sábado, 14 de agosto de 2021

Ars Electronica Festival 2019 / 2016 - Destaques do PRIX

PRIX ARS ELECTRONICA 2019

O PRIX do Ars Electronica Festival de 2019 foi um ano de extrema relevância para o evento: comemoram-se os 40 anos do festival. Além disso, pela primeira vez foi apresentada a categoria Artificial Intelligence and Life Art, contando com incríveis 835 inscritos, sendo que o evento contou com 3256 inscritos, no total. Eis 4 destaques dessa edição:



CONFRONTING VEGETAL OTHERNESS (Špela Petrič)
A série de três partes de Špela Petrič denominada Confronting Vegetal Otherness ("Confrontando a Alteridade Vegetal", em tradução livre) é um exame de várias formas de troca entre humanos e plantas.

A performance Scotopoiesis gira em torno de um processo biossemiótico de intercognição entre o artista e um campo de agrião. O artista fica por 20 horas na frente do campo; sua sombra contribuindo para o desbotamento da cor do agrião. A longa duração da performance obriga o artista a experimentar uma espécie de sentido vegetativo do tempo.

Strange Encounters: Metaphysics, Algae and Carcinoma, por outro lado, usa a biotecnologia para superar as diferenças entre nós, humanos e plantas. Aqui, o artista olha para a biologia celular de uma perspectiva científica - a célula individual é entendida como um trabalhador biotécnico. Špela Petrič encena um encontro in vitro entre duas células diferentes: uma vem da chlorella, uma alga fotossintética unicelular de vida livre; a outra é uma célula cancerosa humana. Em pelo menos um caso, o experimento performativo levou ao hibridismo, porque as células cancerosas pareciam absorver as células das algas.

Phylotheratology encerra o trabalho, sendo uma performance molecular em que a artista cria embriões de plantas em úteros artificiais que são formados a partir de sua urina por hormônios.

 Trabalho recebeu menção honrosa da categoria Artificial Intelligence and Life Art.

 >>> MAIS SOBRE A OBRA E A ARTISTA: https://www.spelapetric.org/ <<<




LABOR (Paul Vanouse)
A obra de Paul Vanouse é uma instalação artística dinâmica e autorregulada que imita o cheiro de pessoas que estão passando por estresse. Nesse caso, porém, nenhuma pessoa está envolvida na formação do odor em si - ela ocorre exclusivamente por meio da multiplicação de bactérias em três biorreatores de vidro, sendo que cada biorreator incuba uma espécie única de bactéria da pele humana responsável pelo cheiro primário de corpos suados. Quando essas bactérias metabolizam açúcares e gorduras simples, elas produzem odores associados ao esforço, estresse e ansiedade humanos. Seus aromas se combinam em uma câmara central na qual um ícone de exploração - uma camiseta branca - permeado por odores que se espalham está pendurado. A instalação também inclui várias “impressões de manchas de suor”, em que camisas recém-suadas são polvilhadas com carvão e prensadas em alta pressão entre o papel, dando à superfície do papel um padrão de suor em relevo. Vencedor da categoria Artificial Intelligence and Life Art.
 
>>> MAIS SOBRE A OBRA E O ARTISTA EM: http://www.paulvanouse.com/labor.html <<<






TORSO #1 (Peter Kutin)
TORSO # 1 é uma escultura sonora que lembra visualmente um “Klopotec”, um espantalho semelhante a um moinho de vento originário de países da Europa Oriental. Como as asas de um moinho de vento, quatro alto-falantes de 100V giram e geram sinais sonoros e feedback na sala. Microfones estáticos transmitem simultaneamente o movimento da escultura por meio de um sistema de PA quadrafônico. Os movimentos do som podem ser percebidos horizontal e verticalmente, criando uma experiência auditiva totalmente heterodoxa. Todos os sons foram especialmente concebidos para este sistema único e maximizam o seu efeito psicoacústico. Vencedor da categoria Digital Musics

>>> MAIS SOBRE A OBRA E O ARTISTA: https://kutinkindlinger.com/torso/ <<<





STRINGS (Ruini Shi)
Strings é uma animação em que tudo gira em torno de um caso virtual em um jogo de computador com caráter retrô, onde tanto o jogo como as interações se tornaram obsoletas. O enredo construído contém muitas referências a mensagens de chat, linguagens de programação e jogos de computador. Strings foi criado por Ruini Shi, uma designer de interação cujas animações questionam novas tecnologias e fenômenos relacionados. Segundo a declaração oficial do júri, "ficamos apaixonados pelo tratamento altamente poético desta história de amor perdido e da solidão das redes sociais. Também achamos a ideia de um mundo perdido de jogos esquecidos comovente e instigante”. Menção honrosa da categoria Computer Animation. 

>>> MAIS SOBRE A ARTISTA EM: http://www.shiruini.com/ <<<


PRIX ARS ELECTRONICA 2016

O ARS ELECTRONICA, que acontece anualmente em Linz, na Áustria, é reconhecido como o mais importante festival dedicado às obras de arte e tecnologia do mundo, e premiava em 5 categorias: Animação computacional/film/VFX; Arte Interativa; Comunidades Digitais; Crie seu mundo (para jovens de até 19 anos); e Pioneiros visionários da arte mídia. O festival ocorreu nos dias 8 a 12 de setembro de 2016, onde anunciou os vencedores e as menções honrosas. Essa edição foi uma das melhores nos anos recentes em qualidade poética e reflexiva das obras, dentre elas destacamos:


INFERNO (Louis-Philippe Demers e Bill Vorn)
Um interessante trabalho de arte robótica interativa em que pessoas da audiência são convidadas a vestirem os exoesqueletos robóticos que são controlados remotamente pelos autores da obra, fazendo com que os interatores percam o controle do movimento de seus braços. A obra, criada por Louis-Philippe Demers (CA), Bill Vorn (CA), metaforiza o inferno de Dante e questiona a visão utópica de uma singularidade maquínica, apresentando um modelo característico de automação e nossa submissão às máquinas. Usa os mesmos artifícios de Stelarc, mas vai na contramão de seu discurso. Ganhou menção honrosa no ARS ELECTRONICA 2016.

>>> MAIS SOBRE O ARTISTA E A OBRA: http://billvorn.concordia.ca/menuall.html <<<
 


MARBLE MACHINE (Martin Molin)
Uma impressionante máquina sonora de base analógica construída com 3000 peças, 500 partes de Lego e 2000 bolinhas de gude! Um engenho fabuloso e mágico que consegue timbres inusitados, delicados. Uma máquina analógica de base mecânica dialogando com o digital. Fabuloso trabalho de Martin Molin (SE) que ganhou menção honrosa no ARS ELECTRONICA 2016. 




OPENSURGERY (Frank Kolkmann)
Um robô "faça você mesmo" para cirurgias domésticas de laparoscopia! Trabalho controverso e provocativo do artista holandês Frank Kolkmann que coloca a questão de ferramentas cirúrgicas D.I.Y. serem uma alternativa possível para serviços profissionais de saúde que são demasiado caros para muitas pessoas. Kolkmann projetou um sistema cirúrgico para uso doméstico, todos os componentes podem ser encomendados on-line e montados em casa. O objetivo da "Iniciativa OpenSurgery" não é criar um robô totalmente funcional que pode executar operações reais, mas sim provocar uma discussão sobre a inter-relação tensa entre fatores sócio-econômicos e os valores éticos no campo dos cuidados médicos. Uma insurgência incrível contra a horripilante "máfia de branco", hackeando o sistema médico, e os planos de saúde. Foi premiado no ARS ELECTRONICA 2016. 




ALL THINGS FALL (Mat Collishaw)
O ancestral zoetropio e as recentes impressoras 3D se unindo para falar de uma história arquetípica de genocídio. Nessa impactante obra de Mat Collishaw (UK), vemos uma versão animada do "Massacre dos Inocentes", um conto bíblico de infanticídio, cometido pelo rei Herodes para evitar perder sua coroa. O artista combina o aparelho precursor do cinema, o zoetropio, com as novas tecnologias para projetar e criar o trabalho. Todos os 300 personagens e a arquitetura foram concebidos nos softwares 3Ds Max e ZBrush e depois impressos como modelos 3D em resina. A escultura circular gira em velocidades tão altas que as cenas estáticas tornar-se animadas. Ganhou menção honrosa no ARS ELECTRONICA 2016. 

(Por Ciberpajé e Bruno Mendonça)

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