Como de costume, o Ciberpajé realizou seus "rituais de presença" desenhando nos exemplares de Enteogênicos adquiridos no lançamento em Goiânia, na loja Mandrake Comic Shop. Um deles em especial foi para o grande amigo e artista multimídia Amante da Heresia (Léo Pimentel) que veio de Brasília com sua namorada, Glacy Andrade, para prestigiarem o lançamento, realizado em parceria com Gazy Andraus, que lançou seu álbum "Homo eternus II".
Amante da Heresia filmou todo o "Ritual de Presença" em seu exemplar, e depois em uma edição sagaz criou um vídeo apresentando o ritual em diversas fases sobrepostas, liquefazendo a noção de temporalidade que é justamente quebrada no conceito de "Ritual de Presença" criado pelo Ciberpajé. Confira na sequência alguns frames e o vídeo completo.
Veja o vídeo abaixo ou diretamente no youtube.
Em seu novo livro "Conversas com o Ciberpajé " (BAIXE O E-BOOK AQUI) escrito em parceria com a IV Sacerdotisa, Dra. Danielle Barros (UFSB), ele esclarece o que é um "Ritual de Presença":
"Vivemos em uma época estranha, a espécie humana está cada vez
mais desconectada de seu agora, as pessoas vivem com o fantasma
do passado e as ansiedades insanas de um futuro, as redes sociais e
a pseudo-existência virtual amplificaram isso. Então, por mais paradoxal que pareça, incrivelmente essa é a era da desconexão! Todos
estão “conectados” às redes e desconectados de si mesmos. Seguem
cultivando identidades ficcionais criadas nesses espaços virtuais,
frações idealizadas de seus egos esmagados pelo culto do desempenho perfeito, tentando inventar uma satisfação ilusória com seus
corpos, suas vidas, mesmo deixando claro nas entrelinhas um ódio
implícito de si mesmos. E a população global concentra-se em sua
maioria nas cidades, locais inaptos para a vida, repletos de ruídos
sonoros e visuais, de paisagens feias e artificiais, de poluição, violên- cia, medo, hipercompetitividade, egolatria, e individualismo neodarwinista. O contato com a natureza é mínimo, a desconexão absoluta
de suas essências animais é total. Praticamente ninguém consegue
compreender em seu íntimo ser parte da natureza, integrar a complexa e simbiótica teia da vida que gera o glorioso hiperorganismo
Gaia. Esse distanciamento cada vez maior do essencial robotiza e
zumbifica os seres de forma irreversível. Sua pseudo-vida passa a ser
uma busca voraz por obter mais objetos desnecessários, exercendo
o hiperconsumo alimentado pela religião da obsolescência programada. Também são adictos do hiper-entretenimento, uma obsessão
crescente por mais entretenimento vazio que mesmerize suas mentes confusas, fazendo esquecerem-se de suas jornadas de trabalho
opressivas, sem graça, tensas e baseadas na competição e no temor
iminente da perda de seus empregos. O solipsismo de silício das redes ajuda-os a manterem-se produzindo, criando um refúgio ilusório nessas identidades fracionadas que inventam para si mesmos,
afastando-se de todos, ou encontrando alguns nas celebrações insanas e doentias de entretenimento tosco e prazeres vazios: como os
campeonatos de futebol, as igrejas dogmáticas, os shopping centers,
os blockbusters, as raves, os happy hours regados a drogas lícitas.
A ansiedade é o mal do século, ninguém dorme direito pensando
nas tarefas impossíveis do dia que virá, exigindo cada vez mais de
si mesmo, demonstrando total insatisfação com o que se tem, com
quem se é, comparando-se a todo instante com os que o rodeiam,
querendo sempre mais, mais, mais. Zumbis criados pelo monetarismo neoliberal, conduzidos pelas multinacionais em um mundo onde
já não existe nenhum poder na mão dos estados nacionais. A espécie humana está inevitavelmente condenada ao abismo que criou para
si mesma, o fim é iminente, convidando-nos para uma celebração
do nada que nos tornamos. Enquanto isso, nas poucas florestas que
restaram, Lobos selvagens uivam para a Lua. Seu uivo cósmico é
um hino de desolação e esperança, uma elegia para a humanidade,
uma canção de glorificação da nova era de Gaia. O Ciberpajé celebra
com seus irmãos Lobos, o nada absoluto e o tudo que emergirá! Depois desse fundamental preâmbulo, explico que o que eu nomeei de
“ritual de presença” é um processo ritualístico artístico de reconexão absoluta com o momento presente, ele configura-se através do
exercício de desenho livre, sem nenhum objetivo prévio ou desejo,
simplesmente deixando as imagens fluírem livremente para o papel
criando uma profunda conexão com o ato artístico e tornando-se o
próprio desenho enquanto se desenha, o desenhador é o desenho e
o desenho é o desenhador, e assim estando completamente conectado com o instante presente! Realizo esse exercício quase que diariamente. Tenho alguns vídeos no canal do Posthuman Tantra no
Youtube mostrando-me em pleno ritual de presença, muitos deles
em noites de autógrafo nas quais realizo os rituais desenhando nos
exemplares das pessoas." (Páginas 150 e 151 do livro/e-book "Conversas com o Ciberpajé: Vida, arte, magia e transcendência" - baixe o livro gratuitamente nesse link)
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