sábado, 29 de fevereiro de 2020

[Veja como foi] Performance do Posthuman Tantra no VII Festival Ensaio Blasfêmia, em Goiânia


O "Ensaio Blasfêmia VII Ato" é um evento nacional dedicado às artes obscuras e em sua sétima edição reuniu exposição de arte, performances e shows de bandas black metal. O evento tem curadoria dos artistas e mestres pelo Programa de Pós-graduação em arte e Cultura Visual da Universidade Federal de Goiás, Alysson Drakkar e Luiz Fers. O festival contou com as performances dos grupos "As Filhas de Satã" (GO) e "Posthuman Tantra" (GO) e com as bandas "Lhe Frustro" (MG), Lua Negra (GO), Homicídio (GO) e Mørk Visdom (SP).  O evento aconteceu no espaço cultural Cabaret Voltaire, em Goiânia.

O Posthuman Tantra foi convidado pela curadoria do "Ensaio Blasfêmia" e fez uma performance especial em 5 atos chamada "Extinção & Pós-humanidade", incluindo o novo ato "Lupus Noctis" que é parte das investigações de pós-doutorado do Ciberpajé (Edgar Franco) no Instituto de Artes da Unesp, em São Paulo, onde pesquisa as conexões entre os processos criativos de quadrinhos e performance.

Na performance o grupo Posthuman Tantra foi composto pelo Ciberpajé (diretor, performer e musicista), pela I Sacerdotisa Rose Franco (musicista e performer), por Luiz Fers (figurinista e performer), por Amante da Heresia (performer e musicista), por Lucas Matheus Dal Berto (VJ) e pela convidada Flávia Provesi, que também é integrante do grupo performático "As Filhas de Satã" . Confira abaixo fotos e vídeos dos 5 atos da performance, com destaque para o novo ato "Lupus Noctis" apresentado pela primeira vez em sua segunda versão. Fotos e vídeos de José Loures.





- Novo Ato "Lupus Noctis" (Segunda versão do ato com novos elementos):


Esse ato performático trata da degradação do bioma Cerrado e da sexta extinção massiva de espécies. O Ciberpajé encarna um totem animal fantasmagórico que dialoga poeticamente com outros performers, imagens - vídeo animado com artes suas - e sons criados para a apresentação, incluindo um teremim acionado por luz em sua indumentária. 


O ato performático "Lupus Noctis" nasceu como um desdobramento transmidiático do álbum em quadrinhos Ecos Humanos. A ideia inicial era criar um ato que tratrasse essencialmente da poética dos quadrinhos, mas com alguns novos elementos conceituais e estéticos. A poética da degradação do bioma Cerrado e da busca de uma reconexão com a natureza através dos enteógenos permaneceu como base, assim como a hibridação tecnogenética humanimal, mas aspectos novos foram imaginados para a performance. A inclusão do som ambiente como signo de desespero/angústia, a incorporação da interação do performer com as artes que representam de forma alegorica o Cerrado e a trasmutação do totem humanimal. Também, em certa medida, a eliminação dos aspectos crueis do humano, transformando assim o ato performártico em um sigilo mágico ritual que promova a reconexão essencial do performer aos seus aspectos animais gerando algum eco na platéia.

"Lupus Noctis" foi nomeada assim devido à presença subliminar do totem Lobo, que é incorporado nas performances pelo Ciberpajé e nesse caso temos a imagem da cabeça do lobo-guará – ícone do Cerrado – sendo uma das artes animadas que abrem a performance, passando por transmutações que lembram efeitos óticos da experiência visual de ENOC com o Psilocybe cubensis. Outro detalhe fundamental da conexão direta entre o álbum Ecos Humanos e Lupus Noctis é o fato das 4 artes animadas iniciais apresentadas na tela – com a qual o Ciberpajé transmutado interaje – serem os desenhos criados pelo Ciberpajé para a abertura dos capítulos da HQ.

Nessa segunda versão do ato - anteriormente apresentado em sua primeira versão na abertura da Exposição "Zonas de Compensação 6.0", no Instituto de Artes da Unesp/SP - a performance envolve a participação de mais dois performers que abrem a encenação, sendo eles Amante da Heresia, que incorpora uma versão cyberpunk da morte e representa a sexta extinção massiva de espécies causada pelo ser humano e seu hiperconsumo, e Flávia Provesi, que juntamente da I Sacerdotisa promovem um culto à Morte Cyberpunk. 

No início do ato a Morte Cyberpunk entra no espaço com o som ambiente de uma mata do Cerrado ao fundo e logo as performers I Sacerdotisa e Flávia Provesi, carregando um crânio animal com placas de circuito de computador mixadas a ele, se prostram diante da Morte elevando o crânio e as mãos, em um ato de culto à devastação. Então o Ciberpajé surge em cena. Sua figura é sinistra, ele usa um colete que parece animalesco e em sua cabeça está uma máscara do crânio de um pássaro – representando o totem híbrido fantasmagórico, unindo homem e animal, mas questionando o papel devastador do nosso lado humano para com o lado animal, por isso o animal é representado por um crânio morto. 

Ao entrar em cena ele toca um trilha percussiva em um sintetizador, logo vai lentamente em direção à Morte que usa sua foice com uma luz no topo (lanterna) para interagir à distância com o Ciberpajé produzindo sons agudos no mini teremin acoplado em seu peito.  Com a entrada do Ciberpajé em cena, inicia-se ao fundo a projeção da animação da face de múltiplos seres do cerrado e segue com a face animada do lobo-guará projetada. Na sequencia o Ciberpajé transmutado em Totem Pós-humano avança sobre a Morte Cyberpunk e ataca sua foice tomando-lhe o feixe de luz.

A Morte prostra-se diante do Ciberpajé e passa a reverenciá-lo e ele inicia o processo de utilizar a luz para interagir com o mini-teremin em seu peito produzindo gestos rápidos e sons agudos e penetrantes. Logo depois ele aponta a lanterna para todo o público presente gerando incômodo ao focá-la por instantes em cada um dos rostos dos presentes - simboilizando a culpa de todos no caos socioambiental em que estamos.  As únicas luzes ambiente são a da lanterna e a da projeção, então ele segue para diante da projeção e inicia a interação com ela. 


Enquanto as primeiras artes animadas representando a natureza do Cerrado vão se sucedendo, o Ciberpajé usa o feixe luminoso para tocar o teremim, inicialmente de forma mais sutil e leve, como se fizesse carícias. Na sequência as imagens da animação vão mudando e apresentam artes grotescas, representando o aspecto sombrio da devastação perpetrada pela espécie humana. A partir daí o performer segue realizando movimentos que rememoram um ato de autoflagelação, como punhaladas, ou espadadas em seu coração. Ao final, diante de uma arte que rememora criaturas de pesadelos lovecraftinianos, o Ciberpajé termina o autoflagelo, sendo ainda mais agressivo com o feixe de luz como um punhal visceral, gerando ruídos agudos que incomodam pela intensidade, até cair morto no chão. A morte final simboliza o suicídio que nós, espécie humana, estamos cometendo ao destruirmos a biosfera.

Confira alguns vídeos e fotos do Ato "Lupus Noctis", por José Loures:

Vídeo de trecho do início de "Lupus Noctis", as Sacerdotizas cultuam a Morte Cyberpunk


Mais um vídeo de trecho do início de "Lupus Noctis", as Sacerdotizas cultuam a Morte Cyberpunk


Vídeo de trecho de "Lupus Noctis", o Ciberpajé interaje com a  Morte Cyberpunk







  
























Ato "Iniciação sexual com um Robô Multifuncional":












Ato "Tênue Esfera Azul":










Ato "Tema o Homem, Ame o Lobo":






Ato "Penetrando a Bioporta Virgem":



Vídeo de trecho do ato "Penetrando a Bioporta Virgem"


Fotos do grupo após a performance no VII Ensaio Blasfêmia:

 






Nenhum comentário:

Postar um comentário