Arte do Ciberpajé
Tem sido comum que eu ouça os novos discos do Projeto Ciberpajé e diga "esse é o meu preferido". Daí outro é lançado, e eu acho ainda melhor, rsrs.
"Ruído Roxo" é uma faixa ótima para abrir o disco. A ouvi várias vezes, pois é muito agradável e interessante. Amyr é um músico sensacional, e logo de cara percebi que a fusão das músicas dele com seus aforismos deu muito certo.
"Poética Inexistência" tem um caráter mais experimental, me remete mais ao Krautrock, a bandas como Neu!, e também traz musicalmente o conceito do ruído sagrado. O lado experimental dessa faixa combina com a ode ao nada feita pelo aforismo. Subitamente, entra um instrumental intenso que traz outra nuance para a canção. Se não fossem os teclados, eu associaria essa levada ao post rock, mas a proposta musical de Amyr acaba por interlaçar estilos aqui de maneira brilhante.
"Estilhaços e Peças" já acentua o aspecto eletrônico misturado ao industrial, como se Tangerine Dream encontrasse Nine Inch Nails. As mudanças no tempo da música ampliam a sensação de fragmentação trazida nos aforismos.
"Sigilo Mortal" tem uma percussão bem elaborada. Adorei os coros de fundo. Alguns momentos me lembram Depeche Mode.
"Nada Refinada Crueldade" apresenta uma melodia vibrante e sinistra a um só tempo, e o aforismo é de nos tirar o chão, trazendo verdades dolorosas sobre a dinâmica perversa da história humana.
Muito bom que vocês tenham lançado esse trabalho agora - no início de 2021 -, fazendo vibrar a mensagem da necessidade de conexão com o espiritual, mas sem se descuidar das armadilhas da existência e da sociedade. Obrigado por compartilhar essa obra conosco, Ciberpajé e Amyr Cantúsio Jr., e sucesso para o trabalho de vocês.
* Rafael Senra é artista multimídia e professor doutor na UNIFAP, em Macapá
Saiba mais e ouça o EP Ciberpajé - Ruído Roxo clicando na arte de capa abaixo:
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