O Ciberpajé Edgar Franco foi entrevistado pela jornalista Patrícia da Veiga Borges para a nova edição do Jornal UFG, Ano XI, número 85, de março de 2017. A matéria "Otakus na Universidade" ocupa a página 9 da versão impressa do jornal, e pode ser também lida na íntegra na versão online nesse link.
Ciberpajé com a versão impressa do Jornal UFG
Abaixo segue a questão enviada pela jornalista Patrícia da Veiga e a resposta do Ciberpajé na íntegra:
Patrícia da Veiga: A que devemos atribuir esse apreço demonstrado pelos estudantes pela cultura japonesa representada pelos Mangás e Animes?
Prof Dr. Edgar Franco (FAV/UFG): Durante a segunda metade do Século XX e a ascensão das mídias de massa, com o surgimento e a expansão da televisão - logo no pós segunda guerra mundial, vivemos um domínio cultural dos mass media perpetrado pelo imperialismo hipercapitalista estadunidense. Até a década de 90, praticamente todos os quadrinhos e desenhos animados veiculados no país eram produzidos nos Estados Unidos, com raríssimas exceções como os seriados japoneses Ultraman e Spektroman que já rascunhavam o sucesso estrondoso que as produções japoneses teriam no ocidente a partir da década de 90. Até meados da década de 80 os quadrinhos mainstream de super-heróis eram criados visando um público masculino e com objetivos claramente catárticos, e eram basicamente consumidos por garotos entre os 8 e 20 anos de idade, o público feminino pouco tinha espaço nesses universos quase sempre maniqueístas e muito limitados no que tange à complexidade de seus personagens. Pois bem, com a chegada da internet os produtos da cultura pop japonesa começaram a ganhar mais espaço no ocidente e a serem veiculados na TV e impressos como mangás. Isso aconteceu devido à uma identificação muito grande das crianças e adolescentes com as estruturas narrativas desses produtos, marcados por personagens mais complexos e sensíveis, por uma maior diversidade de tipos físicos, de orientações sexuais diversas, e que valorizam as personagens femininas no mesmo grau das masculinas. Com isso o público feminino, que não encontrava identificação com quadrinhos e desenhos animados produzidos nos EUA, passou a identificar-se com os mangás e animes japoneses, e isso aconteceu também com boa parte do público masculino. A verdade é que os mangás e animes trabalham incrivelmente bem com a noção de arquétipos e a complexidade e idiossincrasias de seus personagens, e mesmo em seus delirantes universos de FC e fantasia tratam de problemas muito comuns a todos os adolescentes e jovens adultos do mundo ocidental, essa é a razão de seu sucesso estrondoso. Também é importante salientar o investimento gradativo e emergente da iniciativa privada japonesa nesses produtos de entretenimento visando a melhoria contínua de sua qualidade e internacionalização.
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