Acaba de ser publicada online no blog "O Mundo inominável" uma sensível resenha da segunda edição do álbum BioCyberDrama Saga, obra editada pela Editora UFG, com roteiro do Ciberpajé Edgar Franco, e arte de Mozart Couto.
Álbum "BioCyberDrama Saga" - Segunda Edição ampliada e em capa dura.
A obra foi resenhada pelo escritor e poeta Giovani Coelho de Souza, que usa o pseudônimo de "Inominável Ser". O texto de Souza destaca a originalidade conceitual e narrativa da obra e o primoroso desenho de Mozart Couto. Leia a resenha no blog "O Mundo Inominável", ou transcrita abaixo:
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Sinopse: No Século XXXI, a humanidade encontra-se em vias de extinção. No entanto, o corpo e a mente da raça humana, graças aos avançadíssimos processos da engenharia genética e da tecnologia, modificaram por completo a relação entre a vida, a morte e a imortalidade. Neste cenário de uma Aurora Pós-Humana, encontramos Antônio Euclides, dividido entre dois caminhos totalmente opostos quanto à remodelação de seu estado físico e psíquico. Caminhos que, no entanto, guiam em direção ao mesmo destino: o da transcendência da simples condição humana em direção a um sentido mais amplo de percepção de toda a realidade.
Resenha: "BioCyberDrama Saga" está muito além do fato de ser considerada uma obra-prima. Se existisse uma categoria eletiva de classificação de obras que se encarregam de tornarem-se relíquias acima das denominadas obras-primas, esta história entraria na mesma. O que Edgar Franco e Mozart Couto aqui realizaram foi um ato de aproximação do que o Futuro reserva para a nossa Humanidade. Nesta era de deterioração intelectual extensa e cada vez mais crescente, onde o chorume das perspectivas de opiniões baseadas no senso comum transbordam por todos os cantos e campos, o significado desta obra é o mais essencial e elementar possível. Ler uma antecipação de até onde podemos chegar através de uma linguagem simples e complexa ao mesmo tempo, é uma oportunidade rara de entrar em contato com algo possuidor de extrema segurança no tocante a assunto tão polêmico entre acadêmicos e não-acadêmicos: o do aprimoramento total do ser humano em termos genéticos e tecnológicos que visem ao alcance de uma superação dos, até então, conhecidos limites do status do homo sapiens como a espécie dominante planetária.
Esta segunda edição de BioCyberDrama Saga (que teve a primeira edição lançada no ano de 2013) conta com um trabalho gráfico caprichado e de estilo feito para agradar tanto quanto o conteúdo nele disponibilizado. Além de contar com um texto introdutório, escrito por Franco e intitulado "Uma saga quadrinhizada em segunda edição: a arte dos quadrinhos pós-humanistas", tem uma apresentação escrita por Elydio dos Santos Neto; um prefácio delineando todo o processo criativo da obra, além de um guia de referências contemporâneas para a concepção da mesma e quadros explicativos sobre a trama; e quatro anexos (HQ’s Biocyberdrame, Hightech e Igualdade; Biocyberprocesso) que apresentam as fases antecessoras à concretização da presente história. Fechando o volume, dados sobre os autores que fornecem informações básicas de suas respectivas carreiras.
A obra trata, em primeiríssimo lugar, das escolhas que se podem ter diante de um panorama demonstrativo de uma realidade futura. O personagem principal, Antônio Euclides, funciona como um arquétipo dos seres tão aprofundados em dúvidas, que geram a necessidade das escolhas, que todos nós experienciamos por sermos tão frágeis e quebradiços. Ser um tecnogenético em um corpo geneticamente aprimorado que é uma simbiose de elementos animais e vegetais; ou um extropiano, livre da necessidade de um corpo orgânico, tendo a possibilidade de apenas ser uma essência a navegar pela rede telemática mundial? Como não quero estragar o prazer da leitura, a solução encontrada por Franco para a definitiva escolha de Antônio parte de um princípio muito lógico de fatores que guiam para um clímax inesperado. Quando se tem a nítida ideia, durante a leitura, que o encaminhamento da conclusão da história vai para um lado que não contrarie o que foi estabelecido desde o início, o autor se vale de uma reconfiguração narrativa muito sutil que melhora ainda mais a trama quando esta é visualizada de um modo geral. Outra personagem de grande destaque na trama, Orlane, tem um papel crucial no clímax da história e ainda demostra que o mais fundamental de todos os sentimentos jamais deverá abandonar a Terra: O Amor.
A arte é um caso a ser ainda mais alinhado ao que o roteiro enfoca com destreza e riqueza de detalhes que não se tornam enfadonhos. Couto transmitiu em cada ambientação a nitidez do que a mensagem explícita da história repassa ao leitor. Por alguns segundos ou longos minutos é possível ficar a admirar cenários, personagens e a fluidez de um traço que nunca deixar de ser firme a cada quadro e página. Assombroso é o domínio que ele possui de anatomia, tanto nas formas humanas quanto nas híbridas orgânicas e robóticas, tornando realistas tais concepções de um modo a não causarem estranhamento. Muito pelo contrário, o que a arte desta Saga provoca é um incomum maravilhamento, um êxtase que poucas vezes este Inominável Ser que vos fala sentiu ao ler uma história em quadrinhos. Não gosto de comparar estilos, mas o de Couto nada fica a dever diante de grandes mestres do desenho como Jack Kirby, John Byrne, Barry Windsor-Smith e tantos outros que na história da Nona Arte provaram a verdade de seus respectivos talentos.
Esta é uma obra que fica para sempre n’alma daqueles que a lerem. Somando Roteiro e Arte, não se pode falar que pontas soltas, deslizes, furos de roteiro ou desvirtualização gráfica foram cometidos. O que fica ao final da leitura é uma sensação de querer mais sobre o riquíssimo universo aqui criado com grandiosidade e espetacular sensibilidade. Quem sabe Edgar Franco e Mozart Couto já não estejam organizando Biocyberdrama Saga 2 neste exato momento? Neste mundo, todos os sonhos ainda podem ser realizados… Saudações Inomináveis a todos vós, leitores virtuais! (Inominável Ser)
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Serviço:
BioCyberDrama Saga (Segunda Edição)
Álbum em quadrinhos de Edgar Franco (roteiro) & Mozart Couto (desenhos).
Editora UFG – 2016,
280 páginas, formato A4, capa dura.
R$ 60,00 - Link para compra na Editora UFG
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