domingo, 12 de abril de 2020

[Resenha] EP "Ciberpajé - Marionetes Hipercompetitivas": questões urgentes para uma transmutação necessária! Por IV Sacerdotisa Danielle Barros

Arte do Ciberpajé

O EP Marionetes Hipercompetitivas traz reflexões sobre a ilusão que a humanidade vive nessa busca incessante por PRODUZIR, PRODUZIR, PRODUZIR. O Aforismo I destaca o fato de, em nossa sociedade, vivermos para o trabalho, para pontuar, para "ter a grama mais verde do que a do vizinho", para nos vangloriarmos, para sermos “caridosos” em um mundo podre com tanta injustiça social.


Curiosamente, esse EP, feito antes da chegada da pandemia ao Brasil, é tão OPORTUNO para o nosso agora, para pensarmos nossa realidade. Pensarmos qual o sentido de tanta corrida para o nada, para a falsa recompensa, em uma vida que, como marionetes que reagem a tudo - mas não agem - perdemos nosso tempo com ilusões, deixando de lado o que REALMENTE IMPORTA.

Na mesma perspectiva, o Aforismo II nos relembra que todos os povos, todo o conhecimento moderno construído pelo ser humano, as revoluções, as guerras mundiais, a exploração espacial, o desenvolvimento da ciência, e a tecnologia atual virarão pó,  são apenas uma partícula que será esquecida, em meio à toda existência. Esse aforismo me lembrou um trecho da série Cosmos apresentada pelo astrofísico norte-americano Neil deGrasse Tyson, aos 35 minutos do episódio (link ao final) em que ele fala: " - Todas as pessoas que você  já ouviu falar, todos os reis e batalhas, migrações e invenções, guerras e amores, tudo nos livros de história é uma parte ínfima do que se conhece sobre o Cosmos".

Coadunando a isso, o EP diz que o esquecimento absoluto de toda história conhecida é a sina de todos, independente de credo, etnia, classes, etc! E como dito pelo Ciberpajé: " - Tudo isso se tornará uma poeira cósmica!" Portanto, o que devemos fazer? Ele diz: " - Não nos esqueçamos de BRINCAR, SORRIR, DANÇAR, BRINDAR, BEIJAR E AMAR e ACORDAR para a única verdade, este MOMENTO DE AGORA, nosso PRESENTE". E fiquei pensando, em um momento de pandemia em que muitos temem pela vida, me pergunto se muitos dos que têm medo de morrer, se estavam mesmo vivos? Se estavam brincando, sorrindo, amando, brindando, amando, vivendo o presente e as pequenas coisas, se estavam olhando para o céu, se abraçavam seus pais e avós, se estavam de fato presentes com seus filhos? Ou se viviam apenas para o trabalho, para seus celulares, redes sociais, computadores?

O Aforismo III fala de tempo e apego, das ilusões que a humanidade elege, que lhes rouba a única realidade. Fala também que tudo se transforma, tudo. Esse me fez lembrar um texto do Chico Xavier intitulado “Tudo passa”.

Capa do EP "Ciberpajé - Marionetes Hipercompetitivas" - OUÇA-O AQUI!

Os aforismos estão simbioticamente conectados, magistralmente mixados por Toniolli e Baiestorf, trazendo uma atmosfera dinâmica, ora sombria e em certos momentos, leve. A mensagem do EP é um lembrete para cada um de nós: ESQUECER OS APEGOS, A FALSA IDEIA DE CONTROLE, DE EGO, STATUS, PLANOS E VIVER O AGORA.

Cabe comentar o título do EP e a arte da capa. O título do EP já é uma provocação, se a humanidade age como marionetes hipercompetitivas, seria mais importante cada indivíduo focar em deixar de ser marionete e encontrar quem se é, buscando o aprimoramento; do que perder energia e tempo preciosos querendo competir com outras marionetes. 

A capa, por sua vez, traz uma imagem estilizada e colorida de um escorpião. Nesse caso, penso que o escorpião foi “injustiçado” porque o ser humano quando age hipercompetitivamente ele age de forma peçonhenta, porém o escorpião só revida quando se sente atacado. Infelizmente, o ser humano age muitas vezes de forma cruel, e o escorpião de forma selvagem. Mas meu comentário não é uma crítica e sim uma observação. A meu ver, a metáfora atinge perfeitamente seu objetivo e traz um paradoxo visual interessante, pois existe um estereótipo de medo que o escorpião traz, mas com a arte em cores e formas sinuosas, exaltam sua beleza e unicidade.

Se por um lado, a pandemia nos trouxe uma oportunidade de inflexão, na mesma direção, esta obra nos traz questões urgentes para uma transmutação necessária em cada indivíduo. Que a arte, a ciência, a magia e a transcendência estejam sempre conectadas e renovando o espírito humano! Parabéns ao Ciberpajé, ao Toniolli, ao Baiestorf e à Lunare Music pelo presente nesse período de isolamento social. Espero que a obra chegue ao máximo de pessoas e possa contribuir para uma transmutação energética positivamente!
Agradeço o presente, continuem criando!

Fontes:

* IV Sacerdotisa Danielle Barros é artista multimídia e professora Dra. da UFSB, Teixeira de Freitas (BA)



Saiba mais detalhes e ouça o EP "Ciberpajé - Marionetes Hipercompetitivas" clicando no flyer abaixo:



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