quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

[Lançamento] Quadritos # 16 traz HQ, coluna e resenha do Ciberpajé

Capa de Quadritos #16

Um dos mais notórios fanzines brasileiros dedicados aos quadrinhos, o Quadritos, publicado pela editora Atomic - capitaneada pelo ativista cultural Marcos Freitas, chega ao seu décimo sexto número trazendo uma incrível edição de 132 páginas em lombada quadrada, capa cartonada e impressão de altíssima qualidade. Mas o que mais impressiona é a qualidade dos colaboradores dessa edição, a começar pela capa do mestre Shima que comparece também com uma HQ em parceria com o notório Iramir Araújo. Além dessas duas feras a edição conta ainda com HQs, entrevistas e colunas de nomes como Júlio Emílio Braz, Rodval Mathias, Joacy Jamys, Gazy Andraus, Law Tissot, Luciano Irrthum, entre outros. Um verdadeiro almanaque de quadrinhos com textos, entrevistas, resgates históricos e ainda muitas HQs.

Duas páginas da HQ "Dilema da Despedida"

O Ciberpajé (Edgar Franco) participou desse número com a HQ "Dilema da Despedida" (páginas 56 a 59), com arte final do premiado Omar Viñole. Também com sua já tradicional Coluna do Ciberpajé, desta vez com o título "Ecos Humanos & Enteogênicos: Criando Quadrinhos Expandidos com Plug-ins de Neocortex" (páginas 60-61). Também publicou uma resenha das revistas Tentáculos 1 e 2, do mestre Toninho Lima (página 74) e teve seu livro em parceria com a IV Sacerdotisa "Conversas com o Ciberpajé: Vida, Arte, Magia e Transcendência" (Editora Marca de Fantasia, 2019), resenhado na página 73.

Coluna do Ciberpajé no Quadritos #16

Resenha das revistas Tentáculos 1 e 2

Resenha do livro "Conversas com o Ciberpajé"

Saibam mais, adquiram essa edição, os números anteriores e outras das seminais publicações da editora Atomic nesse link

[Lançamento] Ciberpajé cria arte de capa do livro de poesias "Fabulários", um lançamento da Editora INDE


Fabulários é um dos livros lançados pela Editora Inde, que tem investido em coletâneas de poemas com temáticas inusitadas. A obra reuniu poemas e breves biografias de sete autores, sendo eles: Rosa Vasques, R.Reis, Lu Genez, Ma Helena, Sara Wolff, Lannes Teixeira e Anjos Urbanos.



O Ciberpajé foi convidado para criar a arte de capa pela editora Paty Lemes que lhe conceu liberdade total para a elaboração da arte e projeto gráfico. Além da arte de capa o Ciberpajé teve sua minibiografia e um de seus aforismos também publicados na obra. 

Assista  um breve vídeo do Ciberpajé (Edgar Franco) comentando sobre o livro:



[Lançamento] Posthuman Tantra participa da compilação "Ramificación Sonora", lançada no Chile


"Ramificación Sonora" (ouça aqui) é a nova compilação de música darkwave lançada pela parceria entre os netlabels chilenos "Archivo Veintidós" e "Cian Orbe". O álbum reuniu 24 bandas e/ou musicistas da cena darkwave latino americana, cada uma apresentando uma faixa que represente a essência de sua proposta sonora.

O Posthuman Tantra, a banda do Ciberpajé (Edgar Franco), participa com a faixa "Allegra Geller Memorial" (ouça aqui), uma homenagem ao cineasta David Cronenberg, mais especificamente ao seu filme eXistenZ. 

As palavras dos curadores da coletânea sintetizam sua proposta:

O universo sonoro é líquido. Requer movimento para existir e ainda precisa dessa energia para se manter. Requer o contato de superfícies, instrumentos e/ou transduções para se libertar e viajar, se espalhar. Nenhum controle da estrada, nenhum fim possível além do silêncio. E nessa jornada ele encontra superfícies e recebe respostas, novos sons sendo gerados. Grandes redes neurais se comunicam por meio de seu som de curta duração, mas seu movimento não para. Ao longo desta viagem encontramos dois netlabels, dois peixes num oceano de sons, lutando e partilhando os sons que os compõem, oferecendo a troca sonora entre artistas do som, da música e do sonoramente impossível ou desconhecido. De diversas origens, gêneros, corpos e transumanidades digitais. Como mais um marco nesses fluxos caóticos de informações e afetos.



sábado, 26 de dezembro de 2020

[Lançamento] Ciberpajé cria arte de capa do novo CD do NEW YORK AGAINST THE BELZEBU e escreve texto do posfácio do livro de Nelson Santos sobre a banda


O Ciberpajé foi convidado pelo musicista e ativista underground Nelson Santos a escrever um prefácio para o livro "Aqui é New York Against the Belzebu, Porra!", obra que traz a inusitada história da lendária banda brasileira de noisecore New York Against The Belzebu (NYAB) e da gravadora seminal Rottheness Records. O convite se estendeu à criação da arte de capa do novo CD do NYAB, chamado de Anti-idiotas. O Ciberpajé (Edgar Franco) foi o capista dos primeiros lançamentos em 7 EP, vinil e CD da banda e agora retomou a parceria, criando essa arte. Confira abaixo a resenha em vídeo do Ciberpajé falando sobre o livro e o CD. 





[O MURO ANCESTRAL] Ciberpajé cria microconto de FC inspirado em videoarte e grafite a convite dos artistas Amante da Heresia e Nathália Brito

Arte de Amante da Heresia

O artista multimídia Amante da Heresia convidou o Ciberpajé para criar um microconto de Ficção Científica inspirado em uma videoarte de sua autoria que retrata um grafite feito pela artista Nathália Brito (inner trips). Confira a videoarte e na sequência o conto do Ciberpajé "O Muro Ancestral".




O MURO ANCESTRAL*


Aquele muro era um furo no hipercortex da galáxia. Em um quase beco desimportante de outra megalópole sufocante durante o colapso da espécie parasitária. Mas quem saberia que a chave cósmica para a transmutação pós-humanista só poderia ser aberta com os sigilos hieroglifos cubais corretos? Chegar à complexa imagem certa era muito mais difícil do que resolver aqueles cubinhos mágickos tolos das configuraçõezinhas de lamentinhos dos cenobitinhas do Clive.

Ninguém sabia, ou se lembrava, que quando o primeiro nativo brasileiro caminhou naquele sítio já estava ali um muro. Quando os desbandeirantes chegaram para destruir, o muro não caiu, e quando os candangos vieram pra sofrer, o muro seguia lá no meio do cerradão planalto centralino. Um muro monolito muito mais misterioso que o MONOmito de 2001, e mais estranho que o desmuro de Berlim. Como ninguém explicava o muro, incorporaram-no às suas construções, chapiscaram, rebocaram, pastilharam, maquiaram o muro ancestral que era feito de um material inexpugnável. Mas só o muro sem os hieroglifos de nada valia, era como espermatozoide sem óvulo, bUchecha sem claUdinho, desse jeito aí.

Pois bem, um dia a tampa encontrou sua panela, e ela reluzia azul em uma cabeleira pós-sereia. A sacerdotisa transumana com sua rebeldia suburbana pré-apoKAliptiKa teve um sonho invoKado com um exu transgênico lhe desenhando um treco estranho. Quando ela acordou viu uma mariposa preta revoando na sua cabeça, pegou suas armas-sprays e seguiu a mariposa pelas ruas encardidas da cidade desfalecida. E a sacerdotisa viu o muro e sua espinha arrepiou-se. Assim, em um impulso selvagem, iniciou sua dança cósmica borrifando a força da arte soprada pelo tal exu na face tenra do muro ancestral.

Quando a dança da criação concluiu o seu intento e os sigilos hieroglíficos estavam concluídos, do muro nasceu o vortex primal boitatá que engoliu o mundo em um milissegundo, regurgitando-o cem trilhões de anos depois de uma forma diferente, de um jeito que nem sei explicar, indizível, infalável (não infalível) – no estilão do Lovecraft. É isso que virou, um mundão novo inominável, ou quase isso!


*Ciberpajé



segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

[Lançamento] Posthuman Tantra, banda do Ciberpajé, participa do tributo ao Noise Machine lançado pela gravadora Kaos Records

O Noise Machine, one-man-band do notório Marcelo França, é uma das grandes forças do noise brasileiro. O projeto musical existe desde 1995 e já gravou muitos CDS e K7 espalhando a força de seu ruído pelo planeta. Para comemorar os 25 anos de existência do Noise Machine a gravadora independente Kaos Records, capitaneada pelo ativista da cena noise Ramon Farias - também mentor do projeto musical Caos Sonoro - organizou um incrível tributo em CD triplo, unindo 41 bandas do Brasil e do mundo prestando seu tributo ao Noise Machine. O Posthuman Tantra participa do tributo com a faixa Fatal Kollapse criada especialmente para homenagear o Noise Machine. Confira abaixo uma vídeo resenha do Ciberpajé falando do lançamento da versão limitada da box CD " A Tribute to Noise Machine". Adquira a box no e-mail Kaosrecords@hotmail.com 



[ASSISTA AGORA] Programa "Café com Aspas #7" trata das intersecções entre quadrinhos e zines com os convidados Cátia Ana, Danielle Barros, Beralto, Ciberpajé, Gazy Andraus e Carlos de Brito

Está no ar o programa "Café com Aspas #7" (assista aqui), uma produção da ASPAS - Associação de Pesquisadores em Arte Sequencial, nessa edição dedicada às conexões entre os fanzines e os quadrinhos, os convidados, todos associados da Aspas, são os especialistas e artistas-pesquisadores: Msc. Cátia Ana (UFG), Dra. Danielle Barros (UFSB), Beralto (IFF-Macaé), Ciberpajé (UFG), Dr. Gazy Andraus (UFG) e Prof. Carlos de Brito Lacerda.

O bate-papo rico de referências tratou de múltiplos aspectos da relação entre os zines e as HQS, desde os processos criativos, passando pela importância como recurso educacional e chegando aos conceitos de fanzine, zine e arte zines. Assista ao programa nesse link.



[LIVE DA BANDA CxDxFx] Ciberpajé participou com aforismo de abertura e letra de música da live da banda CxDxFx em projeto da Lei Aldir Blanc

Print da live do CxDxFx - assista aqui

O Ciberpajé foi convidado pela banda CxDxFx (Chafun Di Formio) de Ituiutaba, Minas Gerais - sua terra natal - a escrever e gravar com sua voz um aforismo de abertura para a live que aconteceu no dia 20 de dezembro de 2020 a partir das 19:00hs. A live oficial do CxDxFx foi uma ação possibilitada pelo edital da Lei Aldir Blanc de incentivo à cultura durante a pandemia  (lei 14.017/2020).

A live, com uma produção profissional contou com a execução de muitas músicas da carreira da banda e algumas inéditas do disco novo que está sendo gravado, incluindo a nova faixa "Nada" que conta com letra do Ciberpajé. Confira AQUI a live na íntegra.

O Ciberpajé agradece o convite dos amigos do CxDxFx. Confira abaixo o texto do aforismo recitado na live.

Ituiutaba, Triângulo Mineiro, Brasil, Planeta Terra, Sistema Solar. Sexta extinção massiva de espécies em curso, nova era do caos pré-hecatombe, pandemia mixada ao neo-fascismo emergente de um neonazi presidente. Um país de pseudo-líderes alucinados, perversos psicopatas, genocidas sádicos, gargalhando diante das centenas de milhares de covas abertas. Monstros a serviço do capital financeiro, do monoteísmo monetarista cristão e do ódio absoluto à diversidade e à vida.   Incentivando as aglomerações desmascaradas, pois comprar é mais importante que viver, azeitando a máquina do capitalismo financeiro com os cadáveres de centenas de milhares. Nada pode parar a saga destrutiva do hiperconsumo e da hiperdevastação que andam de mãos dadas com o hiperfanatismo religioso e político reproduzindo a ideia de que a era humana é o apogeu do planeta, de que a biosfera foi criada para ser por nós subjugada, e de que um deus déspota nos proverá sempre. O cosmos em sua sanha equilibrante nem toma conhecimento desses tolos deuses monótonos, maniqueístas e vingativos, serão todos enterrados junto de seus imbecis criadores e defensores na cova profunda e eternamente esquecida da natimorta espécie humana. Aos verdadeiros rebeldes resta o grito, o urro, a força selvagem tribal de resistirem enquanto os milhões de autômatos alienados se entretêm em seus celulares no caminho cego para o abismo. Mas nosso grito ecoará até a queda do último cadáver de um déspota na cova cósmica da humanidade, e Gaia seguirá a saga astral da vida livre de nossa espécie viral (Ciberpajé)



quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

[Top 10] EP CIBERPAJÉ: HOLOFRAKTAFORISMOS, parceria com euFraktus X, está no top 10 de 2020 do blog Phantasmal Music

O EP HOLOFRAKTAFORISMOS (ouça-o aqui), parceria do Ciberpajé com o musicista euFraktus X, foi incluído no top 10 de melhores álbuns do ano de 2020 do blog Phantasmal Music. O espaço dedicado à música fantasmagórica é coordenado por Valery Dronia, que vive na cidade de Salem, Massachusetts, nos EUA. Nas palavras de Dronia:

O blog Phantasmal Music foi criado para divulgar artistas da música dark, abstratos e estranhos que inspiraram seus trabalhos em eventos paranormais e fantasmas. Você encontrará aqui minha seleção de música underground assustadora, minimalista e fantasmagórica com links para cada artista e álbum. 

Os 10 álbuns escolhidos no ano de 2020 não estão dispostos em ordem de relevância. Para o Ciberpajé e seu parceiro criativo euFraktus X é uma honra figurar nessa lista com essa obra experimental e psicodélica que contou com o auxílio de enteógenos, redes neurais e inteligências artificiais para ser gestada. Confira a lista completa nesse link, ou no fac-símile abaixo:




sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

[Ciclonline FAV/UFG] Confira agora a gravação da live com o Ciberpajé, Gazy Andraus e Guilherme Silveira tratando de seus processos criativos, trajetória e influências


Na tarde do dia 10 de dezembro de 2020 aconteceu a live "Autorias Além das Fronteiras: HQs, Zines e Além Mídias", que reuniu os artistas, pesquisadores e professores Ciberpajé (Edgar Franco), Gazy Andraus e Guilherme Silveira para falarem um pouco de suas trajetórias artísticas, processos criativos e influências. A live integrou o projeto de extensão "Ciclonline:Prosas com Pesquisas" da Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás (FAV/UFG). Confira a gravação completa da live nesse link.




quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

[Resenha] EP CIBERPAJÉ - MÁQUINA HIPER-REAL: músicas que vão de um extremo ao outro. Por Larissa Dias

Arte do Ciberpajé

Amei o EP "Máquina Hiper-real" (ouça-o aqui), achei muito interessante, ele parece que vai de um extremo ao outro da música I a V. Vou falar de cada uma delas:

I - Pura Perfeição: Que sons encantadores, vão nos colocando em uma atmosfera calma, solene, como se tudo realmente estivesse perfeito e tivéssemos nos encaixado no nosso verdadeiro lugar, aquele que buscamos a vida toda;
II – O Amor é Sempre a Meta: Que intensa, cheia de vida, dá uma sensação de estar percorrendo uma estrada infinita, como se algo fosse inalcançável, mas ao mesmo tempo muito bom para se correr atrás.
III – A Lua Esplendorosa: Tem toda uma atmosfera mágica, própria da lua! Me pareceu uma música hipnótica, cheia de vida e de poder! Dá uma impressão de que alguma coisa está para acontecer, uma sensação boa de expectativa e de expectador.
IV – A Criação Genuína: Fiquei imaginando uma esfera de buraco-negro, prestes a explodir com toda a matéria escura. Os ditos me lembram frases do Jung. Fiquei até o fim esperando uma bela explosão nesta música, como a verdadeira criação faz. Algo que vai crescendo, se enchendo, se colorindo e que explode numa profusão de arco-íris. Cada um cria a partir daquilo do que é formado e do que é capaz de captar deste imenso universo.
V – A Máquina do Lucro: muito incômoda, com as verdades que estavam sendo ditas com palavras e apoiadas por essa música que parecia retirar o chão, a falsa segurança. Algo perturbador, talvez por se aproximar da sensação de uma vida inútil.

*Larissa Dias é Mitóloga e Psicoterapeuta em São Paulo.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

[Resenha] EP CIBERPAJÉ - MÁQUINA HIPER-REAL: um álbum que flui da luz às trevas. Por Frederico Carvalho Felipe

Arte do Ciberpajé

Finalmente debrucei-me, amparado por meus fones em estéreo, para degustar essa obra sensacional, o EP Ciberpajé - Máquina Hiper-real (ouça-o aqui). Segue abaixo meu relato sobre a imersão nas faixas criadas em parceria pelo Ciberpajé (GO) e Hari Maia (RJ):

Um belo álbum que nos transporta inicialmente a dimensões de paz e tranquilidade, em uma psicodelia progressiva extasiante e fecha causando uma angústia existencial por sermos humanos.

A primeira faixa, como o próprio título remete, é pura perfeição. Os sons e o aforismo declamado se amalgamam harmoniosamente de maneira sublime e doce, abrindo amorosamente o caminho pra faixa dois. Uma faixa que instiga e penetra na imaginação com traços de futurismo. Me remeteu muito a uma atmosfera onírica, porém não orgânica (talvez híbrida). Algo como as reflexões e universos de Phillip K. Dick sobre sonhos surreais de androids e clones em uma naturalidade típica de nosso ritmo cotidiano. A arte da capa me remete muito a essa relação dançante e contrastante, mas complementar, entre o seco maquínico e o molhado orgânico. Uma naturalização da morte em meio a vida, ou seria da vida em meio a morte? Um paradoxo. Um passado de carne e osso envolvido por tecnologias que nos permite sobreviver em meio à um ambiente devastado por nossa própria espécie que mata o próprio habitat em um suicídio que é, de certa forma, induzido pelo sistema sem vida que cada vez mais nos imbricamos e queremos fazer parte com ostentações e competições.

A faixa três com sua atmosfera oitentista me levou a cenários sonoros de álbuns clássicos da new wave e do post-punk, com a força distópica e violadora de um mundo caótico e sem esperanças em relação ao que vem de fora, porém na intimidade acalentante e expansiva do ser consigo mesmo que tudo transforma em luz penetrante sobre as ruínas institucionalizadas. Essa sensação se materializa com o aforismo e a essencial conexão com a natureza pela lua potente que nos observa em silêncio, serena e selvagem, em meio às trevas socio-culturais que nos metemos. O outro projetado para o instinto animal que nos une ao planeta. A natureza enquanto verdadeiro e absoluto Deus visceral, essencial de nossa criação. Somos bichos. Somos natureza, mesmo em meio aos dígitos que nos cegam e iludem. A faixa flui nos abrindo os olhos e coração que pulsa até o final para essa essência que nos move.

A próxima faixa é uma ode à liberdade e a criação artística pura, desvencilhada da quantificação racional da arte. Um manifesto anti-uberização e anti-quantificação de aspectos qualitativos da existência. A arte genuína que emerge em êxtase profundo de ruídos e flutua em harmonias que, metendo os dedos nas feridas pelos ruídos, são belas e transformadoras. Uma espécie de ascensão musical daquilo que somos, não se importando os crivos alheios padronizantes e encaixotantes de estéticas predeterminadas e repletas de sufocamentos criativos. O ruído e o barulho como imposição visceral do espírito em si.

A última faixa fecha em tom apocalíptico a triste mecanização mekHanTrópica da vida, baseada em adorações egóicas e ilusões de felicidade baseadas em lucros. Uma doentia cooptação das almas frustradas por não potencializarem aquilo que transcende, mas que, ao contrário, se rendem ao controle. A aniquilação da vida por conta própria ou induzida a isso. Um aforismo altamente reflexivo que acompanhado com ruídos dos sintetizadores nos levam, pela imaginação, ao fim dos tempos...pelo menos pra espécie humana, já que o planeta, em constante metAMORfose, segue seu fluxo de transmutação continua e atemporal. Um álbum que flui da luz às trevas. Um suspiro disruptivo de humanidade em meio a tantos padrões midiáticos que transformam e idiotizam o ser humano em um processo de escravização voluntária pelo medo e pela preguiça de pensar, sentir, escolher, conectar, existir. Parabéns pela obra de resistência intrínseca, meus caros! Sigamos na trincheira pela arte! Saudações!

*Frederico Carvalho Felipe é musicista, artista multimídia, professor e doutorando do Programa de Pós-graduação em Arte e Cultura Visual da FAV/UFG, em Goiânia 


[Resenha] EP CIBERPAJÉ - MÁQUINA HIPER-REAL: uma profunda imersão! Por Sara Gaspar

Arte do Ciberpajé

Esse EP Ciberpajé - Máquina Hiper-real (ouça-o aqui) tem muita sensibilidade, assim como todos os outros. No primeiro aforismo senti uma tranquilidade profunda. Já no segundo e terceiro uma angústia leve de estar em busca de algo. O quarto aforismo é extremamente inspirador, ao longo da vida acadêmica o nosso lado emocional perde a importância. Sabendo que nossa razão é uma extensão da nossa emoção, em outras palavras, respondemos primeiramente emocionalmente e depois racionalmente, fica claro que apenas somos quem somos devido ao que sentimos. Acho incrível como o Ciberpajé (Edgar Franco) consegue equilibrar tão bem a emoção e a razão nos seus aforismos. É impossível não conectarmos ou não sentirmos nada ao escutarmos, e as músicas, criadas pela parceria com Hari Maia, amplificam a intensidade dessa conexão. 

O quinto aforismo, diferente dos anteriores, é mais perturbador porque retrata a pobre realidade da humanidade. Fiquei questionando se isso realmente faz parte da perfeição, uma vez que o primeiro aforismo diz que "para a essência cósmica não existem erros". Outra questão do primeiro aforismo é que: “... mesmo os atos de ódio mais hediondos ” fazem parte da perfeição da existência. Confesso que fiquei um bom tempo refletindo sobre isso. Tantas coisas ruins acontecem nesse mundo... tenho tido muita dificuldade em digerir e compreender como uma pessoa consegue cometer alguns atos, acho que nunca vou conseguir entender.

 Agradeço ao Ciberpajé e ao Hari Maia por proporcionarem-me essa profunda imersão!            

*Sara Gaspar é artista, graduanda em Biologia na UFRJ, e fanzineira conhecida por seus zines criados no contexto do projeto IFF Fanzine, do Instituto Federal Fluminense de Macaé/RJ, e também no Projeto Comer Pra quê?, da UFRJ & UERJ .

[Resenha] EP CIBERPAJÉ: MÁQUINA HIPER-REAL é resenhado no blog do jornalista Gustavo Sumares na coluna "10 do Mês"

O EP Ciberpajé - Máquina Hiper-real, parceria de Edgar Franco com o musicista carioca Hari Maia, foi resenhado de forma elogiosa pelo jornalista Gustavo Sumares na coluna Os 10 Mais, do mês de novembro de 2020. Confira a resenha diretamente no blog do jornalista, ou no fac-símile abaixo. Ouça Ciberpajé - Máquina Hiper-real nesse link.



quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

[Resenha] EP CIBERPAJÉ - MÁQUINA HIPER-REAL: uma obra rosa dos ventos! Por Adaor Oliveira

Arte do Ciberpajé

Espanto-me (sempre positivamente) com criatividade e capacidade de criação da dupla, Ciberpajé e Hari Maia. No EP "Ciberpajé: Máquina Hiper-real"  - OUÇA-O AQUI - cada som e cada palavra nos envolve de uma tal maneira, que não é possível deixar de saborear tudo que há na obra. Uma obra meio rosa dos ventos, pois nos leva a todas as direções.

Começa de uma maneira encantadora e calma, que nos faz viajar pela beleza da vida, da criação, da perfeição da natureza ao nos conceber como filhos dela. Pena que esses filhos contra ela se voltaram e a maltratam tanto. Em seguida passa para uma intensidade sem fim, como a sensação de percorrer a estrada da vida, cheia de percalços, mas que a gente não cansa de andar, de caminhar, mesmo precisando de descansos e diversas paradas.
Quando chega a lua esplendorosa, vamos da terra ao céu, com a mágica e toda a mística que envolve a Nossa Senhora do Silêncio (como Fernando Pessoa chamava a lua). Ela é sempre majestosa, sempre traz luz em meio à escuridão, e tem que ser contemplada e respeitada como os filhos respeitam pai e mãe.
Em seguida eu me vi ouvindo algo psicanalítico, uma mistura de Freud e Jung, de Piaget e Vigotski. É a criação genuína que nos coloca a pensar a vida, como explosão vinda do Big Bang. E nos dá a sensação que, numa explosão começamos, e numa explosão terminaremos. Da escuridão viemos e para a escuridão voltaremos. E é uma escuridão que pode vir gerada pela máquina do lucro.
Justamente a música e aforismo finais trazem o incômodo, palavras que nos jogam uma realidade nua e crua, perturbando nossa existência que insiste em não sair do lugar comum, da zona de conforto. E a música traz a base perfeita para essa reflexão.
Enfim, lembro Nietzsche, para quem é imprescindível que a atividade artística glorifique e destaque a vida, como também lhe é indispensável que conduza os viventes a tantas outras possíveis valorações da existência.

* Adaor Oliveira é filósofo e educador.

Saiba mais e ouça o EP Ciberpajé: Máquina Hiper-real clicando na arte de capa abaixo:




quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

[Festival Internacional] Animação "(In)Finitum" é selecionada para seu terceiro festival internacional, dessa vez para a mostra competitiva do "Azores Fringe Festival 2021", em Portugal


O curta de animação experimental (In)Finitum, foi selecionado para seu terceiro festival internacional, dessa vez para a mostra competitiva de animação do Festival Internacional de Artes Azores Fringe, que apresentará uma sessão de curtas chamada SHORTS@FRINGE no mês de junho de 2021 nas ilhas dos Açores, em Portugal. Saiba mais e veja a lista dos filmes selecionados pela curadoria do festival NESSE LINK.

 (In)Finitum  já havia sido  selecionado para a mostra competitiva do 17TH ANNUAL GALLUP UFO FILM FESTIVAL, realizado na cidade de Gallup, no estado do Novo México, Estados Unidos. O  festival internacional acontece há 17 anos e já apresentou filmes de 42 países em suas edições, o seu foco é trazer a consciência para o fenômeno OVNI, e outros Mistérios Inexplicáveis. Criando um espaço para cineastas do gênero ficção científica e também documentaristas. O festival aconteceu nesse ano nos dias 16 e 17 de outubro e (In)Finitum foi apresentado na sessão de curtas de sábado, dia 17 de outubro de 2020. Veja a programação do festival aqui. 

A primeira mostra competitiva para a qual a animação foi selecionada foi a do festival internacional Lift-Off Global Network Sessions 2020 - da Inglaterra. (In)Finitum é um curta em animação feito em rotoscopia digital e rede neural com música do Posthuman Tantra. 

A animação - de inspiração enteogênica e ocultista - trata da reconexão com a natureza e o cosmos. (In)Finitum tem direção geral do Ciberpajé, de Luiz Fers e Amante da Heresia, e direção de arte e animação de C.N.S.(Caos Necrophagos Soturnums) e do Ciberpajé. A obra é uma produção do Grupo de Pesquisa Cria_Ciber (FAV/UFG).


Parte da lista de animações selecionadas para o Azores Fringe 2021, incluindo (in)Finitum. Lista completa

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Ciberpajé faz participação especial em performance (Re)Existência (Anti)MekHanTropia, de Fredé CF, no I Seminário de Pesquisa em Arte do PPGACV FAV/UFG



Na tarde de 26 de novembro de 2020 aconteceu a performance/live “(Re)Existência (Anti)MekHanTropia: sons, sombras e transmutações", organizada e conduzida pelo musicista, pesquisador e artista multimídia Fredé CF. A live integrou a programação do "I Seminário de Pesquisa em Arte do Programa de Pós-graduação em Arte e Cultura Visual da Faculdade de Artes Visuais da UFG - Universidade Federal de Goiás".

O Ciberpajé (Edgar Franco) participou como convidado especial da abertura da live, recitando 3 de seus aforismos que integram o CD MekHanTropia, de Fredé CF, e utilizando uma máscara e chocalho para gerar uma atmosfera inquietante. Confiram a gravação da performance/live NESSE LINK.

Fredé CF resume a proposta conceitual da live: 

Observar e ressignificar nossas sombras pela arte. Autoconhecer e transmutar a experiência social ordinária cotidiana. Alavancar possibilidades de existir intensamente no instante presente de forma mais sincera. A antropofágica resistência orgânica ao status quo cultural que atua sobre a complexidade da vida. Vísceras expostas pelas cordas acústicas e vocais que dão vazão à subjetividade e ao pensamento não-linear. Rompimento de padronizações determinantes. Ampliação da diversidade de discursos, perspectivas, criações, expressões e manifestações do pensamento na contramão da MekHanTropia institucionalizada. O autoconhecimento e a arte como válvula de (trans)formação e (re)Existência pela vida.

Ouça o CD MekHanTropia clicando na arte de capa abaixo:



 

[Lançamento] Arte do Ciberpajé estampa capa da revista acadêmica Húmus (UFMA) vol.10, n.30 (2020)

Acaba de ser lançado o novo número da Revista Acadêmica Húmus, vol.10, n.30 (2020). A Húmus é um periódico da Universidade Federal do Maranhão voltado aos pesquisadores de pós-graduação, assim como leitores interessados nos temas abordados que são e os estudos Interdisciplinares em Ciências Humanas e os conceitos de Contingência e Técnica. Tem a pretensão de analisar o impacto da Técnica Moderna na sociedade contemporânea, os diversos aspectos da condição humana na contemporaneidade, e ainda, os elementos trágicos e contingentes nas sociedades pós-modernas, dando relevo tanto a questões teóricas como as específicas sobre o comportamento humano, as ações políticas, as diversas organizações sociais, tribais e individuais presentes no mundo moderno e pós-moderno.

Esse número digital tem como arte de capa uma ilustração do Ciberpajé (Edgar Franco) fruto de suas experiências artísticas utilizando redes neurais e inteligência artificial, produzindo uma imagem que recria a capa do livro de contos de ficção científica 2021, organizado pelo Ciberpajé e publicado pela editora Marca de Fantasia, baixe o e-book 2021 nesse link. O Ciberpajé agradece o editor Prof. Dr. Wellington Lima Amorin (UFMA/UFRGS) pelo convite para ter uma arte sua estampada novamente na capa da Húmus. 


LEIA A REVISTA HÚMUS CLICANDO AQUI.


quarta-feira, 25 de novembro de 2020

[Resenha] Ecos Humanos: álbum em quadrinhos de Ciberpajé e Eder Santos resenhado por Inominável Ser

O álbum em quadrinhos Ecos Humanos, com roteiro de Ciberpajé, e arte de Eder Santos, recebeu uma sensível resenha do ativista cultural e autor Inominável Ser, publicada no blog Ozymandias Realista. Confira a resenha AQUI ou no fac-símile postado abaixo:


E abaixo um comentário de Inominável Ser em resposta a questionamento no post:







[Festival] (DES)LIVE: Curta de Ciberpajé & Amante da Heresia é selecionado para o ‎9º FESTIVAL DO FILME ANARQUISTA E PUNK DE SP


O curta-metragem (Des)Live, com direção de Ciberpajé (Edgar Franco) e Amante da Heresia (Léo Pimentel) e produção do Grupo de Pesquisa Cria_Ciber (FAV/UFG), foi selecionado pela curadoria do 9º FESTIVAL DO FILME ANARQUISTA E PUNK DE SP para ser exibido em sua programação que incluirá também uma entrevista com Amante da Heresia tratando da produção do curta e do conceito de curtaforismos que tem engendrado algumas das suas recentes produções audiovisuais em parceria com o Ciberpajé.

O 9º FESTIVAL DO FILME ANARQUISTA E PUNK DE SP é o mais importante festival brasileiro dedicado a esse gênero de filmes e acontecerá online entre os dias 1 e 6 de dezembro de 2020 pelo link anarcopunk.org. A entrevista com Amante da Heresia e a exibição de (Des)Live acontecerão no dia 6 de dezembro a partir das 15:00hs. Confira a programação completa aqui.

O curta, totalmente D.I.Y. e realizado respeitando a quarentena da Covid-19, tem 4 minutos e reflete sobre a proliferação autoindulgente do novo formato midiático "live".

Assista ao curta CLICANDO AQUI.

(Des)Live 
Um curtaforismo para que você deslive-se! 
- Direção geral: Ciberpajé (aka Edgar Franco) & Amante da Heresia (aka Léo Pimentel) 
- Direção de arte: Ciberpajé & Lucas Dal Berto
 - Roteiro: Ciberpajé & Amante da Heresia 
- Atores: Ciberpajé & Morte Cyberpunk, participação especial na live costurando: Luiz Fers 
- Câmera: Lucas Dal Berto 
- Edição: Amante da Heresia 
- Música: Memento, da banda Quilombot 
- Figurino: Luiz Fers
 - Uma produção Grupo de pesquisa Cria_Ciber (FAV/UFG) 
Goiânia, Brasil, 2020.




terça-feira, 24 de novembro de 2020

[Lançamento] Arte do Ciberpajé ilustra encarte do novo álbum do Tuatha de Danann: In Nomine Éireann

Arte criada pelo Ciberpajé no encarte do novo CD "In Nomine Éirann" do Tuatha de Danann

O lendário grupo folk metal brasileiro Tuatha de Danann acaba de lançar seu mais novo álbum. A obra é fruto de um financiamento coletivo com mais de 500 parceiros no Brasil e no mundo e recria de forma majestosa músicas notórias do cancioneiro tradicional Irlandês. São 11 canções incríveis com a marca autoral do Tuatha de Danann, uma das bandas mais importantes do cenário heavy metal brasileiro.

Arte de capa do single "The Molly Maguires", por Ciberpajé

Parte da arte criada pelo Ciberpajé (Edgar Franco) como capa do primeiro single do álbum "The Molly Maguires" (veja o lyric video aqui) foi utilizada no encarte do novo CD "In Nomine Éirian". Justamente a imagem simbólica da mão erguendo a picareta, que representa a força insurgente entre os mineiros de carvão imigrantes irlandeses-americanos e irlandeses na Pensilvânia que lutavam contra a opressão dos donos do capital. 

Página do encarte com agradecimentos e créditos do CD


Uma curiosidade sobre a arte criada pelo Ciberpajé é que ela também apareceu no vídeo do segundo single, Warrior Queen, pois o tecladista Edgard Brito aparece no clipe usando uma camiseta com a arte de "The Molly Maguires" .

O tecladista Edgard Brito usando a camiseta com a capa do single "The Molly Maguires" durante o vídeo para o single "Warrior Queen"

O Ciberpajé já havia criado a capa do single e ilustrado o lyric vídeo de Your Wall Shall Fall do disco “Tribes of the Witching Souls”, e ficou muito honrado com essa nova oportunidade de criar algo em parceria com o Tuatha de Danann, uma das bandas brasileiras que ele mais admira musicalmente, conceitualmente e ideologicamente. Saibam mais e adquiram o novo álbum clicando na arte de capa abaixo.







segunda-feira, 23 de novembro de 2020

[RESENHA] EP CIBERPAJÉ - MÁQUINA HIPER-REAL: o real excessivo que está mais calcado em uma realidade alienante, por Gabriel Pinheiro

Arte de Ciberpajé

A máquina hiper-real (OUÇA O EP AQUI) não é exatamente o real prático das nossas percepções. É o real excessivo que está mais calcado em uma realidade alienante, oriunda dos sistemas coletivos que sustentamos diariamente, que serve de subterfúgio de si mesmo, da consciência do cemitério do inconsciente, repleto de fantasmas de tudo que podia ter sido, feito e criado. Não se trata apenas de uma fuga do arrependimento, como pode-se pensar, mas uma fuga do que pode ser feito agora ou amanhã, pois aquela energia criadora de ser melhor, de ser “mais de si mesmo”, sempre estará ali residente.

É assim que vejo o ponto de partida desta obra absoluta e ao mesmo tempo tão intimista do Ciberpajé, em parceria com Hari Maia. Partindo do princípio de que para se ter a experiência da arte é necessário captar todas as suas nuances, de forma íntima e profusa, sendo objetivo apenas na hora de se expressar quanto a mesma. Nesse sentido, eu vou vislumbrar as três produções presentes neste trabalho: plástica, sonora e poético-filosófica.

O estilo onírico e psicotrópico está presente aqui, como marca d’água de um artista que sempre enxerga dentro de si uma cosmogonia. Nesse âmbito, a imagem tem uma paleta de cores quase fortuita e insinuante que, ao brincar com os padrões da percepção, denota a assinatura intimista do artista ao mesmo tempo que revela universalidade poética. O Ciberpajé é um artista da experiência e, como tal, busca fluir conforme as sensações intensas e com impetuosidade crítica, quase animalesca, característico de seu estilo xamânico e misterioso.

Ao optar pelas figuras de dois crânios, um corvo e um humano de máscara de gás, a ideia nos compele a esperar uma forte acidez crítica sobre as eventualidades do cotidiano da pandemia e as relações humanas e sistêmicas, com suas ações de mesquinhez, covardia e inconsequência. Sim, posteriormente sua poética nos dará esse âmbito de compreensão, mas como toda boa e genuína arte, ela não se estabelece apenas em um nível semântico. As máscaras mortuárias que a imagética futurista e caótica nos faz defrontar são apenas figuras comuns que refletem a nossa própria mortalidade e nos atravessam ainda mais em um nível ontológico.

Desse ponto, podemos pressupor sobre o que virá ao ouvirmos os acordes e as recitações de tons quase cândidos do Ciberpajé. Particularmente, este trabalho sonoro com Hari Maia me fez recordar algumas nuances do estilo de artistas como Trent Reznor (Nine Inch Nails) e Atticus Ross, um pouco diferente de outras abordagens sonoras aos aforismos do Pajé, que lembravam bastante o experimentalismo sinuoso do grupo Einstürzende Neubauten e, às vezes, a explosão sonora do Front 242. Porém, tais menções são apenas notas de semelhança em um momento ou outro, visto que o trabalho aqui possuí uma assinatura particular que destoa de qualquer outra produção com estilo próximo daqueles citados.

A poética aforística do Ciberpajé é afiada e pode ser incômoda, mas a graça está na beleza que emana de sua mensagem, sempre carregada de profundo amor e apreço pela arte da vida em sua forma mais intensa. Nesse aspecto, o poeta é exímio em produzir nuances de experiência e uma multiplicidade de sensações. As mensagens são francas e sem rodeios, mas sensíveis e fluem naturalmente com a sonoridade, que nos abraça de início mas, quase que de forma instantânea, nos chacoalha dentro de nossas bolhas cotidianas. 

Em toda a produção de arte do Ciberpajé é possível observar certas assinaturas claras que, como todo artista e ser humano, denota sua própria pessoalidade. No entanto, no rico e prolífico curso de criação desse artista, tão comprometido com a vida, reinam signos que buscam sempre se destoar com o que foi dito anteriormente, de uma forma ou outra. Neste projeto com o musicista Hari Maia não foi diferente, pois o Ciberpajé busca trazer novas nuances de sentido e expressão que são, por princípio, a raiz de qualquer fazer artístico, como, por exemplo, a evidência ao deixar sua parceria criativa ressoar sua própria voz. 

Neste momento, não vislumbramos apenas um espírito artístico, mas uma composição multidisciplinar que impera sobre uma harmonia relativa. Exatamente neste aspecto que reside a demonstração metalinguística de reproduzir a vida por meio da arte em seu signo mais íntimo pela qual artistas como o Ciberpajé se debruçam tão arduamente.

*Gabriel Pinheiro é escritor, ensaísta e educador. 

Saiba mais e ouça o EP "Ciberpajé: Máquina Hiper-real" clicando na arte de capa abaixo: