segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Ciberpajé participa de banca de TCC com o tema "Gravura Visionária" e experiencia incrível sincronicidade enteogênica

Membros da banca e a nova bacharel em artes. Da esquerda para a direita: Profa. Dra. Manoela dos Anjos Afonso Rodrigues (Orientadora - FAV/UFG), Ciberpajé segurando a gravura "Encantada" com a figura da Mãe Cósmica, Franxica - a nova bacharel, Profa. Dra. Adriana Mendonça (FAV/UFG), e Prof. Helder Amorim de Deus (Co-orientador - FAV/UFG).

No dia 27 de novembro de 2019, às 8:00hs, o Ciberpajé (Edgar Franco) integrou banca de defesa de trabalho de conclusão de curso do Bacharelado em Artes Visuais da Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás (FAV/UFG). A candidata foi a discente Fabiana Francisca Santos (Franxica) que desenvolveu uma sagaz pesquisa teórico-prática sob orientação da Profa. Dra. Manoela dos Anjos Afonso Rodrigues. O TCC foi intitulado "Gravura Visionária: Poéticas Artísticas de Entre-mundos" e abarcou investigações sobre o processo criativo da gravura com base nos rituais da escola espiritual do Santo Daime e a conceitualização de "gravura visionária", com aporte de teóricos como Caruana e Mikosz. Além da instigante reflexão teórica o TCC foi composto pelas sensíveis gravuras de Franxica.

Destaco uma impressionante sincronicidade, o fato de a discente abrir o seu TCC com uma de suas xilogravuras intitulada "Encantada" que mostra uma mãe cósmica com múltiplos seios, e na página 61 do documento dizer:

Nas minhas visões interiores a gravura visionária materializa-se como uma mãe de muitos seios, que pari muitos filhos e muitos alimenta, ela convida-me à uma excitante jornada para gravar os primores da Rainha da Floresta, e no coração gravar os ensinamentos do astral superior (Fabiana Francisca Santos).

Gravura visionária de Franxica com a "Mãe de muitos seios", na página 11 do TCC - primeira figura a aparecer no texto


A  sincronicidade é o fato de que mesmo desconhecendo meu relato de 2014 em entrevista à IV Sacerdotisa Danielle Barros sobre uma de minhas experiências visionárias com o cogumelo Psilocybe cubensis, no qual falo da visão de uma mãe cósmica com múltiplos seios - que desenhei durante a "viagem psiconáutica", Francisca teve uma visão semelhante ao vislumbrar tal ser em experiência com a Ayahusca. Eis o trecho de minha entrevista em que relato a visão:  

Mas as visões mais impressionantes das duas primeiras horas da experiência aconteceram na parede do fundo da área de serviço, que têm umas manchas de carvão deixadas pela churrasqueira do antigo dono dessa casa. Ali foi um êxtase! A parede é escura com essas manchas, então eu vi o universo, muitas galáxias e supernovas, mas a visão mais impressionante foi de uma exuberante e grande mãe cósmica! Essa mãe cósmica parecia feita de estrelas, seu corpo tridimensional brilhava com muitos pontos luminosos e ela era escura como o negro do cosmos. Ela tinha uma cabeça altiva, olhos grandes e centenas ou milhares de grandes seios que iam descendo por seu corpo “serpentálico”, até sumir em perspectiva no universo. Num momento vislumbrei algo que pareceu uma vagina enorme entre os seios, mas sumiu, e tinham coisas que pareciam pequenas NAVES espaciais, em formato de charutos, que ficavam circulando a mãe e tocando o bico de seus seios. Vislumbrei essa imagem pelo que me pareceram horas! Mas penso que na realidade foram uns 15 minutos. Até tirei fotos da MANCHA (figura 1) que se tornou essa mãe cósmica! (Nota durante a revisão: Dias depois me deparei com a figura da deusa pagã “Diana de Éfeso” e fiquei estupefato com a sua semelhança com o ser que vi durante a experiência).

Ciberpajé Desenhando durante a experiência com o Psilolocybe cubensis, leia a entrevista aqui

Essa impressionante sincronicidade não para por aí, já que esse ano fui apresentado, pela IV Sacerdotisa Danielle Barros, bióloga e pesquisadora doutora na UFSB, à "Diana Funga". Uma versão alemã da Diana de Éfeso, representada por uma mulher com múltiplos seios e um vestido repleto de cogumelos!  

Abertura do livro "Fungorum qui in Bavaria et Palatinatu circa Ratisbonam nascuntur icones nativis coloribvs expressae". Regensburg: H.G. Zunkel. Schäffer JC (1774) e redesenho de Diana Funga por Cláudio Toscan Jr.

As figuras acima foram tiradas do artigo científico "Delimitation of Funga as a valid term for the diversity of fungal communities: the Fauna, Flora & Funga proposal (FF&F)", de autoria dos pesquisadores Francisco Kuhar, Giuliana Furci, Elisandro Ricardo, Drechsler-Santos, and Donald H. Pfister; eles defendem a criação do reino "Funga", um reino específico para os fungos devido às suas características singulares. A sincronicidade tornou-se algo ainda mais mágico e inacreditável, ao perceber que o livro que traz Diana Funga na capa, obra de 1774 citada no artigo e escrita pelo alemão Schäffer JC foi publicado na Bavária, em Regensburg. Os autores do artigo explicam:

Segundo o que investigamos, a primeira imagem de uma divindade greco-latina evidentemente relacionada à cogumelos encontra-se na página de rosto do livro de Schaeffer sobre os cogumelos da Bavária e Palatinado (Schaeffer 1774; Figura A-B). Esta imagem é uma referência óbvia à deusa Diana de Éfeso (equivalente em latim de Ártemis), inspirada na representação dos efésios, cujo templo foi incluído entre as sete maravilhas da antiguidade. O culto da Ártemis Efésia estava relacionado a ervas, fertilidade e criação, estabelecendo um contraste com os clássicos conceitos desta deusa, que a descreviam como caçadora (Fleischer 1973). O culto à Ártemis Efésia foi generalizado e existem relatos no Novo Testamento sobre essa crença entre as pessoas mesmo no primeiro século D.C. (Atos 19 v. 35). A "Diana-Funga" de Schaeffer (em nossas palavras) pode ser interpretada como uma recriação pré-romântica que tenta incluir o estudo de cogumelos na tradição clássica, além disso, os animais presentes no pilar afilado da estátua de Efésios foram substituídos na sua recriação por cogumelos chanterelles (onipresentes e muito apreciado na Bavária e no Palatinado) e também alguns agáricos ou boletes. Na arte do livro percebe-se também a representação de querubins coletando cogumelos em torno da deusa.

O ouroboros dessa fascinante sincronicidade vivida pelo Ciberpajé com a imagem cósmica e sagrada da deusa Diana Funga tem seu ápice no fato de sua irmã, Ariadne Franco, residir há anos na Bavária, e especificamente nos arredores da cidade de Regensburg, local da publicação do livro de Schäffer JC no ano de 1774, e também ao fato de sua primeira filha - afilhada do Ciberpajé, batizada por ele na Alemanha em 2009 -, chamar-se DIANA! 

No momento o Ciberpajé está esculpindo uma versão da Diana Funga Pós-humanista que será incluída em narrativa gráfica que integra suas investigações de pós-doutorado no Instituto de Artes da UNESP.  
Diana Funga Pós-humanista - Escultura do Ciberpajé (em processo)

A pose acadêmica da banca

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