sse álbum teve uma campanha de imenso sucesso no Catarse, unindo a literatura de Lovecraft ao tema tão amado pelas redes sociais, os gatos, nesse caso tomando como base um conto do autor estadunidense que nunca havia sido quadrinhizado.
Pois bem, a tarefa desafiadora ficou a cargo do novo expoente do horror em quadrinhos brasileiro, o potiguar Leander Moura, que tem demonstrado toda unicidade de seu traço e poética visual em obras de envergadura como sua quadrinhização do Corvo, de Poe, o álbum Insonho, e participações em coletâneas de qualidade como VHS, Lovenomicon e mais recentemente Universo Zero.
Leander integra um grupo de grandes quadrinhistas de Natal (RN) que tem se destacado no cenário nacional pela qualidade estética e criatividade de suas obras, do qual fazem parte nomes seminais como Cristal Moura, Rodrigo Xavier, Marcos Garcia, Renato Medeiros, Carlos Alberto Oliveira, Mario Rasec, Milena Azevedo e José Veríssimo.
Em Os Gatos de Ulthar a produção gráfica, o projeto gráfico e os extras - incluindo ilustrações em cores - já impressionam o leitor de imediato, deixando-nos ansiosos para fruirmos a narrativa criada por Leander. O artista merece realmente ser chamado de criador autoral, seu traço - cada dia mais pessoal e refinado - mostra nesse volume o seu auge criativo até agora. A força de seu desenho em preto e branco está na forma com que ele investe nos contrastes fortes abandonando quase que completamente os meio tons - vistos muito sutilmente em alguns pontilhismos raros dentre a densidade de suas sombras profundas e luzes fosfóricas. O traço de Leander não rememora Alberto Breccia na visualidade, mas remete-nos imediatamente ao mestre no que diz respeito à concepção e atmosfera.
E quanto à narrativa? Como Moura conseguiu traduzir um conto de 2 ou 3 páginas em cerca de 60 páginas de quadrinhos? O artista não quis reinventar-se, manteve a verve narrativa de suas obras anteriores marcadas pela contemplação, por cenas que parecem congeladas em um tempo particular, focando detalhes selecionados por ele e transformando-os em gaps narrativos-reflexivos, usando sem pudor sua poética visual e narrativa únicas. Trata-se de uma quadrinhização pouco usual e experimental que vai incomodar leitores menos interessados em um mergulho mais subjetivo na narrativa, e maravilhar aqueles que se dispuserem a navegar sem amarras pela história densa criada por Leander Moura. Para mim o quadrinhista desponta como o grande nome atual da HQ de horror autoral nacional, um artista com proposta estética singular. O Ciberpajé Recomenda!
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