(Ciberpajé fotografado por Luiz Fers) |
- POSTHUMAN TANTRA -
Álbum
conceitual sobre o raiar de uma nova era pós-humana.
O Ciberpajé (Edgar Franco) fala do novo álbum
do Posthuman Tantra*, “Lúcifer Transgênico”, em 6 questões formuladas por Daniel
Dutra* - editor da revista de cultura dark The Funeral Of Tears, da revista gótica digital Tiefen Der Seele e editor e fundador da Editora Resistência.
O Posthuman Tantra que em suas performances, conta com o grupo formado pelo Ciberpajé Edgar Franco (musicista e performer), I Sacerdotisa Rose Franco (musicista e performer), Luiz Fers (Performer e Figurinista) e Lucas Dal Berto (VJ).
O Posthuman Tantra que em suas performances, conta com o grupo formado pelo Ciberpajé Edgar Franco (musicista e performer), I Sacerdotisa Rose Franco (musicista e performer), Luiz Fers (Performer e Figurinista) e Lucas Dal Berto (VJ).
Daniel Dutra: Ciberpajé é sempre uma honra poder entrevistá-lo acerca do
Posthuman Tantra e seus lançamentos. Esta entrevista é a respeito de seu novo
trabalho intitulado “Lúcifer Transgênico” lançado recentemente pelo selo
independente “Terceiro Mundo Chaos Discos”. Conte-nos como foi todo o processo
de criação e concepção da obra?
Ciberpajé: O álbum surgiu do convite direto
feito pela gravadora brasileira “Terceiro Mundo Chaos Discos”, interessada em
um lançamento especial do Posthuman Tantra em tiragem limitada. O que era para
ser um EP, durante o processo criativo evoluiu para um álbum completo. A
concepção da história que engendra a obra já existia como argumento há algum
tempo, a ideia de contrapor-me a um futuro utópico apresentado em alguns de
meus álbuns, onde a espécie humana finalmente alcança a transcendência. Nesse
caso a narrativa vai na contramão disso e mostra o ser humano criando seu
próprio apocalipse, fruto de sua desconexão total da natureza e do Cosmos, da
ideia imbecil de que é uma criatura isolada e que tem o direito de explorar e
destruir todos os outros viventes em benefício próprio.
Trata-se de uma realidade, e estamos caminhando
realmente a passos largos para o abismo. Vivemos em um mundo onde 66
hipermilionários donos de multinacionais detêm mais da metade das riquezas
globais e seguem destruindo tudo e cobiçando mais, e o mais pesaroso de tudo é
que a grande maioria da população gostaria de estar no lugar deles. É a doença
do poder, do ego, do egoísmo, da ostentação. Segundo um dos maiores cientistas
e pensadores da nossa era, o biólogo e climatologista James Lovelock, estamos à
beira do colapso de nossa espécie, pela devastação e aquecimento global e nos
próximos 25 anos, vastas regiões do planeta se desertificarão, tornando-se
inabitáveis. Enfim, a história narrada no CD fala de toda essa autodestruição
do humano, que inocentemente acredita que levará Gaia consigo, que destruirá o
planeta.
Entretanto não vejo dessa forma, creio na
recuperação da Terra, e na minha narrativa, Gaia se recompõe, e através de um
processo de trangenia cósmica gera uma nova espécie consciente, dessa vez –
portadora da luz astral – a espécie luciferiana que ocupará o lugar dos humanos
em um planeta renovado e equilibrado, onde ainda existirá a violência natural,
mas não mais a crueldade. Esse conceito gerou as 6 letras e a partir delas
concebi os climas e atmosferas que queria para cada uma e parti para a
composição.
Passei cerca de um mês compondo e estudando o
clima certo para cada faixa, e depois gravei tudo em apenas 6 dias, num
processo ritualístico. A arte da capa também foi criada de forma ritualística
por mim, buscando uma síntese visual da narrativa conceitual da obra.
DD - Lúcifer Transgênico é o primeiro trabalho totalmente escrito em português
do Posthuman Tantra, porque você optou por esta escolha?
C- Depois de anos lançando álbuns oficiais por
gravadoras da Suíça, França, Inglaterra e Japão, surgiu esse convite de um selo
brasileiro. Recebi a oferta com muito entusiasmo, pois no Brasil o espaço para
o estilo de música que pratico é muito restrito. Sempre gravei faixas em
português com o Posthuman Tantra e esperava o momento certo de criar uma obra
totalmente em minha língua mater. Gosto da universalidade do Inglês, mas cantar
em minha língua é algo telúrico e visceral.
DD - Como surgiu o convite para ter o álbum “Lúcifer Transgênico” sendo
lançado pela gravadora “Terceiro Mundo Chaos Discos”?
C - O amigo Alexandre Casalunga, de Curitiba,
mentor do selo, entrou em contato comigo na comunidade do Posthuman Tantra no
facebook e falou ser fã da banda. Contou-me de uma nova série que tinha criado
para o selo chamada “The Underground Noise Series”, dedicada a lançamentos
especiais de bandas experimentais nos estilos noise, industrial e darkwave.
Lançamentos em pequenas tiragens, mas realizados com acabamento profissional e
todo cuidado e zelo característicos do selo. Fez o convite para lançar um
material e aceitei de imediato! Foi algo espontâneo e vindo de alguém que
admira minha música.
(Ciberpajé fotografado por Luiz Fers) |
C - Em certa medida, todos os álbuns lançados pelo
Posthuman Tantra são conceituais, trato em cada um deles de um conceito
específico de meu universo ficcional e mágicko da “Aurora Pós-humana”. Em todas
as letras narro histórias, em alguns álbuns essas histórias compõe uma
narrativa bem objetiva, em outros não. “Lúcifer Transgênico” traz uma narrativa
concatenada no tempo em que cada uma das faixas mostra um dos episódios da
história, desde a aceleração da destruição da natureza, passando pelo fim da
espécie humana e chegando ao surgimento da nova espécie pós-humana consciente em Gaia. Já tive a ideia pra
uma continuação da saga da espécie luciferiana que surge no álbum, veremos o
que o futuro nos reserva.
DD - Uma curiosidade sobre o álbum é que ele possui 6 faixas, cada uma com 6
minutos e 6 versos como letra e foi gravado em 6 dias. Você poderia explicar o
motivo do número 6 ser marcante em Lúcifer Transgênico?
C -O famigerado clichê numérico que assusta
dogmáticos, o 666 bíblico, foi o ponto de partida para a numerologia do álbum.
Eu resgato o número, mas o ressignifico na obra, pois na verdade o 666 no
álbum, a besta do apocalipse, é o ser humano, é ele quem cava sua própria cova
cósmica como espécie ao ignorar sua conexão com Gaia e tentar destruí-la. Se
repararmos bem, na conjuntura atual, nós somos nossa própria besta, o demônio
somos nós, somos os arautos de nossa iminente autodestruição! E o Lúcifer do
álbum, é a criatura portadora de uma nova visão integral da vida e do Cosmos, a
espécie portadora da luz que nos sucederá em um planeta renovado após nossa
extinção. O 6 tornou-se o número mágico no processo ritualístico que envolveu a
gravação do CD.
(Ciberpajé fotografado por Luiz Fers) |
DD - Obrigado pelo tempo cedido nesta entrevista, deixe suas considerações finais.
Quer saber mais sobre o lançamento do álbum Lúcifer Transgênico? Clique AQUI e leia o post completo sobre o lançamento!
*Daniel Dutra é natural de Fortaleza/CE, designer gráfico por oficio, editor e pesquisador de fanzines e publicações de imprensa alternativa tendo lançado em dez anos mais de 20 publicações entre revistas e zines. Alguns em destaque: The Funeral Of Tears – Dark Culture Magazine, Tiefen Der Seele – Gothic Magazine, Fanzine Parafraseando – Antologia Poética, Fanzine Recortes dentre outros. É produtor cultural na MostraZine – Mostra de Imprensa Alternativa, fundador e zinetecário no projeto Zineteca Resistência, artista em Digital Collage e Pop Art. Juntamente com Aline Cordeiro também é fundador da Editora Resistência, um selo editorial independente que visa trabalhar com publicações de imprensa alternativa bem como editores independentes.
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