Dia 29 de março de 2019, aconteceu na Faculdade de Artes Visuais da UFG, no Programa de Pós-graduação em Arte e Cultura Visual, a defesa da tese "Bandeirante Bocó: Uma aventura
quadrinística nas terras dos Goyazes". A pesquisa da discente Lígia Maria de Carvalho foi orientada pelo Ciberpajé (Edgar Franco). A tese foi o resultado de um esforço reflexivo que buscou subsídios: iconográficos (na personagem disneyana conhecida como Pateta) e argumentativos (no clássico documento intitulado A Bandeira do Anhanguera a Goiás em 1722 – Reconstrução dos roteiros de José Peixoto da Silva Braga e Urbano do Couto), com a finalidade de criar uma narrativa em forma de Histórias em Quadrinhos que contasse – de maneira criativa e engraçada - as peripécias do Bandeirante Bocó, ou seja, as aventuras de Bartolomeu Bocoeno da Silva, o “Anhanguará”. Para tanto, foram utilizadas as fontes bibliográficas pertinentes; as apropriações oficiais e populares do mito do bandeirante; e a coleção quadrinística Pateta Faz História que recriou, a seu modo, as biografias de ilustres personagens históricos.
A tese foi aprovada com louvor e teve a indicação unânime da banca, escrita em ata, para a sua publicação integral, tanto a investigação teórica quanto o álbum em quadrinhos. A banca, composta por notáveis, teve como avaliadores externos o Prof. Dr. Henrique Magalhães (UFPB - que participou com parecer escrito), o Prof. Dr. Ademir Luiz da Silva (UEG), e como avaliadores internos o Prof. Dr. Thiago Santanna (UFG) e a Profa. Dra. Rosa Berardo (UFG). Confiram a pose acadêmica dos integrantes da banca e da nova doutora Lígia Carvalho.
Da esquerda para a direita: Prof. Dr. Ademir Luiz, com a cara de Jodorowsky (do ,livro que gentilmente levou para presentear o Ciberpajé); Profa. Dra. Rosa Berardo; Ciberpajé; Lígia Carvalho; e Prof. Dr. Thiago Santanna
A foto comportada
Pose acadêmica da turma incrível que esteve reunida para celebrar o rito de passagem da defesa de doutorado
Pose acadêmica da turma incrível que esteve reunida para celebrar o rito de passagem da defesa de doutorado
O álbum em quadrinhos produto poético do doutorado, com roteiro de Lígia Carvalho e arte de Cláudio Dutra (orientando de mestrado de Edgar Franco), incluiu uma homenagem singela ao Ciberpajé através da criação de um personagem - o poderoso pajé de uma tribo. O Ciberpajé agradece a honrosa homenagem, e deseja muito sucesso na jornada da recém doutora!
Páginas do álbum em quadrinhos "Bocó faz História" que homenageiam o Ciberpajé, roteiro de Lígia Carvalho e arte de Cláudio Dutra
Trecho da tese de Lígia Maria de Carvalho que fala da homenagem ao Ciberpajé:
Assim, sob o desenho de
Cláudio Dutra, todas as semelhanças não são meras coincidências,
haja vista, se tratarem de uma singela homenagem prestada ao
talentoso artista Edgar Franco, cujos trabalhos realizados, por
intermédio das narrativas transmidiáticas, lhe renderam
reconhecimento nacional e internacional.
Apaixonado por Histórias em
Quadrinhos, o arquiteto de formação, erigiu mundos ficcionais,
sendo a ideia de aurora
pós-humana,
a poética que influenciou grande parte de sua obra, como por exemplo
a graphic
novel:
BioCyberDrama
Saga, em
parceria com Mozart Couto, que lhe proporcionou concorrer ao Troféu
HQ Mix 2014. Antes, porém, em 2010, o artista teve um fanzine
que foi considerado, mundialmente, um dos dez melhores trabalhos que
competiram no Festival de Angoulême, na França.
Dentre sua exitosa e produtiva
obra, vale destacar alguns trabalhos que se tornaram emblemáticos, e
até mesmo, agentes de mudança na própria forma de se conceber as
Histórias em Quadrinhos. Dentre eles, mencionamos os fanzines
criados sob a perspectiva poético-filosófica; as HQtrônicas que,
em 2011, introduziram movimentos computacionais nas HQs, criando,
assim, um elemento novo e híbrido; Os HQforismos, termo criado, em
parceria com a artista e professora Danielle Barros, para justapor
“elementos dos quadrinhos às sentenças aforísticas”, e assim,
repensar a própria existência humana; e por último, os recentes
Curtaforismos,
ou seja, os curta-metragens oriundos de “uma ideia instigada pelos
aforismos musicados”.
Ainda conectada à ideia de
aurora pós
humana, e
mantendo estreita ligação com as experiências artísticas, acima
citadas, ainda há que se mencionar a banda Posthuman
Tantra, cuja
música eletrônica se une à performance artística para criar uma
conexão com as energias cósmicas, permitindo-lhe, assim, usufruir
da eterna renovação. Sobre esse assunto, o artista Edgar Franco faz
questão de destacar a sua transmutação em Ciberpajé, ocorrida em
20 de setembro de 2011, e sobre a qual, ele mesmo apresenta o
seguinte comentário:
A minha transmutação em Ciberpajé,
envolve aspectos performáticos, sobretudo nas performances cíbridas
realizadas pelo meu projeto musical performático Posthuman Tantra,
performances que envolvem: vídeos, aplicações computacionais em RA
(realidade aumentada), mágica eletrônica, figurinos exclusivos e
ações artísticas criadas em parceria com os integrantes do grupo
de pesquisa CriaCiber – Criação e Ciberarte, da FAV/UFG. Os
efeitos computacionais em realidade aumentada dão um caráter
cíbrido às performances, pois criam “ambientes cíbridos - que
integram simultaneamente o real e o virtual” (Lúcia Leão, 2004,
p. 165), remontando os rituais de pajelança de alguns pajés que
conectam o mundo dos espíritos ou dos totens animais ao mundo real.
Para mim a figura do pajé é fascinante, ele tem a capacidade de
conectar-se diretamente com a natureza para modificar a realidade,
ela mistura os mundos, o mundo de suas cosmogonias transcendentes ao
mundo “real” e eles consegue reestruturar a realidade mixando
esses mundos. Ele é alguém que busca a cura, busca a harmonia, o
equilíbrio. Então eu me espelho no pajé, ou xamã, como preferem
alguns. Eu sou um ser que crio cosmogonias, mundos ficcionais e tenho
utilizado gradativamente esses mundos para modificar a minha
realidade. Através da mixagem de meus mundos com o pretenso mundo
real, eu reconstruo minha realidade, e eu procuro tornar-me um ser
integral, e através do amor incondicional disseminar a capacidade
que cada um tem de se autocurar. Nesse caso o Ciberpajé utiliza a
conexão entre os mundos ficcionais e o mundo real para ampliar a sua
empatia diante do outro, e também para perceber sua multiplicidade
interior e ter a coragem de “ser”, de ser eu mesmo.