Ciberpajé: HQ e vida, os passos da transmutação
A transmutação de Edgar Franco em
Ciberpajé envolveu aspectos performáticos, sobretudo nas performances
cíbridas realizadas pelo seu projeto musical performático Posthuman Tantra,
performances que envolvem: vídeos, aplicações computacionais em RA (realidade
aumentada), mágica eletrônica, figurinos exclusivos e ações artísticas criadas
em parceria com os integrantes do grupo de pesquisa CriaCiber – Criação e
Ciberarte, da FAV/UFG, coordenado por Franco.
Os efeitos computacionais em realidade aumentada dão um caráter cíbrido
às performances, pois criam “ambientes cíbridos - que integram simultaneamente
o real e o virtual” (Lúcia Leão, 2005, p. 165),
remontando os rituais de pajelança de alguns pajés que conectam o mundo dos
espíritos ou dos totens animais ao mundo real.
De acordo com Franco, a figura do pajé é fascinante, por ter a capacidade
de conectar-se diretamente com a natureza para modificar a realidade, ela
mistura os mundos, o mundo das cosmogonias transcendentes ao mundo “real” promovendo
a reestruturação da realidade mixando esses mundos. O pajé é alguém que busca a
cura, busca a harmonia, o equilíbrio. Edgar Franco se espelha no pajé, ou xamã,
como preferem alguns. O artista cria cosmogonias, mundos ficcionais e as utiliza
gradativamente para modificar a própria realidade. Através da mixagem de seus mundos
com o pretenso mundo real, Franco reconstrói a própria realidade, e procura tornar-se
um ser integral, e através do amor incondicional disseminar a capacidade que
cada um tem de se autocurar. Nesse caso o Ciberpajé utiliza a conexão entre os
mundos ficcionais e o mundo real para ampliar a sua empatia diante do outro, e
também para perceber sua multiplicidade interior e ter a coragem de “ser”, de
ser ele mesmo (FRANCO, 2012).
O prefixo ciber, da cibernética, foi agregado ao pajé
porque ele denota a conexão e troca de informações entre seres vivos e seres
vivos, mas também entre seres vivos e máquinas, ele incorpora as novas
possibilidades tecnológicas como um campo amplo para os exercícios mágicos de
conexão entre mundos que o ciberpajé promove.
Edgar Franco declarou-se Ciberpajé no dia 20 de setembro de 2011, descrevendo seu renascimento através de uma contagem regressiva diária, baseada em 10 chaves que significam valores importantes para o artista naquele momento. Essas chaves foram criadas e fixadas no corpo renascido através do ritual de desenhá-las, capturando sua forma na visão cosmogônica de Franco.
Edgar Franco declarou-se Ciberpajé no dia 20 de setembro de 2011, descrevendo seu renascimento através de uma contagem regressiva diária, baseada em 10 chaves que significam valores importantes para o artista naquele momento. Essas chaves foram criadas e fixadas no corpo renascido através do ritual de desenhá-las, capturando sua forma na visão cosmogônica de Franco.
As “10 Chaves da Transmutação em Ciberpajé” foram
transformadas em uma história em quadrinhos publicada no número 6 de revista
solo “Artlectos e Pós-humanos” (Editora Marca de Fantasia, 2012). Na manhã do
renascimento, o artista compôs e gravou uma música ritualística considerada a “declaração
de Ciberpajé”, gravada em um único take na manhã de 20 de setembro de 2011, dia
que marcou a transmutação, OUÇA AQUI.
A partir de então Franco assumiu a identidade de
Ciberpajé nas performances do Posthuman Tantra.
Eis as Chaves da Transmutação
O SERENO - Ser humilde & sempre sereno diante de reis e de mendigos, de flores e de leões.
O MOMENTO - Viver o Agora, deixar florescer o momento: a flor que desabrocha, a borboleta que rompe o casulo, ser como uma borboleta.
O EQUILIBRADO - Encarar a importância do mal tanto quanto a do bem, são faces da mesma moeda, paradoxos que dão sentido à verdade! Ter serenidade para lidar com a dor e com a alegria
O SINCERO - Dizer o que se pensa sempre para o outro, ser aberto, demonstrar suas fragilidades, não acumular raiva, não gerar tristeza.
O DELICADO - Cultivar a delicadeza e a doçura com todos os entes vivos e não vivos.
O AMOROSO - Amar o diferente, amar incondicionalmente!
O SELVAGEM - Reconectar-se ao animal interior, aos aspectos naturais do ser. Abrir-se para os prazeres terrenos. Viver o prazer sem culpa, experimentar os êxtases da vida!
O COMPLEMENTAR - Vivenciar masculinidade e feminilidade com intensidade, perceber a importância da complementaridade masculino e feminino, abrir-se a ela. Ir ao encontro do ser complementar sem apego, com amor, sensualidade e liberdade.
A RENOVAÇÃO - Experimentar todo momento como único, cada segundo é um novo nascimento, um maravilhar-se! O agora é pura eternidade!
O RENASCIDO - Aceitar-se completamente, ser como luz, perceber a eternidade em si mesmo, sentir a profunda conexão com todas as coisas e seres.
O renascimento como Ciberpajé denota ser mais do que uma
ação performática transmídia perpretada nos múltiplos meios artísticos criada
pelo artista, uma vez que após a declaração Edgar Franco assumiu a nova
identidade de Ciberpajé 24 horas por dia, trazendo essa nova condição para o
dia a dia, transformando o ato performático em vida. Isso envolve se
apresentar como Ciberpajé nos múltiplos ambientes reais e virtuais pelos quais
Franco trafega: congressos e eventos acadêmicos, entrevistas para veículos de
mídia diversos, na sala de aula como professor, no Facebook, no currículo
Lattes, etc.
Edgar Franco delega à arte o papel
primordial de promover a autotransformação na busca da própria estruturação
como ser, ser integral, e em segunda instância busca contaminar positivamente
as pessoas no sentido de buscarem sua integralidade. A ideia de “arte como
cura”.
Para quem gostou do tema da transmutação do Ciberpajé e queira saber mais, sugiro assistirem este VÍDEO também onde ele mesmo fala sobre isso:
Para saber mais, leia este POST sobre 3 anos de Ciberpajé.
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