O artista transmídia e professor da Faculdade de Artes Visuais da UFG, Edgar Franco - mais conhecido como Ciberpajé - foi premiado com o Troféu Angelo Agostini de "Mestre do Quadrinho Nacional". Trata-se da premiação brasileira mais tradicional, longeva e importante das histórias em quadrinhos no país, sendo realizada desde 1985 pela Associação de Quadrinistas e Caricaturistas do Estado de São Paulo - AQC-ESP.
A categoria "Mestre do Quadrinho Nacional" faz parte do Prêmio Angelo Agostini desde sua primeira edição,em 1985. É destinada a premiar artistas com destaque nacional que tenham se dedicado aos quadrinhos há pelo menos 25 anos. Durante esses anos o prêmio foi concedido a nomes fundamentais da área como: Ziraldo, Maurício de Souza, Henfil, Chico e Paulo Caruso, Laerte, Mozart Couto, Watson Portela, Henrique Magalhães, Sônia Luyten, entre outros.
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Durante a cerimônia online de entrega do 37º Troféu Angelo Agostini, em 27 de março de 2022, Edgar Franco fez um breve discurso de agradecimento ao receber a honraria.
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Durante a cerimônia online de entrega do 37º Troféu Angelo Agostini, em 27 de março de 2022, Edgar Franco fez um breve discurso de agradecimento ao receber a honraria.
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Confira a parte da cerimônia de entrega em que o Ciberpajé agradece pelo prêmio:
"Ser reconhecido pelos pares em vida é algo raro e emocionante, e isso torna-se ainda mais impactante por vivermos em um mundo hipercompetitivo. No qual as redes sociais e o binarismo anticósmico polarizador amplificaram a comparação e a competição entre as pessoas em todos os campos da existência.
Sempre considerei-me um iconoclasta em muitos aspectos, sobretudo no estético e essa postura costuma afastar possíveis reconhecimentos dos pares - muitas vezes mais afeitos à reificação do status-quo e de tudo que é preestabelecido. Então, ter minha trajetória de 38 anos dedicados aos quadrinhos e à arte desde a criação, passando pela pesquisa e docência, premiada em uma premiação que sempre admirei desde minha adolescência, é uma grande surpresa e alegria! Desde de 1985 tenho emocionado-me sucessivamente ao acompanhar o Troféu Angelo Agostini premiar grandes mestres dos quadrinhos brasileiros que ajudaram a consolidar minha paixão pela linguagem singular das HQs, tendo inclusive a chance de criar em parceria com alguns deles como Mozart Couto e Shimamoto.
Minha trajetória, iniciada publicando em fanzines na primeira metade dos anos 1980, incentivado por meu grande mestre e amado pai, Dimas Franco, lá na minha amada terra natal Ituiutaba, foi coroada de alegrias imensas e grandes encontros com seres humanos ímpares. Tudo é fugaz e volátil nesta vida, nada se leva, bens, diplomas, obras, prêmios e títulos serão todos varridos pela implacabilidade do tempo, então o que realmente vale a pena é a conexão com as pessoas durante nossa curta existência sobre o planeta azul.
Sempre estive rodeado de seres incríveis, e como essa edição do Troféu Angelo Agostini tem como destaque a premiação de muitas mulheres, gostaria de dedicar este prêmio a três mulheres incríveis que são uma das forças motrizes da minha vida, três arquétipos do sagrado feminino cósmico: minha amada mãe, Alminda Salomão, meu maior exemplo de que a coragem, a insistência e a disciplina são necessárias para enfrentarmos a vida; minha amada esposa, Rose Franco, que mostra-me todos os dias a grande força da ternura e seu poder transformador e revigorante; e minha amada irmã Ariadne Franco, que mesmo na distância, ensina-me a beleza dos laços fraternos de amizade e lealdade.
E quero dividir esse troféu com 3 grandes e talentosos amigos que considero os meus irmãos na arte, e construíram suas trajetórias tendo o fanzine como esteio. O grande Gazy Andraus, admirável quadrinhista poético-filosófico e companheiro de jornada pela vida que tem iluminado meus caminhos com sua amizade por três décadas; o não menos talentoso quadrinhista e editor Henrique Magalhães - também premiado como mestre do quadrinho nacional - que há trinta anos acredita incondicionalmente na minha obra e edita meus quadrinhos e livros na grandiosa Marca de Fantasia. E finalmente ao saudoso amigo pesquisador e quadrinhista Elydio dos Santos Neto, que percebeu a força do gênero genuinamente brasileiro dos quadrinhos poético-filosóficos e desenvolveu a primeira pesquisa de fôlego sobre eles, tendo como um dos resultados livros analisando meus quadrinhos, os de Gazy e o papel fundamental de Henrique como editor desses quadrinhos.
Finalmente agradeço meus incríveis parceiros e parceiras criativas, meus editores, editoras, leitores, e leitoras, meus alunos e alunas, ex-alunos e ex-alunas, orientandos e orientandas, e ex-orientandos e ex-orientandas da PUC-MG- Poços de Caldas e da FAV/UFG, os pesquisadores e pesquisadoras de minha obra que escreveram artigos e livros tratando de meus quadrinhos! Também agradeço a todos os que compõem o rico e incrível universo dos fanzines brasileiros de onde provém minha essência criativa paratópica e libertária! Esse prêmio é de TODOS que estiveram comigo nessa jornada até o momento!
Sinto que estou só no começo e que tenho muito ainda a criar, viver e experienciar!
Finalmente expresso minha gratidão também à comissão organizadora do Troféu Angelo Agostini pela generosa deferência. E meus parabéns aos gigantes das HQS que recebem este ano o prêmio de mestres dos quadrinhos nacionais pela honra de figurar ao lado deles.
Ao meu glorioso pai que nos deixou em 2020, e não pôde assistir a esse momento, eu digo:
Papai, seu filho, seu campeão, agora é "mestre do quadrinho nacional"!
Gratidão! Gratidão! Gratidão!"
Ciberpajé (Edgar Franco)
Edgar Franco é o Ciberpajé, artista transmídia com premiações nacionais nas áreas de quadrinhos, artes visuais, arte e tecnologia, e ficção científica como: Prêmio Rumos Arte e Tecnologia - Itaú Cultural (2003), Troféu Bigorna de melhor HQ de Aventura/FC (2010), Medalha Frei Confaloni de Artes Visuais (UBE-GO, 2019), Prêmio Argos de Literatura Fantástica (2021). Criador do universo ficcional da Aurora Pós-Humana com o qual tem realizado obras em múltiplas mídias e suportes como quadrinhos, ilustração, poesia, aforismo, conto, música, vídeo, cinema, animação, instalação, web arte, gamearte e performance. É um dos pioneiros brasileiros do gênero poético-filosófico de quadrinhos, atuando como quadrinhista há 38 anos, com mais de 3 mil páginas publicadas. Mentor da banda performática Posthuman Tantra e do Projeto Musical Ciberpajé. Pesquisador criador do termo HQtrônicas, autor de 4 livros acadêmicos e dezenas de artigos. Pós-doutor em Arte, Quadrinhos e Performance pela UNESP, Pós-Doutor em Arte e Tecnociência pela UnB, Doutor em Artes pela USP, Mestre em Multimeios pela UNICAMP, Arquiteto e Urbanista pela UnB. Desde 2008 atua como professor permanente do Programa de Mestrado e Doutorado em Arte e Cultura Visual da Universidade Federal de Goiás, em Goiânia. Desde 2011 coordena o Grupo de Pesquisa CRIA_CIBER na Faculdade de Artes Visuais da UFG no qual orientou dezenas de pesquisadores de iniciação científica, mestrado e doutorado. Sua obra artística transmídia tem sido estudada por pesquisadores do Brasil e do exterior de múltiplas áreas, tendo gerado 4 livros dedicados a ela, inúmeros artigos científicos, um dossiê completo para a revista acadêmica Cadernos Zygmunt Bauman (UFMA), além de TCCs, dissertações e teses que analisam diversos aspectos de suas criações.
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Assista a cerimônia completa do 37º Troféu Angelo Agostini no link:
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