“Eu, pós-Posthuman Tantra”
Pela IV Sacerdotisa Danielle Barros
Performance do Posthuman Tantra no “VII
Seminário Nacional de Pesquisa em Arte e Cultura Visual FAV/UFG”,
Goiânia, 5 de junho de 2014
Inicio aqui meu relato/resenha, com o desafio de descrever
o que senti ao presenciar a performance do Posthuman Tantra. Eu pesquiso a obra
do Ciberpajé desde 2012, ajudo a divulgar sua arte, inclusive as apresentações
do Poshtuman Tantra e a página da banda no Facebook. Essa aproximação com sua
obra e ideário me valeu o título, outorgado por ele, de IV Sacerdotisa da
“Aurora Pós-humana” – seu universo ficcional transmídia. O Ciberpajé é o nome
de renascimento de Edgar Franco, artista transmídia, pós-doutor em arte e
tecnociência pela UnB, doutor em artes pela USP, mestre em multimeios pela
Unicamp e professor permanente do Programa de Doutorado em Arte e Cultura
Visual da FAV/UFG. Recentemente fui convidada a escrever uma matéria sobre os
10 anos da banda para uma revista online especializada em música alternativa e
também realizar uma entrevista exclusiva com o Ciberpajé sobre a trajetória do
Posthuman Tantra. Também fui ampla divulgadora do triste episódio da censura à
performance da banda num evento internacional acadêmico na Unievangélica
(Anápolis/GO), em 2013. Mesmo participando ativamente de tudo isso, por
incrível que possa parecer, ainda não tinha assistido a nenhuma performance da
banda, conhecia partes delas apenas por fotos e vídeos! Sim, e muitos se
surpreenderam quando revelei durante o “VII Seminário Nacional de Pesquisa em Arte e
Cultura Visual”, na Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás
(FAV/UFG) de que aquela seria a primeira vez que finalmente eu teria
a chance de ver ao vivo o Posthuman Tantra. A banda, em suas performances tem o grupo formado pelo Ciberpajé Edgar
Franco (musicista e performer), I Sacerdotisa Rose Franco
(musicista e performer), Luiz Fers (Performer e Figurinista) e Lucas Dal Berto
(VJ).
Antes de começar o relato propriamente dito é necessário
descrever a atmosfera, o contexto que me trouxe até aquele instante. Já sai da
Bahia sabendo: vou a um seminário acadêmico de pesquisa e lá verei pela
primeira vez o Posthuman Tantra! Apesar de toda minha ansiedade me esforcei para
não criar muita expectativa. O Ciberpajé me alertou que o espaço da
apresentação não seria o “ideal” em termos de acomodação, iluminação e som, mas
“e daí?”, eu pensei, ainda que fosse uma apresentação só pra mim e na
circunstância que fosse, já seria excelente. E assim eu fui, embarquei de
coração aberto para a mensagem que o Posthuman Tantra traria pra mim.
Arte de Jorge Del Bianco |
O grande dia: Já fui trajada sob a influência do Posthuman
Tantra, corpete, roupa preta, maquiagem, acessórios, tudo no clima, na roupa e
no espírito. Chegando à UFG, no dia da apresentação, cartazes pelos corredores ouvi
burburinhos como: “ - o professor Edgar e seus orientandos já estão lá
arrumando tudo, eu bem que queria participar dessa banda”. No banheiro ouvi
duas mulheres dançando em frente ao espelho e cantando: “- Hoje vamos ver Sexy
Tantra, Sexy Tantra!! uhuhu”. A esta altura é difícil conter certa expectativa.
Na realidade, o que deu para perceber, é que o Ciberpajé é uma “lenda viva” no
campus, e ainda que seja tomado como uma figura estranha, controversa e
divertida; dentre os comentários que ouvi de passagem, percebi que as pessoas
tem curiosidade e admiração, um brilho nos olhos ao falar sobre sua arte! E se
há quem não curta o trabalho dele, pelo menos aos meus ouvidos de etnógrafa-amadora
não chegou...
Apresentei meu trabalho no evento e só restava-me aguardar
chegar a noite e ver a tão esperada apresentação! Enquanto assistia outras
intervenções artísticas, de repente cruzo com um Ciberpajé de mais de 2 metros de altura no
corredor!!! Ele usava uma bota imensa, parte de seu figurino produzido pelo figurinista
da banda Luiz Fers. Mesmo já tendo visto fotos, ali fiquei chocada ao ver de
perto a indumentária! A apresentação estava marcada para 19h, e para instigar e
convidar o público, o Ciberpajé passeou com essas botas pelos corredores da
Faculdade de Artes Visuais convocando as pessoas, era o que faltava para
começar. Chegou a hora e seguimos para a sala. As pessoas foram chegando aos
montes e iam se acomodando no chão, a sala ficou lotada. Entre amigos,
conhecidos e estranhos fomos nos acomodando, trocando olhares cúmplices entre
pessoas que guardavam a mesma expectativa.
Arte de Jorge Del Bianco |
Ato I - Biotech Antenna (Antena Biotecnológica)
“O Ciberpajé usa suas antenas cósmicas para conectar-se à essência do universo e criar em parceria com ela, gerando seres ficcionais e mundos mágicos, ampliando a empatia e a tolerância, cultivando o amor incondicional sob vontade.”
“O Ciberpajé usa suas antenas cósmicas para conectar-se à essência do universo e criar em parceria com ela, gerando seres ficcionais e mundos mágicos, ampliando a empatia e a tolerância, cultivando o amor incondicional sob vontade.”
(Ciberpajé)
O ato abre com um som estridente, como que convidando ao
despertar, um som que me incomodou, um ruído aos meus ouvidos mal acostumados e
adestrados a ouvir “mais do mesmo”. Neste ato senti-me como que atravessando a
dimensão ordinária para mergulhar no mundo da Aurora Pós-Humana, e, através da
arte fabulosa projetada na tela, e da transmutação transumana de Franco com uma
indumentária e máscara assustadoras, eu mergulhei na cosmogonia cósmica do
Ciberpajé, com cores, seres, sons, cheiros, sensações sinestésicas peculiares. A
partir dali eu já estava fisgada e temerosa ao saltar neste abismo, mas já não
tinha mais retorno...
|
Ato II – Ciberpajelança
“Os signos da natureza nos falam de verdades essenciais
esquecidas pelo processo imbecilizante chamado cultura, processo que nos
afastou de nossa identidade animal, nos apartou do Cosmos, nos desconectou de
Gaia.”
(Ciberpajé)
Fui transportada para a floresta, me senti num ritual de
cura xamâmica, cura de corpo e espírito. Os toques tribais, os passos
assustadores e fortes de Luiz Fers, o som do chocalho, a voz grave do Ciberpajé,
seu porte majestoso e misterioso e o entoar de mantras imemoriais fizeram
emergir em mim uma sensação de estranha familiaridade diante daquela cena, que
certamente de alguma forma compõe o inconsciente coletivo da humanidade, diria
Jung. Mais uma vez, como no primeiro ato, os urros do Ciberpajé estavam
despertando algo em mim, me conduzindo por essas dimensões de realidades
cosmogônica e validada. Eu estava em transe na Ciberpajelança! Os tentáculos
vislumbrados no telão nas costas do performer - em um original efeito de
realidade aumentada - tornaram o Ciberpajé uma de suas criaturas pós-humanas. Os
limites dissolvem-se, e todas as realidades se encontram em um mesmo ritual
sagrado.
|
Ato III - Transhuman Werewolf`s Mutation (A Mutação do
Lobisomem Transhumano)
“O Lobo caminha solitário, abomina mestres, senhores, mentores
e deuses. O Lobo sabe que é o espelho do Cosmos. Ele sabe que para ser integral
é preciso ser só, e para realmente conectar-se a alguém ele deve bastar-se a si
mesmo. A solidão do Lobo é sua canção universal, bela por ser ao mesmo tempo
serena e selvagem.”
(Ciberpajé)
O som me transporta para uma era longínqua, numa terra
devastada ou em uma floresta frondosa, não sei. Talvez num vazio cósmico de um
céu estrelado... os acordes da canção vagueiam por meus silêncios, meus medos,
memórias, implode tudo e traz à tona aquele momento presente. Eu ali, desta vez
teletransportada para o único lugar que existe, o AGORA. A representação do
animal selvagem, a música aumentando o ritmo, assim o Lobo surge na tela, está
consumada a transmutação, agora estamos dividindo espaço com lobos pós-humanos.
E a animalidade de cada um é convocada a vir à tona!
Sem me dar conta, nesse momento eu já não fotografava mais,
guardei a máquina para experienciar aqueles momentos. Compreendi que qualquer
tentativa de apreender aqueles momentos seria inócua, pois não era possível
captar uma experiência sinestésica e fulminante como me tornar Posthuman Tantra,
integrar-me ao ato naquele momento!
Gostaria de destacar que o show tem uma energia que segue
um crescendo continuo, as entonações parecem que penetravam minha alma, parecem
me “desintonizar” da frequência em que estava, conectando-me a uma dimensão
distinta. Por diversas vezes pude perceber meus batimentos cardíacos se
acelerarem, e a cada ato, vivia a sensação recorrente de estar sendo
surpreendida. A atmosfera das músicas e os arranjos, algo diferente de tudo que
já ouvi. Em alguns momentos me lembrei da estética sombria e do suspense da
série “The Twilight Zone”.
Arte de Jorge Del Bianco |
Com um lance de seus olhos você organiza o mundo e ordena intuitivamente
o aparente caos.
Existe em sua essência corrompida pela cultura humana a
percepção implícita da ordem fluida do Universo.
Reanimalize-se!
(Ciberpajé)
Nessa música fiquei pensando nas sincronicidades da vida,
em como fui parar ali, naquele momento. Fiquei lembrando como conheci o
Ciberpajé e seu ideário, e os rumos da minha vida nos últimos anos. Pensei na
magia de cada escolha e suas consequências, de como cada acontecimento - por
mais “trivial” que possa parecer - é capaz de redirecionar nossos caminhos. Em
como uma oportunidade simples, um telefone, um ônibus, ou o atravessar de uma
rua pode mudar nosso curso a todo instante, criando novas possibilidades, proporcionando
novas pessoas a conhecer, distintas vidas a viver. Vislumbrei o quanto somos
complexos, múltiplos, e percebi a inexistência de um tempo “linear”. E por fim
pensei em como essas “coincidências”. que parecem “ao acaso”, são tão
perfeitas.
Arte de Jorge Del Bianco |
Ato V - The Little Bob`s New Toy: Sexual initiation with a
Multifunctional Robot (O Novo Brinquedinho de Bob: Iniciação sexual com um robô
multifuncional).
“Quando faz a sua ciberpajelança,
O Lobo sente o cheiro da Lua,
E fricciona com volúpia o clitóris do cosmos.”
(Ciberpajé)
Esta foi uma das faixas que mais me surpreendeu, e não foi à
toa, a censura ao Posthuman Tantra aconteceu durante esse ato! Vou explicar
melhor. Quem me conhece sabe que sou uma pessoa tranquila, não tenho tantos
tabus e não sou “pudica”, longe disso, mas confesso que diante da apresentação deste
ato fiquei chocada! É uma performance muito sensual, excitante e vibrante. O
Ciberpajé deixa sua virilidade aflorar sem amarras, não é por acaso que o ato
em que se transmuta em Lobo pós-humano se dá antes desta faixa, aqui ele já é o
LOBO SELVAGEM, e é mesmo! Vale destacar que a selvageria que Franco traz não é
a difundida pela mídia, uma selvageria como “crueldade” e sim uma selvageria
animal, que, como ele diz, pode ser violenta, mas nunca cruel. Nesta faixa
vemos uma amostra de sua selvageria sexual, ele simula a penetração, ele grita,
ele urra, ele “penetra”, ele rompe, é uma catarse artística sexual!
Mas como eu disse, num primeiro momento eu me impressionei,
e esse estranhamento foi paradoxal. Por um lado achei “incômodo” ver o
Ciberpajé fazendo aquelas insinuações sexuais - que de certa forma, a meu ver,
abriram sua intimidade - como se estivesse masturbando-se em público -, de modo
que a música que nem era tão longa, pareceu-me uma eternidade, e à medida que
ele ia intensificando o ato sexual com o microfone servindo de falo, eu pensava
“Gente, quanto tempo ele ficará fazendo isso?” Mas, por outro lado, meu espírito
vislumbrava aquele contexto, uma coisa LOUCA e insólita, e eu refletia: “Quando
eu imaginaria, que em uma Universidade Federal , local emblemático do ensino
engessado em seus dogmas erigidos com repetições de teorias inócuas
estrangeiras, um lugar de egos insuflados, quando eu sonharia em ver aquele ato
de iconoclastia selvagem? Realizado por alguém que, mais do que falar, VIVE
aquilo que escreve em seus aforismos e cria em sua arte, quando eu imaginaria
presenciar uma apresentação iconoclasta dessa em uma universidade?” Então, o
que no começo foi um choque - por mais que eu já conhecesse o ato por vídeos e
fotos-, algo que me fez rir por estar bastante surpreendida... Naquele instante
se converteu em pura admiração e uma das maiores lições que tive na vida, a
lição de que devemos ter CORAGEM DE SER QUEM SOMOS.
O Ciberpajé, que é um professor doutor, alguém que como ele
diz “pediu todas as bênçãos acadêmicas que a universidade exige para ser
alguém”, agora se dá a própria benção e o direito de ser quem ele é. Sem se
preocupar com um “nome a zelar” e nem com o que pensarão dele e sim ser quem é sem estar prejudicando
ninguém, ser sua arte! E devo acrescentar minha admiração por sua esposa, Rose
Franco, ao estar ao lado dele no Posthuman Tantra há tantos anos e em tantas
situações, como no dia do ato de censura. Ela é também admirável pela coragem
de seguir e ser Posthuman Tantra.
Dei-me conta ali que é muito mais fácil ser o que os outros
querem, mas ser quem se é, é complexo, dolorido e difícil, porém é o único
caminho verdadeiro e de valor inestimável.
Arte de Jorge Del Bianco |
Ato VI - Tênue Esfera Azul
“Fita o Sol na manhã esplendorosa, pensa nas inúmeras
gerações humanas que ele viu tornarem-se pó, abra seus braços e mergulhe
completamente na vida, esse singelo e tênue presente cósmico!”
(Ciberpajé)
Nesse ato eu me emocionei muito. Foi uma “hecatombe”
interna devastadora, me senti no etéreo espacial. O Ciberpajé, em contraste com
o ato anterior, chega com a doçura suave de uma rosa em mãos, anunciando a
efemeridade da vida nessa tênue esfera azul. Nessa hora eu percebi o quanto fui
tacanha ao reprimir inicialmente meu ímpeto animal, ao negar a primeira parte
do ato performático anterior e pude vislumbrar o quanto sou/somos muito mais do
que este corpo terrestre, somos irmãos dividindo essa mesma jornada: VIDA.
Pude compreender nossa eternidade e finitude. Senti-me
pequenina e grandiosa. Lembrei-me que foi este ato que o Ciberpajé dedicou ao saudoso
amigo Elydio dos Santos Neto, durante o show do lançamento do álbum em quadrinhos
Biocyberdrama Saga no Centro Cultural UFG em 2013,
performance e lançamento que eu ajudei a divulgar. E lembrei-me o quanto
devemos simplesmente VIVER e AMAR! E como o Ciberpajé fez muito bem durante
todos os atos, ele contrasta doçura e selvageria ao longo das canções, com
urros e entonações leves, como quem nos desperta do nosso estado de inércia,
mas ao mesmo tempo exalta a serenidade necessária para viver o agora.
Como a letra desse ato diz, estamos ligados pelo mesmo
tempo, mesma época de vivência na Terra. Lembro-me o quanto me sinto honrada de
dividir essa época com pessoas tão especiais e de estar ali naquela
performance. Aquele toque da música, como se fosse uma música que minha alma
(re) conhecia, causou-me incômodo, parecia que eu não tinha corpo, que existia
um “vazio”. Não chegava a ser uma sensação de “morte”, mas diria “um ser sem
corpo”, como se eu me percebesse muito além disso tudo. Viajei pelo espaço, na
viagem das imagens das artes projetadas no vídeo com o qual o Ciberpajé
interagia... Parecia como se eu tivesse sentido, através daquela música e
imagens, uma ínfima consciência da minha grandeza espiritual e de que tudo
(material) se acabará, e isso me deu certo temor.
|
Ato
VII - Penetrating The Virgin Bioport (Penetrando a Bioporta Virgem).
“Tu pregas inúmeras regras,
eu as burlo dentro de tuas pregas.”
(Ciberpajé)
eu as burlo dentro de tuas pregas.”
(Ciberpajé)
Nessa me senti transportada pros quadrinhos de Edgar
Franco! Vi-me na “Aurora Pós-humana”, como se estivesse presenciando as
criaturas em sua cópula, em suas relações cotidianas e formas de lidar umas com
as outras em seu universo ficcional. Presenciei um bate-estaca pós humano,
também muito sensual, e bem “didático”. O Ciberpajé penetrando a bioporta e um
fluído de conexão luminoso que flui de uma criatura a outra. Devo confessar que
precisarei ver o show muitas vezes para apreender a profusão de elementos que
desenrolam-se simultaneamente: A performance de cada membro do grupo; fruir as
obras projetadas; atentar para as mágicas eletrônicas utilizadas no show, bem
como outros recursos; além de ter a liberdade de simplesmente divagar
mergulhando no conceito filosófico que a banda traz que, misturados em nosso
repertório de vida, nos causa um impacto estranho e profundo.
|
Ato VIII - O Selvagem.
“Foder como um animal,
Amar como um santo,
Brincar como um menino,
Viver como um Lobo”
(Ciberpajé)
Esta é um mantra “ser leve, selvagem e brincalhão”, como os
animais que estão sempre vivos e focados no agora. Cada faixa é uma lição de
sabedoria. Essa para mim foi um das mais fortes, e ao recitar a letra, o
Ciberpajé brinca com a intensidade, com a leveza e os gritos, como os acordes
de uma vida, repleta de altos e baixos, êxtases e abismos.
Ato IX - Tema o Homem, Ame o Lobo.
“Minha fêmea, sei que você quer o Lobo, apesar do homem.
Eu sou o Lobo que se esqueceu do homem!”
(Ciberpajé)
Este ato completamente iconoclasta traz o conceito de que
se pode confiar plenamente no ser selvagem ao passo que na civilidade do homem,
não. O ato fecha o show com chave de ouro. Uma faixa em que o Ciberpajé
contracena com o vídeo recitando a música enquanto ele é exibido. A animação
exclusiva, criada pelo artista George Chiavegato em parceria com o Ciberpajé, é
muito excitante e o final dela, surpreendente. Ao mesmo tempo, a dupla de
performers Luiz Fers e Amanda Caroline complementam a atmosfera da animação com
uma performance ousada.
Vale destacar que a performance de todos os integrantes da
banda é fruto de trabalho intenso. Muitos pensam que aquelas performances
loucas são feitas “no improviso”, ou que o Posthuman Tantra anarquiza em seus
atos, mas a banda faz essa brincadeira que é séria e sei que eles chegam a
ensaiar por mais de 4 horas cerca de 2 vezes por semana, testando som,
equipamentos, iluminação, coreografias, e tantas outras coisas para que tudo
saia perfeito.
|
Não posso deixar aqui de estabelecer um paralelo entre as
performances do Posthuman Tantra e os atos poéticos de psicomagia elaborados
por Jodorowsky,
atos que são construções de realidades através da arte, pelo mago-artista. E já
finalizando essa resenha-viagem, devo dizer que o Posthuman Tantra é uma banda,
que assim como outros desdobramentos transmídia da Aurora Pós-Humana, tem em
sua essência uma verve poético-filosófica que nasce no ideário cósmico e
iconoclasta desse ser incrível que é o Ciberpajé!
Uma honra estar lá!
Em minha busca por transcendência, ainda não sei quem sou
(e nem sei se saberei um dia), mas com certeza aquele que se deixa envolver
pelo show não sai o mesmo que quando entrou. E esta é a resenha do meu eu “pós”
Posthuman Tantra, uma resenha que tem a pretensão de ser mais uma expansão da
Aurora Pós-Humana ilustrada fabulosamente com a arte do Jorge Del Bianco em sua
sensível e talentosa percepção, reunindo aqui o meu olhar, e o dele, juntos
neste ensaio-resenha. O olhar de pessoas que têm um forte afeto por essa banda
e os seres que a compõem.
Espero
viver outras experiências de ser e estar com o Posthuman Tantra.
Vida
longa à arte genuína!
Danielle
Barros, a IV Sacerdotisa da Aurora Pós-humana, é doutoranda pela Fiocruz RJ.