domingo, 16 de março de 2025

[Resenha Musical] "Ciberpajé - Conversas de Belzebu com seu pai morto II": 5 atos musicais que enfatizam a mãe natureza de forma poética e tratam das complexidades do ser, por Raquel Alves de Freitas Nunes



A arte que encanta, que cura, que TOCA...

O EP musical "Conversas de Belzebu com seu pai morto II", ouça-o aqui, é mais um perfeito lançamento do projeto musical Ciberpajé com participação mais do que especial do musicista e produtor musical amapaense Alan Flexa. Já ouviram falar que em time que está ganhando não se mexe? Então! A parceria musical aqui, que já é campeã, marcou mais um golaço nos apresentando um fantástico EP que é uma adaptação do segundo capítulo da HQ homônima, lançado pela Revista Atomic Magazine, em 2021, Ciberpajé e Alan Flexa já haviam criado um EP baseado no primeiro capítulo da história em quadrinhos, ouça-o aqui

Esse segundo EP é uma verdadeira premiação sonora, desencadeada por uma viagem musical geracional, ancestral e ficcional entoada pela versatilidade melódica de estilos musicais, dentre eles o experimentalismo, o heavy metal e o dark ambient, distribuídos em 5 atos que enfatizam a mãe natureza de forma poética e filosófica, assim como a profundidade existencialista do ser e suas complexidades.

Você quer saber quais foram as conversas de Belzebu com seu pai morto nesse álbum? Eu também quero! Sendo assim, faremos então 15 minutos de silêncio para contemplar esse diálogo parental. Apitou, começou!

ATO I – A Invenção de Deus: A faixa que abre o álbum traz elementos de sons ambientes que se fundem com a voz tonitruante e estrondosa de Ciberpajé, o seu personagem Belzebu parece reverenciar a soberania e petulância da humanidade como a verdadeira geradora do Cosmos. A humanidade como entidade suprema do universo. Licença poética. Soberania universal. A criação divina humana em meio a rispidez de sua formação incompativelmente harmônica. Transcendental. Uma maravilhosa poesia musical!

ATO II – O Mal é Tudo que Não é Espelho: A voz cavernosa dá ritmo à segunda faixa deste projeto. A antítese dual que não reflete o ser e navega nas ondas de uma maravilhosa sonoridade experimental. Divisão étnica, religiosa, social e histórica. Maniqueísmo musical? Um monólogo que vai de encontro com uma inversão conceitual desigual. Uau!!!

ATO III – O Alimento da Serpente: A faixa 3 é um grito de protesto contra não aceitação do diverso. A Mãe Terra e sua imponência universal. Uma instigante crítica às hipocrisias e idealizações sociais.

ATO IV – O Pretenso Dono de Todas as Coisas: A faixa 4 apresenta uma polivalência sonora exuberante. O uivo do Cão Breu aparece por aqui e expõe o extrativismo ganancioso que separa o ser humano da sua conexão com a natureza. Logo em seguida, o uivo do Cão Breu se transmuta para o Heavy Metal que anuncia juntamente com o psicodélico a vaidade contemplativa da soberba egóica de alguns filhos de Gaia. Por essa belíssima diversidade sonora, a faixa 4 é a minha preferida do álbum.

ATO V – O Primogênito do Caos: A primogenitura como uma possível pauta de um monólogo que se desenvolve entre guitarras distorcidas do black e do heavy metal que ressoam com o universo dissonante. Comunicações geracionais. Ascendente e descendente. Criador e criatura. Genitura e primogenitura fecham com chave de ouro este magnífico trabalho, que dignifica ainda mais a primeira parte dessa opereta, estabelecendo um desabafo surpreendente e ao mesmo tempo estarrecedor. 

O ser humano em sua mais profunda essência vital. 
Pura e intensa magia musical.

*Raquel Alves de Freitas Nunes é ativista cultural e jornalista em Goiânia.



sexta-feira, 14 de março de 2025

[Lançamento] Ciberpajé - "Conversas de Belzebu com seu pai morto II", novo EP musical é opereta baseada em HQ e traz parceria com Alan Flexa


"Conversas de Belzebu com seu pai morto II: monólogo com a humanidade e seu deus morto" é o novo EP do Projeto Musical Ciberpajé, ouça-o nesse link. O EP traz mais uma grande parceria com o premiado musicista e produtor musical amapaense Alan Flexa em 5 faixas apresentadas como atos: Ato I – A Invenção de Deus, Ato II – O Mal é Tudo que não é Espelho, Ato III – O Alimento da Serpente, Ato IV – O Pretenso Dono de Todas as Coisas e Ato V – O Primogênito do Caos.

O EP é inspirado no segundo capítulo da história em quadrinhos homônima, publicado no segundo número da revista Atomic Magazine (Editora Atomic). O primeiro capítulo da HQ foi também base para a criação do EP "Conversas de Belzebu com seu pai morto", criado em parceria com Alan Flexa. A ideia dos criadores é realizar um EP para cada capítulo da história em quadrinhos, criando uma ópera musical baseada na narrativa visual. Dessa vez a interpretação vocal do Ciberpajé ganhou uma atmosfera sonora gerada a partir de suas ideias produzida pelo multiinstrumentista Alan Flexa e inspirada em sonoridades que partem do new age e rock progressivo, passam pelo rock e heavy metal e flertam com o doom e o black metal ao final, criando assim um caldo expressivo sonoro que dialoga com a crueza filosófica do texto dos cinco atos apresentados como uma opereta no EP. A arte de capa e todas as artes do encarte dessa vez foram criadas pelo Ciberpajé usando grafite 6B sobre papel e propõem um diálogo poético com a sonoridade da opereta. Uma arte colorida alternativa foi criada também para a capa e pode ser baixada no arquivo completo do EP no Bandcamp Ciberpajé. Confira o encarte com as letras dos cinco atos na sequência.






"Conversas de Belzebu com seu pai morto" surgiu inicialmente do desejo de inserir de forma simbólica e iconográfica o arcano XV do Tarô, o diabo, no contexto do universo ficcional transmídia da “Aurora Pós-Humana”. Na narrativa, após o fim da espécie humana, essa criatura nasce de forma metafórica e onírica no crepúsculo pós-humano, em um planeta Terra desolado. A história coloca-o em diálogo – na verdade um monólogo – com seu pai morto, metáfora da humanidade. Mas a motivação mais profunda para a criação da série foi a perda trágica sofrida pelo Ciberpajé de seu maior interlocutor filosófico e amigo, seu amado pai Dimas Franco, uma das vítimas da Covid-19. Durante décadas eles discutiram assuntos metafísicos e reflexões sobre a espécie humana, Gaia e seus destinos. Com o seu desaparecimento, ao desejar conversar sobre esses temas, o Ciberpajé experiencia profunda vacuidade, e rememora que a percepção que seu pai tinha sobre nossa espécie ia de uma admiração quase incondicional por nossa capacidade de amarmos e sentirmos compaixão, a um temor de aonde nosso egoísmo poderia levar-nos. A série será composta por 6 HQs de 11 páginas cada uma, somando 66 páginas, e sua criação utiliza princípios mágicos de transmutação e inspiração enteogênica. Conheças o capítulo 1, 2 e 3 da HQ "Conversas de Belzebu com seu pai morto", adquirindo os 3 primeiros números da revista Atomic Magazine neste link. A revista tem formato 20x28cm, capa colorida Triplex 300g, 84 páginas, Couché fosco 115g e lombada quadrada. 

A primeira parte da HQ e o primeiro EP musical gerado a partir dela por Ciberpajé e Alan Flexa foram inclusive analisados em um capítulo de livro acadêmico intitulado "Possibilidades Transmidiáticas na Obra do Ciberpajé" (pag.194-212) lançado em 2024. O artigo, de autoria do Dr. Rafael Senra (UNIFAP), foi publicado no e-book "Interfaces Midiáticas e Quadrinhos" que explora com sagacidade a produção das duas obras e sua contextualização transmidiática no universo ficcional da Aurora Pós-Humana. O e-book pode ser baixado gratuitamente nesse link.

Ouça o primeiro EP da série "Conversas de Belzebu com seu pai morto" nesse link.


Ouça também os outros 48 álbuns musicais do Projeto Ciberpajé neste link!