sábado, 30 de março de 2019

Orientanda de doutorado do Ciberpajé defende tese com HQ que satiriza o mito do bandeirante Anhanguera

Dia 29 de março de 2019, aconteceu na Faculdade de Artes Visuais da UFG, no Programa de Pós-graduação em Arte e Cultura Visual, a defesa da tese "Bandeirante Bocó: Uma aventura quadrinística nas terras dos Goyazes". A pesquisa da discente  Lígia Maria de Carvalho foi orientada pelo Ciberpajé (Edgar Franco). A tese foi o resultado de um esforço reflexivo que buscou subsídios: iconográficos (na personagem disneyana conhecida como Pateta) e argumentativos (no clássico documento intitulado A Bandeira do Anhanguera a Goiás em 1722 – Reconstrução dos roteiros de José Peixoto da Silva Braga e Urbano do Couto), com a finalidade de criar uma narrativa em forma de Histórias em Quadrinhos que contasse – de maneira criativa e engraçada - as peripécias do Bandeirante Bocó, ou seja, as aventuras de Bartolomeu Bocoeno da Silva, o “Anhanguará”. Para tanto, foram utilizadas as fontes bibliográficas pertinentes; as apropriações oficiais e populares do mito do bandeirante; e a coleção quadrinística Pateta Faz História que recriou, a seu modo, as biografias de ilustres personagens históricos. 

A tese foi aprovada com louvor e teve a indicação unânime da banca, escrita em ata, para a sua publicação integral, tanto a investigação teórica quanto o álbum em quadrinhos. A banca, composta por notáveis, teve como avaliadores externos o Prof. Dr. Henrique Magalhães (UFPB - que participou com parecer escrito), o Prof. Dr. Ademir Luiz da Silva (UEG), e como avaliadores internos o Prof. Dr. Thiago Santanna (UFG) e a Profa. Dra. Rosa Berardo (UFG). Confiram a pose acadêmica dos integrantes da banca e da nova doutora Lígia Carvalho.

 Da esquerda para a direita: Prof. Dr. Ademir Luiz, com a cara de Jodorowsky (do ,livro que gentilmente levou para presentear o Ciberpajé);  Profa. Dra. Rosa Berardo; Ciberpajé; Lígia Carvalho; e Prof. Dr. Thiago Santanna



Outra vista da pose acadêmica!

A foto comportada


Pose acadêmica da turma incrível que esteve reunida para celebrar o rito de passagem da defesa de doutorado

O álbum em quadrinhos produto poético do doutorado, com roteiro de Lígia Carvalho e arte de Cláudio Dutra (orientando de mestrado de Edgar Franco), incluiu uma homenagem singela ao Ciberpajé através da criação de um personagem - o poderoso pajé de uma tribo. O Ciberpajé agradece a honrosa homenagem, e deseja muito sucesso na jornada da recém doutora!


Páginas do álbum em quadrinhos "Bocó faz História" que homenageiam o Ciberpajé, roteiro de Lígia Carvalho e arte de Cláudio Dutra

Trecho da tese de Lígia Maria de Carvalho que fala da homenagem ao Ciberpajé:

Assim, sob o desenho de Cláudio Dutra, todas as semelhanças não são meras coincidências, haja vista, se tratarem de uma singela homenagem prestada ao talentoso artista Edgar Franco, cujos trabalhos realizados, por intermédio das narrativas transmidiáticas, lhe renderam reconhecimento nacional e internacional.
Apaixonado por Histórias em Quadrinhos, o arquiteto de formação, erigiu mundos ficcionais, sendo a ideia de aurora pós-humana, a poética que influenciou grande parte de sua obra, como por exemplo a graphic novel: BioCyberDrama Saga, em parceria com Mozart Couto, que lhe proporcionou concorrer ao Troféu HQ Mix 2014. Antes, porém, em 2010, o artista teve um fanzine que foi considerado, mundialmente, um dos dez melhores trabalhos que competiram no Festival de Angoulême, na França.
Dentre sua exitosa e produtiva obra, vale destacar alguns trabalhos que se tornaram emblemáticos, e até mesmo, agentes de mudança na própria forma de se conceber as Histórias em Quadrinhos. Dentre eles, mencionamos os fanzines criados sob a perspectiva poético-filosófica; as HQtrônicas que, em 2011, introduziram movimentos computacionais nas HQs, criando, assim, um elemento novo e híbrido; Os HQforismos, termo criado, em parceria com a artista e professora Danielle Barros, para justapor “elementos dos quadrinhos às sentenças aforísticas”, e assim, repensar a própria existência humana; e por último, os recentes Curtaforismos, ou seja, os curta-metragens oriundos de “uma ideia instigada pelos aforismos musicados”.
Ainda conectada à ideia de aurora pós humana, e mantendo estreita ligação com as experiências artísticas, acima citadas, ainda há que se mencionar a banda Posthuman Tantra, cuja música eletrônica se une à performance artística para criar uma conexão com as energias cósmicas, permitindo-lhe, assim, usufruir da eterna renovação. Sobre esse assunto, o artista Edgar Franco faz questão de destacar a sua transmutação em Ciberpajé, ocorrida em 20 de setembro de 2011, e sobre a qual, ele mesmo apresenta o seguinte comentário:

A minha transmutação em Ciberpajé, envolve aspectos performáticos, sobretudo nas performances cíbridas realizadas pelo meu projeto musical performático Posthuman Tantra, performances que envolvem: vídeos, aplicações computacionais em RA (realidade aumentada), mágica eletrônica, figurinos exclusivos e ações artísticas criadas em parceria com os integrantes do grupo de pesquisa CriaCiber – Criação e Ciberarte, da FAV/UFG. Os efeitos computacionais em realidade aumentada dão um caráter cíbrido às performances, pois criam “ambientes cíbridos - que integram simultaneamente o real e o virtual” (Lúcia Leão, 2004, p. 165), remontando os rituais de pajelança de alguns pajés que conectam o mundo dos espíritos ou dos totens animais ao mundo real. Para mim a figura do pajé é fascinante, ele tem a capacidade de conectar-se diretamente com a natureza para modificar a realidade, ela mistura os mundos, o mundo de suas cosmogonias transcendentes ao mundo “real” e eles consegue reestruturar a realidade mixando esses mundos. Ele é alguém que busca a cura, busca a harmonia, o equilíbrio. Então eu me espelho no pajé, ou xamã, como preferem alguns. Eu sou um ser que crio cosmogonias, mundos ficcionais e tenho utilizado gradativamente esses mundos para modificar a minha realidade. Através da mixagem de meus mundos com o pretenso mundo real, eu reconstruo minha realidade, e eu procuro tornar-me um ser integral, e através do amor incondicional disseminar a capacidade que cada um tem de se autocurar. Nesse caso o Ciberpajé utiliza a conexão entre os mundos ficcionais e o mundo real para ampliar a sua empatia diante do outro, e também para perceber sua multiplicidade interior e ter a coragem de “ser”, de ser eu mesmo.

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