segunda-feira, 22 de junho de 2015

Entrevista com o Ciberpajé: Lançamento do álbum "Lúcifer Transgênico", do Posthuman Tantra

(Ciberpajé fotografado por Luiz Fers)
- POSTHUMAN TANTRA -
Álbum conceitual sobre o raiar de uma nova era pós-humana.

O Ciberpajé (Edgar Franco) fala do novo álbum do Posthuman Tantra*, “Lúcifer Transgênico”, em 6 questões formuladas por Daniel Dutra* - editor da revista de cultura dark The Funeral Of Tears, da revista gótica digital Tiefen Der Seele e editor e fundador da Editora Resistência.
O Posthuman Tantra que em suas performances, conta com o grupo formado pelo Ciberpajé Edgar Franco (musicista e performer), I Sacerdotisa Rose Franco (musicista e performer), Luiz Fers (Performer e Figurinista) e Lucas Dal Berto (VJ).

Daniel Dutra: Ciberpajé é sempre uma honra poder entrevistá-lo acerca do Posthuman Tantra e seus lançamentos. Esta entrevista é a respeito de seu novo trabalho intitulado “Lúcifer Transgênico” lançado recentemente pelo selo independente “Terceiro Mundo Chaos Discos”. Conte-nos como foi todo o processo de criação e concepção da obra?

Ciberpajé: O álbum surgiu do convite direto feito pela gravadora brasileira “Terceiro Mundo Chaos Discos”, interessada em um lançamento especial do Posthuman Tantra em tiragem limitada. O que era para ser um EP, durante o processo criativo evoluiu para um álbum completo. A concepção da história que engendra a obra já existia como argumento há algum tempo, a ideia de contrapor-me a um futuro utópico apresentado em alguns de meus álbuns, onde a espécie humana finalmente alcança a transcendência. Nesse caso a narrativa vai na contramão disso e mostra o ser humano criando seu próprio apocalipse, fruto de sua desconexão total da natureza e do Cosmos, da ideia imbecil de que é uma criatura isolada e que tem o direito de explorar e destruir todos os outros viventes em benefício próprio.
Trata-se de uma realidade, e estamos caminhando realmente a passos largos para o abismo. Vivemos em um mundo onde 66 hipermilionários donos de multinacionais detêm mais da metade das riquezas globais e seguem destruindo tudo e cobiçando mais, e o mais pesaroso de tudo é que a grande maioria da população gostaria de estar no lugar deles. É a doença do poder, do ego, do egoísmo, da ostentação. Segundo um dos maiores cientistas e pensadores da nossa era, o biólogo e climatologista James Lovelock, estamos à beira do colapso de nossa espécie, pela devastação e aquecimento global e nos próximos 25 anos, vastas regiões do planeta se desertificarão, tornando-se inabitáveis. Enfim, a história narrada no CD fala de toda essa autodestruição do humano, que inocentemente acredita que levará Gaia consigo, que destruirá o planeta.
Entretanto não vejo dessa forma, creio na recuperação da Terra, e na minha narrativa, Gaia se recompõe, e através de um processo de trangenia cósmica gera uma nova espécie consciente, dessa vez – portadora da luz astral – a espécie luciferiana que ocupará o lugar dos humanos em um planeta renovado e equilibrado, onde ainda existirá a violência natural, mas não mais a crueldade. Esse conceito gerou as 6 letras e a partir delas concebi os climas e atmosferas que queria para cada uma e parti para a composição.
Passei cerca de um mês compondo e estudando o clima certo para cada faixa, e depois gravei tudo em apenas 6 dias, num processo ritualístico. A arte da capa também foi criada de forma ritualística por mim, buscando uma síntese visual da narrativa conceitual da obra.

DD - Lúcifer Transgênico é o primeiro trabalho totalmente escrito em português do Posthuman Tantra, porque você optou por esta escolha?

C- Depois de anos lançando álbuns oficiais por gravadoras da Suíça, França, Inglaterra e Japão, surgiu esse convite de um selo brasileiro. Recebi a oferta com muito entusiasmo, pois no Brasil o espaço para o estilo de música que pratico é muito restrito. Sempre gravei faixas em português com o Posthuman Tantra e esperava o momento certo de criar uma obra totalmente em minha língua mater. Gosto da universalidade do Inglês, mas cantar em minha língua é algo telúrico e visceral.

DD - Como surgiu o convite para ter o álbum “Lúcifer Transgênico” sendo lançado pela gravadora “Terceiro Mundo Chaos Discos”?

C - O amigo Alexandre Casalunga, de Curitiba, mentor do selo, entrou em contato comigo na comunidade do Posthuman Tantra no facebook e falou ser fã da banda. Contou-me de uma nova série que tinha criado para o selo chamada “The Underground Noise Series”, dedicada a lançamentos especiais de bandas experimentais nos estilos noise, industrial e darkwave. Lançamentos em pequenas tiragens, mas realizados com acabamento profissional e todo cuidado e zelo característicos do selo. Fez o convite para lançar um material e aceitei de imediato! Foi algo espontâneo e vindo de alguém que admira minha música.



(Ciberpajé fotografado por Luiz Fers)
DD - Tendo em vista que este CD é um trabalho conceitual, haverá no futuro uma continuação seguindo os mesmo critérios deste?

C - Em certa medida, todos os álbuns lançados pelo Posthuman Tantra são conceituais, trato em cada um deles de um conceito específico de meu universo ficcional e mágicko da “Aurora Pós-humana”. Em todas as letras narro histórias, em alguns álbuns essas histórias compõe uma narrativa bem objetiva, em outros não. “Lúcifer Transgênico” traz uma narrativa concatenada no tempo em que cada uma das faixas mostra um dos episódios da história, desde a aceleração da destruição da natureza, passando pelo fim da espécie humana e chegando ao surgimento da nova espécie pós-humana consciente em Gaia. Já tive a ideia pra uma continuação da saga da espécie luciferiana que surge no álbum, veremos o que o futuro nos reserva.

DD - Uma curiosidade sobre o álbum é que ele possui 6 faixas, cada uma com 6 minutos e 6 versos como letra e foi gravado em 6 dias. Você poderia explicar o motivo do número 6 ser marcante em Lúcifer Transgênico?

C -O famigerado clichê numérico que assusta dogmáticos, o 666 bíblico, foi o ponto de partida para a numerologia do álbum. Eu resgato o número, mas o ressignifico na obra, pois na verdade o 666 no álbum, a besta do apocalipse, é o ser humano, é ele quem cava sua própria cova cósmica como espécie ao ignorar sua conexão com Gaia e tentar destruí-la. Se repararmos bem, na conjuntura atual, nós somos nossa própria besta, o demônio somos nós, somos os arautos de nossa iminente autodestruição! E o Lúcifer do álbum, é a criatura portadora de uma nova visão integral da vida e do Cosmos, a espécie portadora da luz que nos sucederá em um planeta renovado após nossa extinção. O 6 tornou-se o número mágico no processo ritualístico que envolveu a gravação do CD.

(Ciberpajé fotografado por Luiz Fers)
DD - Obrigado pelo tempo cedido nesta entrevista, deixe suas considerações finais.

- Agradeço a entrevista e convido a todos os interessados no Posthuman Tantra e nesse novo lançamento a procurar os canais da banda no youtube, no facebook e também visitarem o blog “A Arte do Ciberpajé Edgar Franco” em: ciberpaje.blogspot.com. Para adquirirem o CD visitem a página do selo em www.terceiromundochaos.com.br. Espero que a mensagem trazida em “Lúcifer Transgênico” não venha a tornar-se realidade. Ainda quero acreditar na redenção de nossa controversa espécie, pois a amo intensamente! Abraço Cósmico do Ciberpajé.


Quer saber mais sobre o lançamento do álbum Lúcifer Transgênico? Clique AQUI e leia o post completo sobre o lançamento!




*Daniel Dutra é natural de Fortaleza/CE, designer gráfico por oficio, editor e pesquisador de fanzines e publicações de imprensa alternativa tendo lançado em dez anos mais de 20 publicações entre revistas e zines. Alguns em destaque: The Funeral Of Tears – Dark Culture Magazine, Tiefen Der Seele – Gothic Magazine, Fanzine Parafraseando – Antologia Poética, Fanzine Recortes dentre outros. É produtor cultural na MostraZine – Mostra de Imprensa Alternativa, fundador e zinetecário no projeto Zineteca Resistência, artista em Digital Collage e Pop Art. Juntamente com Aline Cordeiro também é fundador da Editora Resistência, um selo editorial independente que visa trabalhar com publicações de imprensa alternativa bem como  editores independentes.

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