quinta-feira, 23 de junho de 2022

[Resenha] Álbum em quadrinhos Licanarquia, de Ciberpajé e Toninho Lima: a coragem do humano quando atende ao chamado do ser. Por Carla Fernandes

Carla Fernandes com seu exemplar de Licanarquia em mãos

Não consigo pensar em Licanarquia sem me lembrar um pouco da Metamorfose do Kafka, e o horror que assombra os humanos ao serem vistos como animais. Lembrar de sua natureza animal, é perder a condição de sua finalidade social, cujo objetivo é elevar-se ao topo de uma base estruturada em racionalização. O estado puro e natural do ser é visto como uma inadequação a ser superada para se atingir um fim.

É prazeroso ver na história para além desse conflito, a coragem do humano em seguir sendo incompreendido o seu caminho incomum, quando atende ao chamado do ser. O percurso por atender ao chamado e resgatar suas partes para se tornar íntegro, só se torna possível através do pulso selvagem que o torna parte do todo.

Licanarquia me faz lembrar o quão poderoso é nosso estado puro, esse estado que nada pretende superar porque em sua totalidade apenas resta a generosidade em cumprir o papel de ser humano.




* Carla Fernandes é arquite e artista

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