O artista transmídia e doutorando em arte e cultura visual pela FAV/UFG , Léo Pimentel, mais conhecido como Amante da Heresia, postou em seu blog uma resenha poética e profunda sobre o álbum Ecos Humanos, do Ciberpajé (Edgar Franco) e de Eder Santos. A inspiradora resenha incluiu inclusive uma colagem visual mixando a capa do álbum com o desenho exclusivo criado pelo Ciberpajé em ritual de presença no lançamento de Ecos Humanos em Goiânia.
Leia a resenha abaixo ou diretamente no blog Amante da Heresia.
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desResenha em invencionice de ECOS HUMANOS (HQ de ciberpajé & eder santos)
por lÉo pimEntEl {[A]m[A]nt[E]:|:d[A]:|:h[E]r[E]si[A]}
reverberações: o humano, a forma reiterativa. a moral, o que persiste após a extinção da emissão de sua fonte, o humano. suas ondas percorrem os tempos, compensam o atraso evolutivo e chegam aos nossos ouvidos. ouvidos?
reverbs sinestésicos: processo acústico ocular, para além da transformação de música em arte visual. algo mais profundo como um abismo e mais intenso como um arrepio na espinha. o ensurdecedor modulado graficamente.
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a onda humana foi emitida. seu tempo de reverberação é o coeficiente de absorção de cada ser-no-eco. reflexão múltipla do macro ao micro: ondas gravitacionais na curvatura do espaço-tempo: mergulho cósmico, homens-guará, manga, poça d’água, tempestade...
a reflexão múltipla humana ocorre para todas as frequências: inabilidade de perceber a dualidade; hábil apenas na percepção do que é contínuo: o perigo da diferença. moral emitida em direção perpendicular ao plano da sobrevivência: é preciso um som cru, quase indigesto: sem tempero, nem cozimento: cru e cruel, o mesmo contínuo: morte:fome:morte; asas insuficientes, invólucro/córneo/troféu, manga, mais asas imóveis, mais mangas...
– alto lá! onde achas que vais? mulher suçuarana! aqui reina o silêncio mais ensurdecedor!
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a percepção do humano em um cosmos depende da intensidade e da relação temporal entre a humanidade direta e a humanidade indireta refletida por todos os não-humanos deste cosmos. neste a reverberação é ruído que favorece a amalgama. a humanidade direta não demora à sua primeira reflexão: a escassez. logo a humanidade indireta se faz reverb sinestésico: o cosmos também é um contínuo entre o cru e o cruel. contínuo pendular: tempestade & impotência; calmaria & agarrar-se aos últimos acordes da sobrevivência: o fim está próximo... mas o fim de quem? da humanidade direta? carne e osso? da humanidade indireta? símbolos e história? [...] devora-te a ti mesmo!
cr1tér10 de 4cúst1c4: 3nv0lv1m3nt0 & d1fusã0
uma boa distribuição do que reverbera se dá pela difusão através das mais variadas superfícies refletoras irregulares. a melhor delas é produzir sombras reverberantes: ser & não-ser simultaneamente sob a penumbra visionária de teonanácatl. entre o corpo e seu entorno não há fronteiras: a morte de seu entorno prenuncia a morte de seu corpo; o insondável do seu corpo reflete o insondável de seu entorno. coma a carne-dos-deuses!
qual o preço de digerir divindades cruas? oshumaré! serpente da visão, que nos presenteia com a mobilidade devorando o peso da história. psicopompos do cerrado! ajuruetês indicadores da transição, que nos presenteia com pequenas mensagens-frutas de saborosos futuros.
– venha! venha! não olho mais com os olhos! mulher suçuarana! não trazes pra mim uma vigança?
– não. não lhe trago nada em especial! apenas a mera vida... apenas a existência pegajosa... e uma via láctea inteira em meio seio.
– sim! eu estive cego...
a trajetória do humano foi refratada, atenuação e intensidade. desperto, voltas à ver com os olhos. os sons do mutismo descolorido voltam nas mais altas frequências: dor & memória; desespero e história; ficar/ossos/certezas ou seguir/carne/dúvidas em frente. é preciso contestar as verdades da cabeça. é preciso se abrir às dúvidas dos pés. o cosmos precisa ser redimensionado. é preciso perder e abrir mão de tudo para ser realmente livre. mas, cuidado! lembra-te! entre o corpo e seu entorno não há fronteiras: tu es homem-guará: ainda carregas em ti a marca da humanidade: as cicatrizes da guerra consigo mesma e com todas as outras espécies.
e assim, diante do maravilhoso e da exuberância recém descoberta, ainda se ouviu, no vento vindo do oceano, um pequeno ruído demasiado humano que vem reverberando há séculos e saltando dentre realidades pós-humanas alternativas...
– “oh, meu deus! (...) eles conseguiram, os idiotas destruíram tudo!”
a onda humana foi emitida. seu tempo de reverberação é o coeficiente de absorção de cada ser-no-eco. reflexão múltipla do macro ao micro: ondas gravitacionais na curvatura do espaço-tempo: mergulho cósmico, homens-guará, manga, poça d’água, tempestade...
a reflexão múltipla humana ocorre para todas as frequências: inabilidade de perceber a dualidade; hábil apenas na percepção do que é contínuo: o perigo da diferença. moral emitida em direção perpendicular ao plano da sobrevivência: é preciso um som cru, quase indigesto: sem tempero, nem cozimento: cru e cruel, o mesmo contínuo: morte:fome:morte; asas insuficientes, invólucro/córneo/troféu, manga, mais asas imóveis, mais mangas...
– alto lá! onde achas que vais? mulher suçuarana! aqui reina o silêncio mais ensurdecedor!
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a percepção do humano em um cosmos depende da intensidade e da relação temporal entre a humanidade direta e a humanidade indireta refletida por todos os não-humanos deste cosmos. neste a reverberação é ruído que favorece a amalgama. a humanidade direta não demora à sua primeira reflexão: a escassez. logo a humanidade indireta se faz reverb sinestésico: o cosmos também é um contínuo entre o cru e o cruel. contínuo pendular: tempestade & impotência; calmaria & agarrar-se aos últimos acordes da sobrevivência: o fim está próximo... mas o fim de quem? da humanidade direta? carne e osso? da humanidade indireta? símbolos e história? [...] devora-te a ti mesmo!
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uma boa distribuição do que reverbera se dá pela difusão através das mais variadas superfícies refletoras irregulares. a melhor delas é produzir sombras reverberantes: ser & não-ser simultaneamente sob a penumbra visionária de teonanácatl. entre o corpo e seu entorno não há fronteiras: a morte de seu entorno prenuncia a morte de seu corpo; o insondável do seu corpo reflete o insondável de seu entorno. coma a carne-dos-deuses!
qual o preço de digerir divindades cruas? oshumaré! serpente da visão, que nos presenteia com a mobilidade devorando o peso da história. psicopompos do cerrado! ajuruetês indicadores da transição, que nos presenteia com pequenas mensagens-frutas de saborosos futuros.
– venha! venha! não olho mais com os olhos! mulher suçuarana! não trazes pra mim uma vigança?
– não. não lhe trago nada em especial! apenas a mera vida... apenas a existência pegajosa... e uma via láctea inteira em meio seio.
– sim! eu estive cego...
a trajetória do humano foi refratada, atenuação e intensidade. desperto, voltas à ver com os olhos. os sons do mutismo descolorido voltam nas mais altas frequências: dor & memória; desespero e história; ficar/ossos/certezas ou seguir/carne/dúvidas em frente. é preciso contestar as verdades da cabeça. é preciso se abrir às dúvidas dos pés. o cosmos precisa ser redimensionado. é preciso perder e abrir mão de tudo para ser realmente livre. mas, cuidado! lembra-te! entre o corpo e seu entorno não há fronteiras: tu es homem-guará: ainda carregas em ti a marca da humanidade: as cicatrizes da guerra consigo mesma e com todas as outras espécies.
e assim, diante do maravilhoso e da exuberância recém descoberta, ainda se ouviu, no vento vindo do oceano, um pequeno ruído demasiado humano que vem reverberando há séculos e saltando dentre realidades pós-humanas alternativas...
– “oh, meu deus! (...) eles conseguiram, os idiotas destruíram tudo!”
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mais sobre o álbum ECOS HUMANOS de Ciberpajé & Eder Santos
https://ciberpaje.blogspot.com/2018/05/ecos-humanos-novo-album-em-quadrinhos.html
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