segunda-feira, 7 de março de 2022

[Resenha] EP musical"CANÚBIS": mais um projeto artístico e fascinante do artista transmídia Edgar Franco (Ciberpajé) em parceria com o musicista Fredé CF, por Raquel Nunes

Arte do Ciberpajé

Nesta vida temos grandes descobertas e uma delas foi trazida pela pesquisa ocasionada pelo EP "CANÚBIS" (ouça-o aqui), mais um projeto artístico e fascinante do artista transmídia Edgar Franco (Ciberpajé) em parceria com o musicista Fredé CF. "Canúbis" surge como um antídoto que acalma e alivia as dores mundanas ocasionadas pelo caos diário que nos obriga a sermos resilientes em meio as nossas mais profundas dores. A união entre esses dois talentos não poderia resultar em algo diferente: Um trabalho musical primoroso que nos permite adentrar num mundo surreal através da realização de uma bela paisagem sonora, onde somos transportados para um universo cósmico que parece, por alguns instantes, transcender as barreiras ficcionais até onde é possível se imaginar, em um cenário onde a fantasia não tem limites. 

Mitologia, psicodelia e diversos elementos sonoros nos são aqui apresentados como forma de entender os nossos anseios e interpretar melhor as origens filosóficas, com o intuito de desvendar os conceitos mitológicos narrativos que  permeiam nossas intensidades vitais além do que possamos imaginar, aliadas a uma forma diferenciada de ver e vivenciar o mundo. 
 
Assim como foi com o álbum "Cão Breu Pós-Humano", um projeto de 2019 idealizado por FREDÉ CF que também conta com a participação de Edgar Franco, a dobradinha se repetiu em "Canubis". Como sabemos, Anúbis é um dos deuses egípcios, considerado o pai das múmias. Cabeça de chacal e corpo de homem. Divindade muito representativa na mitologia egípcia. Diante de uma excepcional representação mitológica, os deuses aumentam sua descendência de geração em geração e, deste modo, vemos essa fusão do "Cão Breu Pós-humano" com "Anúbis", o que resultou no título do EP. Já que o Cão Breu, está abrindo alas para Canúbis passar, ou melhor, desfilar nas avenidas da musicalidade, te convido a ouvir juntamente comigo faixa a faixa desse EP que merece 10 em todos os quesitos! Vamos lá?

Faixa 01 - NO CAOS, VAMOS DANÇAR?  Vamos sim, eu aceito! E para iniciar esse desfile musical, você ao aceitar esse convite, dançará ao som de um berimbau de boca acompanhado de um enredo repleto de versos motivacionais que irão lhe fazer entender que a tristeza mediante as mazelas do mundo é um estado de espírito que cabe a você ressignificar. Permitir ser alegre em meio ao caos, te liberta e ameniza os dias difíceis. Faz um bem danado!

FAIXA 02 - O QUE A SOMBRA REVELA - Continuando esse desfile musical, O QUE A SOMBRA REVELA, nos é aqui apresentada por uma sonoridade peculiar que faz jus a barulhos florestais noturnos. A ficção entra em cena em meus pensamentos. Imagino um ambiente escuro, ecoado por gritos perturbadores. Trevas. Nossas trevas. A possibilidade de encarar com leveza a batalha contra nossos monstros internos.

FAIXA 03 - OLHAR PARA DENTRO É VISLUMBRAR O COSMOS INTEIRO - Uma pequena estrofe que traz uma grande reflexão: Entender o porquê das coisas, através do exercício do autoconhecimento. Na faixa 03, nos deixamos levar pela riqueza sonora da Bossa Nova que dá o ar da graça por aqui. Harmonizando o universo diante do que permanece vivo mesmo após a finitude, onde podemos contemplar a grandeza da continuidade vital. Quanta beleza poética!

FAIXA 04 - BORBOLETAS LOUCAS E REBELDES - Sim, aceito mais uma vez esse convite para dançar no caos, e convido a todos a fazerem o mesmo. Que possamos pintar as cores da nossa existência mesmo quando a vida está pintada de preto e branco, com algumas nuances em cinza. Que realmente sejamos borboletas loucas, rebeldes e coloridas que ressignifica as dores de nossa caminhada e que festeja com entusiasmo o pouso no jardim da vida.

FAIXA 05 - INNER BEAST (Ritual Transbinário): O EP é finalizado com uivos de um lobisomem pós-humano transbinário que anuncia INNER BEAST. Uma faixa bilíngue ritualística que cultua a mitologia egípcia através da figura de Anúbis, considerado o guardião dos mortos. Um trabalho artístico surpreendente que estabeleceu uma conexão mística com as possibilidades reais de vivenciar esse mundo cósmico proporcionando uma simetria perfeita e paradoxal entre vida, morte, alegria e tristeza. Natureza e desordem mundana.

*Raquel Alves De Freitas Nunes é jornalista em Goiânia

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