segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

[Lançamento] Dossiê dedicado ao Ciberpajé é publicado na revista acadêmica "Cadernos Zygmunt Bauman" (UFMA)


Capa do Dossiê. Ciberpajé fotografado por Daniel Rizoto (2017). Ensaio "Posthuman Light", por Ciberpajé, Daniel Rizoto & Anésio Neto

Está online a nova edição da Revista acadêmica Cadernos Zygmunt Bauman (UFMA), esse Vol.7 N.15 é totalmente dedicado ao "DOSSIÊ CIBERPAJÉ; arte, vida e transmídia", que reuniu dez pesquisadores de oito universidades brasileiras e uma estrangeira com artigos inéditos tratando de múltiplos aspectos das criações artísticas do Ciberpajé (Edgar Franco) e de sua atuação como artista-pesquisador. O dossiê, de mais de 200 páginas, é um testemunho do caráter interdisciplinar da obra do Ciberpajé, compreendendo artigos redigidos por pesquisadores doutores e doutorandos das áreas de história, comunicação, educação, design digital, educação & saúde, música, artes e filosofia. A concepção e ideia de publicação do dossiê partiu do convite do Professor Dr. Wellington Lima Amorim (UFMA), um dos editores da Cadernos Zygmunt Bauman, ele convidou o próprio Ciberpajé para auxiliá-lo na seleção de convidados para a redação dos artigos presentes na revista e também escrever o editorial-apresentação do dossiê.

Incluímos nesse post a apresentação completa do dossiê com links nas imagens para cada um dos artigos publicados e para o posfácio escrito pelo Dr. Wellington Lima Amorim. O Ciberpajé agradece imensamente a incrível oportunidade aberta pela revista Cadernos Zygmunt Bauman e também a cada um dos pesquisadores que aceitaram a convocação, desenvolvendo artigos instigantes e densos. GRATIDÃO, VOCÊS SÃO INCRÍVEIS!

Recebi com muita surpresa e entusiasmo o convite do editor da “Cadernos Zygmunt Bauman”, professor Dr. Wellington Lima Amorim, para a organização de um dossiê enfocando minha atuação como artista transmídia. A princípio perguntei-lhe se achava que eu, ainda um artista que nem cheguei aos 50 anos de vida, mereceria tal homenagem, um dossiê completo em uma notória revista acadêmica só com artigos analisando múltiplos aspectos de minha atuação como artista e pesquisador. Wellington respondeu com um enfático “sim” e salientou a repercussão de minhas obras e pesquisas. Aceitei o desafio incentivado pelo aprendizado que imaginei – acertadamente – que tal experiência me traria. Nessa apresentação quando uso a primeira pessoa do singular sou eu falando (Edgar Franco); e quando usamos a primeira pessoa do plural, somos nós falando (Edgar Franco & Wellington Lima Amorim).

Ao vislumbrar o futuro dossiê lembrei-me de como os dois livros escritos por pesquisadores de áreas distintas da minha – sou das artes - ajudaram-me a compreender mais profundamente aspectos inusitados de minhas criações e ideário, sendo eles o livro “Os Quadrinhos Poético-filosóficos de Edgar Franco” (Editora Marca de Fantasia, 2012), escrito pelo saudoso educador professor Dr. Elydio dos Santos Neto (UFPB), e “Edgar Franco e suas Criaturas no Banquete de Platão” (Editora Marca de Fantasia, 2012), obra da comunicóloga professora Dra. Nadja Carvalho (UFPB).

Esses dois volumes foram para mim como territórios mágicos e maravilhosos, onde aprendi muito sobre mim e minha arte a partir da visão sensível de seus autores. Além dos dois livros, ao longo dos anos já tive artigos de pesquisadores das áreas de sociologia, antropologia, história, filosofia, biologia, educação, e artes dedicados a analisar minhas obras publicados em periódicos e anais de eventos em todo o Brasil, denotando o interesse inter & transdisciplinar despertado por minhas criações que recentemente tiveram uma repercussão importante no exterior, pois foi lançado na Inglaterra o livro Posthumanismand the Graphic Novel in Latin America. A obra é de autoria de pesquisadores PhDs das Universidades de Bristol & Cambridge, dois dos maiores centros de pesquisa do mundo, e analisa o fenômeno pós-humano em quadrinhos criados no Brasil, Argentina, Chile, Uruguai e México. Os autores Edward King e Joanna Page dedicaram um dos capítulos do livro às minhas obras, focando na análise de produções artísticas transmídia do meu universo ficcional da "Aurora Pós-humana", dando especial destaque para o álbum em quadrinhos BioCyberDrama Saga - parceria minha com o renomado quadrinhista Mozart Couto, com duas edições lançadas pela Editora UFG -, e também para as criações em música eletrônica e as performances cíbridas do Posthuman Tantra, mas trataram brevemente de outras obras como as HQtrônicas e a revista Artlectos e Pós-humanos (Editora Marca de Fantasia). O capítulo que analisa as minhas obras, o sétimo, foi intitulado Intermediality and Graphic Novel as a Performance. Os pesquisadores avaliam com propriedade e densidade a concepção de pós-humanismo na poética e ideário do Ciberpajé, detalhando aspectos das paisagens visuais e sonoras de minhas obras, e destacam a FC ciberxamânica proposta por mim como algo originalmente latino-americano, fazendo um paralelo com o movimento da FC africana e estadunidense conhecido como Afrofuturismo. Os autores do livro pediram inclusive permissão a mim e Couto para utilizarem na capa da obra uma das artes do álbum em quadrinhos BioCyberDrama Saga.

A "Cadernos Zygmunt Bauman" é um periódico interdisciplinar publicado pela Universidade Federal do Maranhão, e já tive a oportunidade de ser o capista da revista em várias ocasiões, sempre respondendo ao convite entusiasmado do editor Dr. Wellington Lima Amorim, também o mentor da ideia de realizar esse dossiê enfocando a minha obra como artista transmídia, e foi ele quem sugeriu que eu o ajudasse a selecionar os convidados para escreverem os artigos tendo em conta pessoas de múltiplas áreas do conhecimento promovendo a interdisciplinaridade no dossiê e trazendo uma multiplicidade de visões sobre minhas obras e ideário pelos autores. Assim, a concepção geral do dossiê foi a de que cada pesquisador desse o enfoque que desejasse e tratasse sobre qualquer aspecto e/ou obras de minha produção artística transmídia, e/ou da relação de minhas criações com meu ideário e transmutação em Ciberpajé.

Os convites foram enviados a artistas-pesquisadores e pesquisadores que possuem alguma conexão com a minha obra, alguns por já terem escrito sobre ela, outros por terem sido parceiros em criações artísticas, ou também terem sido meus orientandos e alunos. Conseguimos estabelecer uma boa diversidade de áreas de pesquisa contempladas compreendendo artigos redigidos por pesquisadores doutores e doutorandos das áreas de história, comunicação, educação, design digital, educação & saúde, música, artes e filosofia. Receber os artigos e lê-los foi uma tarefa incrível e mais uma vez aprendi muito sobre mim mesmo e minhas criações a partir das visões profundas, inusitadas e ricas de cada um dos autores. Devido à riqueza e multiplicidade temática da proposta, organizamos o dossiê a partir da ordem de chegada dos artigos.


O dossiê abre com o artigo “Entrecruzamentos de arte e pesquisa na obra de Edgar Franco”, de autoria de Clayton Policarpo, doutorando e mestre em Tecnologias da Inteligência e Design Digital, PUC-SP, onde é orientando da notória pesquisadora Lucia Santaella. Integrante dos grupos de pesquisa TransObjetO (PUC-SP) e Realidades (ECA-USP), Clayton foi aluno do Ciberpajé quando cursava graduação em arquitetura na PUC-Poços de Caldas e desde então acompanha a obra de Edgar Franco. Seu artigo trata das confluências e distanciamentos entre prática artística e pesquisa científica, prepondo confrontações teóricas acerca dos conceitos, aparentemente díspares, de arte-ciência e artista-pesquisador, identificando traços de reconciliação de tais práticas na obra do Ciberpajé Edgar Franco.


Na sequência temos o artigo da autoria da artista multimídia e doutora em educação e saúde pela FIOCRUZ/RJ, Danielle Barros, a IV Sacerdotisa da Aurora Pós-humana, pesquisadora da obra do Ciberpajé que tem realizado parcerias artísticas e de pesquisa com Edgar Franco desde 2012, recebendo o título de IV Sacerdotisa por ser uma das artistas mais afinadas com o ideário de Franco. Danielle é integrante do grupo de pesquisa Cria_Ciber (FAV/UFG), coordenado pelo Ciberpajé, e entre outras criações desenvolveu com Franco o conceito de HQforismo. Seu artigo, “O Ciberpajé, o Posthuman Tantra, e a IV Sacerdotisa: Performance como Ato Poético e Ritual Mítico de Transmutação”, analisa duas performances do Posthuman Tantra – banda criada pelo artista transmídia Edgar Franco - como expressão performática da Aurora Pós-Humana, e identifica ainda, como a figura do Ciberpajé, - o Edgar Franco transmutado - a partir da incorporação de seu “ritual mítico”, transpõe a performance para a vida como um “ato poético” de magia que forja sua realidade, tendo como um de seus desdobramentos, a ação performática da IV Sacerdotisa Danielle Barros, persona incorporada pela autora do artigo sob influência do Ciberpajé.


“A Iconoclastia Tecnológica de Edgar Franco na Arte Mídia”, é o artigo do artista multimídia, pesquisador e professor Pós-doutor Fábio Oliveira Nunes, que atualmente, é pesquisador do grupo de pesquisa cAt: ciência/ARTE/tecnologia do Instituto de Artes da UNESP. Fábio FON foi parceiro criativo do Ciberpajé em obras de artemídia e seu artigo tece reflexões sobre três obras de Franco: La Vero (2016), Immobile art (2009) e Freakpedia (2007, com Fabio FON); explorando o domínio essencialmente conceitual dessas criações e sua capacidade de gerar uma tomada reflexiva do público, instigando a pensarmos para além de modelos tecnológicos hegemônicos.


O renomado quadrinhista, professor da UEMG e doutor em artes pela ECA/USP, Gazy Andraus, um dos pioneiros brasileiros do gênero poético-filosófico dos quadrinhos, e parceiro criativo do Ciberpajé há mais de 20 anos é o autor do quarto artigo do dossiê, “Ciberpajé, um Irmão Siamês das Artes Poéticas!”, que trata de seu primeiro encontro sincrônico-coincidente com a história em quadrinhos (HQ) poética de Edgar Franco num fanzine, e a progressão de Franco para além das artes bidimensionais dos desenhos, indo além das HQs poéticas e HQtrônicas, culminando nos HQforismos, e incidindo na arte dos experimentos sonoros e visuais, que se estendeu ao seu projeto Posthuman Tantra e na sua ampliação como Ciberpajé, em franco processo de ascensão.


Na sequência temos o artigo escrito pelo artista visionário, pesquisador e professor Dr. José Eliézer Mikosz, que atualmente cursa pós-doutoramento pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa. Doutor Interdisciplinar em Ciências Humanas pelo PPDICH da UFSC, pesquisador em Arte e Estados Não Ordinários de Consciência, e professor associado da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), Campus de Curitiba, na Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP). Mikosz já realizou parcerias artísticas com o Ciberpajé e seu artigo, “Edgar Franco, o Ciberpajé – Encontros e Sincronicidades”, relata seus encontros de vida e criação com o Ciberpajé, e seus trânsitos espontâneos e criativos em áreas como desenho, arte e tecnologia, música, pesquisa acadêmica, e como incentivador das artes.


O musicista, professor e doutorando em Artes e Educação pela Universidade de Barcelona, Leonardo Luigi Perotto, assina o artigo, “Música, Performance e Ativismo: Leitura Crítica da Poética Musical do Ciberpajé (E.Franco) e seu Continuum Performativo”. O Ciberpajé é um dos artistas que serve de objeto de pesquisa de Leonardo em seu doutorado, e o seu artigo aborda a poética musical do artista Ciberpajéa partir de três eixos principais: a música, suas performances artísticas e cotidianas assim como a conjunção de sua produção vista como uma forma de reivindicação política e ativista.


O sétimo artigo é de autoria do quadrinhista e doutorando em Arte e Cultura Visual (FAV/UFG), Matheus Moura. Intitula-se “Ayahuasca e Respiração Holotrópica como Processos Criativos: Cenário de Investigação”, trata do contexto de sua pesquisa de doutorado realizada por ele sob orientação e participação de Franco, investigação que envolve Estados Não Ordinários de Consciência – ENOC, por meio da ingestão de Ayahuasca e da técnica terapêutica chamada Respiração Holotrópica, para a criação de histórias em quadrinhos, e considera a respeito da importância e pioneirismo da investigação desenvolvida por eles no contexto da UFG e do Brasil.


“Acordei com Vampyroteuthis Infernalis: Refletido nas Criaturas de Edgar Franco”, é o inusitado título do oitavo artigo do dossiê, de autoria da doutora em comunicação e semiótica pela PUC-SP Nadja Carvalho, também professora no curso Comunicação em Mídias Digitais (DEMID/UFPB) e mestrado em Comunicação e Culturas Midiáticas (PPGC/UFPB). Nadja é pesquisadora da obra do Ciberpajé e autora do já citado livro “Edgar Franco e suas Criaturas no Banquete de Platão” (Marca de Fantasia, 2012). Em seu artigo ela propõe aproximações entre a fábula filosófica Vampyroteuthis infernalis (1987), de Vilém Flusser, e os desenhos poéticos e filosóficos em Aurora biocibertecnológica (2004), de Edgar Franco, fazendo convergir reflexões acerca da existência humana, e valorizando um único ator e seu sósia: o humano e o não humano (ou pós-humano), extraídos de esquadros avulsos formulados pelos dois autores, em suas fábulas e monstros, tudo isso sem descolar filigranas de sentidos ou sem-sentidos da vida humana.


O nono artigo do dossiê é “Performance em redes sociais: uma análise do Facebook do Ciberpajé Edgar Franco”, de autoria do professor Pós-doutor Ademir Luiz da Silva (UEG), artista e docente do programa de pós-graduação interdisciplinar Territórios e Expressões Culturais no Cerrado (TECCER – UEG). Ademir realizou pós-doutorado em Poéticas Visuais e Processos de Criação no PPG Arte e Cultura Visual pela FAV/UFG, sob supervisão de Edgar Franco. O artigo aprofunda-se no perfil da rede social do Ciberpajé, apresentando o Facebook de Edgar Franco como “uma inesgotável cornucópia de críticas sociais e artísticas de caráter iconoclasta; além de abrigar as mais diferentes formas de atuações artísticas, que podem ir do desenho à mão livre ao canto, do texto escrito à foto artística.”


Fechando o dossiê temos o posfácio do filósofo, pesquisador e professor Dr. Wellington Lima Amorim (UFMA), editor da “Cadernos Zygmunt Bauman”. Seu posfácio, “O que Deseja Edgar Franco?”, usa de um dos artíficios criativos do Ciberpajé, os aforismos, para refletir sobre o ideário e filosofia de Edgar Franco em suas criações artísticas, destacando a selvageria, e as dicotomias entre sagrado e profano, humano e animal, natural e artificial, pungentes nas obras do Ciberpajé.

Por fim cabe-nos falar da foto artística escolhida como arte de capa para o dossiê, a imagem foi capturada pela lente do artista e mestrando em artes visuais pela UFU, Daniel Rizoto, durante o ensaio fotográfico “Posthuman Light”, que teve como locações a cidade natal do Ciberpajé, Ituiutaba, no estado de Minas Gerais. O ensaio teve na direção de arte o Ciberpajé Edgar Franco, e os artistas Daniel Rizoto e Anésio Neto (doutorando em artes pela UnB), e contou com apoio logístico de Ademar Vilarinho (mestrando pela FEA RP/USP). A série de fotos – com o Franco como protagonista - busca representar as multiplicidades da persona Ciberpajé. A imagem selecionada é uma das mais emblemáticas produzidas na ocasião.


Nossa gratidão a todos que se dispuseram a escrever para o dossiê, criando um rico e instigante registro das singularidades da obra do Ciberpajé. Um abraço pós-humanista!
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