terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

[Resenha] Ciberpajé e Alan Flexa, artistas visionários e psiconautas, cocriam o “Hino ao Nada que Fui e Serei” uma malha de sincronicidades bem interessantes para a reflexão de artistas e apreciadores de arte visionária. Por Hugo Togo

Parte da capa do EP com foto de Hugo Togo

Ao ouvir o Hino - ouça-o aqui -  que é repleto de antíteses, em um primeiro momento lembrei-me de Nietzsche e seu tipo de narrativa. Para Nietzsche, a antítese não cria apenas uma contradição, mas a partir do choque de duas ideias contrárias, algo se resta além do nada, podendo ser uma síntese, o tudo. Observando a arte da capa (claramente feita em ENOC), pude perceber os espelhos criados por Ciberpajé em correspondência com as antíteses, que evidenciam uma tensão criativa, que precede o nascimento da síntese, que é contida no centro da imagem, em um rosto feminino de cabelos predominantemente magenta e pretos e alinhado ao sol. Sabe-se que o magenta é uma ilusão criada pelo cérebro e que, na verdade, o que existem são duas cores no lugar do magenta se alternando: azul e vermelho. Novamente o paradoxo, agora pelo choque de duas cores ou ainda, duas ideias opostas. A cor magenta parece-me simbolizar esta reconciliação com os opostos.

Ao longo do Hino, uma determinação é proclamada: eu estarei lá. É repetida como um mantra que a nível intencional, Ciberpajé parece lutar com as duas forças contrárias, pretendendo dizer: “Eu Sou Um. Ou nada. Mas não esta contradição, o dois, o diabo ou careta.” A cor magenta, que traz essa dicotomia do azul e do vermelho, é um Raio Cósmico, mais precisamente o 9º e, os quadrinhos, arte a qual o Ciberpajé também dedica-se e pela qual é reconhecido, são a 9ª arte. Eis mais uma sincronicidade. O hino parece ser para Alan Flexa e Ciberpajé, o prenúncio de uma nova forma de criar para ambos, seja no visual ou no sonoro.

Percebi algumas semelhanças na ideia e sonoridade com John Frusciante e Jorge Bem Jor, Sinalizando mais uma vez essa influência visionária, da alquimia, da magia, dos mantras etc. Dissipando-se as ilusões da dualidade, o “lá”, tantas vezes entoado, está por germinar aqui, enquanto uma nova forma de se ver além.

*Hugo Togo é artista visionário licenciado em artes pela Faculdade de Artes da UFG, em Goiânia.

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