Posthuman Tantra durante o Ato Lupus Noctis -Unesp/SP (foto de Rosangella Leote)
O Posthuman Tantra realizou sua primeira apresentação na cidade de São Paulo abrindo a Exposição Zonas de Compensação 6.0 no Instituto de Artes da UNESP. Nossa gratidão ao grupo de pesquisa GIIP/UNESP, à Profa. Dra. Rosangella Leote, aos organizadores e ao público entusiasmado - e com muitos notáveis - que prestigiou-nos, incluindo os grandes amigos, artistas e pesquisadores que honraram-nos com suas presenças Fabio Fon, Soraya Braz, Vinicio Ricardo Meirinho, Clayton Policarpo, Hosana Celeste, entre outros.
Posthuman Tantra durante o Ato Lupus Noctis -Unesp/SP (foto de Clayton Policarpo)
O Posthuman Tantra foi convidado pela curadoria da Exposição Zonas de Compensação 6.0 a realizar o novo ato performático "Lupus Noctis", a performance aconteceu no dia 2 de maio de 2019, às 19:00hs, no Teatro Reynuncio Lima que fica no Instituto de Artes da Unesp, na capital paulista, Rua Dr. Bento Teobaldo Ferraz, 271, Barra Funda, e teve entrada franca.
Posthuman Tantra durante o Ato Lupus Noctis -Unesp/SP (foto de Clayton Policarpo)
O ato "Lupus Noctis", com duração de 15 minutos, é parte das investigações de pós-doutorado do Ciberpajé Edgar Franco que estão sendo realizadas no IA/Unesp no contexto do Grupo de Pesquisa GIIP - Grupo Internacional e Interinstitucional de Pesquisa em Convergências entre arte, Ciência e Tecnologia, coordenado pela Profa. Dra. Rosângella Leote (IA/UNESP) que é também a tutora do Ciberpajé. A pesquisa de pós-doutorado intitula-se: "Posthuman Tantra & Artlectos e Pós-humanos: Processos Criativos Transmídia em Performance e Quadrinhos", e envolve as conexões entre os processos criativos de quadrinhos e performances.
Posthuman Tantra durante o Ato Lupus Noctis -Unesp/SP (foto de Rosangella Leote)
Em "Lupus Noctis" o Posthuman Tantra contou com os performers Ciberpajé (Edgar Franco) e I Sacerdotisa. O ato performático trata da degradação do bioma Cerrado e da sexta extinção massiva de espécies. O Ciberpajé encarna um totem animal fantasmagórico que dialoga poeticamente com imagens - vídeo animado com artes suas - e sons criados para a apresentação. Incluindo um teremim acionado por luz na indumentária do Ciberpajé.
O ato performático "Lupus Noctis" nasceu como um desdobramento transmidiático do álbum em quadrinhos Ecos Humanos. A ideia inicial era criar um ato que tratrasse essencialmente da poética dos quadrinhos, mas com alguns novos elementos conceituais e estéticos. A poética da degradação do bioma Cerrado e da busca de uma reconexão com a natureza através dos enteógenos permaneceu como base, assim como a hibridação tecnogenética humanimal, mas aspectos novos foram imaginados para a performance. A inclusão do som ambiente como signo de desespero/angústia, a incorporação da interação do performer com as artes que representam de forma alegorica o Cerrado e a trasmutação do totem humanimal, e em certa medida a eliminação dos aspectos crueis do humano, transformando assim o ato performártico em um sigilo mágico ritual que promove a reconexão essencial do performer aos seus aspectos animais gerando algum eco na platéia.
"Lupus Noctis" foi nomeada assim devido à presença subliminar do totem Lobo, que é incorporado nas performances pelo Ciberpajé e nesse caso temos a imagem da cabeça do lobo-guará – ícone do Cerrado – sendo uma das artes animadas que abrem a performance, passando por transmutações que lembram efeitos óticos da experiência visual de ENOC com o Psilocybe cubensis. Outro detalhe fundamental da conexão direta entre o álbum Ecos Humanos e "Lupus Noctis" é o fato das 4 artes animadas iniciais apresentadas na tela – com a qual o Ciberpajé transmutado interaje – serem os desenhos criados pelo Ciberpajé para a abertura dos capítulos da HQ.
A performance abre com a animação da face de múltiplos seres do cerrado e segue com a face animada do lobo-guará projetada em completa escuridão enquanto um som ambiente gravado in loco no Cerrado mineiro toca ao fundo, na sequencia o Ciberpajé transmutado em um totem pós-humano aparece. Sua figura é sinistra, ele usa um colete que parece animalesco e em sua cabeça está uma máscara do crânio de um pássaro – representando o totem híbrido fantasmagórico, unindo homem a animal, mas questionando o papel devastador do nosso lado humano para com o lado animal, por isso o animal é representado por um crânio morto. A única luz presente é a da projeção, o Ciberpajé aproxima-se então da I Sacerdotisa (Rose Franco) – os únicos performers do ato - e conecta ao seu colete um cabo – representação literal da conectividade hipertecnológica. Ele liga então o mini teremin que está no colete em seu peito, a I Sacerdotisa faz soar o estridente teremim usando o feixe de luz de uma pequena lanterna e entrega-a ao Ciberpajé. Nesse momento ele toca algumas notas em um sintetizador e segue para diante da projeção para interagir com ela.
Enquanto as primeiras artes animadas representando a natureza do Cerrado vão se sucedendo, o Ciberpajé usa o feixe luminoso para tocar o teremim, inicialmente de forma mais sutil e leve, como se fizesse carícias. Na sequência as imagens da animação vão mudando e apresentam artes grotescas, representando o lado sombra da devastação perpetrada pela espécie humana. A partir daí o performer segue realizando movimentos que rememoram um ato de autoflagelação, como punhaladas, ou espadadas em seu coração. Em alguns momentos o performer sai de cena e volta a tocar o sintetizador, criando um som sequenciado com bases percussivas. Ao final, diante de uma arte que rememora criaturas de pesadelos lovecraftinianos, o Ciberpajé termina o autoflagelo, sendo ainda mais agressivo com o feixe de luz como um punhal visceral, gerando ruídos agudos que incomodam pela intensidade, até cair morto no chão. A morte final simboliza o suicídio que nós, espécie humana, estamos cometendo ao destruirmos a biosfera
Vídeo de trecho da performance "Lupus Noctis":
Público do Posthuman Tantra durante o Ato Lupus Noctis -Unesp/SP (foto de Rosangella Leote)
I Sacerdotisa Rose Franco, Rosangella Leote, Ciberpajé, Fábio Fon, Soraya Braz e Vinicio Meirinho, momentos após a performance na Unesp/SP
Selfie do grande amigo Vinicio Meirinho que foi à Unesp prestigiar o Posthuman Tantra
Ciberpajé, Vinicio Meirinho e seu exemplar de Ecos Humanos
A Exposição Zonas de Compensação 6.0 é uma mostra de obras na transdução entre arte, ciência e tecnologia, e conta como nomes consagrados e emergentes da arte brasileira. É uma realização do GIIP/Unesp com apoio do Departamento de Artes Plásticas e do Programa de Pós-graduação em Artes da Unesp. A exposição é aberta ao público e a vernissage acontece no dia 2 de maio de 2019 às 18:30hs na Galeria de arte do IA/Unesp. A mostra ficará aberta ao público entre os dias 2 e 14 de maio de 2019, de segunda à sexta, das 8:00 às 18 horas - sempre com entrada franca.