quarta-feira, 27 de maio de 2020

[Resenha] Ciberpajé-COVID-666: O planeta seria muito mais feliz com nossa ausência, por Adaor Oliveira


Coisas necessárias devem ser ditas sem medo. O momento é esse: dizer. E podemos fazer isso através de palavras, sons, imagens. E esse EP do Ciberpajé faz exatamente isso, diz tudo através de diferentes linguagens, começando pelo impacto visual da capa.

É tão bom encontrar ecos para aquilo que pensamos, em narrativas tão intensas e fundamentais, em três atos que se unem para nós transmitir algo tão verdadeiro e assustador: ou nos tornamos humanos [demasiadamente humanos] ou seremos aniquilados.

São vários vírus que nascem diariamente em nós: dos preconceitos, do egoísmo, da vaidade, do consumismo, da soberba, da avareza, a arrogância. E as vacinas são tão claras, elas vêm da educação, da arte, da leitura, do conhecimento.

E vemos os zumbis saindo das covas, apenas reproduzindo o que os governos genocidas e etnocidas querem, jogando o projeto neoliberal pra cima das nossas cabeças, como se salvar a economia fosse mais importante que salvar vidas.

O álbum também mostra como o planeta seria muito mais feliz com nossa ausência, sem o sofrimento que o ser humano lhe impõe. Seria como tirar a Terra da UTI e devolvê-la à liberdade, pois a humanidade é a principal doença que temos hoje, ela escraviza a natureza, a põe em cativeiro.

Até os ruídos da obra, que aos olhos vulgares poderiam significar nada, têm sua função, trazem o desconforto necessário para que pensemos, para que visualizemos o som dos batimentos cardíacos se esvaindo, pronunciando nosso fim iminente como raça humana.

De fato, ou nos reconectamos, ou o nada nos aguarda.

*Adaor Oliveira é filósofo e educador.

Ouça o EP Ciberpajé - COVID-666, parceria com o Death Cult Devotion, clicando na arte da capa abaixo.



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