São apenas 12 minutos que nos instigam a diversas percepções e reflexões de como devemos conduzir a nossa vivência neste mundo. A nossa pequenez em meio a grandiosidade cósmica. A poesia musical que enfoca a impermanência e a nossa fragilidade enquanto habitantes desse planeta. Ouça o EP Ciberpajé - Hino ao nada que fui e serei neste link.
O hino é composto por uma faixa de 12 minutos dividida em 3 atos, é uma autêntica e extraordinária viagem pelo universo e sua atemporalidade. A obra de Ciberpajé com participação especial do musicista e produtor amapaense Alan Flexa, leva-nos em seu primeiro ato, intitulado como A Fotossíntese Degolada, a uma verdadeira excursão cósmica atemporal que se apresenta por meio da latente onipresença humana que se manifesta através de raios solares, brilhos lunares e toda sua amplitude universal. Um monólogo persistente, que insiste em ser resiliente mesmo quando confrontado por intempéries atemporais e ausências vitais, que colidem com uma iminente aniquilação planetária que nos reporta à resiliência e a onipresença mesmo em meio ao caos.
Continuando pelo caminho da resiliência, que se funde com a expectativa de vivenciarmos uma fotossíntese humana, chegamos ao segundo ato: O Martelo do Esquecimento. Considerado o meu preferido pela sonoridade que muito me encantou e surpreendeu do início ao fim, o referido ato nos teletransporta para uma melodia nostálgica que diante da minha modesta percepção, muito me remete ao rock progressivo nacional e internacional dos anos 70. A musicalidade desse ato lembrou-me Terreno Baldio e Gentle Giant, duas bandas icônicas do rock progressivo nacional e internacional, respectivamente. O som revela por meio dos seus profundos versos, a extinção humana, animal e sua constante e eterna onipresença universal. A fluidez da vida. O tudo e o nada. A vulnerabilidade existencial.
Aproveitando a nossa vulnerabilidade existencial, acabamos guiados por um solo de guitarra hipnotizante que tem como destino o terceiro ato: A Morte Caudalosa. Neste ato, os acordes da guitarra e o experimentalismo surgem como adoráveis acompanhantes de uma narrativa feroz que desbrava os afetos que insistem em não se entregar mesmo conscientes da finitude vital. É a onipresença de estar e ser. O desprendimento egóico. A futilidade material e carnal diante da nossa grandiosa insignificância onde iremos todos perecer.
Um trabalho tocante e ao mesmo tempo visceral. Ouça sem moderação!
*Raquel Alves de Freitas Nunes é ativista cultural e jornalista em Goiânia.
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