sábado, 16 de setembro de 2023

[Entrevista] O Ciberpajé e os Processos Criativos de Quadrinhos Poético-Filosóficos, por Gian Danton

Entrevista concedida a Gian Danton em 16 de setembro de 2023


Gian Danton: Quando você percebeu que era possível fazer poesia em quadrinhos?

Ciberpajé: Foi algo fluido e natural para mim, eu comecei a escrever poesia na mesma época em que me interessei pelo desenho e por criar minhas primeiras narrativas quadrinhísticas. Foi por volta dos 10 anos de idade. É curioso perceber como de forma natural o texto de minhas primeiras HQs já era contaminado pela verve poética, já com poucos balões e diálogos e narrações poéticas conduzindo a história. Penso que a gênese de meus quadrinhos nasceu impregnada pela minha paixão pela poesia, então, já nos primeiros anos em que comecei a publicar minhas HQs nos zines brasileiros sempre haviam comentários de que o que eu fazia não era quadrinhos, era “poesia ilustrada”, algo de que discordo veementemente, sempre foi quadrinhos, só que estava nascendo ali – comigo e outros pioneiros nessa mistura singular - o gênero poético-filosófico de quadrinhos, batizado posteriormente por mim em 1997.

Capa da revista Translobo, número 14 da Artlectos e Pós-Humanos, Editora Marca de Fantasia, 2023. 

Você, o Gazy Andraus e outros artistas criaram o gênero poético-filosófico, batizado por você. O nome deixa a entender que o texto poético é parte essencial desse gênero. Concorda?

Sim, eu e Gazy somos 2 dos pioneiros desse gênero de quadrinhos que é genuinamente brasileiro como destacou o pesquisador Elydio dos Santos Neto em seu Pós-Doutorado realizado na Unesp em 2010 e dedicado a analisar e investigar o quadrinho poético-filosófico. A partir dessa pesquisa singular de Elydio foram inclusive publicados pela editora Marca de Fantasia os livros “Os Quadrinhos Poético-Filosóficos de Edgar Franco” e “Os Quadrinhos Poético-Filosóficos de Gazy Andraus”, apresentando as singularidades de nossos processos criativos, mas também as conexões entre eles que nos enquadram no contexto do poético-filosófico. Ainda na década de 1980, numa tentativa inicial de classificar esses trabalhos, eles foram chamados por muitos editores de fanzines de “quadrinhos poéticos”, fazendo um paralelo com a literatura, ou seja, os quadrinhos tradicionais estariam para a prosa assim como os “quadrinhos poéticos" estariam para a poesia. Posteriormente a insuficiência conceitual do rótulo “quadrinhos poéticos” para conceituar o que eu e alguns outros quadrinhistas estávamos fazendo levou-me a criar o termo “quadrinhos poético-filosóficos” (FRANCO, 1997, p.54), anexando a palavra “filosóficos” à denominação por verificar que a maioria dos quadrinhistas desse gênero também apresentavam trabalhos com a pretensão filosófica de levar o leitor a refletir sobre alguma questão existencial. Assim o termo foi adotado pelo Dr. Elydio dos Santos Neto em sua pesquisa de pós-doutorado em artes na UNESP, Santos Neto (2009, p.90) resume as características principais dessas HQs:

São, portanto, três as características que principalmente definem uma história em quadrinhos poético-filosófica: 1. A intencionalidade poética e filosófica; 2. Histórias curtas que exigem uma leitura diferente da convencional; 3. Inovação na linguagem quadrinhística em relação aos padrões de narrativas tradicionais nas histórias em quadrinhos.


Então, a intencionalidade poética é certamente uma das bases fundamentais do chamado quadrinho poético-filosófico, destacando o texto poético como parte essencial dele. Essa verve poética sempre colocou o gênero em uma posição de vanguarda e de legítima expressão artística, tratando a criação quadrinhística como um espaço expressivo para os autores trazerem à tona suas percepções imanentes e transcendentes do mundo e da experiência do viver, distanciando-os enormemente da produção comercial de quadrinhos destinada ao entretenimento e lazer. Por isso esses quadrinhos nasceram no meio paratópico dos fanzines e até hoje encontram pouco respaldo em editoras comerciais, nesse contexto é fundamental destacar a revista/prozine Mandala, editada por 13 números pela editora Marca de Fantasia em fins da década de 90 e início dos anos 2000, sendo a primeira revista brasileira a dedicar-se exclusivamente aos quadrinhos poéticos, com destaque para a HQ poético-filosófica.

Capas da revista Mandala, com artes de Edgar Franco, Al Greco e Gazy Andraus

Você lê poesia? Quais poetas?

Sempre li muita poesia, a poesia é a expressão literária mais pura, livre, explosiva, subjetiva e vibrante. Não é por acaso que em nosso mundo contemporâneo marcado pelo hipernarcisismo das redes sociais, pela hipercompetição, pelo pragmatismo da busca desenfreada pelo mostrar em detrimento do ter ou do ser, pela necessidade da fama a qualquer custo, que a poesia está morrendo. Tornou-se um nicho muito restrito cada vez com menos visibilidade. Mesmo em grandes feiras literárias o número de lançamentos de livros de poesia, ou mesmo o número de títulos disponíveis é muito pequeno. Vivemos em um mundo de volatilidade da informação, onde impera uma obsessão pela objetividade da comunicação, tudo tem que ser direto, curto e claro para absorver a atenção das pessoas bombardeadas pela hiperinformação. Nesse contexto, a poesia, que necessita do mergulho, da subjetividade, da entrega, de uma experiência de leitura sutil e livre de obviedades, parece estar condenada à morte. E nesse caso amplio a ideia de poética, recordando Aristóteles, para além da expressão escrita, mas para todas as expressões artísticas que nascem da subjetividade, do ruído, dos paradoxos, das zonas cinzas do ser que se insurgem contra o binarismo anticósmico que reina na comunicação digital, onde tudo é extremismo, sim ou não, preto ou branco, esquerda ou direita, deísta ou satanista. Sobre minha leitura de poesia, tudo começou aos 10 anos com a paixão precoce pelo mal do século de mestres como Baudelaire, Verlaine, Rimbaud, Poe, Isidore Ducasse (Conde de Lautreamónt), Álvares de Azevedo, Augusto dos Anjos, Cruz e Souza, e posteriomente fui me abrindo para outras expressões poéticas encontrando grandes escritores como Ezra Pound, T.S. Eliot, Manoel Bandeira, até o choque e maravilhamento com o encontro com o Rubaiyat, do persa Omar Khayyam, um presente sagrado que ganhei de meu amado e saudoso pai Dimas Franco. Daí avancei para a poesia e aforística oriental, encontrando obras singulares como o Tao Te King, de Lao Tse, e o poema épico indiano Maabárata. Aprendi também a amar a poesia feita por meus contemporâneos e amigos, lendo-a em inúmeros zines e publicações independentes, estou sempre aberto a novos poetas, no momento tenho lido obras instigantes do jovem poeta Breno Pitol.

Fale um pouco do seu processo criativo nas HQs poético-filosóficas.

Tenho investigado inúmeros processos criativos e possibilidades inusitadas de criação de meus quadrinhos poético-filosóficos. A revista em quadrinhos Artlectos & Pós-Humanos, com 14 números publicados pela editora Marca de Fantasia, é um dos meus principais laboratórios de experimentação artística, nela já publiquei HQs criadas a partir de experiências com enteógenos como a Ayahusca e o Psilocybe cubensis e outras técnicas de estados não ordinários de consciência como a Respiração Holotrópica, técnicas mágickas como a magia de sigilos – criando de forma pioneira no Brasil Sigilos-HQ, HQ inspirada na Postura da Morte de A.O.Spare; e muitas HQs criadas a partir de meus “rituais mágickos de presença” - técnica desenvolvida por mim na qual passo horas desenhando sem nenhum crivo da mente consciente, produzindo inúmeras imagens que posteriormente eu utilizo para gerar narrativas quadrinhísticas, dando coerência a elas com o texto poético que as amarra. Também tenho criado centenas de HQforismos, um subgênero dos quadrinhos poético-filosóficos – assim batizado por mim e pela pesquisadora de minha obra, a artecientista Dra. Danielle Barros (UFSB) – que conecta um desenho a um texto poético-aforístico que o complementa. Sendo que muitos desses HQforismos surgem de insights de minhas experiências transcendentes. Já realizei quadrinhos em parceria com um robô, em parceria com um saudoso coqueiro do meu jardim, e em exercícios de criação em brainstorming em parceria com artistas como Gazy Andraus, Elydio dos Santos Neto, Jorge Del Bianco, e até contigo, Gian Danton. Eventualmente crio narrativas mais tradicionais, mas mesmo assim com momentos de extrema expressão poético-filosófica, como nos álbuns BioCyberDrama Saga, parceria com Mozart Couto; Ecos Humanos, parceria com Eder Santos; Licanarquia, parceria com Toninho Lima. Em 2020 fui o pioneiro brasileiro a utilizar inteligências artificiais no auxílio para a criação de quadrinhos, criando a primeira HQ a usar redes neurais NST (neural style transfer) chamada “Conversas de Belzebu com seu Pai Morto”, publicada no número 1 da Atomic Magazine, e que inclusive contou com um desdobramento criativo, o EP musical de mesmo nome criado em parceria com o produtor e musicista Alan Flexa. Recentemente criei minha primeira HQ poético-filosófica de super-herói, um experimento desenvolvido com o quadrinhista Oscar Suyama e seu personagem Coruja Negra, através do qual ele criou uma sequência de 5 páginas inspirada no meu universo ficcional transmídia e mágicko da Aurora Pós-Humana e entregou-me para eu escrever o texto poético-filosófico da narrativa gerando a HQ Litania Transumanimal. Estamos inclusive criando uma HQ mais longa nesses moldes! Antes de minha parceria com Suyama, já tinha criado uma HQ nos mesmos moldes com o grande quadrinhista Bira Dantas, na qual ele partindo de um sonho que teve e utilzando-se da cosmogonia da Aurora Pós-Humana e de referências à minhas artes desenvolveu 5 belas páginas de uma narrativa chamada Planetae Post Humanus e eu criei o texto aforístico para a obra. Também criei uma HQ de ficção científica que uniu o meu universo ficcional da Aurora Pós-Humana, ao universo ficcional de viagens no tempo – Intempol, de meu amigo Octávio Aragão, ela foi publicada no álbum Intempol: Agora, que concorreu ao HQMIX 2022. Para fechar essa resposta sobre processos criativos inusitados, cito o álbum em quadrinhos O Sonho dos Deuses, ainda inédito, com uma narrativa poético-filosófica desenvolvida com esculturas e cenários criados por mim exclusivamente para ela, um dos frutos de minha segunda investigação de pós-doutorado realizada no Instituto de Artes da Unesp, em São Paulo. E sigo sempre entusiasmado e instigado a explorar novas possibilidades criativas para os quadrinhos!

Página da HQ Litania Transumanimal, de Ciberpajé e Oscar Suyama

Página da HQ Planetae Post Humanus, de Bira Dantas e Ciberpajé

Página de abertura da HQ Vortex Pós-Humano, de Ciberpajé, publicada no álbum Intempol:Agora

HQforismo de Edgar Franco (Ciberpajé)


Alan Moore diz que os quadrinhos são uma forma de devolver às pessoas. Você concorda com essa informação?

No meu caso, a criação de quadrinhos é um processo de autocura. Utilizo o processo criativo como uma forma mágicka de autoconhecimento e autotransformação, transformando o exercício criativo em um ato de total conexão com o agora, sem a preocupação com o resultado final, mas sim em fruir completamente o processo, compreendendo como a criação daquela narrativa permite-me perscrutar o meu ser cósmico e compreender minhas idiossincrasias, possibilitando-me transformar-me interiormente. Nesse caso, a principal motivação para criar é o ato criativo em si, o momento da criação que é sempre transformador para mim. A recepção da minha obra tem um valor secundário para mim, obviamente se ela tocar as pessoas, isso me deixará alegre, mas não crio pensando nisso, pois tenho consciência de que a única transformação possível que minha arte poderá realizar é a de mim mesmo. Talvez ela sirva para incentivar pessoas que já estão em um caminho de transformação, mas não será a deflagadora desses processos. Por isso digo a todos: CRIAR CURA! A criação é o espaço mais profundo e certeiro para os processos de transmutação interiores, é o método mais poderoso para a cura interior, praticamente ignorado pelas terapias contemporâneas, mas fundamental em meu processo como artista-magista. Entendo perfeitamente o ponto de vista de Moore, no entanto discordo dele, não acredito em legados, tudo será varrido pelo inevitável fluxo das eras, até nossa espécie perecerá. E ao contrário da visão de que criar para mim mesmo seja algo egoísta e individualista, trata-se de um processo que busca a individuação – na perspectiva de Jung – envolvendo a compreensão interior da diversidade, da alteridade, da importância de conviver serenamente com outras visões de mundo na contramão do binarismo anticósmico vigente na comunicação digital, mesmo aquelas que parecem atacar nossas verdades. Ao transformar-me eu transformo o cosmos inteiro, pois sou uma imagem holográfica do universo.

Referências:

FRANCO, Edgar. “Panorama dos Quadrinhos subterrâneos no Brasil.” In. CALAZANS, F. M.A. (Org.) As histórias em Quadrinhos no Brasil: Teoria e Prática. São Paulo: Intercom/Unesp/Proex, 1997, p. 51-65.

SANTOS NETO, Elydio dos. “O que são histórias em quadrinhos poético-filosóficas? Um olhar brasileiro.” In Visualidades – Revista do Programa de Mestrado em Cultura Visual da FAV/UFG, Vol. 7 n. 1, Jan/Jun 2009, - Goiânia - GO:UFG, FAV, 2009, p.68-95.

terça-feira, 5 de setembro de 2023

[Leia na Íntegra ] LITANIA TRANSUMANIMAL: Ciberpajé cria quadrinho poético-filosófico de super-herói em parceria com Oscar Suyama

O talentoso quadrinhista paulistano Oscar Suyama, após conhecer-me em um encontro marcado para a Livraria Cultura em São Paulo - no qual trocamos quadrinhos e muitas ideias sobre vida, arte e criação - interessou-se em criar uma HQ em parceria comigo na qual ele se inspiraria em meu Universo Ficional da Aurora Pós-Humana e no contexto simbólico de meu ideário como artista-magista.

Suyama é o criador do reconhecido super-herói brasileiro CORUJA NEGRA, com o qual tem realizado inúmeras HQs com o seu traço dinâmico e fluido que encantou-me de primeira. Eu nunca criei um roteiro para uma HQ de super-herói então achei desafiador fundirmos nossos universos, o da Aurora Pós-Humana com o do Coruja Negra, gerando algo inusitado, uma HQ poético-filosófica de super-herói!

Pois bem, Suyama aceito o desafio e produziu uma sequência de 5 páginas unindo o Coruja Negra ao contexto da Aurora Pós-Humana e trazendo para a narrativa o meu totem Lobo/Lobisomem Transumano. Acompanhei extasiado a geração das páginas, em uma velocidade grande, pois ele fez uma por dia, e ao vislumbrar a última página pronta, imediatamente - em um transe artístico - escrevi o roteiro-aforístico poético-filosófico que acompanha as páginas amplificando seu sentido e força. A conclusão de tudo aconteceu exatamente às 11:11 (onze horas e onze minutos) do dia 4 de setembro de 2023. Nada é por acaso!

O título da HQ é LITANIA TRANSUMANIMAL, na arte de capa Suyama homenageou minhas composições, minha obsessão com a simetria e meu traço repleto de arabescos, o que muito me emocionou! A experiência criativa foi tão rica para ambos que já imaginamos juntos uma HQ longa do Coruja Negra na Aurora Pós-Humana.

Agora confiram na íntegra a nossa primeira aventura poético-filosófica do Coruja Negra na Aurora Pós-Humana:










Minha imensa gratidão ao grande Oscar Suyama por essa incrível parceria. Confiram na sequência as fotos do mágicko encontro que gerou a HQ "Litania Transumanimal".






sexta-feira, 1 de setembro de 2023

[EDITAL] I Prêmio Nacional Ciberpajelanças de Fanzines e Artezines

 


I Prêmio Nacional Ciberpajelanças de Fanzines e Artezines


Edital para o I Prêmio Nacional Ciberpajelanças de Fanzines e Artezines e para a III Expozine Exposição Internacional de Fanzines, a ocorrer no IV Festival de Artes Ciberpajelanças, de 24 a 26 de novembro de 2023.

1. Apresentação

1.1 Fanzines, zines e artezines

Os fanzines surgiram como boletins mimeografados paralelos às publicações oficiais, criados por fãs da literatura de ficção científica (FC) a partir de 1930, nos EUA. Depois, graças às fotocopiadoras, e também ao punk, ao rock e aos quadrinhos underground, espalharam-se pelo mundo, diversificando os seus temas e formatos – desde FC, histórias em quadrinhos (HQs), música, literatura e múltiplas expressões, e, atualmente, têm outras categorizações como os artezines – zines artísticos, que prezam por um viés de experimentalismo –, os biograficzines – zines autobiográficos –, entre outros.

Na contemporaneidade o termo fanzine, outrora também chamado de forma resumida de zine, sofreu uma diferenciação conceitual, assim os “zines” são publicações autorais que trazem expressões de arte como desenhos, ilustrações, gravuras, fotos artísticas, literatura, poema, histórias em quadrinhos, dentre outras expressões. Já os “fanzines” são as publicações com materiais atinentes aos fãs de algum tema, como ficção científica, quadrinhos, música etc. Neste segundo caso, trazem textos, resenhas, entrevistas, curiosidades e até republicações de HQs, charges, cartuns, caricaturas, desenhos, fotos – muitas vezes mixados entre textos e imagens – a partir do desejo dos fãs e faneditores que participam dos fanzines.

A característica marcante dos fanzines/zines é seu caráter paratópico de estar fora do sistema oficial de publicações. A paratopia é entendida como algo paralelamente localizado ao que existe oficialmente – no caso, os zines são edições paratópicas às publicações em bancas, livrarias e vendas online. Em sua grande maioria, primam por não visarem lucro, apesar de poderem ser vendidos livremente, ou trocados.

1.2 A Expozine

Dada a importância dos zines por seu caráter paratópico de autoexpressão que os caracteriza como publicações singulares no contexto cultural humano, o Grupo de Pesquisa Criação e Ciberarte (Cria_Ciber), da Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás, desde o II Festival de Artes Ciberpajelanças, tem realizado uma exposição de fanzines/zines como parte do evento, na cidade de Goiânia, estado de Goiás.

Nos anos de 2019 a 2022, ocorreram, respectivamente, a “I Mostra Nacional de Zines: Expozine Ciberpajelanças” (23 e 24/11/2019) e a “II Expozine Internacional Ciberpajelanças” (26 e 27/11/2022), com exposições físicas de zines, artezines, biograficzines e afins. A ideia foi criar um espaço de fruição dos fanzines na entrada do Ruptura – Espaço Cultural, onde aconteceram as exposições, em Goiânia.

Entre a primeira e a segunda Expozine, quando a mostra se tornou internacional, tivemos um salto grande no número de publicações recebidas, sendo que, na primeira, recebemos cerca de 200 edições e, na segunda, mais de 350 fanzines/zines, graças à convocatória na qual convidamos todos os criadores de zines de todas as temáticas, do Brasil e do mundo, a participarem. Assim, todos os zines enviados foram incluídos na exposição internacional organizada pelo Grupo Cria_Ciber (FAV/UFG). O mesmo ocorrerá na III Expozine Internacional Ciberpajelanças, que acontecerá entre os dias 24 e 26 de novembro de 2023, e que dessa vez também envolverá o I Prêmio Nacional Ciberpajelanças de Fanzines e Artezines.

2. A Premiação Zine

Esta nova empreitada da III Expozine traz como inovação a premiação aos (fan)zines, que acontecerá durante o IV Festival de Artes Ciberpajelanças, a ocorrer entre os dias 24 e 26 de novembro de 2023, no Ruptura – Espaço Cultural, Av. Anhanguera, 128 – 04 – Setor Leste Universitário, Goiânia – GO.

Assim, todos os zines inscritos para a premiação integrarão a III Expozine a ocorrer dentro da programação do IV Festival de Artes Ciberpajelanças. Tanto a Expozine quanto a premiação são ações de extensão do Grupo de Pesquisa CRIA_CIBER, da Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás, com apoio da ANZINE – Associação Nacional de Pesquisadores em Fanzines.

2.1 Normas para inscrever-se no I Prêmio Nacional Ciberpajelanças de Fanzines e Artezines

2.1.1 A premiação envolve três categorias abertas aos faneditores brasileiros e goianos. Sendo elas:

a) Prêmio de Melhor Artezine – Essa categoria dedica-se aos zines que apresentem caráter artístico-experimental em sua forma e/ou conteúdo.

b) Prêmio de Melhor Zine de Quadrinhos – Essa categoria destina-se aos zines que tragam em seu conteúdo histórias em quadrinhos originais criadas por seus editores ou de quadrinhistas convidados por eles. Enquadram-se nela os zines de quadrinhos de todos os gêneros, do humor ao drama, incluindo expressões quadrinhísticas experimentais.

c) Prêmio de Melhor Fanzine – Essa categoria destina-se às publicações que não se enquadram nas duas categorias anteriores, como fanzines com os temas: poesia, literatura, ficção científica, punk, rock, heavy metal, entre outras temáticas.

Além das três categorias, a premiação também envolve o Trofeuzine de Mestre do Fanzine Nacional, um troféu concedido pela comissão organizadora do prêmio para homenagear expoentes do fanzinato que contribuíram por 20 anos ou mais para o cenário fanzinístico brasileiro.

Nessa primeira edição do Prêmio Nacional Ciberpajelanças de Fanzines e Artezines, a comissão organizadora escolheu por unanimidade o pioneiro fanzineiro, quadrinhista e pesquisador Henrique Magalhães como o homenageado com o Trofeuzine de Mestre do Fanzine Nacional.

2.1.2. Sobre o homenageado Henrique Magalhães

Nosso homenageado nasceu em João Pessoa-PB, em 17 de agosto de 1957, e além de professor universitário e pesquisador, é quadrinhista, faneditor e criador da reconhecida editora independente Marca de Fantasia. Criou personagens emblemáticos dos quadrinhos brasileiros, com destaque para a contestadora Maria, premiada no Brasil, Estados Unidos e Portugal. Também recebeu o notório Troféu Angelo Agostini de Mestre do Quadrinho Nacional em 2010, por sua contribuição incontestável para a nona arte brasileira.

Cursou Comunicação Social na Universidade Federal da Paraíba e criou a Gibiteca Henfil como parte do projeto de extensão do Departamento de Comunicação da UFPB. Apresentou a dissertação de mestrado “Os fanzines de histórias em quadrinhos: o espaço crítico dos quadrinhos brasileiros” na ECA-USP, que depois foi publicada como livro intitulado “O que é fanzine”, primeira publicação sobre o tema no país, premiada pelo Troféu HQMIX, tornando-se assim o pioneiro na pesquisa sobre fanzines no Brasil.

Além de publicar seus notórios fanzines como Marca de Fantasia, Top! Top!, Raio da Silibrina, entre outros, sua editora Marca de Fantasia tornou-se referência no país ao editar quadrinhos de autores independentes e autorais, assim como livros acadêmicos dedicados às pesquisas sobre fanzines e quadrinhos. Como exemplo destacamos, ainda em 1995, a publicação da revista de quadrinhos Tyli-Tyli, mais tarde renomeada para Mandala, primeiro título brasileiro a dedicar-se exclusivamente aos quadrinhos poético-filosóficos.

Na França, em 1996, finalizou sua tese de doutorado Bande Dessinée: rénovation culturelle et presse alternative, na Universidade Paris VII. Dada a importância seminal do autor, de suas criações, de seu grande incentivo às publicações independentes e do seu pioneirismo inconteste ao abordar de forma acadêmica os fanzines no Brasil, Henrique Magalhães inaugura esta premiação fanzineira sendo o primeiro homenageado deste Trofeuzine, um reconhecimento à sua importância inconteste para o fanzinato nacional.

2.2 Sobre a Premiação

Serão premiados nacionalmente dois (fan)zines de cada categoria, com o Trofeuzine “Henrique Magalhães” de melhor (fan)zine nacional na categoria, sendo que não haverá colocação entre primeiro e segundo lugar.

Será concedido um trofeuzine de melhor (fan)zine nas três categorias para escolhidos pela comissão julgadora do estado de Goiás.

No total, serão 10 troféus, 3 para cada categoria, sendo 2 nacionais por categoria e 1 goiano para cada categoria, além do Trofeuzine de Mestre do Fanzine Nacional, concedido a (fan)zineiros com uma trajetória significativa de pelo menos 20 anos de contribuição à cena (fan)zineira do Brasil. Nesta primeira premiação, como já destacado, a comissão escolheu por unanimidade Henrique Magalhães – que também dá nome ao Trofeuzine nesta primeira edição.

Caso ache necessário, a comissão julgadora poderá estabelecer menções honrosas a (fan)zines não premiados.

2.3 Inscrição

Poderão inscrever-se no prêmio fanzines, zines e artezines publicados no Brasil a partir do ano de 2018, a premiação destina-se só a faneditores brasileiros e publicações impressas, excluindo edições digitais. Para participar da III Expozine Internacional as publicações impressas podem ter sido editadas em qualquer data e país.

Não poderão participar da premiação os integrantes do Grupo de Pesquisa CRIA_CIBER (FAV/UFG), os integrantes da comissão organizadora do prêmio e do IV Festival de Artes Ciberpajelanças, nem seus parentes em primeiro grau.

Para a inscrição no prêmio, primeiramente, o faneditor/zineiro deverá preencher e imprimir o formulário em anexo, escolhendo a categoria e completando todos os campos para auxiliar a apreciação da comissão julgadora. Os(fan)zines publicados em outros estados e no Distrito Federal deverão inscrever-se nas categorias nacionais do prêmio, apenas os (fan)zines publicados no estado de Goiás poderão inscrever-se nas categorias destinadas ao estado.

Além disso, deverão ser enviados por correio, junto ao formulário preenchido e impresso, dois exemplares do fanzine até a data de 01/11/2023. Será considerado o carimbo dos correios com a data de envio. Os (fan)zines e a ficha de inscrição preenchida e impressa deverão ser enviados para o seguinte destinatário e endereço:

I Prêmio Nacional Ciberpajelanças de Fanzines e Artezines.

A/C Edgar Franco (Ciberpajé)

Rua R–17, Quadra 15, Lote 13,

Vila Itatiaia – Goiânia – GO,

CEP: 74690-420.

A comissão organizadora do prêmio não se responsabiliza pelos possíveis extravios de correspondências. Para tanto, aconselha que os (fan)zines sejam enviados por carta registrada (envio módico).

Para o prêmio não serão aceitos (fan)zines entregues em mãos, apenas via correios.

Todos os (fan)zines que se inscreverem no prêmio participarão automaticamente da III Expozine Internacional Ciberpajelanças.

Fanzineiros que não queiram participar do prêmio, poderão enviar apenas um exemplar do zine, para o mesmo endereço. Este é o caso de todos os fanzines internacionais, já que a premiação é nacional, enquanto a exposição é internacional.

3. Etapas da seleção

3.1 Etapa inicial – após o recebimento das publicações a comissão julgadora selecionará para cada categoria até 10 publicações finalistas nacionais e até 5 publicações finalistas goianas.

3.2 Etapa final – o anúncio das publicações vencedoras. O aviso aos premiados e divulgação no Instagram do Grupo de Pesquisa CRIA_CIBER (@cria_ciber) se dará até o dia 20 de novembro de 2023.

3.3 A premiação acontecerá no dia 24 de novembro de 2023, a partir das 20 horas, durante o IV Festival de Artes Ciberpajelanças, no Ruptura – Espaço Cultural, Av. Anhanguera, 128 – 04 – Setor Leste Universitário, Goiânia – GO.

3.4 A comissão julgadora, formada por integrantes do Grupo de Pesquisa CRIA_CIBER (FAV/UFG), com a presidência do Prof. Dr. Edgar Silveira Franco (FAV/UFG) é soberana em suas decisões, tanto na seleção dos indicados quanto na escolha dos premiados.

3.5 Os organizadores esclarecem que a premiação não envolve nenhuma quantia em dinheiro para os premiados. Cada premiado receberá um Trofeuzine e um certificado assinado pela comissão julgadora. Também não possui verbas para o traslado de premiados, de Goiás ou de outros estados.

3.6 Os organizadores do prêmio se responsabilizam pelo envio dos trofeuzines e certificados para os premiados de outros estados e de Goiás que não estiverem presentes à cerimônia de premiação.

3.7 Dúvidas sobre esse edital poderão ser sanadas enviando e-mail para edgar_franco@ufg.br

BAIXE AQUI O FORMULÁRIO DE INSCRIÇÃO