sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Ciberpajé participará de programa na rádio CBN de Goiânia falando sobre o dia do Quadrinho Nacional, confira!

Dia 30 de janeiro é comemorado o dia do Quadrinho Nacional. O Ciberpajé Edgar Franco, artista transmídia, professor doutor na Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás, foi convidado mais uma vez a conceder entrevista à rádio CBN Goiânia, para falar sobre o panorama da pesquisa e produção dos quadrinhos no Brasil.
A entrevista será transmitida ao vivo, amanhã 30 de janeiro às 10:20 (horário de Brasília)
Confira no Link:
http://www.cbngoiania.com.br/

Ciberpajé durante conferência no evento Enquadrinhos na UnB. Foto Equipe Enquadrinhos.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Ciberpajé Recomenda: SERGUEI - O Anjo Maldito do Rock Brasileiro (DVD Duplo - Direção de Marcio Baraldi, 2015) & revista poster SERGUEI (2015)

Foi uma experiência emocionante assistir a esse necessário documentário realizado pelo artista Marcio Baraldi. Baraldi, além de cartunista hiperpremiado, tem realizado documentários seminais sobre figuras essenciais de nossa cultura. Ganhou, inclusive, o troféu HQmix pelo documentário sobre a vida e obra do grande mestre das HQs, Rodolfo Zala. Serguei é uma lenda viva do rock nacional, um senhor com 82 anos, mas que continua serelepe e louco nos palcos como um moleque de 15. A história de sua vida é um exemplo de integridade e amor ao que se faz. Os depoimentos emocionados de fãs famosos revelam a doçura e educação desse homem que já era um roqueiro porra-louca no fim da década de 50, enfrentando com serenidade todos os preconceitos advindos de suas opções de ruptura pelo rock, pela bissexualidade, por não ter endereço fixo, nem emprego formal, depois que foi expulso de uma compania aérea quando era comissário de bordo, e isso por ter dançado bêbado com a atriz Gina Lollobrigida! Para aqueles que acreditam que o maior feito de Serguei foi ter transado com Janis Joplin, algo que ele adora contar e se diverte ao reinventar a história, o documentário mostra uma personalidade profunda e ao mesmo tempo paradoxalmente simples, e a encarnação perfeita daquilo que eu entendo como liberdade, um homem que seguiu sempre o que acreditou em sua vida, mas não feriu ninguém diretamente para isso. Todos que falam de Serguei no vídeo falam com carinho e ressaltam sua irreverência e doçura. O pacote vem ainda com um DVD extra trazendo shows inéditos, videos e entrevistas na TV, e para completar foi lançada paralelamente uma bela revista poster. Serguei é mesmo um anjo maldito, mas espero que ainda nos brinde por muitos e muitos anos com suas loucuras rockeiras nesse plano! Parabéns ao grande Baraldi por esse belo e singelo documento certeiro em sua proposta de retratar a lenda. O Ciberpajé recomenda!
(Ciberpajé)
(Foto do Ciberpajé)

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Arquivo X: Somando temas sérios inspirados pela ciência de ponta às bizarrices do inóspito. Entrevista ao Ciberpajé Edgar Franco, para o "Jornal O Hoje", por José Guilherme Abrão.

Capa do livro de Ariadne Rengstl


JORNAL O HOJE 01 - Primeiro, como você conheceu Arquivo X e o que te atraiu?

Ciberpajé - Sou um criador aficionado pelas possibilidades amplas da ficção científica como canal poderoso para discutir questões emergentes em nossa sociedade e no mundo contemporâneo. A FC é hoje uma das formas narrativas multimidiáticas mais contundentes a questionar a nossa realidade e a nossa relação cada vez mais intrincada com as tecnologias recentes. Séries como Black Mirror e Real Humans conseguem tocar profundamente em problemas fundamentais, nos quais mesmo a filosofia contemporânea derrapa. Antes de conhecer Arquivo X, eu já era um apaixonado por séries de TV das décadas de 60, 70 e 80 que lançavam mão da FC, da Fantasia e do Mistério para criar histórias envolventes e questionadoras. A mais fascinante delas foi Twilight Zone, que estreou nos EUA em 1959, e foi chamada de "Além da Imaginação", no Brasil, teve continuações nas décadas de 80 e 90. Outras séries notórias com esse enfoque foram The Outher Limits e The Amazing Stories. Arquivo X é, na verdade, o resultado da somatória do mote dessas séries, que tinham episódios fechados com começo meio e fim, com o grande sucesso que as séries televisivas com personagens fixos começou a fazer. Assim temos 2 personagens fortes e basais, que vivem histórias fantásticas a cada episódio. Quando vi um episódio da primeira temporada, na época de seu lançamento, fiquei imediatamente fascinado, a construção de personagens era forte e a atmosfera da série densa.

JH 02 - A estética da série é muito peculiar com influencias Pulp e de filmes B e ficção-científica de meados do século,  o que você pode falar sobre isso?

C -Chris Carter soube incorporar sagazmente um visual inspirado pelo cinema noir aos aspectos mais gores e viscerais dos filmes de FC de baixo orçamento. Essa estética é um dos pontos fortes do seriado.

JH 03 - Os temas trabalhados também são interessantes. Às vezes eles abordam temas contemporaneos e sérios do sci-fi, como a ameça da Singularidade, e em outros aconteciam episódios muito bizarros e absurdos, uma coisa bem 'monstro da semana', tipo o platelminto gigante que ataca as pessoas na privada que tem na segunda temporada.

C- Esse é um dos charmes do seriado, a concepção ampla do que é o bizarro, de que vivemos em um mundo extremamente complexo e que nenhuma filosofia ou mesmo a ciência conseguem dar conta das complexidades de nossa realidade. Acho que os roteiristas leram o "Livro dos Danados" de  Charles Fort, uma contundente obra de 1919 que já questionava os limites e até a ineficácia pueril da ciência ao tentar explicar fenômenos completamente inexplicados. Esses fenômenos, muitas vezes, são extremamente obtusos e bizarros, como contundentes chuvas de peixes vivos e abduções de cidades inteiras. A ideia de articular no todo da série reflexões filosóficas e científicas baseadas em pesquisas de ponta, como a citada Singularidade, a nanoengenharia, a emergência da IA e somar isso às bizarrices inexplicadas que vão das experiências de abdução e chegam aos monstros mutantes, é mágica, pois vivemos em um mundo de grande complexidade e somos naturalmente fascinados pelo mistério insolúvel por trás dessas histórias.

JH 04 -Você assistiu tudo? Acha que a série perdeu a mão ao longo do tempo?

C- Assisti as 5 primeiras temporadas na íntegra, depois disso passei a assistir episódios esporádicos. A série começou a tornar-se autoindulgente e autorreferencial demais. Começou a ser pensada só para fãs engajados e seguidores, assim perdeu o seu viço e a capacidade de atrair novos expectadores.

JH 05 - Você acredita que é uma série relevante até hoje?

C- A temática da série é universal e poderosa. Minha irmã, a Msc. Ariadne Franco, escreveu um instigante livro analisando a força arquetípica dos personagens de Arquivo X, uma das razões de seu sucesso. O livro se chama "Arquivo X Arquétipo: Mitos e Símbolos no Seriado Arquivo X" (http://marcadefantasia.com/livros/quiosque/arquivox/arquivox.htm), foi lançado pela editora Marca de Fantasia em 2005, e tive o prazer de ilustrá-lo. O ponto forte dos dois personagens basais da série é a tensão entre eles, Scully representa a ciência dogmática que acredita ter a resposta para todos os fenômenos, mas vive derrapando e se sentindo perdida e até meio imbecil, ela é contida e pragmática. Mulder é o arquétipo do alquimista, ele acredita na ciência, mas sabe que ela não tem todas as respostas por isso lança mão de outras tecnologias desde o ocultismo até o xamanismo, ele encarna o cientista místico, e é mais inconsequente, impetuoso, libertário. A somatória dos dois é explosiva e poderosa. As 3 primeiras temporadas do seriado são impecáveis, realmente maravilhosas e atualíssimas. Melhores do que 90% de toda a FC produzida hoje.

JH 06 - Acha que ela ficou datada? As gravatas do Mulder tendem a ser bem chocantes hoje em dia.

C- Não acho que a série perdeu o viço não, a maior parte de seus temas são atemporais, continua relevante e é por isso que, com a série crise criativa no cenário mainstream, vão resgatá-la.

JH 07 - Qual você acredita ser o legado da série?

C- A ruptura que realizou ao conseguir mixar temas sérios inspirados pela ciência de ponta às bizarrices do inóspito!

JH 08 - E para estes novos episódios, está empolgado? O que espera deles?

C- Não gostei dos longas-metragens, achei enfastiantes e também autoindulgentes, muito decepcionantes. Foram criados justamente após a decadência que ressaltei, depois da quinta temporada. Penso que depois de tantos anos, talvez o retorno não tenha só objetivos financeiros, darei uma chance à série e assistirei aos primeiros episódios. Mas confesso que não tenho grandes expectativas.

Leia a matéria resultado dessa entrevista que foi publicada na edição do jornal O Hoje, de Goiânia, no dia 24/01/2016 no link:

Captura de tela da versão on line do Jornal O Hoje

EDGAR FRANCO é Ciberpajé, artista transmídia, pós-doutor em arte e tecnociência pela UnB, doutor em artes pela USP, mestre em multimeios pela Unicamp e professor do Programa de Doutorado em Arte e Cultura Visual da UFG. Possui obras premiadas nacionalmente nas áreas de arte e tecnologia e histórias em quadrinhos.

domingo, 24 de janeiro de 2016

O Cibercangaceiro enviado por Gaia - Resenha do Clipe "Ato VI: Lúcifer Transgênico" do Posthuman Tantra pela IV Sacerdotisa Danielle Barros


IV Sacerdotisa
Para mim é sempre uma honra e uma alegria ver as criações do Ciberpajé! Na oportunidade venho comentar minhas impressões sobre o novo clipe do Posthuman Tantra , com o "Ato VI - Lúcifer Transgênico", dirigido e editado por Anésio Azevedo Costa NetoDaniel Rizoto e pelo próprio Ciberpajé. 
Outro dia eu comentei em um texto que, em uma outra época padecíamos da falta de acesso à informação e vivíamos cegos e alheios a uma série de questões e acontecimentos. Paradoxalmente, hoje padecemos exatamente do oposto, vivemos na era da hiperinformação. Recebemos uma avalanche de textos, imagens, fotos, notícias, muitas sem pertinência alguma. Ficamos atolados e exauridos de tanta informação e alheios sobre o que realmente importa. Esse trabalho artístico é uma daquelas “coisas” que “realmente importam”, mas que muitas vezes passam sem a devida valoração diante de tanta carga de informação a que somos expostos diuturnamente.
Mas escrevo este texto para destacar o devido valor dessa arte, de sua pertinência conceitual e de sua beleza.
Todas as vezes que me proponho a resenhar alguma obra do Ciberpajé gosto de ressaltar que embora eu não seja nenhuma especialista em arte, sou profundamente conectada a seu ideário, sendo essa uma das razões de ser nomeada IV Sacerdotisa. Então mesmo não sendo especialista, sou entusiasta, sou crítica, sincera e mais importante, sou cidadã do mundo. Portanto, pensar sobre as questões do planeta, da degradação das espécies, da autodestruição humana, e das mazelas que temos vivenciado em decorrência da morte da essência individual de cada ser, são temas urgentes e que muito me interessam.
Como o clipe é repleto de hipertextos conceituais irei comentar alguns que destaquei, uma vez que a obra está aberta a diversas leituras distintas. 
Um dos pontos que quero destacar é que o clipe é gravado em uma fábrica de laticínios abandonada da cidade mineira de Ituiutaba. Achei curioso e uma sincronicidade importante um clipe que aborda sobre total desertificação do planeta e a autoextinção da espécie humana sendo gravado em um local que faz referência a um dos principais motivos do desperdício e gasto de água, do sofrimento animal, pela total devastação das florestas e gerador de poluição que mais degrada o planeta que é a PRODUÇÃO ANIMAL (extração de peles, carne, leite, etc) de animais de criação (bois, frangos, suínos, etc). Ou seja, em um feliz paradoxo o clipe foi gravado em uma fábrica de laticínios abandonada, esse é, de fato, o futuro que nos reserva, o fim da produção animal, muito bem representado simbolicamente.
Captura de tela do clipe  "Ato VI: Lúcifer Transgênico"
Já se sabe que a produção animal é uma prática insustentável e suicida que mina nossa água, devasta nossas florestas e biodiversidade, já estamos cientes que ingerimos veneno, pois a agroindústria tem se valido da biotecnologia para aumentar os lucros e envenenar seus consumidores para acelerar o plantio, colheita, para engordar o gado, para aumentar a produção do leite. E é fato e muito se sabe que existe uma infinidade de alimentos ricos em proteína, ferro etc que estão disponíveis em outras fontes alimentares, porém a produção animal é a mais explorada.

Captura de tela do clipe  "Ato VI: Lúcifer Transgênico"
O nome do clipe faz alusão ao termo “transgenia”, e embora na acepção do termo seria uma “transgenia” em prol de uma mutação para o bem (com a vinda do Lúcifer Transgênico, uma nova espécie gaiana em harmonia cósmica, a sétima raça que substitui a raça humana), na prática, sabemos que os transgênicos visam mesmo é o LUCRO, e ao contrário do discurso falacioso inicial, eles NÃO foram criados para "matar fome da população mundial", já que os famintos permanecem com fome. Além disso, os consumidores de alimentos transgênicos estão sendo COBAIAS de suas consequências (já que não se sabe as consequências da transgenia), os que se opõem à isso, por vezes consome também, já que os avisos nas embalagens estão sendo retirados pelo falacioso e falso “princípio da equivalência”. Sabemos que os que resistem ao agronegócio in loco (sobretudo os povos indígenas) estão sendo massacrados e a mídia ainda vende a imagem de que o índio é bandido (e na mitologia da Aurora Pós-Humana eu diria que os resistentes são os povos indígenas hoje em dia)
Sabemos que comemos veneno, pois a agroindústria tem se valido da biotecnologia para aumentar os lucros e envenenar seus consumidores para acelerar o plantio, colheita, para engordar o gado, para aumentar a produção do leite. São temas delicados e urgentes a serem discutidos, porém a humanidade caminha para o abismo. Pois não estamos falando de “futuro”, pois como o Ciberpajé mesmo cita o termo criado por Phillip K.Dick, sobre o deslocamento conceitual, estamos é precisando discutir as questões atuais representadas em um futuro hipotético e já está acontecendo:
Queimadas e derrubadas de floresta para plantação de soja e outros transgênicos, devastação de terras para criação animal, expulsão de famílias da zona rural para obtenção de mais espaço, submissão de agricultores ao agronegócio e sementes patenteadas, uso indiscriminado de venenos, aumento das mais variadas doenças (cânceres, doenças degenerativas, alergias alimentares, etc) em consequência de tudo isso. O que virá em breve? Ficaremos sem espaço para criar animais e obter ração suficiente para alimentá-los, aumentarão os maus tratos aos animais, que serão submetidos a cubículos, a quantidade de água escassa não será possível para fazer queijos, iogurtes, hambúrgueres, chocolates e tudo mais que necessita de uma GRANDE quantidade de água para produzir. Somente os mais ricos terão acesso a essas "iguarias" e os pobres terão que comer subprodutos cárneos para em seguida serem submetidos a um veganismo forçado, regado a muitos alimentos transgênicos e repletos de agrotóxicos. Ou seja, JÁ VIVENCIAMOS ISSO, estamos comendo veneno, e a tendência é aumentar, só que em breve: Com menos água, mais calor e menos poder de "decisão" sobre como agir. E eu nem mencionei sobre a exponencial geração de LIXO! 
A letra da música trata poeticamente de todas essas questões! Morte, sofrimento, secura, desespero, agonia, extinção, transgenia, a DEMÊNCIA HUMANA, pois por mais que seja racional, É BURRA, pois se autoextingue ao destruir outras espécies e ambiente.
Minha resenha não é um manifesto pelo veganismo, mas uma leitura crua e realista acerca da realidade caótica em que chegamos e isso sequer é discutido na sociedade, seja no campo artístico seja na instância pública ou política, são assuntos deliberadamente invisibilizados.
Depois de assistir algumas vezes diria que o clipe tem uma ritualística dividida em 6 partes: 1) O verde, a natureza primeva em seu estado selvagem, a chuva banhando a vegetação, umidade e vida; 


Captura de tela do clipe  "Ato VI: Lúcifer Transgênico"

Em seguida, o paradoxo 2) Lugar inabitado, construto abandonado, vazio, destruição, 
Captura de tela do clipe  "Ato VI: Lúcifer Transgênico"
3) Resquícios de rastros de humanos e animais; 
Captura de tela do clipe  "Ato VI: Lúcifer Transgênico"
4) Surge a imagem do enviado de Lúcifer, o "ciber" cangaceiro pós-humano, representada pelo Ciberpajé, ele se prepara ritualisticamente (em suas vestes, anéis, cartola, adaga, olhar fixo) para destruir simbolicamente tudo que está conectado ao "humano demente", anda pelas matas;
Captura de tela do clipe  "Ato VI: Lúcifer Transgênico"
Captura de tela do clipe  "Ato VI: Lúcifer Transgênico"
Captura de tela do clipe  "Ato VI: Lúcifer Transgênico"
Captura de tela do clipe  "Ato VI: Lúcifer Transgênico"
Captura de tela do clipe  "Ato VI: Lúcifer Transgênico"
Captura de tela do clipe  "Ato VI: Lúcifer Transgênico"
Captura de tela do clipe  "Ato VI: Lúcifer Transgênico"
 5) O Ciberpajé constata o rastro deixado pela humanidade, reverencia Gaia em um lamento sepulcral, um ato que antecede o ataque iminente e certeiro, missão cósmica que irá executar, 
Captura de tela do clipe  "Ato VI: Lúcifer Transgênico"
Captura de tela do clipe  "Ato VI: Lúcifer Transgênico"
6)  Culminância do ato ritualístico, a destruição simbólica e intensa, catarse final do clipe, morte ao humano demente, destruição para o nascimento de uma nova era. A música densa como uma trilha de filme de ficção científica, traz a saga de uma humanidade que agoniza. 
Captura de tela do clipe  "Ato VI: Lúcifer Transgênico"
Tem uma cena muito emblemática, o Ciberpajé aparece extirpando a humanidade, quando grita e põe o punhal pra cima, por diversas vezes.
Captura de tela do clipe  "Ato VI: Lúcifer Transgênico"
O clipe aborda temáticas como a morte, extinção, desertificação, devastação, em que as imagens formam um paradoxo de linguagem, uma vez que, ainda que boa parte das cenas se passem dentro de uma fábrica abandonada, suja e destruída, o clipe traz cenas vívidas da chuva, floresta abundante, terra, céu, ar, vegetação que emerge vencendo o concreto, muito verde, selvageria e serenidade representados na figura do Ciberpajé, que também incorpora a catarse da destruição, como um mensageiro de Gaia trazendo “as boas novas” ao planeta, do fim de nossos dias. 
Captura de tela do clipe  "Ato VI: Lúcifer Transgênico"
Me fez lembrar os cangaceiros do nordeste, os justiceiros que vão em sua solidão “cobrar” o preço da dívida do “devedor”. Em diversas cenas, ele vem com olhar fixo para a câmera, como que na iminência do ataque. O clipe explora elementos desse "cibercangaceiro" pós-humano: close nos anéis (que cada um em si já traz simbologias à parte, a cartola vermelha, os lobos yin e yang na camisa, o punhal, as vestes de negro, o olhar. Só para citar alguns.
Captura de tela do clipe  "Ato VI: Lúcifer Transgênico"
A narrativa visual tem uma afinidade perfeita e fluida entre as cenas e a música, parece que a música foi criada para o clipe. O Ciberpajé utiliza a magia posista (um dos princípios da magia ocultista de Paschal Beverly Randolph) e não é a primeira vez que explora essa gestualidade, no clipe "The Reconnection: Werewolves Touching the Cosmos" que resenhei em 2014 (confira AQUI), ele também explora estes elementos.
Captura de tela do clipe  "Ato VI: Lúcifer Transgênico"
Tem uma cena que destaco também, a câmera foca em um buraco na parede e ele surge enfiando a adaga, a meu ver, representa a penetração fálica no círculo feminino, que dá início à vida.
Captura de tela do clipe  "Ato VI: Lúcifer Transgênico"
Há também uma alusão à linguagem quadrinhística quando a tela se divide em quadros para expressar o instante em que o Ciberpajé destrói um eletrodoméstico e seus chips eletrônicos– imagem simbólica da necessária destruição da materialidade construída e exaltada pela humanidade. Nessa hora o som é retumbante, cortante, imponente.
Captura de tela do clipe  "Ato VI: Lúcifer Transgênico"
Há cenas em que o Ciberpajé olha pela parede quebrada, vê as chaminés de fábricas exalando fumaça negra no céu azul, ele nas sombras, abaixa a cabeça como um lamento. É um clipe denso e reflexivo. Destaco também a predominância das cores do Posthuman Tantra: verde, vermelho e preto. 
Captura de tela do clipe  "Ato VI: Lúcifer Transgênico"
Por vezes a câmera foca num círculo no teto que conduz nosso olhar para um segundo andar nesse prédio abandonado, há vegetação nos escombros, nas correntes enferrujadas: seria uma possível saída de nossa morte certa? Ou a indicação que mesmo na destruição a vida persiste?
Captura de tela do clipe  "Ato VI: Lúcifer Transgênico"
As músicas do Posthuman Tantra sempre mexem em mim em uma dimensão mais visceral, seja incitando palpitações cardíacas, momentos de repulsa, medo, êxtase, incômodo e encantamento. Embora o clipe tenha sido feito no estilo “faça você mesmo”, com baixo orçamento e recursos de produção, o clipe tem uma qualidade estética profissional, de beleza plástica e muito eficaz ao representar o conceito filosófico e iconoclasta abordado na música.
Parabenizo ao Ciberpajé e a seus parceiros artísticos Anésio Neto e Daniel Risoto pela bela e contundente criação, provando que com objetivos claros, talento e excelência é possível passar a mensagem através da arte, sem produções de alto custo (ainda que essas também sejam bem vindas). 
Captura de tela do clipe  "Ato VI: Lúcifer Transgênico"
O álbum foi lançado no Brasil pela gravadora "Terceiro Mundo Chaos", e na Inglaterra pela gravadora 412 Recordings e já teve outros dois clipes feitos elos Diretores Rynaldo Papoy - clipe Colapso Glorioso Ato I; e C.N.S - clipe Ato IV Enterro Cósmico.
Envolvida com a atmosfera do clipe recriei algumas imagens em homenagem, e aqui sincronicamente está chovendo:

Cena 1:
Captura de tela do clipe  "Ato VI: Lúcifer Transgênico"
Foto IV Sacerdotisa 
Cena 2:
Captura de tela do clipe  "Ato VI: Lúcifer Transgênico"
Foto IV Sacerdotisa 
Cena 3:
Captura de tela do clipe  "Ato VI: Lúcifer Transgênico"
Foto IV Sacerdotisa 
Cena 4:
Captura de tela do clipe  "Ato VI: Lúcifer Transgênico"
Foto IV Sacerdotisa 
Cena 5:
Foto IV Sacerdotisa 
Foto IV Sacerdotisa 
Bem, escreveria muito mais, pois a obra inspira muitas leituras, mas finalizo destacando que o Ciberpajé é um artista genuíno que como disse Ezra Pound, "o artista é uma verdadeira antena de nossa raça", o Ciberpajé além de ser visionário por sua profunda sensibilidade, traz mais do que arte, verdadeiras predições sobre os rumos da humanidade.
Nossa espécie humana, apesar de tanta beleza que é capaz de criar, em sua sanha por poder e destruição criou uma egrégora cruel sobre si e outras espécies.
Cada vez que leio, assisto, aprecio um desenho ou ouço alguma de suas obras, sinto que ele sendo ancestral como é, cria narrativas de um futuro iminente como se “lá” ele já estivesse estado – e não duvido - o que me deixa mais perplexa e aterrorizada ainda, imaginar que as situações em que o Cibepajé aborda em suas HQs, músicas, performances e desenhos sejam retratos do que nos aguarda. Talvez seja por isso que muitos se sentem incomodados e deliberadamente evitam ter contato com suas criações, para assim, tentar fugir de algo que, no íntimo de cada um de nós sabemos que pode sim vir a acontecer, ainda que muitos não estejam vivos até lá para ter a prova… apesar de já estarmos vivendo boa parte do que pensávamos que sofreríamos num futuro distante.
Já começou a sexta extinção em massa…
Foto IV Sacerdotisa 

IV Sacerdotisa Danielle Barros é Mestre em Ciências e doutoranda em Ensino de Biociências e Saúde, Fiocruz/RJ.


Ainda não viu o clipe? Confira aqui:



sábado, 23 de janeiro de 2016

Ciberpajé concede entrevista exclusiva à revista KEYBOARD

A revista brasileira KEYBOARD número 30, de janeiro de 2016, incluiu uma entrevista exclusiva de 7 páginas com o Ciberpajé Edgar Franco (página 46 à 52). A publicação é um dos veículos mais importantes da área musical no país e cada um de seus exemplares conta com dezenas de milhares de visualizações e downloads. 
A entrevista foi concedida ao tecladista Amyr Cantúsio Jr., um dos mais importantes mestres do instrumento no país, redator da revista que já incluiu entrevistas exclusivas com Kitaro, Ivan Lins, Guilherme Arantes, entre outros músicos de respaldo nacional e internacional. Na entrevista, o Ciberpajé falou sobre suas influências musicais e literárias, sua relação com a música experimental, sua concepção imanente e transcendente da vida, destacou os aspectos técnicos envolvidos na criação das músicas e performances de sua banda Posthuman Tantra e a sua extensa discografia ao longo de 11 anos de existência. 
A capa desse número 30 foi dedicada ao lendário músico japonês Isao Tomita, com matéria destacando sua extensa e original obra.
A revista pode ser lida on-line ou baixada (PDF) nesse link:
http://bancadigital.com.br/keyboard/hotsite/

Confira algumas imagens dessa instigante entrevista:

Abertura da entrevista, páginas 46 e 47. Foto de Hudson Lima e arte de Edgar Franco.

Páginas 48 e 49.

Páginas 50 e 51. Foto de Lucas Dal Berto, o Ciberpajé em seu estúdio Oca, em Goiânia.

Página 52.

Capa da revista.


​Índice.


A revista pode ser lida on-line ou baixada (PDF) no LINK.


Coluna do Ciberpajé no "Jornal do Pontal" completa 100 semanas de publicação!

Terça-feira, dia 19 de janeiro de 2016, a coluna "Aforismos do Ciberpajé Edgar Franco" completou 100 semanas de publicação no "Jornal do Pontal", distribuído em Ituiutaba e no pontal do Triângulo Mineiro. 
É uma marca considerável e durante esse tempo já foram publicados cerca de 600 aforismos. Agradeço aos leitores que acompanham a coluna pelo seu renovado interesse, soube até de uns que a recortam e colecionam, e tenho recebido algumas perguntas instigantes enviadas por outros, essa conexão é muito importante para mim. Agradeço também à ALAMI, especialmente ao seu presidente Enio Eustaquio Ferreira, à Fundação Cultural de Ituiutaba, à direção do "Jornal do Pontal", à IV Sacerdotisa Danielle Barros que mantém a página do facebook "Aforismos do Ciberpajécom os aforismos e é a organizadora do livro que estamos preparando e finalmente, mas não menos importante, aos meus pais, Dimas e Alminda que acompanham a coluna semanalmente e sempre conversam comigo sobre os aforismos. Sigo entusiasmado redigindo a coluna, conto com vocês nas próximas 100 semanas e nas que se seguirão. Abraço afetuoso do Ciberpajé!


Sr. Dimas Franco, Ciberpajé e Srª Alminda Salomão com o Jornal do Pontal e a Coluna número 100 dos Aforismos do Ciberpajé!
Ciberpajé e a coluna número 100 dos Aforismos do Ciberpajé no Jornal do Pontal

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

[Resenha] Resenha do novo vídeo do Posthuman Tantra no site Projeto C.O.V.A.

Captura de tela do Projeto C.O.V.A.

"Um clipe de referenciais que remetem diretamente às consequências dos danos causados ao mundo por esta Humanidade decadente. A Transgenia, isto é, a superação da decadência do Homo (nada) Sapiens por uma evolução que venha a gerar uma nova espécie de consciência elevadíssima, conhecimento sublime e profunda conexão com a natureza. Lúcifer Transgênico, A Nova Espécie, dotada de novos caminhos em direção ao que melhor define uma civilização verdadeiramente avançada: a pacífica coexistência com o Kosmos." (Giovani Coelho De Souza). 

Leia a resenha completa no link:
http://projetocova.blogspot.com.br/2016/01/ato-vi-lucifer-transgenico-posthuman.html?m=1

E assista ao videoclipe para a faixa "Ato VI: Lúcifer Transgênico" no link: