terça-feira, 4 de abril de 2023

[Crítica Literária] BioCyberDrama Saga é apontada como exemplo de obra autoral que pode ainda adiar por um tempo o apocalipse criativo das IAs, em artigo do notório autor Olyveira Daemon

Em artigo para o notório jornal literário RASCUNHO, o lendário crítico literário e premiado ficcionista Olyveira Daemon (Nelson de Oliveira) teceu contundentes e sagazes reflexões sobre o futuro da arte e da literatura a partir do avanço e emergência das inteligências artificiais. O artigo intitulado "Corporação LIT em perigo? - O pavor que a inteligência artificial tem causado entre artistas e intelectuais", pode ser lido na íntegra nesse link

Nele o autor reflete sobre as polêmicas sobre o comportamento divergente da recém-nascida inteligência artificial no campo da criação humana, e diz: "Gosto de pensar que a inteligência artificial irá revolucionar — metamorfosear — a criação literária. E fará isso com violência, até o ponto de fervura, chegando bem perto do extermínio dessa antiga arte, tão nobre e complexa."

Sobre esse embate Olyveira emenda: "Não tenho bola de cristal, mas recomendo que, para adiar ao máximo o apocalipse criativo, os autores concentrem toda a sua potência na escritura de obras excêntricas, estranhas, insólitas, bizarras, expressionistas, quero dizer, verdadeiramente autorais."

Na sequência ele aponta dois exemplos de obras autorais com esse potencial disruptivo, Mnemomáquina, de Ronaldo Bressane, e o álbum em quadrinhos BioCyberDrama Saga, de Edgar Franco (roteiro) e Mozart Couto (arte). Reproduzimos abaixo a íntegra do trecho em que ele trata de BioCyberDrama Saga:

"Visões dentro de possessões. Transmutações dentro de revoluções. Música eletrônica, realidade aumentada, figurino exótico e imersão amorosa no corpo ancestral da natureza. Muitos ainda não sabem, mas um ciberpajé — o primeiro da Terra Brasilis — vive entre nós há quase duas décadas. Convergindo as habilidades mágicas e místicas de uma autoridade indígena e a curiosidade científica transformadora de um tecnoartista, nosso ciberpajé viaja no tempo e no espaço, investigando os impasses assombrosos da sociedade pós-humana que um dia substituirá a nossa.

Se você pesquisar na web, descobrirá que Edgar Franco, o Ciberpajé, é mineiro de Ituiutaba, graduado em arquitetura, mestre em multimeios pela Unicamp, doutor em artes pela USP, pós-doutor em arte e tecnociência pela UnB e professor da faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás. Mas essa é apenas sua persona acadêmica, sua identidade apolínea e civilizada. Amalgamado ao professor-pesquisador está o feiticeiro tropical, o tecnobruxo dionisíaco e delirante que organiza performances-rituais multimídias com a banda Posthuman Tantra e produz quadrinhos poético-filosóficos, sobre o evento por ele batizado de Aurora Pós-humana.

Parte importante desse projeto em progresso, BioCyberDrama saga é uma novela gráfica produzida em parceria com o lendário quadrinista e ilustrador mineiro Mozart Couto. A saga é protagonizada por Antônio Euclides (batizado em homenagem a Antônio Conselheiro e Euclides da Cunha), um homem conservador, pertencente ao pequeno grupo dos resistentes, formado pelos poucos seres humanos que evitam qualquer aperfeiçoamento biotecnológico. Estamos no século 30 da era Cristã. Além dos resistentes, duas outras espécies disputam o domínio político do planeta: os extropianos e os tecnogenéticos.

Os extropianos são consciências humanas transferidas para máquinas de todos os tipos e complexidades, e representam sessenta por cento da população da Terra. Os tecnogenéticos são seres orgânicos híbridos — uma mistura biogenética de humano, animal e vegetal — e representam trinta e cinco por cento da população. Os cinco por cento restantes são representados pelos resistentes. As três espécies, não é preciso dizer, vivem em constante estado de tensão ideológica, sempre alimentada por ações terroristas e doutrinação radical.

O mais fascinante em BioCyberDrama saga e em toda a proposta multimídia da Aurora Pós-humana é a riqueza de detalhes culturais, científicos, religiosos, políticos, sociológicos, geográficos etc. Dialogando com o melhor da tecnoarte e da ficção científica contemporâneas, Edgar Franco, nosso Ciberpajé, criou uma rede densa de pormenores, que continua se expandindo e alimentando outros trabalhos individuais e coletivos."

Confira o fac-símile do artigo na íntegra reproduzido abaixo:




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