sábado, 31 de maio de 2014

"Biobot Sex Tantra" - Instalação de Edgar Franco na exposição coletiva "Sintomas Estéticos do Plural" - FAV/UFG

"Biobot Sex Tantra" - Instalação de Edgar Franco na exposição coletiva "Sintomas Estéticos do Plural" - Galeria da FAV/UFG de 28 de maio a 9 de julho de 2014.
A instalação alia desenhos híbridos criados por Franco à música de sua banda performática Posthuman Tantra. Imagens e música exploram aspectos tecnognósticos e tecnofetichistas amplificados com base na interconexão acelerada entre o ser humano e as novas tecnologias.

(Fotos de Edgar Franco, Gian Danton e 
Eliane Chaud)





(Foto de Gian Danton)



Alunas do grupo de produção de quadrinhos "7 Sereias" orientadas por Edgar Franco



Edgar Franco e Gian Danton (Foto de Eliane Chaud)

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Resenha Incrível do Tobias Goulão sobre Biocyberdrama Saga

A ficção mostrou-se, em muitos casos, a vanguarda das transformações da sociedade. Um Orwell ou um Huxley que o diga. As “previsões” feitas por esse gênios estão a cada dia mais visíveis em nosso cotidiano. Somos constantemente vigiados – e não necessariamente sem saber, pois somos os narradores de nossos próprios atos nas telas dos nossos computadores/telefones – e buscando a cada dia uma nova droga que nos traga a felicidade eterna e sem culpa. A visão alcançada pelas suas histórias e a percepção dos detalhes que para muitos eram invisíveis levaram ambos à criação de universos que naqueles tempos eram ficção, mas hoje nem tanto.
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As profecias anunciadas pelos relatos dos artistas merecem atenção. Elas trazem à tona um conjunto de informações que muitas vezes estão dispersas, mas com a astúcia e pesquisas intensas, são capazes de direcionar tais elementos a um determinado local formando, assim, um cânone profético sobre as transformações que nos aguardam.  É sob essa ótica, de pesquisa, arte e profecia, que podemos observar uma das várias facetas do trabalho do professor Edgar Franco.
Docente da Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás, natural de Minas Gerais e hoje morador de Goiânia (GO), formado em Arquitetura e Urbanismo, Doutor e Pós-doutor em Artes, possui também destaque no campo da música como cantor, compositor e performer da bandaPosthuman Tantra. O conjunto de sua obra (música e HQ’s) já foi editado internacionalmente na Inglaterra, Alemanha e Suíça. Seu trabalho mais recente no mundo das HQ’s foi feito em colaboração com o desenhista Mozart Couto, conhecido em editoras internacionais como a DC e a Marvel. O resultado da parceria é o romance gráfico “BioCyberDrama Saga”, publicado pela Editora da Universidade Federal de Goiás como parte da coleção Artexpressão, que é dedicada exclusivamente a livros de arte. É nesse romance que o universo criado – e em expansão – por Edgar mostra-se a nós.
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O principal tema que permeia a obra é a ideia do pós-humano. Este novo ser, que vai além das capacidades naturais (biologicamente falando) do ser humano, já não corresponde aos anseios daqueles que estão nesses corpos. É necessário ampliar a capacidade desse frágil animal, que não consegue expandir sua potência intelectual e nem sua força física. Nesse campo a tecnologia, criada pelo homem e para o homem, deverá servi-lo. Os chips de computador farão uma simbiose com a carne humana; os demais animais e plantas podem oferecer mais que alimento à humanidade, também podem oferecer seu gene, sua força, sua forma, suas qualidades. Eis a aurora pós-humana.
Um mundo futurístico no qual a humanidade está dividida entre os que ortodoxamente não aceitam essas abominações; aqueles que aceitam, em partes, as melhorias oferecidas pelo advento da ciência, com os implantes cibernéticos e os aperfeiçoamentos com base genética retirados de plantas e/ou animais; os que imergem no poder (e no sonho) do conhecimento total possibilitado pela transbiomorfose (passar a sua consciência para um chip de computador, tornando-se algo semelhante a um androide e, posteriormente, modificando-se até tornar-se próximo a um coletor de informações); e os que aderem apenas às modificações genéticas, rendendo-se aos arquétipos totêmicos e buscando um aperfeiçoamento espiritual e harmônico com a natureza e com seu totem. Nesse mundo futurista, o ser humano – como em qualquer outro tempo – está em conflito junto às possibilidades de mudanças drásticas, o que poderíamos colocar como a essência do homem, e a conservação desta, que o coloca entre duas vias que culminam em conflitos radicais sobre a melhor – e única – opção a ser seguida.
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O diálogo entre as facções que habitam o mundo de “BioCyberdrama” lembra elementos de correntes de pensamento conhecidas: osresistentes, os humanos que mesmo vendo sua pequenez frente aos demais seres que o rodeiam, ainda querem se manter assim. Vivem como nós, estudando, trabalhando, criando e cultuando suas divindades. Algo que remete à fragilidade do homem, ao seu desespero frente ao desconhecido e ao radicalmente novo e ameaçador e às possibilidades de melhorias sem deixar de ser o que é. Ele ainda presa por ser puro, pois os resistentes veem que são apenas eles que podem dar sentido às ambivalências humanas. Ser um extropiano, aquele que abdica do corpo de carne e funde sua consciência com a máquina, é deixar a mortalidade de lado e dedicar-se ao conhecimento de todas as coisas, e com isso perseguir um certo nirvana, obter a iluminação. Já os tecnogenéticos estão na busca da sua transformação no totem com o qual se identificam, lembrando dos cultos primitivos nos quais o totem sagrado de um animal  (que Mircea Eliade, Joseph Campbell e G. C. Jung relatam ser elementos comuns no mundo arcaico) era o exemplo a ser alcançado, possível hoje pelo altíssimo nível do desenvolvimento da ciência humana.
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O romance gráfico mostra o quão grande a pesquisa do professor Edgar Franco foi. O início do álbum é uma introdução na qual ele relata os principais artistas e intelectuais contemporâneos que já dialogam sobre essas mudanças as quais já ocorrem, em um nível inicial, em nossa sociedade. Desde as artes plásticas, passando pela música, literatura até o cinema, encontramos aqueles que já dialogam de uma forma ou outra com esse tipo de conceito, da mudança do homem como tal e sua busca por novas perspectivas de si. Após a apresentação das fontes, Edgar Franco também oferece descrições do seu mundo. Possui mapas e informações específicas de cada um dos grupos que habitam seu universo. Essa parte é um prato cheio para os jogadores de RPG, pois as descrições são detalhadas, o que deixa pronto para uma adaptação para as mesas de jogos.
A iniciativa editorial da Editora da UFG, ao publicar o romance gráfico de Edgar Franco e Morzat Couto, foi algo excepcional. Principalmente no Brasil, onde há uma ligação forte dos quadrinhos com o universo infantil, foi algo importante para o cenário e a abertura das possibilidades que a mídia oferece. A arte é incrível, com cenas muito bem elaboradas e belas. Para além dos aspectos artísticos, há referências a elementos históricos e culturais na obra que dão um sabor especial à leitura. A HQ foi indicada recentemente ao prêmio HQMIX na categoria “Edição Especial Nacional”.
Pois bem, há mais coisas no universo vislumbrado pelo ciberpajé, mas em vez de descrevê-las aqui, deixo um convite para que você venha ser o Grande Irmão a observar esse Admirável Mundo Novo.
No post original ainda tem um vídeo do Ciberpajé autografando Biocyberdrama Saga do autor desta INCRÍVEL resenha!

segunda-feira, 26 de maio de 2014

sexta-feira, 23 de maio de 2014

BioCyberDrama Saga na revista Mundo Nerd #2

Resenha do álbum BioCyberDrama Saga, por Társis Salvatore, na revista Mundo Nerd #2, nas bancas de todo o Brasil!

Artlectos e Pós-humanos #8!

Saindo do forno:

Artlectos e Pós-humanos 8!

Este oitavo número de Artlectos e Pós-humanos foi totalmente criado em parcerias inusitadas baseadas em métodos diferentes dos tradicionais conhecidos para a criação de quadrinhos. A proposta ratifica o caráter experimental da revista e minha visão das HQs como forma de expressão artística com possibilidades ilimitadas, uma linguagem em constante gesta
ção. As parcerias incluíram desde seres humanos, passando por um robô e chegando a uma árvore!

A HQ que abre a edição, Gnosce Te Ipsum!, foi uma parceria com o saudoso amigo Elydio dos Santos Neto, a quem este número é dedicado. O processo criativo dessa história envolveu a seleção de onze artes em um banco de imagens que desenho sem finalidade prévia. Elydio, de posse das imagens, organizou-as e escreveu o roteiro poético. O segundo trabalho da edição, (E)ternura, é uma HQ criada em parceria com o robô Moravechio, espécime da série Draw Droids 2.0, desenvolvido por Flávio Gomes de Oliveira. Nesse caso, o robô, que funciona através de sensores de luz, desenhou previamente sobre o papel as páginas e a partir de seus traços eu finalizei a arte e criei o roteiro.
A revista segue com a HQ Seiva, criada a seis mãos. Um processo criativo em brain storming que durou menos de duas horas. Desenhei a primeira página e escrevi o texto sem rascunho prévio, em seguida Jorge Del Bianco fez a segunda página e Gazy Andraus a terceira. Eu fechei a HQ com a arte e texto da página final.

Na sequência temos dois HQforismos – novo subgênero de quadrinhos poético-filosóficos que funde aforismo e quadrinhos –, criados em parceria com Danielle Barros Fortuna, a IV Sacerdotisa da Aurora Pós-humana. O método de sua criação envolveu transes e estados alterados induzidos por nós dois através de um ritual de conexão cósmica.

Os três trabalhos seguintes foram criados a partir de uma impactante experiência psiconáutica induzida com a ingestão de cogumelos Psilocybe Cubensis. A primeira HQ, de quatro páginas, sem título, foi criada durante a experiência, em pleno transe psiconáutico. Trata-se de uma parceria com Matheus Moura, responsável pelo roteiro. Ele realizou a viagem comigo, e como eu, é um pesquisador de arte visionária, processos criativos e quadrinhos. Após a HQ de quatro páginas incluo dois HQforismos frutos da mesma experiência. O primeiro criado ainda sob efeito da psilocibina, que assino em parceria com o “Esporo”. Já o segundo foi produzido um mês depois da experiência, mas ainda sob sua influência, resgatando o fato de eu ter conversado com uma árvore e propondo assim uma parceria criativa com ela, criar com o coqueiro do jardim de minha casa, em Goiânia. O

HQforismo colorido que fecha a edição foi criado instantaneamente, sem rascunho prévio, durante minha mesa de autógrafos no FIQ/BH 2013 e colorizado posteriormente.

Edgar Franco

Para adquirir a sua, entre em contato no site da editora Marca de Fantasia:


http://www.marcadefantasia.com/revistas/artlectos/artlectos-08/artlectos-08.html

- BioCyberDrama Saga na revista "Mundo dos Super-heróis # 52"-

O álbum BioCyberDrama Saga de Edgar Franco e Mozart Couto recebeu uma breve resenha positiva na revista "Mundo dos Super-heróis # 52" (Março de 2014), nas bancas de todo o Brasil. A resenha foi escrita por Manoel de Souza e antecipa que teremos outra resenha do álbum na revista "Mundo Nerd # 2".

LANÇAMENTO DE QUADRITOS #12 COM CAPA, ENTREVISTA E HQ INÉDITA DE EDGAR FRANCO.

"BioCyberDrama Saga é um dos melhores álbuns de quadrinhos brasileiros de todos os tempos" (Marcos Freitas, editor do lendário fanzine Quadritos)." (Marcos Freitas)

"Mais uma edição do Fanzine Quadritos nesta nova fase, a terceira após minha volta aos fanzines. Nesta edição a participação especial de Edgar Franco, que arma a 'tenda' de seu Universo "Aurora Pós-Humana" nas páginas do Quadritos e conta tudo sobre a criação de um dos melhores álbuns de quadrinhos brasileiros de todos os tempos, "Biocyberdrama - Saga", desenhada por Mozart Couto. Além do bate papo Edgar colabora também com HQ inédita "Ciberpatuá Quântico" e nova série "HQForismos" além das belíssimas capas que estão na imagem abaixo. O zine traz ainda a presença de grandes feras da HQB e participações internacionais, entre as quais: Flávio Calazans, Gazy Andraus, Lafaiete Nascimento, Law, Lupin, Júlio Shimamoto, Joacy Jamys, Dark Marcos, Laudo, Emir Ribeiro, Márlon Ramos, Edgard Guimarães, Caza, Vaughn Bodé e traz as seções "Repórter HQ", com artigo de Daniel Saks sobre o mercado de quadrinhos brasileiros, "Taverna Quadritos" com informações, resenhas, pilulas de blogs, "Cineclube Quadritos" com "A Dama do Cine Shangai", "Momento da Press" e a revista "Andróide" e "Memória dos Fanzines" com o "Mutação" de Marco Müller. Fecha a edição artigos de Gazy Andraus "História em Quadrinhos, Imagética e Infância" e as novidades das Editoras de HQs para 2014. São 108 páginas em impressão e acabamento de luxo e lombada quadrada Hot Melt, por R$ 15,00 + entrega, simples R$ 3,00 ou registrada R$ 5,00. Nosso próximo lançamento está confirmado: Monstros dos Fanzines 3. Laudo Ferreira Jr, grande fanzineiro, é o próximo homenageado na coleção em mais uma edição Monstro da Atomic!

*Está sendo lançado também, paralelamente ao Quadritos 12, Radioatividade 2, com a capa de Edgar Franco em Super A3 e Papel Reciclato 240g, com tiragem limitada a 30 unidades. Um poster muito legal com a capa do Quadritos em A3 com a arte fantástica de Edgar, valorizada ainda mais no formato grande. O valor é de R$ 5,00 + 2,00 entrega simples ou R$ 3,00 registrada."

Pedidos: fanzinequadritos@gmail.com
Conta para depósito: BRADESCO
Agência 3140-2
Conta Corrente: 9460-9
CPF: 595802401-91
(Marcos de Freitas da Silva)

Degustem a sensível resenha de ALEXANDRE WINCK postado na estonteante página Contos do Absurdo!

O ser humano está obsoleto? Mais importante do que isso, nossa humanidade está obsoleta?
Essas questões estão no cerne de Biocyberdrama Saga, nova graphic novel escrita pelo roteirista, doutor em artes, professor da faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás e ciberpajé Edgar Franco, e ilustrada pelo lendário artista dos quadrinhos nacionais Mozart Couto.
A GN trata de um mundo futurista dividido entre três facções: os extropianos, que implantam partes biônicas em seus corpos, chips em seus cérebros e chegam mesmo a transferir totalmente suas consciências para corpos artificiais, para atingir a imortalidade; os tecnogenéticos, humanos híbridos que incorporam partes de animais e chegam a lembrar criaturas da mitologia, como centauros e sátiros, ou mesmo personagens de desenho animado, com corpos humanos e cabeças de animais; e os resistentes, humanos que insistem em manter os corpos naturais com que nasceram. No meio disso tudo, está Antônio Euclides, um jovem filho de resistentes, mas fascinado tanto com a filosofia extropiana como a tecnogenética, e atraído por uma tecnogenética hermafrodita chamada Orlane. Mas a fascinação de Antônio muda completamente diante de uma virada radical em sua vida.
Influenciado por autores como Alejandro Jodorowski, Isaac Asimov e William Gibson, Franco cria um mundo ficcional completo, com sua ciência e tecnologia, sua política, divisões sociais, arte, cultura, espiritualidade e sexualidade. Aliás, ele não teme discutir como todas essas transformações poderão mudar radicalmente nossos relacionamentos pessoais e sexualidade, assuntos que a ficção científica norte-americana de forma geral trata de maneira muito acanhada, ou de incluir suas experiências espirituais pessoais com expansão da percepção. Ao mudar de forma radical como se estrutura nossa mente e consciência, não corremos o risco de também alterar radicalmente nossa espiritualidade, seja isso a alma, como é descrita pelos místicos e religiosos, seja algo como o inconsciente cósmico de que trata a graphic novel?
Tudo isso vem enriquecido pela belíssima arte de Mozart Couto. Sua infinita riqueza de detalhes, variações de traço, sombreamentos e hachuras, suas expressões faciais cheias de nuances emocionais, prendem a atenção em cada quadro e fazem o leitor se sentir dentro de um mundo único.
Biocyberdrama Saga não retrata um delírio sci-fi de um futuro distante. As questões que coloca estarão presentes em nosso cotidiano muito antes do que se imagina. Um coelho recebeu genes de medusa para brilhar sob a luz ultravioleta; um japonês casou-se com uma mulher robô; chips que poderão ser implantados no cérebro tornarão-se realidade nas próximas décadas. Como a Antônio, caberá a nós decidir se esse será o mundo que queremos para nossos filhos, para futuras gerações que já nascerão num mundo que para nós, hoje, seria irreconhecível.
Um dos melhores lançamentos em quadrinhos de ficção científica do ano, em qualquer idioma.

Postado em: http://www.contosdoabsurdo.com.br/?p=1447

Arte exclusiva do Ciberpajé em autógrafo do álbum Biocyberdrama Saga

O primeiro desenho exclusivo e autógrafo de 2014. Arte criada pelo Ciberpajé no exemplar do álbum BioCyberDrama Saga do amigo Tulio Silva.(Foto de Edgar Franco)

Impressões do artista multimídia e Dr. em artes Fábio Fon (SP) sobre o álbum Biocyberdrama

As impressões do amigo Fabio Fon sobre o meu novo álbum em parceria com Mozart Couto:

"Agora a pouco, com grande felicidade pude terminar de ler a fantástica saga Biocyberdrama de Edgar Franco e Mozart Couto. 
É um trabalho excepcional, que muito me surpreendeu em vários momentos da trama, com links que eu nunca imaginaria.
E ainda, encontrei o personagem FON, que muito me emocionou. Acho que é a grande obra-prima de sua produção em quadrinhos, Edgar - até que venha a próxima!
Obrigado! PARABÉNS!"
(Fabio Fon)

Texto de Moema Rampom sobre Biocyberdrama Saga

"BioCyberDrama Saga é uma obra visceral que antecipa, senão profetiza, o cenário futuro (quase próximo) provocado pela reconfiguração da condição humana. Edgar é mais que um profeta, é um visionário pós-humanista e sua obra de ficção científica causa impacto por estar baseada em possibilidades. Como diz Robert Anton Wilson, no prefácio de "Futuro Proibido": "A função da ficção científica é quebrar padrões, promover ruptura de nossos parâmetros mentais e o faz de forma mais chocante que qualquer outro tipo de literatura. Ficção científica é libertação".
Me senti confortável no ambiente desse universo ficcional pós-humano, porém alguns personagens me incomodaram, como Michelle que, em seu radicalismo eugênico, de certa forma mudou o destino de Antônio Euclides e mesmo assim, ela acaba traindo seus "princípios". Orlane que em momento de rejeição de Antônio Euclides, também se rejeitou por ser "diferente" e quis se tornar uma "igual" se mantendo nessa condição até arriscar-se à morte juntamente com Antônio Euclides. Amei Gandraus pela aceitação plena de tudo/todos, me passou a impressão de que a harmonia (mais que tolerância) basta e mantém o equilíbrio.
Os personagens desse universo são possibilidades, de certa forma, até plausíveis. Por que não crer que possam de fato existirem em algum momento? A aurora pós-humana está sendo um vislumbre do porvir."
(Moema Rampon)

quinta-feira, 22 de maio de 2014

BIOCYBERDRAMA SAGA indicado ao HQMIX 2014

Davi contra os golias da indústria da HQ nacional.


Meus amigos, o álbum em quadrinhos "BioCyberDrama Saga", com roteiro meu e arte de Mozart Couto, lançado pela Editora da UFG em 2013, foi indicado a uma das categorias mais importantes do "Troféu HQMIX", considerado o "Oscar" dos quadrinhos brasileiros. A publicação concorre na categoria "Edição Especial Nacional", e sua indicação é uma prova da qualidade ímpar da obra, já que o ano de 2013 foi um dos anos mais prolíficos da história dos quadrinhos brasileiros com mais de 600 lançamentos na área, e somos uma "formiguinha", pois o álbum teve a tiragem de apenas 500 exemplares e concorre na mesma categoria com gigantes do mercado, com tiragens de dezenas de milhares de exemplares e distribuição em todo o território nacional. Para nós a indicação já é um prêmio a ser comemorado!

A obra recebeu resenhas positivas em múltiplos veículos de comunicação, desde revistas de circulação nacional como Mundo dos Super-heróis, Mundo Nerd, passando por jornais como Correio Popular (Goiás), Jornal Opção (Goiás), Diário de Petrópolis (RJ), Blog Pipoca e Nanquim, Blog Reverso, Podcast Cidade HQ, Blog Consciências e Sociedades, Fanzine Quadritos, Blog Contos do Absurdo; e teve lançamentos especiais na Gibiteria em São Paulo, na programação oficial do FIQ 2013 FIQ - Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte e no Centro Cultural UFG. O trabalho, apresentado na forma de um álbum luxuoso com 252 páginas e sobrecapa especial, inclui a saga completa em quadrinhos, além de uma descrição detalhada do universo ficcional da “Aurora Pós-humana”, criado por Edgar Franco.

A responsável por esse lançamento ousado no mercado brasileiro de quadrinhos foi a Editora UFG – Universidade Federal de Goiás. Uma iniciativa inédita para uma editora acadêmica brasileira, acreditando nas HQs como forma de arte e conhecimento e investindo em uma produção à altura da obra. O álbum integra a coleção “Artexpressão”, dedicada a livros de arte.

Agradeço à Editora UFG, ao mestre Mozart Couto - que acreditou nesse projeto e desenhou mais de 150 páginas de quadrinhos com entusiasmo e brilhantismo; ao saudoso amigo Elydio dos Santos Neto que escreveu o incrível prefácio do álbum; também a todos os leitores, amigos e resenhistas da obra, vocês são a razão desse trabalho de 13 anos ter ganhado a luz! Finalmente um agradecimento especial à Danielle Barros Fortuna, que administra a página do álbum no Facebook - BioCyberDrama Saga, visitem-na para lerem dezenas de resenhas e saberem tudo sobre a publicação.

Grande abraço pós-humanista do Ciberpajé (Edgar Franco)

PARA VOCÊ QUE DESEJA SEU ÁLBUM BioCyberDrama Saga

Link direto para os que desejam comprar o álbum BIOCYBERDRAMA SAGA no site da EDITORA UFG. 
O valor é R$60,00 (fique atento à promoções relâmpago!) + despesas postais de envio. 

Álbum de Edgar Franco (roteiro) e Mozart Couto (desenhos). A saga de FC completa. 252 pgs, 800g, lombada quadrada, sobrecapa especial - EDITORA UFG.

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 Link direto para adquirir Biocyberdrama Saga na Editora UFG

Resenha de Biocyberdrama Saga Por Elydio dos Santos Neto

Edgar Silveira Franco é mineiro de Ituiutaba e é Arquiteto (UnB), Mestre em Multimeios (Unicamp), Doutor em Artes (USP), Pós-doutor em Arte e Tecnologia (UnB), Músico, Desenhista de Quadrinhos, Fanzineiro, Performer, Pesquisador e Orientador de Teses e Dissertações no PPG em Arte e Cultura Visual da Universidade Federal de Goiás. Dono de uma criatividade inquieta e muito produtiva, assim como pesquisador com grande capacidade de reflexão sobre o drama humano, criou a partir dessas suas vivências e experiências um universo futurístico denominado por ele de aurora pós-humana na qual se desenrola BioCyberDrama Saga.
Fazendo parceria com Edgar Franco assina a arte deste trabalho o prestigiado desenhista de quadrinhos e ilustrador, com reconhecimento no Brasil e no exterior, Mozart Couto: mestre em arte fantástica e de trabalhos em preto e branco, conhecido por muitos como o “Michelangelo dos quadrinhos brasileiros”.
A união da grande criatividade ficcional de Edgar Franco com os fantásticos desenhos de Mozart Couto resultou numa obra de história em quadrinhos belíssima que prende o leitor do começo ao fim, ao mesmo tempo em que o leva a refletir sobre temas capitais do momento presente e do futuro, não tão distante, de nossa humanidade. Este álbum, dividido em três partes, sai pela Editora da Universidade Federal de Goiás. Abre a publicação um longo e detalhado Prefácio no qual Edgar Franco apresenta os fundamentos, artísticos e filosóficos, da criação de seu universo ficcional, mas também detalhes, ricamente ilustrados, de seu mundo pós-humano. Seguem-se páginas extras do processo criativo dos autores e nas quais são apresentados estudos de personagem e esboços de páginas quadrinizadas realizados por Mozart Couto, bem como referências imagéticas para os personagens da saga, desenhadas pelo próprio Edgar Franco, seu criador. Fecha o álbum um Pósfácio no qual o autor explicita os artistas, cientistas e filósofos que homenageou em sua obra mediante os nomes com os quais “batizou” os personagens da saga.
BioCyberDrama Saga é uma narrativa construída na perspectivas dos quadrinhos poético-filosóficos de Franco. É uma rica e bela trama na qual aventura, drama, romance, filosofias, crenças, intrigas e a realidade de avançadas tecnologias foram criativamente entretecidos e provocam a reflexividade sobre algumas de nossas questões humanas fundamentais. Conta, numa aurora pós-humana, uma história que continua sendo a nossa, de seres humanos que vivem, possivelmente, em meio a processos que estão a gerar um mundo pós-humano no qual, para muitos, esgotaram-se nossas possibilidades naturais e estamos agora, juntamente com elas, a intervir, de forma incisiva e marcante, na humana natureza mediante processos artificiais, científicos e tecnológicos.
No futuro pós-humano de Edgar Franco convivem três tipos de seres: os Tecnogenéticos, que são frutos da hibridização entre humanos e animais, permitida pelo avanço tecnológico; os Extropianos que, por sua vez, são organismos pós-humanos e abiológicos que resultaram de transplantes da consciência humana para chips de computador e, por isso, conseguem perpetuar infinitamente suas vidas, embora às vezes cometam o “suicídio” (extrosuicídio); e, por fim, os Resistentes, assim chamados por resistirem tanto à hibridização como ao extropianismo; são seres humanos na concepção tradicional e, na aurora pós-humana, são em menor número e estão em extinção.
Um aspecto importante desta história em quadrinhos é que a aurora pós-humana de Edgar Franco não é um ambiente opaco, neutro e esterilizado pelas grandes tecnologias. É um ambiente complexo onde convivem as mais avançadas possibilidades tecnológicas e as agruras e contradições do coração humano. O leitor encontrará, nas páginas desta narrativa, problemas conhecidos de nossa vida como seres humanos, realçados, porém, pela perspectiva pós-humana da “revolução artificial”: amor, ódio, paixão, vingança, poder, jogo político, religião, conhecimento, sofrimento, busca pela vida eterna, o desespero do suicídio, fidelidade, traição, dúvidas, incertezas, certezas que se tornam violência e depois dúvida novamente, preconceito, fanatismo, curiosidade, intrigas, manipulações, busca de tolerância e paz...
O personagem central da narrativa é Antonio Euclides. O arco começa com Antonio como jovem resistente em dúvida entre definir sua vida com os extropianos ou com os tecnogenéticos; decide finalmente permanecer resistente e assumir a liderança do movimento que quer este grupo como dominante; a saga termina com o Antonio Euclides aprovando e “abençoando” a perspectiva de síntese entre resistentes, extropianos e tecnogenéticos, manifesta em seu neto que está para nascer, que por sua vez é filho Anton, seu próprio filho gerado ainda na primeira parte da saga com a resistente Michelle.
Há que se destacar neste álbum a grande sensibilidade por parte de MozartCouto que, a meu ver, compreendeu de maneira brilhante o universo criado
por Edgar Franco e conseguiu expressá-lo, visualmente, de maneira rica, com uma poderosa estética dos universos fantásticos. Veja-se, por exemplo, a sequência de imagens que desenhou para mostrar a tecnogenética Orlane, que, apaixonada por Antonio Euclides, desce a uma espécie de submundo para submeter-se a cirurgias que a deixaram, no aspecto da forma, mais próxima aos humanos, ou então, a cena em

que a mesma Orlane, com uma lua ao fundo, abraça Antonio, no ar, ferido por uma explosão provocada pelos tecnogenéticos.
Particularmente, em minha leitura da saga, vejo um eixo que perpassa a narrativa toda e que traz a possibilidade de síntese e de superação dos conflitos destrutivos entre os três grupos do universo de Edgar Franco, que são também conflitos destrutivos que ameaçam a humanidade presente. Este eixo está, para mim, sutilmente representado na figura de Gandraus, o pai de Antonio Euclides, também ele um resistente, pois é o personagem que desde a primeira parte da história até o final permanece fiel à postura que anunciou a Antonio, quando este ainda era jovem: Eu não amo a arte, eu me amo e amo a todos e a tudo...incluindo os tecnogenéticos e os extropianos. Aí está: o amor é o grande eixo condutor desta narrativa. Não o amor na acepção piegas, mas o amor entendido, como sugeriu o filósofo e teólogo jesuíta Teilhard de Chardin, como energia cósmica que congrega, numa laboriosa e sofrida construção individual e coletiva, todos os movimentos criativos de beleza, tolerância e alegria parapermanentemente criar e recriar o mundo.
Sem esta perspectiva de amorosidade fatalmente pereceremos, mesmo num mundo tecnologicamente avançadíssimo como este que desponta no universo pós-humano de Edgar Franco.
Esta obra de histórias em quadrinhos, por sua riqueza de conteúdo, de estética e de reflexão sobre a condição humana é, sem dúvida alguma, uma contribuição, desde o mundo quadrinhístico dos autores, para as culturas desta humanidade contemporânea, confusa entre as tantas possibilidades, positivas e negativas, por ela mesma criadas.
FONTE: Revista em PDF IMAGINÁRIO! # 2 inclui resenha do álbum BIOCYBERDRAMA SAGA, escrita pelo pós-doutor Elydio Santos Neto. Visite a página da revista e baixe o número 2: http://www.marcadefantasia.com/imaginario/imaginario-2/imaginario-2.pdf

*Pós-doutorado no Instituto de Artes da UNESP (2010), Doutor em Educação pela PUC-SP (1998), Mestre em Ciências da Religião pela PUC-SP (1994), Graduado em Filosofia e Pedagogia pelas Faculdades Salesianas de Lorena (1982), Docente da Universidade Federal da Paraíba-UFPB (Centro de Educação), Docente-pesquisador do Mestrado Profissional em Gestão em Organizações Aprendentes (UFPB), Membro do Grupo de Pesquisa Imaginário/UFPB

A consciência, a carne e o silício - Resenha de BioCyberDrama Saga por Rubens César Baquião

A consciência, a carne e o silício
BioCyberDrama Saga: Resenha seminal do artista e doutorando da Unesp Rubens César Baquião.

A saga BioCyberDrama, escrita por Edgar Franco e desenhada por Mozart Couto, apresenta um planeta terra futuro em que o desenvolvimento da biotecnologia, da telemática e da robótica permite ultrapassar os limites que a natureza impõe ao corpo humano. Assim, surgem os extropianos e os tecnogenéticos. Os extropianos são humanos que transplantaram suas mentes para chips de silício e abandonaram o corpo biológico para viverem eternamente em corpos mecânicos e os tecnogenéticos são seres com características genéticas híbridas de animais e vegetais. Muitos tecnogenéticos modelam-se segundo a imagem dos mitos primordiais, como centauros e faunos. Os humanos puros são uma pequena parcela em vias de desaparecer e são chamados de resistentes.
O universo ficcional da saga, chamado de Aurora Pós-Humana, está repleto de referências a autores visionários da ficção científica mundial: K. Dick, Jodorowsky, Gibson, Giger, Druillet, Caza, etc. Edgar Franco criou este universo durante suas pesquisas acadêmicas e Mozart Couto tornou este mundo concreto com virtuosismo, o estilo clássico do desenhista lembra o trabalho de veteranos como Alex Raymond e John Buscema. Antônio Euclides, a personagem principal, é, no início da narrativa, um jovem entusiasmado com as possibilidades de modificação corporal (tecnogenética) e transplante de consciência para chips de silício (extropianismo). Ele é um dos poucos humanos que conservam seu corpo sem modificações, mas é amigo de vários seres alterados pela genética ou pela robótica. É um jovem idealista e pacífico.
Antônio tem experiências frustrantes em sua relação com tecnogenéticos e extropianos e, após fundar um arraial de resistentes, torna-se um defensor ferrenho dos humanos puristas, a ponto de organizar ataques terroristas contra seres que são alterados tecnologicamente. As duas primeiras partes da saga são ambientadas nas cidades futuristas onde vivem, em sua maioria, extropianos e tecnogenéticos. A terceira parte acontece em um arraial no sertão, um ambiente inóspito em que a moral ambígua das personagens é explorada. Ao transitar do espaço hipertecnológico das metrópoles pós-humanas para o sertão agreste, a saga de Antônio Euclides dialoga com a saga de Antônio Conselheiro. No momento em que a narrativa transita do ambiente urbano de alta tecnologia para o da natureza selvagem que circunda o arraial, ela atenua as imagens que enfatizam o crescimento tecnológico em favor de cenas bucólicas e, nesse ponto, aprofunda-se no perfil psicológico das personagens. A última parte da saga subtrai o metal e descortina a carne.
Embora o final da saga seja trágico, existe a possibilidade de redenção. No caso de BioCyberDrama, a esperança reside na criação de um novo ser, gerado pelo cruzamento da estrutura genética de todos os seres existentes: o Mito Ômega, que resolverá os conflitos genéticos e tecnológicos em uma harmoniosa combinação interespécies. A redenção não será feita pela política, pela filosofia, pela ciência ou pela religião. O fim dos conflitos entre todas as espécies depende da capacidade que os seres pensantes possuem de gerar uma vida nova. O mistério da criação transcende o intelecto supostamente nobre e as paixões dilacerantes.