segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

[Resenha] Álbum em quadrinhos "Agartha", de Edgar Franco, resenhado pela artista Cell Cell


AGARTHA: 
Um momento no espaço-tempo onde a existência selvagem de uma consciência livre de dogma emerge.


Preciso dizer que tentei várias vezes escrever sobre Agartha. Tentei começar falando sobre suas ilustrações que, de tão cheias de detalhes, podem uma a uma contar histórias paralelas. Tentei falar do enredo, do modo como trata das emoções humanas mais complexas, como o sentimento de satisfação/insatisfação. Mas em todas as tentativas me peguei com um texto incompleto.

Foi quando me dei conta de que, para falar de Agartha, é preciso falar de transcendência. E, para isso, é preciso olhar a obra de um outro lugar: o cenário mental onírico, enteógeno, no qual Edgar Franco, o Ciberpajé, encontrou este lugar e estado de consciência que é Agartha. Um momento no espaço-tempo onde a existência selvagem de uma consciência livre de dogma emerge, potente, explosiva, demonstrando a evolução da consciência humana como um produto do não-desejo, do descontrole. Me pegou desprevenida, o tapa de descobrir ali o desejo do qual nasce todo sofrimento (logo eu, louca pelo controle, rígida), o desejo de controlar a selvageria da vida, evitar o sofrimento, e, assim, sobreviver, porém em um cenário opaco e desprovido de sentido. Talvez a mensagem de Agartha seja "morram! Morram para que possam viver!"

Vale ler Agartha várias vezes. Vale observar todas as ilustrações isoladamente. E vale, principalmente, levar essa narrativa para outros cenários mentais e aplicá-la como resolução. Agartha é, entre outras coisas, uma obra prática.

*Cell Cell é artista multimídia e vive em Porto Alegre.

Saiba mais sobre Agartha e adquira o álbum em quadrinhos, já em sua terceira edição publicada pela Marca de Fantasia, clicando na arte da capa abaixo:



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