Que doideira esse EP (ouça-o aqui)! Muito foda! Capa sensacional! Título certeiro! Aforismos e sonoridades que batem na cara e nos ouvidos das hipocrisias de nossos tempos dessintonizados com o que somos. Imersos em uma podridão que só cresce e se dissemina. Uma barulheira frita, nervosa e ruidosa alucinada que caracteriza e ambienta muito bem o colapso dessa necrocultura.
Na primeira faixa me senti em uma sala de telemarketing ou escritório com barulhos diversos, pausados e constantes. Uma espécie de labirinto hiperinformacional infernal ou uma câmara de tortura desses tempos líquidos (quase gasosos). Imersos em espaços aniquiladores de sonhos e padronizadores de subjetividades. Representa bem a escravidão do Deus-Dinheiro sobre a vida. Um alerta ao rebanho que segue cego promessas de poder e apagam suas próprias estrelas diante de ilusões do mercado.
A segunda faixa achei doideira total! Representação intensa e caótica da angústia que nos cerca! Expurgo doentio de fúria em meio à destruição! Afundados no esgoto sombrio de uma sociedade que aniquila e rói tudo aquilo que tenta emitir luz. Como se estivéssemos nos afogando em chorume e ainda sendo puxados ao fundo pelo pé.
A terceira faixa surge como uma sentença. A consequência da servidão cega ao sistema, ao consumo irrefletido. Presos em uma máquina torpe que mói os ossos e rasga a carne de qualquer um que tente se opor à égide da busca desenfreada pelo poder e por grana ilimitada. Por mais que tente gritar por socorro, não consegue. Já era! Sufocados e picotados, se tornando combustível para esse mecanismo nefasto. Muito massa a proposta! Parabéns aos envolvidos! Noise pedrada!
*Fredé CF é artista transmídia e doutorando no PPGACV da FAV/UFG, em Goiânia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário