo anticósmico.

Kzulovo é fruto da parceria criativa entre o Ciberpajé e Rennan Queiroz, artista tatuador e pesquisador que realiza mestrado no Programa de Pós-Graduação em Arte e Cultura Visual da UFG, no qual investiga a tatuagem como arte. O Ciberpajé é o orientador da pesquisa.




A narrativa foi pensada com uma imagem por página já no intuito da realização de seu desdobramento transmídia, ou seja, ter as artes de suas páginas tatuadas na pele de interatores(as) interessados(as) em carregar partes dela resignificando-as e recontextualizando-as. Uma ação pioneira no Brasil e uma das pioneiras no mundo a criar uma narrativa quadrinhística autoral e tatuá-la nas peles de voluntários interatores em uma ação artística performática, que foi intitulada FlashZineTatoo KZulovo.

Sendo essa proposição transmidiática performática uma ação também inédita no contexto da Aurora Pós-Humana. O Ciberpajé e Rennan Queiroz alternaram os desenhos na criação da narrativa e o Ciberpajé ficou responsável pelo texto. Queiroz realizou as tatuagens.

As artes foram pensadas para explorar o estilo lineart de tatuagem e permitir que fossem tatuadas nos interatores durante o evento “Festival de Artes Ciberpajelanças III”, que aconteceu no Espaço Cultural Ruptura, em Goiânia, entre os dias 26 e 27 de novembro de 2022.

KZulovo - a versão em PDF do zine com todas as artes tatuadas no corpo de voluntários lançada pela Editora Marca de Fantasia pode ser baixada nesse link. KZulovo é o nono número da série de zines que integra a sessão Cria_ciberzines da Editora Marca de Fantasia, coordenada por Gazy Andraus e Léo Pimentel (Amante da Heresia) e que apresenta zines criados por integrantes do Grupo de Pesquisa Cria_Ciber(FAV/UFG), coordenado pelo Ciberpajé.

Na sequência veja todas as artes tatuadas e a sequência narrativa das páginas do zine KZulovo com o texto da história em quadrinhos.

Tatoo 1 - Tatuagem na interatora Bárbara Crystyna Martins da Silva

Página 1 da HQ  KZulovo

Tatoo 2 - Tatuagem na interatora Bárbara Crystyna Martins da Silva

Página 2 da HQ KZulovo

Tatoo 3 - Tatuagem no interator Frederico Gomes Suzarte Magalhães

Página 3 da HQ KZulovo

Tatoo 4 - Tatuagem no interator Frederico Gomes Suzarte Magalhães

Página 4 da HQ KZulovo

Tatoo 5 - Tatuagem no interator Alberto Rodrigues dos Santos

Página 5 da HQ KZulovo

Tatoo 6 - Tatuagem no interator Frederico Carvalho Felipe (FREDÉ CF)


Página 6 da HQ KZulovo

Tatoo 7 - Tatuagem no interator Bruno Mendonça

Página 7 da HQ KZulovo

Tatoo 8 - Tatuagem no interator Jefferson Ferreira de Souza

Página 8 da HQ KZulovo

Tatoo 9 - Tatuagem na interatora Stella Vitória Vieira de Azevedo

Página 9 da HQ KZulovo

Tatoo 10 - Tatuagem no interator Léo Pimentel Souto (Amante da Heresia)

Página 10 da HQ KZulovo

Tatoo 11 - Tatuagem na interatora Glacy kelly Andrade Ribeiro

Página 11 da HQ KZulovo

Tatoo 12 - Tatuagem na interatora Johanny Cássia Cavalcanti Barros (Rapoza Suja)

Página 12 da HQ KZulovo

Tatoo 13 - Tatuagem no interator Leandro Pereira Bezerra

Página 13 da HQ KZulovo

Tatoo 14 - Tatuagem na interatora Andressa Regina Gagliadi


Página 14 (final) da HQ KZulovo


Baixe o zine KZulovo na íntegra nesse link. Confira abaixo fotos da performance FlashZineTatoo KZulovo durante o "III Festival de Artes Ciberpajelanças" - fotos de Ciberpajé, Amante da Heresia e Luiz Fers.

O Artetatuador Rennan Queiroz em pleno momento do ato performático